Direita vence eleições para a prefeitura de Buenos Aires, desastre político da FIT (PO, PTS e IS) que alcança menos de 1% dos votos
O atual prefeito (chefe de governo) da cidade autônoma de Buenos Aires, o ultrarreacionário Maurício Macri do PRO (Proposta Republicana) obteve uma significativa vitória nas eleições municipais portenhas, realizadas neste último domingo (10/07). Mesmo com a acachapante votação do PRO, cerca de 48% dos votos, haverá um segundo turno entre Macri e o justicialista Daniel Filmus (27% dos votos) candidato apoiado pela presidenta Cristina Kirchner. Em terceiro lugar ficou “Pino” Solanas do projeto Sul, uma espécie de PSOL argentino, com cerca de 13% dos votos, um verdadeiro fiasco para Solanas que abriu mão de sua candidatura presidencial diante da expectativa de passar ao segundo turno para enfrentar Macri. Mas o grande desastre político ficou por conta da FIT (Frente de Esquerda dos Trabalhadores) que obteve cerca de 0,5% dos votos (metade do que conquistou o “solitário” Luis Zamora em sua Frente Progressista), bem abaixo da soma que as organizações obtiveram separadamente nas eleições passadas.
A disputa política em Buenos Aires tem enorme repercussão nacional para as próximas eleições presidenciais que ocorrerão em outubro próximo, a capital argentina representa o terceiro colégio eleitoral do país, além de ser o centro do debate político institucional. A vitória da direita em BA animará a oposição reacionária, galvanizada pela UCR, a “sonhar” com uma improvável derrota do projeto kirchnerista, batizado de “nacional e popular”. Já o Projeto Sul, integrado por várias organizações ex-trotskystas como o MST e Convergência de Esquerda, mostrou seu esgotamento precoce ao não conseguir estabelecer uma polarização própria com a direita macrista, confundindo-se com a demagogia social-democrata do candidato da Casa Rosada. Junto a Solanas afunda também o MST, até pouco tempo atrás maior grupo da esquerda revisionista argentina, abandonando de malas e bagagens qualquer referência ao marxismo revolucionário.
A campanha da FIT esteve focada na eleição de Marcelo Ramal do PO a vereador (legislador), com um programa eleitoral reformista que pouco se diferenciava politicamente do Projeto Sul. A candidata a chefe de governo pela FIT, Myriam Bregman do PTS, declarou ao jornal Pagina 12 logo após a divulgação dos primeiros resultados sua “satisfação em fazer ouvir a voz da esquerda na cidade de Buenos Aires”, isto depois de ter posado na foto de capa do jornal La Nación ao lado do fascista Macri. A recente eleição pela FIT de um deputado “independente”, na província de Neuquén, revela o caráter eleitoreiro e oportunista desta frente centrada na busca de parlamentares a qualquer preço. Parece que a junção de mais de dez correntes revisionistas à FIT pouco ajudará na eleição de Altamira como deputado (objetivo real para a formação desta aliança sem princípios), pois se repetirem o desempenho de BA somarão menos votos juntos do que obtiveram autonomamente nas últimas eleições presidenciais.
A ausência de uma perspectiva revolucionária, que denunciasse esta “farra” eleitoral da democracia dos ricos, inútil à luta proletária, foi a marca política destas eleições na outrora “elegante” cidade portenha. Somente a construção de um autêntico partido leninista, que utilize a tribuna eleitoral para publicitar a necessidade da revolução socialista, poderá introduzir um diferencial no cenário nacional, assim como no seio do movimento de massas.