quinta-feira, 3 de julho de 2025

“SUL GLOBAL” NÃO APOIOU MILITARMENTE O IRÃ NA LUTA CONTRA O IMPERIALISMO IANQUE E ISRAEL: “MUNDO MULTIPOLAR” DOS BRICS É UMA UTOPIA BURGUESA OPOSTA AO COMBATE DO PROLETARIADO MUNDIAL PELA REVOLUÇÃO SOCIALISTA!

Neste dia 3 de julho, véspera da Cúpula do BRICS, haverá o debate “BRICS como Promessa de Soberania Econômica, Midiática e Conceitual para o Sul Global” com Aleksandr Dugin, Paulo Nogueira Batista Jr., Glenn Greenwald, Elias Jabbour e Pepe Escobar. Desde a LBI vamos polemizar com as posições dos defensores da “multipolaridade” capitalista e do chamado Sul Global tomando por base um tema candente da luta de classes: a guerra sionista contra o Irã. Nesse conflito entre a nação persa e o enclave de Israel armado “até os dentes” pelo imperialismo ianque… os Brics demonstraram sua completa nulidade política para os interesses do proletariado mundial e mesmo para luta de uma nação oprimida (Irã) contra o EUA/Israel.

Essa “esquerda multipolar” que participa do debate no Rio de Janeiro prestou um apoio diplomático e formal ao Irã, não defendeu um apoio militar que o Eixo da Resistência precisou para vencer a guerra contra Israel. O chamado “Sul Global” apoia o Irã no sentido de encaminhar uma saída pacífica com o aval da ONU e para pôr fim ao conflito militar na espera que o Regime dos Aiatolás desista de ter a bomba atômica porque defende a preservação e existência do enclave sionista! Por essa razão apresentou o cessar fogo costurado por Trump e Putin como uma “grande vitória”!

A burocracia capitalista chinesa, por exemplo, busca incorporar a Faixa de Gaza e a Cisjordânia como sua nova “zona de investimentos capitalista” (Nova Rota da Seda) patrocinando para tal fim um co-governo entre o Hamas e os traidores da ANP (Al Fatah) que respeite a existência do enclave terrorista de Israel e abra mão do combate armado a ocupação sionista, planejando dessa forma criar as condições estratégicas de mínima estabilidade capitalista para fazer vultosos negócios em uma cobiçada região comercial no Oriente Médio, além de impor um enorme retrocesso da resistência armada palestina.

Diferente do que apregoa essa arco político “briciano”, os Marxistas alertam que não se deve esperar nem reivindicar nada da China capitalista, pois além de declarações diplomáticas inócuas, vai priorizar suas relações comerciais com os governos árabes corrompidos com Israel e que apoiam o ataque ao Irã, como Arábia Saudita, Jordânia, Egito e o Catar. A China está diretamente ligada a Governança Global do Capital Financeiro e não moverá um dedo em defesa militar do Irã como não fez até agora em apoio ao povo palestino de Gaza. Pelo contrário, condenou o Iêmen por suas heroicas ações militares no Mar Vermelho em solidariedade a Palestina. A covarde burocracia capitalista da China alegou que as ações do Iêmen estavam “atrapalhando” o comércio naval mundial! Pequim não é um ponto de apoio as forças anti-imperialistas e que estão em luta contra o sionismo, tanto que a China promove negócios bilionários com Israel na ampliação dos assentamentos dos colonos judeus neonazis.

A China desempenha um papel ativo na construção de assentamentos dos colonos neonazis judeus em Gaza e na Cisjordânia. Não apenas trabalhadores chineses trabalham nesses assentamentos, mas também o governo e empresas privadas prestam serviços nessas áreas. De acordo com relatos e moradores locais, trabalhadores chineses foram vistos fazendo trabalhos de construção em áreas como Nablus, Ramallah, Beit El e Hebron. Entre as empresas chinesas, destacam-se a “ADAMA”, a “Tnuva” e a “AHAVA”, que atuam nesses assentamentos. A AHAVA, anteriormente uma empresa israelense, foi adquirida pela empresa chinesa Fosun Group em 2016. A fábrica da empresa fica em Mitzpe Shalem, na Cisjordânia.

Ao contrário das narrativas fantasiosas sobre os Brics, a preocupação “comercial” da burocracia restauracionista chinesa foi bem clara nesse guerra: “A área do Mar Vermelho é uma importante rota comercial internacional de bens e energia, por isso a China espera que todas as partes envolvidas possam desempenhar um papel construtivo e responsável”. Nenhuma solidariedade, mesmo que formal, com a nação árabe atacada pelo imperialismo, para os cretinos “comunistas” a única preocupação é com os seus negócios e a submissão aos interesses da Governança Global do Capital Financeiro! 

Pequim depende fortemente de importações de petróleo e cerca de metade vem do Golfo. Os países do Oriente Médio são cada vez mais importantes na Iniciativa do Cinturão e Rota, conhecida como nova rota da seda, um ponto fundamental da sua política externa e econômica imperialista, o que não representa um ponto de apoio da luta histórica do povo palestino e sua resistência armada árabe para retomar seu território histórico das garras de Israel. 

A cantilena do “mundo multipolar” defendido por Pepe Escobar pressupõe a coexistência dos dois polos imperialistas, o que inclui para ambos a preservação da existência de Israel no marco da governança capitalista global. Esta farsa trata-se de uma tentativa de preservar as relações de produção capitalista dos países com uma “maquiagem” mais humana e justa, aos olhos embotados do proletariado mundial. 

A “tese” da “Multipolaridade ou Barbárie”, que praticamente engloba todo o campo do reformismo e neostalinismo, não é somente um “equívoco teórico”, significa que a esquerda domesticada foi corrompida materialmente pelos interesses econômicos e políticos de uma classe social antagônica ao proletariado mundial.

A ascendente burguesia chinesa, que elevou seu patamar mundial a categoria de segunda “potência mundial”, é produto direto dos investimentos trilionários do capital financeiro no país asiático, este montante de reservas monetárias que vieram das corporações imperialistas não foi “doado filantropicamente” a China para que se desenvolvesse, foi investido para reprodução e retorno do capital, agora multiplicado, para as mãos dos grandes rentistas globais, que tem na sino burguesia sua sócia minoritária.

Logicamente o “segredo” encoberto do “milagre econômico” do gigante asiático não é o pseudo “socialismo chinês” com suas “peculiaridades nacionais”, mas o enorme potencial da classe operária, educada cientificamente e formada tecnicamente nas excelentes escolas e faculdades do antigo Estado Operário, agora destruído e substituído por um simulacro de regime “socialista de mercado”.

Por fim com relação a Rússia Putin não acionou o acordo de cooperação militar com o Irã e se limitou a pedir a abertura de “negociações de paz”. Moscou tem um acordo tácito com Israel: o enclave sionista não envia armas diretamente para a Ucrânia e a Rússia não presta ajuda militar ao Irã. Registre-se que o Mossad atuou em uma base clandestina em pleno território persa, com agentes infiltrados sabotando o sistema de auto-defesa do Irã com drones sionistas destruindo os sistemas de defesa aéreas S-400 (russo) em solo antes do ataque dos caças F-35 de Israel por ar e os mísseis sionistas vindos pelo espaço aéreo do Iraque, o que provocou a morte de altos dirigentes do Regime dos Aitolás. O mesmo Mossad prestou “assessoria” ao regime neofascista de Kiev para lançar os drones que destruíram aviões com armamento atômico dos aviões da era soviética em vários aeródromos russos nas fronteiras com a Ucrânia! Como vemos até a Rússia foi cúmplice do massacre do povo palestino e atua em completa inação diante da ofensiva militar sionista contra o Irã porque também defende preservar o enclave de Israel.

Não esqueçamos que a agressão militar do imperialismo ianque as usinas nucleares do Irã representaram um “ponto de inflexão” na conjuntura do Oriente Médio desde a invasão militar do Iraque. Ainda assim o Kremlin se limitou mais uma vez as “declarações de condenação” na ONU, não tomando nenhuma medida concreta em defesa de um país aliado do chamado “Sul Global”…

A negativa de Putin ao pedido de ajuda militar feito pelo Irã pesou para Teerã aceitar a trégua com o sionismo! Não esqueçamos que logo após os ataques aéreos do imperialismo ianque atingiram as três instalações nucleares do Irã em Fordo, Natanz e Isfahan (22/06), o enfrentamento entre a República Islâmica do Irã e o enclave sionista de Israel ingressou em uma nova fase, obrigando Teerã a buscar um compromisso mais efetivo da Rússia (país aliado no Brics), o que foi exposto em uma reunião emergencial realizada no dia 23 em Moscou, entre o presidente Putin e o chanceler iraniano Abbas Araghchi.

Além da inevitável condenação diplomática da agressão imperialista dos criminosos ataques às instalações nucleares iranianas, no Kremlin Abbas reivindicou de Putin caminhos efetivos para uma cooperação militar, e o mais rápido possível!

“A Rússia tem sido parceira e companheira do Irã na questão nuclear iraniana. Também esteve presente nas negociações nucleares com a Agência Internacional de Energia Atômica, por isso estamos aqui pedindo ajuda diante da agressão sofrida por nosso país“, declarou Araghchi. O assessor de Araghchi, Ahmad Hajj Ali, solicitou que a Rússia ativasse os pactos estratégicos com o Irã para fortalecer a cooperação militar, acrescentando que o apoio do governo dos EUA a Kiev justificaria as ações russas nesse sentido. Hajj Ali afirmou que “Nestas circunstâncias emergenciais é razoável esperar que o Irã solicite componentes militares estratégicos de defesa da Rússia”.

Na pauta iraniana estava incluído: Sistemas de alerta antecipado para ataques com mísseis, estações de radar de longo alcance. Sistemas de defesa aérea: desde baterias adicionais S-300 PMU2 , até a possibilidade de transferir mísseis S-400 adicionais em versões para exportação ou mísseis Buk-M2E para cobertura média.

E um pedido muito “especial” foi feito ao Kremlin, o de fornecer rapidamente ao Irã um grande número de jatos Su-30 ou Su-35, acrescentou Hajj Ali. Todos sabem muito bem que sem uma moderna e numerosa frota aérea de caças é impossível vencer uma guerra convencional contra o enclave de Israel. Esse é exatamente o ponto militar mais vulnerável do regime dos Aiatolás, o que permite ao sionismo ter controle do espaço aéreo tático persa.

Entretanto a resposta de Putin dada a chancelaria iraniana foi totalmente inócua e protocolar, se limitando a repetir as “moções diplomáticas de repúdio”, e se propondo a assumir o “papel pacificador”, como um “mediador do conflito mantendo boas relações com ambos países”. Desgraçadamente sem o suporte bélico de Moscou, o regime nacionalista burguês iraniano foi “forçado” a aceitar o cessar-fogo proposto por Trump, que por ironia da história assumiu a “função” que Putin estava se propondo a protagonizar…

A recente “Guerra dos 12” dias entre o Irã e Israel revelou uma capacidade de mísseis iranianos que surpreendeu até os comandantes mais experientes de do Mossad em Tel Aviv. Entretanto a nação persa esteve bem distante de ganhar o conflito militar contra Israel, como afirmam agora os apologistas da “multipolaridade”. A falta do apoio concreto da Rússia, isto sem falar da China que só faz “cálculos comerciais” e nunca apoiou efetivamente um país oprimido pelo imperialismo, tornou o objetivo dos Aiatolás de “varrer do mapa” Israel uma realidade intangível, diante da enorme superioridade bélica sionista, que representam a segunda força militar do planeta, atrás apenas do seu provedor imperialista norte-americano. Porém o regime nacionalista burguês iraniano não foi derrocado, assestou golpes letais no inimigo dos povos muçulmanos e mostrou capacidade de sobrevivência política mesmo sendo atacado pelas duas maiores potências militares do planeta. Como Marxistas Revolucionários nossa análise se baseia no materialismo histórico dialético e não em demagogia populista, do pior tipo reformista. Somos obrigados a dizer a verdade para a classe operária internacional, o “cessar-fogo” mediado por Trump, que seguiu a lógica mundial dos interesses do capital financeiro no Irã (sim o país persa é capitalista e apesar das sanções recebe pesados investimentos financeiros da Governança Global), não significou uma vitória para o Eixo da Resistência, ao contrário, foi mais um passo atrás diante da ofensiva sionista!

Nós da LBI, que estivemos desde o primeiro momento incondicionalmente no campo do Irã, sem os truques do “jornalismo descritivo” da esquerda revisionista, não podemos corroborar com o balanço ufanista da guerra, elaborado pelo regime burguês persa. Na avaliação do Líder Supremo Aiatolá Ali Khamenei, ocorreu uma “vitória esmagadora” do Irã sobre Israel: “O regime sionista foi quase derrubado e esmagado pelos golpes da República Islâmica do Irã”. Embora reconheçamos como muito progressivo o desejo de Khamenei em esmagar o enclave sionista, este objetivo esteve concretamente muito distante de ser alcançando somente com o lançamento dos mísseis balísticos iranianos sobre as cidades de Israel.

As forças sionistas obviamente tem outra avaliação da guerra, e muito menos triunfalista do que o regime nacionalista burguês dos Aiatolás. Admitem que o progresso nuclear do Irã foi atrasado por apenas alguns meses e principalmente que os mísseis iranianos causaram enormes danos à infraestrutura civil e militar de Israel. Segundo o “insuspeito” jornal Haaretz, até a Resistência Armada do Hamas em Gaza recuperou força de ataque, evidenciado pelas inúmeras baixas militares israelenses.

Nesse cenário de “impasse”, nem vitória e tampouco uma clara derrota da nação oprimida, o objetivo estratégico do Deep State Global é aproveitar a pressão infligida ao Irã para cooptar o regime nacionalista burguês, forçando-o a “cooperar” com a penetração das corporações imperialistas no país, na busca de uma “paz estável” com o gendarme sionista.

Por fim neste artigo alertamos sobre a incapacidade histórica do nacionalismo burguês em levar até as últimas consequências a luta contra o imperialismo, porém em plena etapa de profunda crise de acumulação do capital, e que aponta objetivamente para um período já aberto de pré-III Guerra Mundial, os “vacilos e ilusões” da camarilha restauracionista de Putin diante do imperialismo ianque e do sionista, podem custar a sobrevivência política do regime pós soviético.

Desgraçadamente o Sul Global e seu farsante “mundo multipolar” não representam um ponto de apoio efetivo da luta do povo palestino para retomar seu território histórico das garras de Israel e muito menos prestou ajuda militar ao Irã para destruir o enclave sionista de Israel!