"Indignados" contra Zapatero e o socialismo revolucionário
A marcha dos "indignados" espanhóis terminou na Praça Puerta de Sol no domingo, 24 de julho e transformou-se nesta segunda-feira, 25, em uma verdadeira edição improvisada do Fórum Social Mundial em Madri, com direto a "tendas" onde se discute de tudo... menos a construção do partido comunista e a edificação do socialismo revolucionário, "receitas" tidas como ultrapassadas e anacrônicas por seus participantes. Frente à "indignação" com o governo Zapatero e suas medidas de ajuste típicas do chamado neoliberalismo, o 15M propõe, com uma roupagem "modernosa", as velhas fórmulas socias-democratas como "regular os mercados", "taxar os investidores", "justiça social" e uma "nova economia" ao melhor (ou pior!) estilo do lema oficial do FSM de que "outro mundo é possível", desde que não seja nada que se aproxime da ditadura do proletariado.
As cercas de 35 mil pessoas concentradas em Madri ficaram bem aquém do número de participantes esperado se compararmos as manifestações passadas, que em 15 de maio e 19 de junho agruparam cada uma aproximadamente 300 mil. O tom democratizante da marcha dominada por ONG’s e movimentos pequeno-burgueses democratizantes, seu caráter ordeiro, sem enfrentamentos com as forças de repressão estatal e sua transformação no chamado "Fórum Social 15M" com direito a participação de palestrantes do quilate do prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, "teórico" da tese da "economia regulada pela sociedade" são demonstrações de que o movimento dos "indignados" além de está perdendo força nada mais é do que uma versão requentada do FSM, que de tão impotente a cada edição vem perdendo fôlego.
A macha popular indignada e sua versão programática (Fórum Social 15M), iniciativas completamente incapazes de armar os trabalhadores e a juventude de um programa para enfrentar o capital, vem sendo apresentada por toda sorte de revisionistas como a melhor expressão da "onda revolucionária que varre a Europa" depois do crash financeiro de 2008. Nada mais falso, tratam-se justamente o contrário, de fórmulas modernosas usadas pelas ONG’s e seus "movimentos de novas vanguardas" para amortecer a luta de classes enquanto a direita e a extrema-direita crescem eleitoralmente na Europa, organizam milícias neo-nazistas contra negros, imigrantes e mulçumanos, produzindo atentados terroristas como os da Noruega.
Seguindo essa lógica, a tarefa dos “indignados” expressa no vídeo 23 razões para marchar não seria mais derrotar pela via da ação direta os planos de ajuste do imperialismo e do FMI e organizar-se para derrubar os governos burgueses de plantão, sejam eles "socialistas" ou "conservadores", através da luta revolucionária sob a direção de um partido comunista, abrindo desta forma caminho para a construção de uma alternativa própria de poder do proletariado e do campesinato, mas simplesmente reafirmar alegoricamente que são homens e mulheres a favor de uma "cidadania planetária", de "referendos vinculantes" e da "paz mundial". Isso significa ir a fundo na lógica do aperfeiçoamento do próprio regime democrático-burguês, substituindo o enfrentamento entre as classes sociais pela "pressão das praças sem sindicatos e partidos" para que os governos capitalistas sejam sucedidos por gestores supostamente éticos e não corrompidos "que cumpram o que prometeram". Já a "paz" defendida pelos "indignados" resume-se a ocas palavras contra as "guerras" enquanto se colocam favor dos "rebeldes" apoiados pela OTAN na Líbia, já que são entusiastas da fantasiosa "revolução árabe" que não passa de uma trasição ordenada controlada pela Casa Branca.
Como o próprio nome "indignados" diz, inexistem para estes trabalhadores com interesses de classe antagônicos aos da burguesia, mas sim cidadãos do mundo com interesses sociais comuns básicos, como saúde, educação, habitação. Seria então necessário aplicar um programa de inclusão social, mantendo de fato o modo de produção capitalista intocável, recorrendo a políticas compensatórias e adotar uma forma com aparência democrática para gerir o Estado burguês para rumar na resolução de todos os problemas sociais da população do planeta. A partir desse programa, na prática, impõe-se aos explorados a lógica de aceitar o ônus da crise capitalista, amenizá-la a partir de ações assistencialistas e "humanitárias", opondo-se assim a defender que a única estratégia capaz de gerar um mundo livre, sem explorados e exploradores, é a luta pela revolução proletária mundial e pela construção do socialismo em todo planeta a partir da luta insurrecional dos explorados da cidade e do campo.