46 ANOS DA VITORIOSA REVOLUÇÃO SANDINISTA: NICARÁGUA NÃO AVANÇOU AO SOCIALISMO MAS SE MANTÉM NO COMBATE ANTI-IMPERIALISTA
No último 19 de julho de 2025, a Nicarágua comemora os 46 anos da vitória histórica do povo pobre, camponeses e trabalhadores dirigidos ela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que em 1979 derrubou a ditadura de Somoza, uma das mais sanguinárias da América Latina. Naquele dia, o povo armado, após anos de luta, proclamou o fim de uma era sombria de repressão, renúncia à soberania e dependência externa, e inaugurou uma nova etapa era com autonomia popular e anti-imperialismo. Desgraçadamente não existia na América Central um partido marxista que pudesse aprofundar as conquistas da revolução sandinista até a construção de um Estado Operário em direção ao socialismo. Entretanto a Nicarágua, mesmo com todas as limitações nacionalistas burguesas da FSLN, se mantém hoje como uma referência anti-imperialista em nosso continente.
A história da Revolução está profundamente ligada às lutas
pela independência e soberania da Nicarágua. Em 1909, após uma série de
conflitos armados internos e pressão diplomática dos Estados Unidos, Zelaya
renunciou à presidência e exilou-se. De fato, suas políticas progressistas e
nacionalistas não atendiam aos interesses de Washington. Em maio de 1910,
tropas norte-americanas desembarcaram na Nicarágua, marcando uma das muitas intervenções
militares americanas no país durante o século XX.
Desde então, a Nicarágua foi governada por oligarquias subservientes a potências imperialistas estrangeiras. Em 1912, o General Benjamín Zeledón morreu em combate desigual, lutando contra a intervenção estrangeira, com o sonho de uma nova pátria. Inspirado por seu exemplo, Augusto C. Sandino liderou uma guerra de libertação nacional que culminou em 1933 com a expulsão dos fuzileiros navais ianques e a vitória do Exército para a Defesa da Soberania Nacional da Nicarágua (EDSNN).
No entanto, a traição não tardou a chegar. Apenas um ano após a assinatura do Acordo de Paz entre Sandino e o presidente liberal Juan Bautista Sacasa, o General Sandino foi traiçoeiramente assassinado por ordem dos EUA, executado por Anastasio Somoza García, chefe da Guarda Nacional. Assim teve início a dinastia Somoza, uma ditadura familiar que durou 45 anos, marcada pela pilhagem dos recursos do país, pela repressão brutal, pelo enriquecimento de uma elite e pela rendição total da soberania nicaraguense.
Diante dessa realidade de profunda injustiça social, surgiu a Frente Sandinista de Libertação Nacional, fundada em 1961 por um agrupamento de bravos revolucionários inspirados pelo pensamento e exemplo do General Sandino. Essa organização revolucionária incluía Carlos Fonseca Amador, Tomás Borge Martínez, Silvio Mayorga, Germán Pomares Ordoñez, Rigoberto Cruz (Pablo Úbeda), Jorge Navarro, Francisco Buitrago e o Coronel Santos López.
Por quase duas décadas, a FSLN organizou a resistência armada e política no campo e nas cidades, conscientizando a população, denunciando as atrocidades da ditadura e mobilizando milhares de homens e mulheres que decidiram dar suas vidas por uma Nicarágua livre.
A luta armada ganhou impulso irreversível a partir de outubro de 1977, com uma ofensiva ininterrupta, que se intensificou até atingir seu clímax em junho de 1979, com o chamado popular à Ofensiva Final. O sacrifício do povo foi imenso: mais de 50.000 heróis e mártires, milhares de feridos, desaparecidos e exilados. Mas o compromisso com a liberdade e a dignidade foi maior. Às duas da manhã de 19 de julho, o Tenente-Coronel Fulgencio Largaespada anunciou o cessar-fogo. Horas depois, a FSLN entrou triunfalmente em Manágua. Imagens do povo abraçando os combatentes, agitando a bandeira vermelha e preta, viajaram pelo mundo.