Caiu o ministro Nascimento, mais uma vítima do “fogo-amigo” no ventre da frente popular
A Presidenta Dilma Rousseff acaba de demitir o Senador pelo PR, Alfredo Nascimento, que ocupava desde a gestão anterior da frente popular o cargo de Ministro dos Transportes. Nascimento que já era alvo de várias denúncias de corrupção, há algum tempo, não conseguiu se equilibrar desta vez graças a um arco de opositores que fizeram forte pressão no interior da própria base aliada. Ganhou destaque entre os detratores de Nascimento o governador do Ceará, Cid Gomes do PSB, que veio a público denunciar esquemas de superfaturamento na administração do DNIT.
Assim como na queda de Palocci, a orientação dada por Lula (o verdadeiro “capo” do atual governo) foi a de “sangrar” por menos tempo possível um fiel aliado desde os tempos do Mensalão. O Partido da República (PR) busca agora emplacar no ministério o megalatifundiário e atual Senador por Mato Grosso Blairo Maggi. A saída por denúncias de corrupção de dois ministros em um período inferior a dois meses abre, sem sombra de dúvidas, um relativo momento de instabilidade política na gerência da “poste” Dilma Rousseff. A feroz disputa das oligarquias regionais que se abrigaram na sombra da frente popular tem levado o atual governo a um impasse que se não for contornado pelo próprio prestígio pessoal de Lula pode acelerar o esgotamento do mandato presidencial de Dilma Rousseff.
Como já tínhamos alertado em nosso Editorial de julho (JLO nº 217) a permanência de Lula no Brasil, abdicando da disputa do cargo de Secretário Geral da ONU correspondia a própria incapacidade política de Dilma “administrar” o condomínio burguês erguido para dar sustentação parlamentar ao governo da frente popular. Apesar da fragilidade pessoal de Dilma, os escândalos envolvendo seus ministros não foram capazes de criar um abalo mais profundo do ponto de vista institucional e muito menos do ângulo da classe operária. Este fenômeno deve-se às profundas raízes da frente popular no seio do movimento popular, em particular de suas direções completamente cooptadas. A defenestração das oposições “à direita” (PSDB e DEM) e “à esquerda” (PSOL e PSTU) é produto direto da ausência de uma perspectiva de superação revolucionária das atuais variantes burguesas ou pequeno-burguesas da política nacional. Mais do que nunca se faz necessário se colocar em pé uma verdadeira oposição operária e revolucionária ao embuste da colaboração de classes representada pelo governo da frente popular.