quinta-feira, 28 de julho de 2011

Ollanta Humala seguirá cartilha do capital financeiro tendo como modelo o governo Lula

Ollanta Humala, recém-eleito presidente do Peru, tomará posse neste dia 28 de julho. O ex-tenente-coronel que prestou serviços ao facínora Alberto Fujimori na implacável e cruenta perseguição à guerrilha maoísta dirigida pelo Sendero Luminoso, derrotou no segundo turno das eleições peruanas a filha do próprio ex-presidente, Keiko Fujimori, por uma pequena margem de votos. Ironicamente, Humala tornou-se conhecido e ganhou popularidade entre as massas por organizar um golpe militar ao lado de seu irmão, Autoro, para derrubar o então odiado Fujimori no ano de 2000 tendo como base uma plataforma de corte nacionalista burguês que muito se aproximava do chavismo.

Com esta “popularidade” adquirida concorreu às eleições presidenciais pela segunda vez através da coligação “Ganha Peru” do Partido Nacionalista Peruano. Nesta disputa contou com o apoio do bloco denominado “Unidade de Esquerda” (PCP, PS, PSR, Movimento Político Voz Socialista e o Movimento Político Lima para Todos). Ou seja, detém apoio de quase todas as forças políticas de esquerda atuante no país. Mesmo assim, já mostrou a que veio, formando um ministério extremamente conservador balizado por empresários, latifundiários e políticos oriundos de seu antecessor Alan Garcia. Nas palavras de Humala, trata-se de um “gabinete de conciliação”, o qual abarca “aqueles que estão representando todo o país, não somente aqueles que votaram pelo projeto nacionalista” (UOL Notícias, 25/7). Eis aqui o claro anúncio de que seguirá à risca a velha cartilha “neoliberal” imposta pelo imperialismo ianque e o sistema financeiro internacional. Para Humala “nacionalismo” tornou-se uma abstração, um “conceito político, não econômico” no qual enquadra-se qualquer coisa, menos as medidas econômicas que se enfrentem com o imperialismo e a propriedade privada, tais como estatizações e expropriações.

Em face do desgaste político do nacionalismo burguês e da agonia do chavismo expresso no “Socialismo do Século XXI”, Humala seguirá uma via pró-imperialista baseada no modelo lulista: “Desde a campanha, Humala vem tentando se distanciar do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e vincular sua imagem a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim como o petista, divulgou uma carta na qual se comprometia com os fundamentos macroeconômicos no país e prometera levar o crescimento aos mais pobres” (O Estado de S.Paulo, 21/7). O que significa uma maior ofensiva contra as já empobrecidas massas exploradas peruanas, contando com a criminosa aquiescência das direções sindicais cooptadas pelo governo que logo assumirá a cadeira presidencial para servir aos grandes capitalistas.