Zapatero “renuncia”, prenúncio de um cinturão de direita em toda Europa
O presidente do governo espanhol, Luis Zapatero, dirigente do PSOE (um partido social democrata que ainda insere a palavra “operário” em sua sigla), anunciou oficialmente nesta sexta-feira a antecipação em quatro meses das eleições gerais parlamentares, concomitante com sua decisão pessoal de não mais concorrer a nenhum cargo público depois de sete anos no “poder”. A definição política do ato de Zapatero corresponde a uma verdadeira renúncia em um regime parlamentarista de governo como o espanhol. Os “socialistas” neoliberais da Espanha, tal qual o PT brasileiro, já anunciaram o candidato do partido para as eleições que se realizarão no próximo dia 20 de novembro (simbolicamente dia da morte do fascista Franco), trata-se do ex-ministro do interior Alfredo Rubacalba, que enfrentará o direitista do PP Mariano Rajoy favorito absoluto das pesquisas para ocupar o Palácio de la Moncloa.
A movimentação política do PSOE corresponde a pactuar uma derrota “honrosa” para a extrema-direita espanhola, em um quadro de profundo desgaste do governo “socialista”. As recentes eleições regionais, ocorridas no ápice das mobilizações dos “indignados”, impuseram uma derrota humilhante ao governo Zapatero, obrigando o PSOE a operar uma saída “tática” antes do início do ano que vem onde o futuro governo terá que aplicar um drástico corte no orçamento estatal para tentar reduzir o déficit público. A Espanha, assim como Portugal, Grécia e Itália , padecem nas mãos dos rentistas internacionais que especulam os títulos da dívida destes países no mercado financeiro de derivativos, elevando seu valor nominal a cifras astronômicas. O resultado desta “operação” criminosa é a explosão da dívida pública, consumindo o grosso do orçamento nacional para saciar a voracidade dos parasitas de Wall Street.
Os partidos da direita europeia ,como o PP, que abrigam alas neofascistas em seu interior, têm pavimentado um forte crescimento político diante da crise econômica capitalista e a falência do chamado “estado do bem estar social”, modelo clássico da social-democracia. O crescimento desta direita, que extrapola um mero alargamento em seu peso parlamentar, tem suas raízes mais profundas nas derrotas consecutivas do movimento operário e na ausência de uma perspectiva revolucionária em seu conjunto. Como a própria ascensão de Hitler foi precedida de uma série de derrotas do proletariado europeu, a atual onda social de xenofobia é calcada no retrocesso na consciência dos trabalhadores e na ausência de um partido genuinamente comunista para enfrentar o fascismo com os próprios métodos da classe operária, bem mais além de uma disputa eleitoral. Os atentados monstruosos de Oslo se inserem nesta dinâmica política, ao contrário do que afirma a delirante esquerda revisionista (PCO e PTS) que insiste em “abstrair” sinais revolucionários destes acontecimentos. Longe de preparar a classe operária para embates “cruentos” com o fascismo, estes oportunistas semeiam a ilusão de uma “crise revolucionária” dobrando a esquina, apostando suas fichas na corrida eleitoral mais próxima. A tarefa vigente que se impõe neste período contrarrevolucionário, após a destruição dos Estados operários do Leste europeu e ofensiva imperialista em toda linha, é a da construção da Frente Única Operária, como nos ensinou Trotsky em situações similares. Compreendendo politicamente esta frente única com partidos e organizações verdadeiramente proletárias, que hoje nada tem a ver com os partidos “socialistas” europeus (no governo ou na oposição) que se converteram a súditos do capital financeiro.