domingo, 31 de julho de 2011

Morte do comandante militar dos “rebeldes” expõe crise dos mercenários a serviço da OTAN
A recente morte do comandante Abdul Fattah Younes, chefe militar dos grupos "rebeldes" financiados pelo imperialismo, é mais uma expressão da crise em que está mergulhada a ofensiva da OTAN após quatro meses de ataques à Líbia. As grandes potências capitalistas e a própria esquerda revisionista apologista da fantasiosa “Revolução Árabe” apostavam que o “ditador” Kadaffi logo cairia com o início da intervenção militar aprovada pela ONU, mas o apoio popular ao regime, devido às conquistas oriundas do movimento nacionalista que derrubou a monarquia no final dos anos 1960, vem impondo forte resistência das massas aos planos do imperialismo de impor um governo fantoche completamente aliado a seus interesses políticos e econômicos. Não temos dúvida em afirmar, contrariando toda propaganda enganosa da mídia burguesa, que as forças de rapina financiadas pela Casa Branca e a União Europeia estão sendo derrotadas pelas milícias populares armadas e o exército nacional líbio que apóiam o regime. A cidade de Benghazi, conhecida como a capital dos “rebeldes” por suas fortes relações comerciais com as transnacionais petrolíferas, ainda se mantém sob o controle das forças da contrarrevolução porque está fortemente protegida pela OTAN.

Apesar dos detalhes do assassinato permanecerem obscuros, as informações divulgadas sobre a morte de Younes levam a crer que este foi eliminado como produto da própria luta interna intestina entre as frações de mercenários que dirigem os “rebeldes”, alojadas em torno do chamado Conselho Nacional de Transição (CNT). A crise que se abateu no interior do CNT diante da resistência heróica das massas líbias, com milícias populares derrotando os arquirreacionários remanescentes da monarquia do rei Idris nas cidades, acirrou a disputa entre aqueles que se venderam ao império, a exemplo do próprio Younes, pelo controle dos milhares de dólares fornecidos pelas potências estrangeiras ante a possibilidade de uma derrota para Kadaffi. Esse conflito tem provocado forte divisão no seio do CNT. Vale lembrar que este “conselho” foi cinicamente reconhecido por Obama e Sarkozy como o “governo legítimo da Líbia” em uma tentativa desesperada do imperialismo centralizar as ações dos “insurgentes” por terra, fornecendo-lhe armas e tanques, mas até agora esta “ajuda” milionária não alterou em seu favor o quadro da guerra civil em curso, já que as grandes cidades com forte concentração popular rechaçaram as investidas pró-OTAN.
Logo após a morte de Younes, Kadaffi fez um pronunciamento em que afirmou: “A determinação do povo líbio é mais forte do que a determinação da Otan”. O dirigente líbio sabe que neste momento é impossível qualquer acordo com imperialismo, como o “plano de paz” que Kadaffi tentou até pouco tempo negociar com a União Europeia prometendo uma reforma eleitoral no país. Apesar das concessões feitas pelo regime líbio nos últimos anos, as grandes potências capitalistas, aproveitando-se das transições ordenadas que conseguiram operar no Egito e na Tunísia, desejam impor, neste caso pela via militar, sua rapina sobre o país do Magreb sem qualquer tipo de obstáculo, a exemplo do alto grau de controle estatal do petróleo líbio que impõe a atual Constituição aprovada após a queda da monarquia.

As massas líbias estão em luta pelas conquistas operárias existentes, hoje ameaçadas pela agressão imperialista e não por um sentimento abstrato de defesa da “soberania nacional”. Como revolucionários defendemos não só a frente única militar com Kadaffi, mas a própria vitória das forças que apóiam o regime e lutam em armas para derrotar o imperialismo. Na linha de frente deste combate revolucionário, publicitamos um programa comunista para forjar uma direção revolucionária e socialista que supere as próprias ilusões das massas com o nacionalismo burguês, incapaz por sua própria natureza de classe de defender de forma conseqüente as conquistas do povo líbio.