quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Leia a mais recente edição do Jornal Luta Operária, nº 246, 2ª Quinzena de Outubro/2012


EDITORIAL
Eleições Municipais: regime político da burguesia contemplou todos os partidos a serviço da ordem, da direita até a “extrema esquerda”


PT VERSUS PT
Gleisi Hoffmann quer ver “companheiros” de partido na cadeia por decisão “encomendada” ao STF

 
UM OVO EM CADA CESTO
Com a mão esquerda burguesia descarta Serra e com a direita degola Dirceu


A “ESCOLHA DE SOFIA” DO PSOL
Converter-se em base do governo ou aliar-se definitivamente à oposição Demo-Tucana?


DIRETO DE BELÉM
Campanha do PSOL transforma-se em propaganda oficial do governo Dilma e a LBI polemiza diretamente com Edmilson Rodrigues


“FRENTE AMPLA DE ESQUERDA”
PSTU segue junto com Lula, Dilma, Marina Silva, PCdoB e latifundiários do PDT apoiando Edmilson Rodrigues!


FARSA SOCIALISTA
PSTU convoca cinicamente o PSOL a encabeçar um “governo dos trabalhadores”


A “ARTE” IMITA A VIDA
“Avenida Brasil” espelha a expansão econômica do país sob os governos da frente popular


95 ANOS DA TOMADA DO PODER PELO PARTIDO BOLCHEVIQUE
As lições de Outubro e a luta contra o revisionismo em nossos dias


GRÉCIA POLARIZADA
Direita se fortalece enquanto Syrizia se prepara para comandar um “governo de esquerda”


TENSÃO NO LÍBANO
Ação terrorista orquestrada pela CIA pretende “exportar” a guerra civil da Síria ao país vizinho


HÁ UM ANO DO ASSASSINATO DE KADAFFI PELA OTAN
Segue viva a resistência nacional líbia em um país devastado pelo imperialismo!


NOVA PUBLICAÇÃO DA LBI É LANÇADA NA SEDE DA ADUFPA
Importante debate marca lançamento do folheto sobre política de colaboração de classes do PSOL


APRESENTACÃO DO FOLHETO
“A minifrente popular em Belém como gênese de uma ‘nova’ alternativa burguesa ao PT e à oposição demo-tucana”


LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA


terça-feira, 30 de outubro de 2012


PT versus PT: Gleisi Hoffmann quer ver “companheiros” de partido na cadeia por decisão “encomendada” ao STF

A esquerda petista, inclusive as tendências revisionistas que ainda intervém no partido, vem denunciando com muito vigor a verdadeira arapuca montada pela burguesia, “camuflada” pela ação penal 470 (conhecido como processo do “mensalão”) que está às vésperas de seu encerramento pelo STF, para desmoralizar e encarcerar os dirigentes históricos do núcleo “duro” do PT. Também todo um setor da intelectualidade progressista, simpática ao PT, vem fartamente demonstrando que a falsa cruzada “ética e moral” dos ministros togados do Supremo está na verdade a serviço dos interesses mais reacionários e corruptos da classe dominante, agrupando em um único bloco político a decomposta mídia “murdochiana” e a oposição Demo-Tucana. Mas, o que nenhum petista quer admitir, enterrando a cara como uma avestruz, é o fato de o próprio governo Dilma estar diretamente empenhado na eliminação política dos dirigentes da antiga “Articulação” (corrente majoritária do PT) utilizando uma corte suprema subserviente, que sempre defendeu as causas mais retrógradas da burguesia nacional. Os petistas e seus aliados que vociferam legitimamente contra os arbítrios antidemocráticos do STF e de seus ministros “paladinos” de ocasião, simplesmente não querem ver o “dedo” da anturragem palaciana na conspiração institucional para condenar à prisão José Dirceu e Genoíno Neto, abrindo caminho para o retorno de Palocci à condição de “guru” neoliberal do governo Dilma. Mas, agora com alguns resultados eleitorais favoráveis, a turma neopetista palaciana resolveu mostrar a cara e se posicionar publicamente pela condenação dos “companheiros mensaleiros”. E quem veio com tudo na defesa da tese da “renovação” do PT, pela via do STF, foi nada menos que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, braço direito da presidente Dilma. A senadora petista eleita pelo Paraná, licenciada para assumir o ministério, utilizou nesta segunda-feira (29/10) o jornal Folha de São Paulo para elogiar o STF e defender o cumprimento das penas impostas a Dirceu e Genoíno Neto. Afirmou Gleisi no periódico golpista da família Frias que: “Nós podemos gostar ou não de como as coisas se dão, mas nós temos de respeitar resultados e instituições.”

A ministra da Casa Civil, que é casada com o odiado burocrata Paulo Bernardo, Ministro das Comunicações, acaba de patrocinar a operação política que transferiu o ex-deputado tucano Gustavo Fruet para o PDT, possibilitando o apoio petista fundamental para a sua recente vitória na eleição municipal de Curitiba. Não por coincidência, Fruet foi um dos parlamentares da oposição de direita que mais se destacou na CPI do “mensalão” em 2005. Gleisi, que é candidata ao governo do Paraná em 2014, se arvora de ter iniciado uma “renovação” no PT ao sustentar uma aliança com o agronegócio em 2010, quando foi eleita senadora. A senadora revelou aos seus “amigos” da Folha como foram os debates no interior do PT: “Como que nós vamos fazer uma aliança com quem representa o agronegócio brasileiro? Como se isso fosse uma coisa ruim! Isso depois do governo Lula, sendo o agronegócio responsável por 23% do nosso PIB”. O PT paranaense comandado pelo “casal 20” da política oportunista tem um peso considerável no governo Dilma, vem apontando um rumo que tende a ser hegemônico no cenário nacional do campo político governista. As recentes vitórias dos candidatos “postes” petistas, todos com características de tecnocratas neoliberais, reforçam a tendência do surgimento de uma nova “maioria” no partido, onde as figuras da “velha” esquerda reformista mais “marcadas” pela burguesia não terão mais espaço político.

Solitariamente, a LBI, desde o começo do processo do chamado “mensalão”, vem caracterizando o engodo montado pela burguesia com o claro objetivo de atacar e suprimir as parcas liberdades democráticas conquistadas pelo movimento operário na luta contra o regime militar. A tentativa de criminalizar dirigentes da esquerda burguesa social-democrata, que mesmo corrompidos até a medula pelo Estado capitalista representam setores do “campo popular”, significa um profundo retrocesso do regime político e não pode ser comemorado por nenhum militante que reivindique o combate revolucionário às instituições do Estado capitalista. Nem por um segundo advogamos a “honestidade” da “quadrilha” de Dirceu em suas transações comerciais, quando esteve a frente do gabinete Lula. Outra coisa é que setores que se reclamam de esquerda pretendam fazer “justiça popular” pelas mãos do ultrarreacionário STF, uma instituição secular patronal, permeada pelos seus interesses de classe.

A disputa política que ocorre em torno do processo judicial do “mensalão” envolve frações das classes dominantes interessadas em “renovar” desgastados gerentes estatais, por uma nova camada de tecnocratas com pouca luminosidade política. Este movimento da burguesia já se refletiu objetivamente no resultado das eleições municipais do último domingo. Com um modelo de gestão mais consolidado a frente popular na sua versão “poste sem luz” vai caminhando para o quarto mandato estatal consecutivo, e nesta nova vereda política devem tombar no caminho os precursores da trilha da colaboração de classes. Lula só não irá acompanhar Dirceu, Delúbio e Genoíno no cárcere em função de sua enorme representatividade social, mas com certeza não ocupará mais nenhuma função executiva no staff da burguesia nacional. Este prognóstico foi feito pelo próprio ex-pupilo de Lula, Haddad, que depois de eleito foi primeiro ao “beija mão” da presidente, mesmo após esta ter vacilado bastante em abraçar sua candidatura no primeiro turno eleitoral.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Editorial do Jornal Luta Operária nº 246, 2ª Quinzena de Outubro/2012
Eleições Municipais: regime político da burguesia contemplou todos os partidos a serviço da ordem, da direita até a “extrema esquerda”

“Dividir para reinar”, ou melhor, para governar! Assim Maquiavel condensou teoricamente a tática muitas vezes usada pela classe dominante de sua época para controlar determinada situação política ou dominar novos territórios, garantindo a estabilidade necessária para avançar em seus objetivos imediatos e históricos. No Brasil, a burguesia tratou de aplicar esta mesma artimanha nas eleições municipais, pulverizando entre todos os partidos da ordem, desde o PSOL até o PSDB/DEM, passando obviamente pelo seu principal gerente de plantão, o PT, o controle das diversas capitais e grandes cidades do país. Presenciamos no circo eleitoral da democracia dos ricos um confronto político violento entre as legendas pelo controle do botim estatal ainda que estas representem os mesmos interesses sociais opostos ao do proletariado e do povo pobre. Fazendo um balanço político geral e apurado das eleições municipais constatamos que não houve uma vitória esmagadora do PT sobre a oposição demo-tucana, ao contrário, a divisão da base aliada do governo Dilma permitiu que todo o espectro político das legendas burguesas e pequeno-burguesas fosse contemplado à “esquerda” e à “direita”, estando desde já garantida uma vasta base de apoio para a reeleição da “gerentona” em 2014, que amplia sua influência palaciana para além das fronteiras petistas tradicionais. A estabilidade do regime político burguês será mantida justamente neste mosaico da falsa “pluralidade” política e democrática, em um jogo de equilíbrio onde os interesses de classe dos barões capitalistas e das oligarquias regionais estão preservados como cláusula pétrea, no famoso “ganhe quem ganhe” perdem os trabalhadores e os explorados em geral.

O PT ganhou em São Paulo, principal metrópole do país e da América Latina, assim como em outras três capitais (João Pessoa, Rio Branco e Goiânia). O triunfo “pessoal” de Lula já na entrevista coletiva de Haddad neste domingo a noite (28/10) foi extremamente diluído, já que o prefeito eleito ressaltou muito mais o papel de Dilma em sua vitória que o do ex-presidente. O “poste paulista” parece que já busca distanciar-se de seu padrinho “doente e frágil” para seguir o mesmo caminho da “gerentona” no Planalto, ou seja, ser porta-voz do “novo PT”, distante de nomes rifados como Dirceu e que recorre à imagem de Lula apenas quando for em seu benefício direto. O próprio “PT puro sangue” foi fragorosamente derrotado nestas eleições municipais. Já o PSDB conquistou Manaus e Belém, além de Teresina e Maceió em uma prova que está se recompondo lentamente. O seu fiel aliado, o DEM, obteve uma importante vitória em Salvador com ACM Neto, garantindo sua existência política reforçada com o domínio sobre Aracaju. O PPS ganhou em Vitória em confronto com o PSDB. Por sua vez, o PSD de Kassab se livrou da “relação carnal” com o finado Serra e agora negociará sua participação direta no Ministério, com o peso de ter ganhado em Florianópolis. Presenciamos um relativo equilíbrio de forças políticas, com o fortalecimento da base do governo da frente popular, a conquista importante do PT da capital paulista com Haddad, responsável por deslocar tenuemente o pêndulo da vitória nacional nestas eleições para o campo político petista e um claro freio na desestruturação demo-tucana, principalmente com as vitórias de Arthur Virgílio e ACM Neto, já que a derrota de Serra em São Paulo já era favas contadas, como a LBI prognosticou há vários meses.

Os partidos da base aliada do governo Dilma não têm do que reclamar na divisão do botim estatal. O PMDB manteve o controle da capital fluminense, que recebe enxurradas de recursos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas, além de ter abocanhado Boa Vista, o que lhe garante manter-se na vice-presidência na futura aliança nacional com o PT. O PDT, ainda que dividido, conquistou Porto Alegre, Natal e Curitiba, sendo que nesta última cidade sua vitória foi negociada como moeda de troca para o PT tentar em 2014 derrotar o fracionado PSDB paranaense rachado entre Beto Richa e Álvaro Dias, que deve migrar para o próprio PDT controlado pelo seu irmão. O fisiológico PP conquistou duas prefeituras (Palmas e Campo Grande) e o PTC, com uma candidatura costurada diretamente por Flávio Dino (PCdoB) ganhou em São Luís, derrotando o PSDB e abriu caminho para a disputa do governo estadual do Maranhão com grandes chances de vitória para a frente popular na terra de Sarney. O fiel da balança do próximo período será o PSB, que conquistou Fortaleza, Recife, Cuiabá e Belo Horizonte em confrontos diretos com o PT, além de ter garantido o controle de Porto Velho. As oligarquias Ferreira Gomes e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, devem se cacifar para em 2018 lançarem voo próprio e não mais atuar como satélite do PT. Até lá vão barganhar pesado na composição para a futura aliança em torno de Dilma em 2014. Sua próxima relação com Aécio Neves (PSDB) em Minas Gerais, mantida diretamente por Ciro Gomes, é um sinal claro desse caminho e as feridas da eleição custarão a ser saradas. O PCdoB, rifado nas urnas nas principais cidades em que disputou, vai seguir como eterno satélite do PT.

O PSOL perdeu em Belém, mas ganhou em Macapá, onde sua ala mais fisiológica garantiu um amplo leque de apoios burgueses que abarcou até a “direita”. Aqui, também 2014 ditará o desdobramento futuro direto, já que o PSOL estará junto com Marina Silva em seu projeto presidencial, não havendo nenhum racha previsto, já que o conjunto de sua direção tem em comum esse plano estratégico. O PSTU, aliviado com a derrota de Edmilson, já que se o PSOL assumisse a prefeitura de Belém iria cobrar alto e imediatamente a fatura pela aliança que elegeu o vereador morenista, agora irá aproveitar a derrota em Belém e a vitória da ala fisiológica do PSOL em Macapá (que recebeu apoio do PSDB/DEM) para tirar algum dividendo político “pela esquerda”, assim como vem fazendo a própria CST. Para além dessas manobras distracionistas para contemplar o público interno, o PSTU espera repetir em 2014 as alianças com o PSOL a fim lhe garantir um posto no Congresso Nacional ou mesmo uma crise neste partido que permita até mesmo uma unidade orgânica entre as duas legendas. Este última vereda é bastante improvável, já que o grupo de Ivan Valente, Randolfe e Cia marcha unido em suas negociações para a construção da “terceira via” com a ecocapitalista Marina para gerenciar os negócios da burguesia, em mais uma opção confiável para o imperialismo.

Apesar da imensa polarização política artificialmente montada na disputa do segundo turno, como em São Paulo, é sintomático que tenha crescido a abstenção eleitoral e se mantido praticamente o mesmo número de votos brancos e nulos em todo o país. De acordo com os dados da apuração do TSE, 19,99% dos eleitores da capital paulista – 1,72 milhão de pessoas – não compareceram às urnas neste domingo. No primeiro turno, realizado no dia 7 de outubro, o percentual havia sido de 18,48%. Isto ocorre porque há uma tendência histórica geral de um lento deslocamento das massas em relação a nulidade da institucionalidade burguesa como centro de resolução de suas reivindicações vitais. Outro aspecto importante a ser ressaltado neste balanço foi a fraude através do uso das urnas “roubotrônicas” que nesta eleição foi usada claramente em Fortaleza onde a “apuração” começou com 50 minutos de atraso justamente para garantir a vitória da oligarquia Ferreira Gomes, que controla o TRE, sobre o candidato petista ligado a Democracia Socialista de Luizianne Lins. A direção local do PT, apesar de saber da fraude eletrônica que lhe foi imposta, onde não existe a possibilidade de recontagem de votos, aceitou passivamente o roubo já que não pode romper o pacto de legitimação do circo eleitoral da democracia dos ricos. Limitou-se a pateticamente anunciar em entrevista coletiva antes mesmo do início do anúncio dos primeiros resultados que iria entrar na justiça contra o “abuso do poder econômico” dos ex-aliados do PSB.

A LBI, dentro de suas modestas forças, tratou de dotar a campanha pelo Voto Nulo e pelo boicote do circo eleitoral de um caráter militante e ativo. Interviemos em várias capitais do país e combatemos diretamente a minifrente popular em Belém, que inclusive já prognosticávamos que iria ser derrotada, justamente porque não representava nenhuma ruptura com a ordem burguesa, pelo contrário, tomou um rumo ainda mais direitista e acabou recebendo o “abraço de urso” de Lula e Dilma. Nossa campanha militante, apesar de não ter conseguido unificar nacionalmente uma intervenção com outros grupos políticos, demonstrou que é possível romper o cerco imposto pela frente popular e a “oposição de esquerda”. Mas do que nunca, é preciso agora compreender que o fato do regime político da burguesia contemplar todos os partidos a serviço da ordem, desde a “esquerda” até a “direita” do circo eleitoral, representa um enorme obstáculo para forjar uma alternativa política revolucionária dos trabalhadores, na medida em que as ilusões na democracia burguesa permanecem entre as amplas massas e a classe dominante se recicla com um cardápio político variado para amortecer a luta de classes nos próximos anos!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012


Com a mão esquerda burguesia descarta Serra e com a direita degola Dirceu

Estamos às vésperas do segundo turno das eleições municipais e o novo quadro político nacional vai se desenhando com maior clareza, faltando alguns “ajustes” para a burguesia definir que só conheceremos na abertura das urnas “robotronicas” no próximo domingo (28/10). Como já tínhamos caracterizado em nosso primeiro balanço político, logo após o primeiro turno, ocorreu um certo equilíbrio de forças entre o campo governista e as chamadas oposições consentidas de “direita e esquerda”. O PT deu continuidade ao seu processo de “engorda” fisiológica, mas cedeu espaços importantes no interior da própria base aliada, com as fragorosas derrotas sofridas em Recife e BH para o PSB. Os Demo-Tucanos também não poderiam se queixar de seus resultados, em um clima econômico abertamente favorável ao governo Dilma. O PSDB conseguiu levar seus candidatos ao segundo turno em várias capitais, em particular São Paulo onde o veterano tucano Serra conquistou a primeira posição. No cômputo geral os Demo-Tucanos (vencedores em Maceió e Aracaju) passaram ao segundo turno além da capital paulista em Salvador, Manaus, Belém, São Luis, Teresina, João Pessoa, Rio Branco, etc.. Já o PSOL vai disputar pela primeira vez o segundo turno em Macapá e Belém. A vitória de Márcio Lacerda em BH pode ser dividida ao meio entre o governador Aécio Neves e a oligarquia “socialista” dos Ferreira Gomes. O PDT, outro partido da base aliada, reelegeu o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati muito pouco simpático a futuras alianças com o PT. Como se pode facilmente aferir o “troféu” de ganhador deste embuste eleitoral municipal só poderia mesmo ser decidido na reta final do segundo turno, mais além do consistente crescimento do voto nulo e abstenções.

Correndo paralelo ao processo eleitoral viciado, a população assistiu “on line” o “espetaculoso” julgamento do chamado “mensalão”, onde a burguesia e seus “instrumentos” midiáticos “murdochianos” decidiram “depurar” (com métodos de um tribunal reacionário de exceção) da vida política nacional a velha direção do PT. A operação política da burguesia, travestida de cruzada ética e moralizadora, tem por objetivo abrir caminho para um “novo” PT, sem o “ranço” de esquerda dos quadros históricos da tendência Articulação, como José Dirceu e Genuíno Neto. O STF, utilizado pela burguesia nacional como uma corte de serviçais togados cumpriu exemplarmente sua função institucional, ou seja, um tribunal classista patronal onde a classe operária e seus representantes políticos são invariavelmente condenados, ou não recordam da cassação do senador Prestes e de toda bancada parlamentar comunista. O PT que deve emergir politicamente após a provável prisão dos dirigentes do “campo majoritário”, será comandado diretamente pela anturragen da presidenta Dilma, os chamados neopetistas tecnocratas, da qual Dilma é a expressão mais concentrada. Este elemento da conjuntura explica o empenho dos ministros do STF, nomeados em sua maioria pelos governos da frente popular, em demonstrar total rigidez e inflexibilidade na condenação dos quadros da esquerda que fundaram o PT, transformando este partido em um dócil gerente estatal dos negócios de grandes grupos capitalistas. Agora estes setores fascistizantes e o “PIG” já salivam por colocar o próprio Lula no banco dos réus do STF, hipótese remota diante dos laços políticos que ainda unem Dilma ao ex-metalúrgico que chegou ao Planalto. De toda forma fica o recado a Lula dado pela burguesia: “Não interfira na reeleição da gerentona ou poderá ter o mesmo destino do companheiro Dirceu”.

Como a política praticada pelos “barões” capitalistas não passa de um verdadeiro balcão de negócios, onde uma das regras se chama a “lei das compensações”, a prisão de Dirceu deve ser calibrada com o descarte de um outro “capo” também histórico do terreno da oposição Demo- Tucana. E o “escolhido” foi justamente o desgastado e impopular Serra (vitorioso no primeiro turno graças a uma descarada fraude eletrônica e midiática) conduzido a “fogueira” eleitoral pelos próprios “camaradas” do PSDB, como Alckmin e FHC. A provável eleição do novato Haddad na maior cidade da América Latina, após uma tentativa frustrada do Planalto emplacar o populista evangélico Russomano, deslocará o pêndulo da vitória nacional nestas eleições para o campo político petista, mesmo que venha a perder em capitais importantes como Salvador,Fortaleza e Manaus. O fato de o debutante Haddad ter sido “bancado” pessoalmente por Lula, não o credencia à condição de “fidelidade” programática absoluta ao “velho e doente” dirigente maior do PT, como se pode constatar com a “pupila” Dilma que agora se empenha em cassar (pela via de um STF submisso) antigos companheiros da corajosa guerrilha que combateu o regime militar.

Como principal elemento político de relevância a ser abstraído destas eleições ficou a certeza de que a disputa presidencial de 2014 já está praticamente selada. Os Tucanos vão apresentar pela primeira vez o nome do ex-governador Aécio Neves (com a aposentadoria precoce de Serra), por isso a vitória de seu candidato em BH foi meticulosamente preparada, leia-se fraudada. É óbvio que Aécio não tem a menor chance contra Dilma, mas cumprirá a “missão” de preparar um novo bloco de poder para 2018, desta vez com as oligarquias “socialistas” dos Campos e Ferreira Gomes. O front da chamada “oposição de esquerda” deverá ser reforçado com a entrada política da eco-imperialista Marina Silva, não se sabe ainda se na legenda do PSOL ou na fundação de um novo partido unificado. Os Marxistas Leninistas que combateram na trincheira vigorosa da denúncia do circo eleitoral, como um instrumento das classes dominantes para desviar a ação direta do proletariado, não tivemos êxito na tarefa de unificar a vanguarda classista e grupos da esquerda anticapitalistas em uma campanha centralizada pelo boicote eleitoral ativo. Somos plenamente conscientes do profundo retrocesso na consciência da classe operária e da etapa contrarrevolucionaria que atravessamos em nível mundial, o que nos coloca em um franco isolamento político. Mas, como nos ensinou o mestre bolchevique e fundador do Exército Vermelho, em seus piores momentos do exílio político: “Os comunistas não intervém somente em momentos de afluxo das massas, devem se preparar para períodos de derrotas e isolamento ideológico na defesa da revolução socialista”.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Em Belém, campanha do PSOL transforma-se em propaganda oficial do governo Dilma e a LBI polemiza diretamente com Edmilson Rodrigues

A campanha de Edmilson Rodrigues (PSOL) neste segundo turno transformou-se em propaganda oficial do governo Dilma e das gestões da frente popular comandadas pelo PT. Nos materiais de campanha e nos programas de TV diariamente vemos Lula enaltecendo os feitos de quando foi presidente, defendendo seus “programas sociais” que supostamente tornaram o país uma “ilha de prosperidade” e declarando que Edmilson será parceiro de Dilma se for eleito prefeito de Belém, seguindo o mesmo modelo “benfeitor” adotado pelo governo federal. Já Dilma, Mercadante e Marta Suplicy falam das vantagens em ter um parceiro confiável como Edmilson. Chegam a declarar que o muito já feito pelo PT em todo o Brasil será reforçado com a vitória do candidato do PSOL, porque ele irá fazer o mesmo em Belém. Não é demais lembrar que Mercante é o Ministro da Educação que combateu duramente a greve dos professores universitários, cujo sindicato, o ANDES, é dirigido pelo próprio PSOL! Em resumo, o principal partido da “oposição de esquerda”, o PSOL, virou garoto propaganda de Dilma e Lula em troca do apoio eleitoral do PT na capital paraense, adotando uma linha abertamente adaptada a frente popular, principal gerente dos negócios da burguesia em nosso país.

Edmilson tenta, em vão, justificar aliança com o PT
para o porta-voz da LBI, Marco Queiroz

As ruas de Belém estão cheias de cartazes com Dilma, Lula e Edmilson lado a lado com o slogan “Juntos, agora somos 50”. Os carros de som entoam jingles onde pregam “Lula e Dilma lá, Edmilson aqui”. Sistematicamente, divulgam que todos os programas do governo federal que não chegam hoje em Belém porque o estado é governado pelo PSDB e a prefeitura pelo PTB, mas com a vitória de Edmilson serão implantados, vendendo descaradamente as miseráveis políticas compensatórias petistas como se fossem a personificação do fim da miséria social. Para os mais desavisados até parece que Edmilson é o candidato do PT apoiado pelo PSOL e não o contrário!

A LBI vem denunciando a minifrente popular encabeçada pelo PSOL em Belém, que conta com a participação do PCdoB e PSTU, além do apoio de Marina Silva e Cristóvão Buarque (PDT). Todos os materiais de campanha da frente “Belém nas mãos do povo” neste segundo turno (cartazes, panfletos, adesivos) são assinados pelos três partidos e reforçam a unidade com a Lula e Dilma, em uma prova que a “oposição” do PSTU a essa política de colaboração de classes é uma farsa completa. Mas, para os revolucionários da LBI, o combate a esta orientação escandalosa é real, feito “olho no olho”, nas ruas e em plena campanha na capital paraense. Justamente por esta razão, o dirigente da LBI, Marco Queiroz, fez questão de entregar nas mãos do próprio Edmilson o folheto “A minifrente popular em Belém como gênese de uma ‘nova’ alternativa burguesa ao PT e à oposição demo-tucana” no comitê central eleitoral de campanha do PSOL em Belém. Edmilson, meio desconcertado com nossa ousadia, tentou em vão justificar para o porta-voz da LBI a importância da aliança com Lula e as parcerias com o governo federal. Declarou inclusive que foi pedir recursos a FHC quando era prefeito, porque não iria pedir agora o apoio de Lula que “é um amigo”. Tal “argumento” canalha demonstra a vigarice política do candidato do PSOL que sempre administrou se subordinando a legalidade burguesa e teve trânsito com todos os governos capitalistas, enquanto reprimiu violentamente a greve dos professores municipais. Não por acaso, Mercadante, o Ministro da Educação de Dilma que atacou a paralisação dos professores universitários é entusiasta apoiador de Edmilson!



Polemizando diretamente com Edmilson Rodrigues, o dirigente da LBI atacou as alianças burguesas estabelecidas pelo PSOL e sua política de ser hoje em Belém um defensor dgoverno do PT em parceria com as oligarquias regionais mais reacionárias. O combate que ora travamos em Belém em defesa do Voto Nulo e do boicote ativo ao circo eleitoral que neste momento se reveste concretamente (e não apenas no terreno “virtual” como fazem os covardes representantes do “trotsquismo fictício”) na denúncia da candidatura burguesa do PSOL que é financiada pelos grandes capitalistas e apoiada pela frente popular, já que o candidato do PSOL transformou sua campanha neste segundo turno em propaganda oficial do governo Dilma, tendo o apoio de inimigos declarados dos trabalhadores como Marta Suplicy e Mercadante, repressores de greves e fiéis representantes dos grandes grupos econômicos.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012


A “escolha de Sofia” do PSOL: converter-se em base do governo ou aliar-se definitivamente à oposição Demo-Tucana?

A reta final das eleições municipais se em nada serve a organização e luta do povo explorado, pelo menos vem cumprindo a função de clarificar politicamente aos olhos da vanguarda militante de esquerda em nosso país o verdadeiro caráter de classe do partido que até então encabeçava a chamada “oposição de esquerda”, estamos é claro falando do PSOL. Se algum analista político estrangeiro, minimamente criterioso, discorresse sobre o quadro eleitoral do PSOL neste segundo turno, poderia afirmar que o partido “rachou” diante dos caminhos aparentemente conflitantes assumidos nas duas capitais que está concorrendo. Afinal de contas, o PSOL em Belém adotou a posição de base de apoio do governo Dilma, recebendo apoio de Lula e na cidade de Macapá aliou- se a oposição Demo-Tucana contra o candidato do PDT apoiado pelo PT. Acontece que não há o menor indício de “racha” no PSOL, pelo menos no âmbito de sua direção majoritária. O que está acontecendo neste momento eleitoral para o PSOL nada mais é do que a pura expressão do fisiologismo pragmático mais tradicional, que permeia todos os partidos burgueses no Brasil. Para os charlatães de esquerda que anunciavam o nascimento do mais “novo” partido “socialista” no cenário político nacional, este segundo turno foi realmente revelador, do ponto de vista do genuíno marxismo revolucionário. As duas escolhas de alianças eleitorais do PSOL foram realizadas pela mesma corrente que dirige o partido, que não enxerga a menor contradição em receber ao mesmo tempo apoio do PT e dos Tucanos e sua corte reacionária. Em Macapá, o mesmo senador psolista que costurou o acordo com o Dem, foi à capital do Acre declarar apoio ao candidato da oligarquia petista que controla o estado. Em Belém, Edmilson Rodrigues pertence a mesma corrente interna do PSOL do senador Randolfe que, por sua vez, também integra o deputado Ivan Valente, presidente do partido, que chancelou os acordos políticos celebrados neste segundo turno. Em resumo, o “socialista” PSOL, que cresceu bastante nestas eleições a custa de um oportunismo sem parâmetros, não passa de mais um partido da ordem capitalista sem nenhum conteúdo proletário e classista.

Mas sem sombra de dúvidas a aproximação com o PT no Pará cobrará um alto preço político ao PSOL. A declaração que Lula e Dilma gravaram em apoio a Edmilson enfatiza muito mais os “feitos” do governo da frente popular do que mesmo a própria candidatura do ex-prefeito. Dilma afirmou que apóia o PSOL na certeza de um “parceiro” com o governo federal. Registre-se o fato de que a presidente não gravou programas de apoio para muitos candidatos do seu próprio partido que disputam este segundo turno, como foi o caso de Fortaleza. Como uma “reação” imediata ao namoro político estabelecido com o governo do PT, o ex-candidato do PSOL à presidência da república, Plínio de Arruda declarou que prefere o tucano Serra a Haddad em São Paulo e logo sofreu um “enquadramento” do próprio Ivan Valente. Já a esquerda do partido, impulsionada pela CST do eterno candidato Babá, lançou um manifesto contra as alianças com o PT e Tucanos, defendendo o completo “delírio” de que o PSOL havia realizado uma campanha “pela esquerda” com o sucesso eleitoral do deputado Marcelo Freixo no Rio. Caso se consolide uma vitória de Edmilson em Belém, o que até o momento é pouco provável, pela importância da cidade e das alianças realizadas (não só com o PT, mas também com latifundiários do PDT e PMDB) nos parece que o destino político do PSOL será mesmo o de integrar a base aliada do governo Dilma, como sua ala de “esquerda”. Na vertente de um triunfo do PSOL em Macapá, seria mais remota a possibilidade do “atiçamento” da direita partidária, como Plínio e Freixo, impor uma incorporação a oposição Demo-tucana.

O PSTU, pequeno beneficiário parlamentar da coligação eleitoral com o PSOL, ficará em uma situação bastante delicada caso se configure a posse de Edmilson Rodrigues na capital paraense. Os Morenistas fraudulentamente anunciaram que estavam se retirando da coligação “Belém nas mãos do povo” (PSOL, PCdoB e PSTU), quando na verdade apenas se retiraram da coordenação da campanha, enquanto o PSOL em nota oficial reafirma a “solidez da frente eleitoral” que levou Edmilson ao segundo turno. Como continuam cinicamente a apoiar “criticamente” o ex-prefeito petista, o PSTU avaliza desta forma a política da direção do PSOL em buscar a aproximação com o governo Dilma. Não temos a menor dúvida que caso seja eleito, Edmilson contará em sua base de apoio na câmara com o vereador eleito pelo PSTU, posto que os Morenistas não declararam nenhuma intenção em impulsionar a oposição classista, mesmo diante dos acordos feitos com latifundiários e capitalistas integrantes da base aliada da frente popular. Vale lembrar que o último parlamentar eleito pelo PSTU, antes dos dois atuais, foi resultado de uma coligação eleitoral com o próprio PT, na segunda maior cidade do Ceará. Agora novamente salivando o “gosto” do parlamento burguês, o PSTU praticará todo o tipo de malabarismo político oportunista para manter seus vínculos com o PSOL, mesmo na hipótese deste confluir no arco “mensaleiro” do governo petista. É mesmo uma ironia da história o mesmo PSTU que recentemente se somou ao “PIG” a dar loas ao reacionário STF por operar a “caça as bruxas” ao comando da “Articulação”, neste mesmo momento está apoiando a mesma candidatura em Belém.

Nós da LBI fomos a primeira corrente a caracterizar o PSOL como um fenômeno político tipicamente pequeno-burguês, que diante da dinâmica de sua integração ao Estado capitalista logo evolui para a formação de um partido patronal e corrupto. O PSOL nunca possuiu uma base sólida operária, favor não confundir com meia dúzia de burocratas sindicais liberados, foi originalmente formado por parlamentares profissionais com pouca trajetória de luta no próprio PT, como Chico Alencar e Heloísa Helena. A mitificação de que se tratava de um “partido socialista de novo tipo” serviu a toda sorte de arrivistas que pretendiam trilhar uma carreira parlamentar, com mais “liberdade” que tinham no próprio PT. A campanha do PSOL à prefeitura do Rio, que não contou com coligações, foi a expressão mais concentrada de um programa tipicamente pequeno-burguês, capaz de atrair “figuras” como o preconceituoso Caetano Veloso, ex-apoiador de FHC, o mesmo que não se cansava de chamar Lula de “analfabeto”. Obviamente o “mito” criado de que o PSOL seria “socialista” também ajudou os cretinos do PSTU (estiveram do lado da OTAN na Líbia) a impulsionar a malfadada “oposição de esquerda”, que hoje vive a disjuntiva de “Sofia”, ou converter-se em base aliada do governo Dilma, seguindo o caminho trilhado em Belém, ou se junta de malas e bagagens à oposição Demo-Tucana como já sugeriu o “decano” Plínio de Arruda.

terça-feira, 23 de outubro de 2012


95 anos da tomada do poder pelo Partido Bolchevique: as lições de Outubro e a luta contra o revisionismo em nossos dias

Neste dia 25 completam-se 95 anos da vitória da Revolução de Outubro. Poderíamos escrever um longo texto descrevendo os fatos históricos e políticos que levaram o Partido Bolchevique ao poder em 1917. Não faltam “especialistas” no assunto, ainda que não apliquem uma vírgula do legado deixado por Lênin e Trotsky. Por esta razão, como uma corrente leninista militante, optamos por ligar as lições de Outubro aos desafios do proletariado e sua vanguarda hoje, no Brasil e no mundo, até porque para as novas gerações o Estado operário soviético, liquidado em 1991, já não existe mais, sendo esse combate político e teórico a própria defesa concreta da revolução hoje. Nesse sentido, a principal tarefa dos marxistas revolucionários reside justamente em reafirmar em pleno século XXI, contra todos os modismos adotados pela “esquerda” em geral e o revisionismo em particular, a vigência da construção do partido leninista como núcleo de vanguarda comunista organizado para tomar o poder da burguesia, condição essencial que levou a vitória do proletariado naqueles dias de 1917 e que se faz ainda mais necessária diante de uma conjuntura mundial absolutamente desfavorável para os trabalhadores em todo planeta. Fazemos este alerta porque a melhor homenagem que podemos render a esse triunfo histórico do proletariado mundial, quase um século depois de ocorrido e quando a URSS já não existe mais, é fazer um balanço das lições programáticas que levaram ao fim do Estado Operário soviético pelas mãos dos bandos restauracionistas apoiados pelo imperialismo. Desde já, aproveitamos a “oportunidade” para dizer que as mesmas forças políticas e sociais que festejaram a queda da pátria de Lênin, seja no campo burguês ou no terreno do revisionismo trotskista, são as que hoje estão unidas para, em nome da “defesa de democracia”, saudarem a charlatanesca “Revolução Árabe” no norte da África e no Oriente Médio levada a cabo pela OTAN e seus mercenários “rebeldes”, não por acaso financiados pelas mesmas potências capitalistas que apoiaram o mafioso Yelstin em 1991 como alternativa “democrática” à “ditadura stalinista”.

O fim da URSS, em 1991, foi sem dúvida a maior tragédia política para os trabalhadores de todo o mundo no século XX. A contrarrevolução que restaurou o capitalismo na União Soviética, abriu uma etapa histórica de um profundo retrocesso político e ideológico do proletariado mundial, marcado pela quebra das conquistas sociais dos trabalhadores em todo o mundo e pela ofensiva da recolonização imperialista cada vez mais amparada na agressão militar contra as nações oprimidas. Vergonhosamente, a maioria da esquerda mundial, incluindo correntes pseudotrotskistas, saudaram a destruição do Estado operário e das conquistas sociais Revolução de Outubro como um fato progressivo, “uma grande vitória dos trabalhadores e do povo” (1991 – Um golpe de direita, disfarçado com a bandeira vermelha – sitio do PSTU 19/10/2011). De fato, o que ocorreu na Rússia foi que o aprofundamento da política restauracionista, através da Perestoika de Gorbachev, fez que um setor da burocracia, encabeçado por Boris Yeltsin, rompesse com o PCUS para alçarem-se à condição de representantes diretos do imperialismo e candidatos a novos proprietários dos meios de produção, concluindo definitivamente o processo de restauração capitalista. A tentativa de golpe do chamado Comitê Estatal de Emergência, foi último recurso de uma burocracia desmoralizada e sem apoio de massas, para assegurar os seus próprios privilégios de casta burocrática dirigente do Estado operário. Para as correntes revisionistas do trotskismo, em 1991 houve uma revolução, cuja vitória se consistiu em que “as massas conseguiram derrubar o regime e conquistaram liberdades democráticas” (Idem). Com essa grotesca falsificação, apresentam uma contrarrevolução imperialista como se fosse a revolução política antiburocrática proposta por Trotsky, que nunca defendeu um regime de democracia burguesa como alternativa ao stalinismo, mas sim a democracia proletária, ou seja, a ditadura do proletariado exercida através dos sovietes, para assegurar as conquistas da Revolução de Outubro e impulsionar a revolução proletária mundial.

Todo o malabarismo dos pseudotrotskistas para justificar seu apoio à destruição da URSS em nome das “liberdades democráticas”, só fazem revelar sua vergonhosa capitulação política ao imperialismo, da mesma forma como fazem hoje quando defendem com unhas e dentes a fantasiosa “Revolução Árabe”, dando coro à propaganda ideológica das grandes potências capitalistas e seus órgãos de inteligência. Fizeram isto de forma criminosa contra a Líbia, um país semicolonial não alinhado, ao chamarem um movimento reacionário, armado e financiado pelo imperialismo, de “revolução democrática” levado a cabo pelos “rebeldes”. Na verdade, as correntes de esquerda que apoiaram descaradamente a intervenção imperialista na Líbia e hoje fazem o mesmo na Síria e no Irã, sob o argumento cínico do apoio à “Revolução Árabe”, negam categoricamente as lições mais elementares da Revolução de Outubro, porque há muito abandonaram o leninismo e a estratégia da luta revolucionária pela conquista do poder pelo proletariado e se deixaram corromper pela mídia pró-império e pelos encantos da democracia burguesa. Para essa escória, já não é mais necessário, como faziam os mencheviques e outras correntes oportunistas do século XX, apresentar a revolução democrática como uma etapa para chegar ao socialismo, pois, na atual etapa de reação política e ideológica, já fizeram da democracia dos ricos e instituições corruptas do Estado burguês o seu próprio objetivo. Estranhamente, a tão alardeada “Revolução Árabe”, na verdade uma transição democrática operada pela própria aristocracia que prefere ceder os anéis... não faz qualquer referência à reivindicação histórica das massas árabes que é a destruição do enclave imperialista no Oriente Médio, o Estado sionista de Israel, mas tem sido saudada e apoiada pelos principais expoentes do imperialismo como o Secretária de Estado Hillary Clinton.

Com posições abertamente pró-imperialistas as correntes pseudotrotskistas vão muito além do campo do revisionismo do marxismo, passando a estabelecer uma clara aliança com a reação capitalista das transnacionais do petróleo em sua ofensiva sobre os povos árabes. Para os que acusaram a LBI de “capitular a Kadaffi” por defender a Líbia da agressão da OTAN em frente única com as forças que apoiavam o regime e agora fazem o mesmo na Síria, quando estamos contra a escalada terrorista dos mercenários que desejam derrubar o governo da oligarquia Assad para impor um títere da Casa Branca em Damasco, a escória política da mesma cepa dos que caluniavam Trotsky de capitular a Stálin, respondemos com as sábias lições nos deixada pelo “velho bolchevique”, plenamente válidas até nossos dias: “Stalin derrubado pelos trabalhadores: é um grande passo para o socialismo. Stalin eliminado pelos imperialistas: é a contrarrevolução que triunfa” (Em Defesa do Marxismo). Estes revisionistas foram os mesmos que durante a destruição do Estado operário soviético pelo bando criminoso e restauracionista de Yeltsin saudaram o fim da URSS como uma “triunfante revolução democrática”, não tendo o menor descaramento de emblocarem-se com a contrarrevolução imperialista. Não por coincidência, cometeram a mesma traição dos de ontem, ao renegarem a defesa incondicional da URSS. Agora, em nome da fantasiosa “revolução árabe” se colocam ao lado da OTAN e de seus “rebeldes” mercenários em nome de derrotar as “ditaduras sanguinárias” no Oriente Médio, quando na verdade está em curso um processo de desestabilização dos decadentes regimes nacionalistas daquela região!

Como dizia Trotsky, “A emancipação dos operários não pode ser senão obra dos próprios operários. Não há, pois, crime pior do que enganar as massas, do que fazer passar as derrotas por vitórias” (A moral deles e a nossa, 09/1938). Para encobrir sua impotência diante dos acontecimentos, os revisionistas do trotskismo tentam vender as derrotas como vitórias. Apresentaram a restauração capitalista na URSS e Leste europeu como revoluções e o crash de 2008 apontaram como sendo o próprio fim do capitalismo. Não tendo um partido revolucionário para sequer se defender, são os trabalhadores que pagam a crise da grande burguesia que usa as perdas de suas empresas para justificar uma apropriação inaudita de recursos estatais. Em que pese serem o epicentro da última crise, os EUA sequer perderão seu posto hegemônico na economia mundial, enquanto seu domínio estiver lastreado por seu poderio militar dominante, enquanto o proletariado estadunidense seguir intoxicado por sua própria burguesia através do partido democrata auxiliado por reformistas e não poucos pseudotrotskistas que defendem o direito a existência do enclave sionista e se opõem à vitória militar dos povos oprimidos sobre os EUA. Para Trotsky como para Lenin não há situação sem saída para o capitalismo, cujo único coveiro é a tomada do poder pelos trabalhadores organizados em um partido comunista.

Para os autênticos revolucionários marxistas, que não se curvaram diante da ofensiva ideológica do imperialismo, cabe a tarefa de resgatar as tradições revolucionárias dos bolcheviques e as lições da grande Revolução de Outubro como ferramentas elementares na construção do partido revolucionário para libertar o proletariado da influência dos agentes da burguesia e do imperialismo, colocando o movimento operário novamente sob a bandeira da revolução proletária mundial e do socialismo, esta incumbência destinada à reconstrução da IV Internacional. Para tanto é necessário que a vanguarda da classe operária abstraia com toda perspicácia as lições das derrotas que o proletariado tem sofrido nas últimas décadas por causa precisamente da ausência de uma direção verdadeiramente revolucionária. A necessidade de derrotar o imperialismo faz da Revolução Bolchevique, mais do que nunca, uma referência para a luta dos trabalhadores de todos os países. Portanto, a tarefa que se coloca para os revolucionários de hoje, é resgatar o legado político e teórico de Lênin e Trotsky, para potenciar a vitória da revolução mundial imprimindo uma derrota definitiva ao imperialismo para abrir o caminho ao futuro socialista da humanidade. No momento em que a esmagadora maioria da humanidade sente todas suas conquistas sociais, econômicas, civis e democráticas sendo devoradas pelo insaciável monstro capitalista e que a cada dia cresce a ameaça do uma nova guerra tendo hoje como alvo a população iraniana, com toda justeza se impõem às palavras de Trotsky no jornal Proletarii, de 24 de agosto de 1917, “Revolução Permanente ou massacre permanente! Essa é a luta de cujo resultado depende a sorte da humanidade!”.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012


Piada do dia: PSTU afirma que rompeu frente eleitoral com PSOL em Belém, mas segue junto com Lula, Dilma, Marina Silva, PCdoB e latifundiários do PDT apoiando Edmilson Rodrigues!

Quando a situação ficou insustentável, depois de Lula gravar programa de TV chamando voto em Edmilson e o candidato do PSOL receber apoio de um vereador do DEM em Belém, a direção do PSTU lançou mais uma cartada no seu jogo de faz de conta em Belém. Publicou no site do partido, sempre para consumo interno, que o “ PSTU rompe com frente em Belém e chama voto crítico em Edmilson Rodrigues (PSOL)” (Portal PSTU, 21/10). Após ter elegido o seu tão sonhado vereador na capital paraense, Cleber Rabelo, o PSTU se sentiu “livre” para supostamente romper com a frente com o PSOL. Mas, o que significa isso? Absolutamente nada! Ou melhor, trata-se de mais uma manobra distracionista da direção do PSTU, já que o partido continua chamando voto em Edmilson, uma candidatura burguesa que conseguiu o “feito” de unir Lula, Dilma, Marina Silva e o PSTU no segundo turno! No mesmo comunicado que anuncia ter se “retirado da coordenação da campanha”, isto a apenas uma semana antes do segundo turno, o PSTU reafirma que “Seguimos chamando voto em Edmilson, um voto crítico, para derrotar a burguesia”! A pergunta que não quer calar e que obviamente a direção do PSTU não faz fica no ar: como é possível “derrotar a burguesia” se Edmilson foi e está sendo financiado pelos capitalistas e já governou Belém por dois mandatos, atacando greves e servindo aos interesses dos tubarões do transporte urbano e das empreiteiras?

Obviamente, a direção do PSTU alega que no primeiro turno travou uma luta política no interior da coligação “Belém nas mãos do povo” por um programa classista e socialista. Mas tal argumento não se sustenta, porque qualquer militante honesto sabe do caráter burguês da candidatura de Edmilson. Não por acaso, ele agrupou um amplo leque de alianças já no primeiro turno, ampliando-o agora. O PCdoB na frente eleitoral era uma prova inconteste disso, mas o PSTU diz que se declarou contra o ingresso dos office-boys “vermelhos” da burguesia, sendo infelizmente derrotado! O que fez então a “principista” direção do PSTU? Manteve-se na coligação para eleger um vereador! Agora que cumpriu seu objetivo eleitoral, fez um gesto simbólico de “sair da frente” para se precaver “pela esquerda” das críticas internas e externas. Porém, essa artimanha não encobre o fundamental: o PSTU está chamando o voto em uma candidatura burguesa desde o primeiro turno, que se apoia em uma frente popular que irá administrar para o capital, reproduzindo as administrações anteriores de Edmilson! Em tom angelical, o PSTU lamenta: “Além disso, durante a campanha, Edmilson recebeu apoio de Marina Silva e o PSOL aceitou a doação de dinheiro de empresas para financiar sua campanha. Ambas as ações estão contra as diretrizes de uma candidatura que reivindica governar para o povo pobre e os trabalhadores. O PSTU sempre exigiu publicamente que isso fosse revisto. Lamentavelmente, a direção do PSOL sucumbiu de vez à lógica do vale-tudo eleitoral ao incorporar política e programaticamente neste 2º turno o PT e representantes da direita como o PDT, o PPL e até mesmo um vereador do DEM”. Mas qual poderia ser o rumo que adotaria a campanha de Edmilson no segundo turno, se já no primeiro tinha o apoio do PCdoB e Marina Silva? Alguém tem alguma dúvida? Ao que parece, só a direção do PSTU “acreditou” que Edmilson poderia encabeçar um “governo dos trabalhadores”!

Na verdade, estamos vendo todo o malabarismo necessário para o PSTU justificar suas alianças com o PSOL, esteja este partido coligado ou não com legendas burguesas quando isto lhe trouxer dividendos eleitorais. Esse é o ponto crucial da questão. No lastro da farsa montada em Belém, o PSTU aproveitou a oportunidade para declarar o voto nulo em Macapá: “Lamentamos que estejamos perdendo uma grande oportunidade de mudar Macapá e elegermos uma prefeitura que governe realmente para os trabalhadores e a maioria do povo. Um governo com Sarney e os velhos partidos da direita será uma decepção e seguirá governando segundo os interesses dos ricos e poderosos do estado e da cidade. Por isso o PSTU lamenta essa política desastrosa de alianças do PSOL de Macapá, defendida e avalizada pelo presidente nacional do PSOL, Ivan Valente, e chama os trabalhadores a votar nulo neste segundo turno”. Mas, qual a diferença das candidaturas do PSOL nas duas capitais do norte do país? Absolutamente nenhuma! Na verdade, Edmilson tem relações ainda mais profundas com a burguesia por ter governado Belém por duas vezes, sendo um homem de confiança já testado pelos capitalistas. Lula que o diga, quando gravou o programa de TV ressaltando as boas relações que deverão ter Dilma no Planalto e Edmilson na prefeitura! Mas voltando a Macapá... Não por acaso, a banda da APS que está ligada a Edmilson Rodrigues apoia entusiasticamente a candidatura do sarneysista Clécio Vieira e, obviamente, negou-se a assinar a nota dos setores descontentes do PSOL que pediram, também singelamente, uma revisão da “aliança”. A nota, aliás, é assinada por figuras como Luciana Genro (MES) que resolveu tirar uma casquinha de “esquerda” mesmo tendo recebido dinheiro da Gerdau e se aliado ao PV em Porto Alegre nas eleições municipais passadas, a precursora desse tipo de conduta no PSOL! Como se vê, é fácil fingir-se contra as “alianças burguesas” desde que não se mexam em seus interesses eleitorais! Nesse sentido, tanto o PSTU quanto o MES sabem bem fazer esse jogo de cena quando lhes convém, em uma farsa completa!


Diante do comunicado do PSTU alguns grupúsculos revisionistas vão saudar a conduta da direção morenista como um “avanço”, um passo importante! É para isto que servem esses papagaios e satélites, sempre aptos a dar um verniz de “esquerda” à política de colaboração de classes do PSTU, seja no terreno eleitoral seja na política internacional em seu apoio à “revolução árabe” patrocinada pela OTAN. Aqueles que acreditaram que ao apoiarem “criticamente” o PSTU no primeiro turno estavam ajudando os morenistas a “expiar seus pecados”, na verdade acabaram por encobrir a escandalosa política desses senhores que hoje pouco se diferenciam do PSOL com seu vale tudo eleitoral. De nossa parte, alertamos mais uma vez que os militantes que ainda se opõem a essa política escandalosa da direção de seu partido devem tirar as lições programáticas dessa vergonhosa integração do PSTU ao regime da democracia dos ricos e não aceitar o ilusionismo de sua direção que enquanto finge se opor às alianças burguesas elege um vereador com os votos das candidaturas do PSOL que recebem financiamento dos grandes grupos capitalistas!

domingo, 21 de outubro de 2012


“Avenida Brasil” espelha a expansão econômica do país sob os governos da frente popular

Sexta-feira, 19 de outubro, o país praticamente parou diante do último capítulo da novela global “Avenida Brasil”. Coberturas “ao vivo”, com direito a “takes” aéreos, momentos antes de começar o melodrama televisivo, mostraram brasileiros voltando para casa apressadamente, ruas vazias, todos à espera do “gran finale”. Mas, por que uma novela atraiu tanta atenção e causou um frisson nunca antes visto? A resposta é encontrada precisamente na atual conjuntura política e econômica do Brasil, de onde um novo segmento social emerge de forma incisiva, a chamada “classe C”, ou os “ascendentes” do proletariado que registram forte expansão social, o alvo primordial do novelão das “nove horas”. A relativa expansão econômica do país e a consequente ascensão social de um determinado segmento, muito embora os salários permaneçam drasticamente comprimidos, explicam todo este estardalhaço em torno do folhetim global. Muito além dos salários, o governo Dilma promove farta liberação de linhas de crédito às custas de dinheiro captado a juros baixos no mercado financeiro internacional, o que dá vazão à formação de uma “nova classe média”. As telinhas retrataram e deram destaque a este novo extrato social, que se viu representado no mundo ficcional, porém em situação bastante real quanto a costumes e comportamento de pessoas “comuns”, criando uma profunda identidade entre os “atores” da vida real e os personagens globais. O resultado não poderia ser outro senão um recorde absoluto de audiência e um oceano de dinheiro que foi parar nos bolsos da “famiglia” Marinho em milionárias cotas de publicidade.

“Avenida Brasil” e “Cheias de Charme” (em menor escala) não foram criadas ao acaso, refletem uma clara reorientação estratégica de marketing. Foram meses de pesquisas através de estudos sociológicos para que os atores assimilassem e incorporassem os trejeitos e novos hábitos deste segmento que desponta no horizonte econômico, seja na forma de falar, vestir, seja em suas aspirações e preferências culturais/musicais. Ambas as novelas retratavam o pobre que subiu na vida, a “classe C” em seu próprio ambiente de bairro popular, enquanto na trama de “Avenida Brasil” o ricaço (Cadinho) é tratado como um decadente falido que foi obrigado a morar no subúrbio e se converte em fã dos “ascendentes”. Assim, diante das frequentes quedas de audiência das novelas globais há pelo menos dois anos, o núcleo de inteligência da Rede Globo procurou um novo nicho social para mergulhar, em busca de um mercado consumidor disposto a alimentar a “indústria” cultural de entretenimento e a lógica da alienação/despolitização das massas populares. No enredo global, forte apelo melodramático a partir de uma criança que nasce e é abandonada pela mãe em um lixão e tira como meta a vingança, as disputas para ‘se dar bem”, a belicosidade, a ausência de escrúpulos (Nina e Carminha) para “vencer na vida”, valores tomadas como parâmetros sociais “aceitáveis”. A estratégia atingiu seus objetivos, uma vez que 53% da audiência está concentrada nesta faixa da “nova classe média”, setor que engloba segundo dados oficiais do IBGE cerca de 40 milhões de pessoas! Só para se ter uma ideia, o último capítulo foi vendido para mais de 500 anunciantes, sendo que os maiores tiveram ao longo da novela uma centena de inserções de “merchandising”. O pacote total de lucros dos Marinhos chegou a superar a cifra de 2 bilhões de reais aferidos somente com publicidade.

O novo “milagre brasileiro”, produzido graças a um pacto social implícito promovido pelo governo da frente popular, onde o movimento operário está completamente engessado pelo sindicalismo “chapa branca” e a impotência política da “oposição de esquerda”, fez com que a esquerda revisionista balizada por um catastrofismo vulgar perdesse o prumo político ao caracterizar que o Brasil iria passar por uma profunda recessão durante a crise econômica mundial iniciada em 2008. O PCO é o exemplo mais acabado disto, fingindo que não houve uma evolução social de um extrato dos trabalhadores, particularmente aqueles que se tornaram “microempreendedores” por conta de financiamento estatal, ao pontificar “a farsa da nova classe média” (PCO, 02/10). Em suas teses delirantes, Causa Operária nega a existência do apoio político e social que a “nova classe média” dá ao governo da frente popular e acredita piamente que Dilma cairá a qualquer momento como consequência da “crise” por que passa o Brasil, “no pior nível desde 2001” (site PCO, 19/10) produto da “bancarrota do capitalismo” em nosso país. Na verdade, o capitalismo não cai de podre, somente a ação direta do proletariado sob a direção de um partido revolucionário pode derrubar o Estado capitalista e criar um novo modo de produção. O oposto configura uma sórdida política antimarxista de menosprezar o papel da luta de classes e do partido comunista no combate à burguesia e a propriedade privada dos meios de produção, exatamente como faz a esquerda catastrofista.

Para o marxismo revolucionário, não se trata de reverenciar um “Brasil potência”, já que o país continua sendo uma semicolônia subordinada ao imperialismo, só que atravessa um ciclo de expansão contraditoriamente associada à crise estrutural do capitalismo. A este mercado consumidor que surgiu é que a Globo voltou seus interesses mercadológicos, um público que forma a maioria de sua audiência hoje em dia e que envolve mais da metade da população brasileira, comprando a crédito e tendo orgulho de ser “ascendente”. Nos mesmos moldes, algo semelhante configura-se para a próxima novela, “Salve Jorge”, que visa tornar simpática a ocupação policial dos morros cariocas à esta classe média ascendente. Todo o amplo destaque que a mídia “murdochiana” deu a novela que desbancou e desmoralizou a velha classe média da zona sul carioca, antes de cumprir um papel progressista, incrementa ainda mais o binômio alienação e despolitização das massas populares, ainda mais numa época de profundo retrocesso cultural e imenso vazio ideológico que faz, por exemplo, da morte de um personagem ficcional lúmpen pequeno-burguês (Max) o epicentro das discussões no país. É necessário que o proletariado rompa com a trégua social imposta pelas direções sindicais corrompidas pelo Estado burguês e com a falsa sensação do “consumo sem limite”, que só mascara a dura realidade dos cidadãos que estão fora do mercado de trabalho e das linhas de crédito granjeadas pelo governo da frente popular. Esta tarefa titânica, que exige uma decidida batalha ideológica e cultural, está nas mãos da vanguarda classista que não se vendeu politicamente ao Planalto e aos ditames do imperialismo.

 

sábado, 20 de outubro de 2012


PSTU convoca cinicamente o PSOL a encabeçar um “governo dos trabalhadores”, mesmo depois deste ter recebido apoio que vai do PT ao PSDB/DEM, além do financiamento de grandes grupos capitalistas

Neste segundo turno, o PSOL ampliou suas alianças burguesas. Seus novos parceiros vão desde o PSDB-DEM, passam pelo PTB de Collor e chegam até o PT de Lula e Dilma. Em Belém em particular, Edmilson Rodrigues que já no primeiro turno estava aliado ao PCdoB e Marina Silva, recebeu o apoio do PT e do PDT, cujo candidato é um conhecido latifundiário inimigo dos camponeses pobres e sem-terra. Na capital paraense, a coligação “Belém nas Mãos do Povo” é integrada pelo PSTU que para eleger um vereador chamou entusiasticamente o voto no ex-prefeito petista, repressor das greves dos professores e que teve a candidatura financiada pela burguesia. Agora, no segundo turno, o PSTU novamente chama o voto em Edmilson. Segundo a direção do PSTU, “Os trabalhadores, o povo pobre e a juventude de Belém têm, portanto, no dia 28 de outubro um desafio histórico que é votar Edmilson prefeito para impor uma derrota à direita e à burguesia, e consolidar um programa e um bloco social e político independente dos governos e patrões para levar às ruas as reivindicações imediatas e históricas dos setores mais explorados e oprimidos da nossa sociedade para que um possível governo do PSOL seja de fato um governo para os trabalhadores”. Como se observa, as escandalosas alianças burguesas do PSOL são um “mero” detalhe para o PSTU que, longe de denunciar a minifrente popular e romper com ela, ingressou de malas de bagagens nesta composição voltada a gerenciar os negócios da burguesia!

O mais tragicômico desse enredo é que o PSTU, copiando os lambertistas de “O Trabalho” que até hoje pedem que Dilma rompa com a burguesia e governe com os trabalhadores, assim como fizeram durante os oito anos de mandato de Lula, pratica a mesma conduta distracionista com relação ao PSOL. Com uma esperteza política própria das correntes revisionistas mais degeneradas, a direção do PSTU em tom de um ingênuo conselheiro escreve: “As alianças que tem se dado no segundo turno, em que PT, PDT e PPL chamam voto em Edmilson, só tem sentido se não significar rebaixamento programático. É errado aceitar como condicionante a ausência de críticas ao governo federal, como exigiu o PT. Dilma já está preparando uma nova reforma da previdência e o Acordo Coletivo Especial que poderá acabar com direitos trabalhistas históricos, como o 13° salário e a multa de 40% do FGTS. O PSOL e sua principal figura pública não tem o direito de se calar diante desses ataques. Não pode também significar o aceite de dinheiro vindo dos grandes empresários, repetindo o erro cometido no primeiro turno, pois o que eles aplicam agora voltam para cobrar depois. A independência política e financeira em relação à burguesia é um princípio inegociável para os socialistas, mesmo diante de uma polarização eleitoral duríssima contra a direita”. Esses pedidos patéticos não passam de um embuste completo. O PSOL já recebeu dinheiro dos empresários que financiaram a campanha de Edmilson ainda no primeiro turno e as alianças com os partidos burgueses são uma realidade com direito a futura divisão de cargos na prefeitura, uma negociata conhecida incluindo cidades como Macapá, onde este recebeu o apoio do DEM e do PSDB, ou mesmo em São Paulo, onde Plínio de Arruda Sampaio saiu a elogiar o tucano José Serra! Portanto, não tem qualquer sentido o PSTU afirmar que estas alianças “só tem sentido se não significar rebaixamento programático”! Por acaso, é possível se aliar com o partido que é o principal gerente dos negócios da burguesia no país, como o PT ou mesmo com a principal legenda da oposição burguesa (PSDB) e mesmo assim construir um suposto “governo dos trabalhadores”? Algum militante honesto acredita em tal falácia?

O que estamos vendo é o PSTU, com esses argumentos ridículos próprio de espertalhões, defender suas próprias alianças eleitorais com o PSOL em torno de uma minifrente popular que está aliada a partidos burgueses que vão desde o PT até o PSDB. Segundo o principal dirigente do PSTU, Eduardo Almeida, as vitórias do PSOL (e por tabela do PSTU) são “um sinal do novo: o espaço de oposição de esquerda se amplia”. Para Eduardo, “O espaço de oposição de esquerda se expressou como não havia ocorrido desde o início dos governos petistas. Em 2006, a maior expressão disso foi Heloísa Helena (6,85%, frente PSOL-PSTU-PCB). Agora houve votações bem maiores em muitas cidades do país. A ida dos candidatos do PSOL, como Edmilson Rodrigues, em Belém, e de Clésio para o segundo turno, em Macapá, assim como votações de peso em Freixo no Rio (28%); Roseno (12%), em Fortaleza; e Vera (6,68%), do PSTU, em Aracaju, indicam um dado novo da realidade”. Notemos que até mesmo o sarneysista Clésio Vieira é citado como porta-voz da “oposição de esquerda”, o mesmo que já no primeiro turno estava coligado com PPS, PV e PRTB! A única ressalvada protocolar a fazer é “a resposta dada a esse espaço de oposição de esquerda pelos distintos partidos que intervém nessa luta. O PSOL está armando novas frentes populares, bem semelhantes as que foram construídas no passado pelo PT. Em Belém, Edmilson procura o PMDB para costurar uma aliança para o segundo turno. Em Macapá, o PSOL se aliou ao PV, PSB, PRTB. Em ambas as cidades, o PSOL defende um programa que em nada se diferencia dos apresentados pelo PT. Ou seja, o PSOL se apropria do espaço a esquerda para recriar as mesmas receitas do PT. Ao contrário, o PSTU apresentou candidaturas como as de Vera em Aracaju com um programa classista e socialista, não precisando girar a direita para ganhar votos. Assim também foi em Belém e Natal, com a eleição de Cleber e Amanda, vitórias construídas com um perfil oposto ao do PT e da burguesia”. Qual a posição tomada diante dessa grave constatação? Manter-se na frente popular e buscar dividendos eleitorais, como em Belém, onde sem dúvidas não só o PSOL como o PSTU “girou a direita para ganhar votos”! Ou o que seria a aceitação da aliança com o PCdoB?

Apesar desse “detalhe”, o PSTU segue apoiando o PSOL e espera repetir as alianças com este partido em 2014, fingindo que o fato do PSOL aliar-se com os partidos burgueses nada tem a ver com ele e os postos parlamentares que alcançou! O lambertismo é mestre em fazer tal malabarismo, desde quando apoiaram Mitterrand na França e agora Lula e Dilma no Brasil, lançando patéticas “cartas” como se estes governos fossem aliados dos trabalhadores mesmo depois anos de gestões estatais a serviço da burguesia. Lembremos que em 1980 Lambert e Moreno formam o Comitê Paritário (CP), de vida curtíssima, mas anunciado como o “maior fato da história do trotskismo, após a fundação da IV Internacional em 38”. Pura farsa histórica, a criação do CP não conseguiu resistir à vitória eleitoral de Mitterrand na França, inicialmente saudada entusiasticamente por ambos. Logo, o que era um processo de cooptação pelo Partido Socialista, passa a ser, com a eleição de Mitterrand, uma integração do PCI ao Estado imperialista francês. Diante da profundidade da social-democratização do lambertismo, Moreno desfaz o CP, fundando a LIT para manter-se “vivo” no cenário trotskista, mas como se vê, trouxe consigo todo o oportunismo lambertista.

Parece que os seguidores de Nahuel Moreno herdaram essa “esperteza” de Lambert, vendendo o PSOL como um partido que pode encabeçar “um governo e um programa político independente dos patrões”, quando este é financiado pelos empresários e se comprometeu em governar para a burguesia! Tamanha farsa demonstra que o PSTU está completamente rendido diante do circo eleitoral burguês, aguardando apenas que em 2014 seja novamente beneficiado pelas alianças com o PSOL, não importando se este receba apoio do PSDB ou do PT, afinal de contas, como diz o deputado federal Ivan Valente, presidente do PSOL, “apoio não se recusa”! O PSTU que o diga!

sexta-feira, 19 de outubro de 2012


Ação terrorista orquestrada pela CIA no Líbano pretende “exportar” a guerra civil da Síria ao país vizinho

O desespero da OTAN e seus “amigos de esquerda” pela franca derrota do ELS na guerra civil da Síria, já provocou até a necessidade de recorrer ao reacionário governo turco para promover (com tremendos insucessos) ataques militares contra o território e o povo sírio. Agora, diante do fiasco de todas as provocações cometidas pela Casa Branca contra o governo Assad (considerado um “ditador” pelos carniceiros “democratas” do Pentágono e seus colegas da LIT/PSTU), chegou a vez da sinistra CIA entrar em cena. E o cenário escolhido pela “inteligência” do governo Obama para desgastar politicamente o regime da oligarquia nacionalista dos Assad foi o Líbano, país vizinho e aliado estratégico da Síria. Nesta sexta-feira (19/10) um carro bomba explodiu no centro da capital Beirute matando oito pessoas e deixando cerca de oitenta feridos, incluindo o falecimento de um general da autoridade libanesa, Wissam al Hassan, sunita ligado à oposição pró-imperialista da Síria. Imediatamente após o atentado terrorista, a imprensa “murdochiana” internacional entrou em campo para “imparcialmente” imputar resolutamente a ação criminosa nas costas do Hezbollah e do próprio governo Sírio, apesar da veemente condenação do covarde atentado feita pessoalmente pelo presidente Assad. O governo libanês, dirigido pelo premier Najib Mikati, é formado por uma delicada coalizão confessional entre sunitas e xiitas, e os promotores ianques da ação terrorista tinham como objetivo desestabilizar a aliança de governo para isolar o Hezbollah, permitindo uma intervenção imperialista (sob os auspícios da ONU ou OTAN) em uma região de fronteira com a Síria.

O chefe da oposição libanesa, Saad Hariri, ligado diretamente a Washington e Israel, tem grande interesse na dissolução do governo de coalizão de olho nas próximas eleições legislativas que se realizarão em 2013. O Líbano já vive uma intervenção “humanitária” da ONU desde o último conflito com as forças militares sionistas que foram fragorosamente derrotadas na ocasião. Agora a oposição cristã sunita objetiva ampliar esta intervenção imperialista até o território sírio, utilizando cretinamente os atentados terroristas em Beirute como um pretexto. Obviamente, nesta etapa do conflito interno sírio, onde todos os esforços dos EUA foram derrotados para derrubar o regime Assad, a “cartada libanesa” surge como a última esperança dos chacais imperialistas. O gendarme de Israel tem atuado em conjunto com os “rebeldes” sírios e a oposição libanesa no sentido de preparar um corredor militar “free way” entre Tel Aviv e Teerã. O regime Assad tem conseguido superar o isolamento internacional, seus únicos aliados são o Irã e o Líbano, com um forte apoio das massas que heroicamente tem combatido contra os mercenários a serviço da OTAN. O proletariado sírio mesmo tendo plena consciência que o atual governo não o representa, não está disposto a permitir a devastação do seu país pelas transnacionais, em nome das supostas “liberdades democráticas”.

A tática da generalização da chamada “primavera árabe”, induzida pelo departamento de estado dos EUA, já produziu seus “resultados” na Líbia, saqueada pela OTAN e seus títeres. Na Síria a força política do regime Assad vem bloqueando uma intervenção imperialista até o momento, mas a eclosão de um nova “guerra civil” na região seria um verdadeiro “presente” para os planos de reeleição, tanto de Obama quanto Netanyahu. O Líbano com uma longa tradição de separatismo e guerras civis, hoje abriga a principal força militar de oposição ao sionismo. O Hezbollah fortemente apoiado pelo regime sírio deve ser esmagado para se chegar até Damasco, segundo a ótica dos estrategistas do Pentágono e dos terroristas do gendarme de Israel.

O surpreendente nesta etapa dos acontecimentos é a posição da “família” da esquerda revisionista, que em uníssono com a mídia “murdochiana” insiste em repetir o mantra de que Al Assad não passa de um “assassino”. Nesta lógica pró-imperialista, que desgraçadamente envolveu até mesmo organizações “defensistas”, deve-se apoiar os “rebeldes” sírios como um “mal menor” frente ao “sanguinário” Assad. Ao estabelecer a unidade de ação militar com o ELS contra o “ditador” Assad, o revisionismo acaba por apoiar as ações terroristas da OTAN e CIA, que objetivamente fortalecem seu campo militar. Os Marxistas revolucionários que não nutrem a menor simpatia política pelo regime da oligarquia dos Assad sabem muito bem que no atual conflito sírio não está em jogo democracia versus ditadura, mas sim a subordinação de um país semicolonial aos ditames do imperialismo. Neste sentido, estabelecemos sem vacilações unidade de ação, com absoluta independência política, com todos os adversários reais do principal inimigo dos povos, o grande “amo do norte”.