Piada do dia: PSTU afirma que rompeu frente eleitoral com PSOL em Belém, mas segue junto com Lula, Dilma, Marina Silva, PCdoB e latifundiários do PDT apoiando Edmilson Rodrigues!
Quando a situação ficou insustentável, depois de Lula gravar programa de TV chamando voto em Edmilson e o candidato do PSOL receber apoio de um vereador do DEM em Belém, a direção do PSTU lançou mais uma cartada no seu jogo de faz de conta em Belém. Publicou no site do partido, sempre para consumo interno, que o “ PSTU rompe com frente em Belém e chama voto crítico em Edmilson Rodrigues (PSOL)” (Portal PSTU, 21/10). Após ter elegido o seu tão sonhado vereador na capital paraense, Cleber Rabelo, o PSTU se sentiu “livre” para supostamente romper com a frente com o PSOL. Mas, o que significa isso? Absolutamente nada! Ou melhor, trata-se de mais uma manobra distracionista da direção do PSTU, já que o partido continua chamando voto em Edmilson, uma candidatura burguesa que conseguiu o “feito” de unir Lula, Dilma, Marina Silva e o PSTU no segundo turno! No mesmo comunicado que anuncia ter se “retirado da coordenação da campanha”, isto a apenas uma semana antes do segundo turno, o PSTU reafirma que “Seguimos chamando voto em Edmilson, um voto crítico, para derrotar a burguesia”! A pergunta que não quer calar e que obviamente a direção do PSTU não faz fica no ar: como é possível “derrotar a burguesia” se Edmilson foi e está sendo financiado pelos capitalistas e já governou Belém por dois mandatos, atacando greves e servindo aos interesses dos tubarões do transporte urbano e das empreiteiras?
Obviamente, a direção do PSTU alega que no primeiro turno travou uma luta política no interior da coligação “Belém nas mãos do povo” por um programa classista e socialista. Mas tal argumento não se sustenta, porque qualquer militante honesto sabe do caráter burguês da candidatura de Edmilson. Não por acaso, ele agrupou um amplo leque de alianças já no primeiro turno, ampliando-o agora. O PCdoB na frente eleitoral era uma prova inconteste disso, mas o PSTU diz que se declarou contra o ingresso dos office-boys “vermelhos” da burguesia, sendo infelizmente derrotado! O que fez então a “principista” direção do PSTU? Manteve-se na coligação para eleger um vereador! Agora que cumpriu seu objetivo eleitoral, fez um gesto simbólico de “sair da frente” para se precaver “pela esquerda” das críticas internas e externas. Porém, essa artimanha não encobre o fundamental: o PSTU está chamando o voto em uma candidatura burguesa desde o primeiro turno, que se apoia em uma frente popular que irá administrar para o capital, reproduzindo as administrações anteriores de Edmilson! Em tom angelical, o PSTU lamenta: “Além disso, durante a campanha, Edmilson recebeu apoio de Marina Silva e o PSOL aceitou a doação de dinheiro de empresas para financiar sua campanha. Ambas as ações estão contra as diretrizes de uma candidatura que reivindica governar para o povo pobre e os trabalhadores. O PSTU sempre exigiu publicamente que isso fosse revisto. Lamentavelmente, a direção do PSOL sucumbiu de vez à lógica do vale-tudo eleitoral ao incorporar política e programaticamente neste 2º turno o PT e representantes da direita como o PDT, o PPL e até mesmo um vereador do DEM”. Mas qual poderia ser o rumo que adotaria a campanha de Edmilson no segundo turno, se já no primeiro tinha o apoio do PCdoB e Marina Silva? Alguém tem alguma dúvida? Ao que parece, só a direção do PSTU “acreditou” que Edmilson poderia encabeçar um “governo dos trabalhadores”!
Na verdade, estamos vendo todo o malabarismo necessário para o PSTU justificar suas alianças com o PSOL, esteja este partido coligado ou não com legendas burguesas quando isto lhe trouxer dividendos eleitorais. Esse é o ponto crucial da questão. No lastro da farsa montada em Belém, o PSTU aproveitou a oportunidade para declarar o voto nulo em Macapá: “Lamentamos que estejamos perdendo uma grande oportunidade de mudar Macapá e elegermos uma prefeitura que governe realmente para os trabalhadores e a maioria do povo. Um governo com Sarney e os velhos partidos da direita será uma decepção e seguirá governando segundo os interesses dos ricos e poderosos do estado e da cidade. Por isso o PSTU lamenta essa política desastrosa de alianças do PSOL de Macapá, defendida e avalizada pelo presidente nacional do PSOL, Ivan Valente, e chama os trabalhadores a votar nulo neste segundo turno”. Mas, qual a diferença das candidaturas do PSOL nas duas capitais do norte do país? Absolutamente nenhuma! Na verdade, Edmilson tem relações ainda mais profundas com a burguesia por ter governado Belém por duas vezes, sendo um homem de confiança já testado pelos capitalistas. Lula que o diga, quando gravou o programa de TV ressaltando as boas relações que deverão ter Dilma no Planalto e Edmilson na prefeitura! Mas voltando a Macapá... Não por acaso, a banda da APS que está ligada a Edmilson Rodrigues apoia entusiasticamente a candidatura do sarneysista Clécio Vieira e, obviamente, negou-se a assinar a nota dos setores descontentes do PSOL que pediram, também singelamente, uma revisão da “aliança”. A nota, aliás, é assinada por figuras como Luciana Genro (MES) que resolveu tirar uma casquinha de “esquerda” mesmo tendo recebido dinheiro da Gerdau e se aliado ao PV em Porto Alegre nas eleições municipais passadas, a precursora desse tipo de conduta no PSOL! Como se vê, é fácil fingir-se contra as “alianças burguesas” desde que não se mexam em seus interesses eleitorais! Nesse sentido, tanto o PSTU quanto o MES sabem bem fazer esse jogo de cena quando lhes convém, em uma farsa completa!
Diante do comunicado do PSTU alguns grupúsculos revisionistas vão saudar a conduta da direção morenista como um “avanço”, um passo importante! É para isto que servem esses papagaios e satélites, sempre aptos a dar um verniz de “esquerda” à política de colaboração de classes do PSTU, seja no terreno eleitoral seja na política internacional em seu apoio à “revolução árabe” patrocinada pela OTAN. Aqueles que acreditaram que ao apoiarem “criticamente” o PSTU no primeiro turno estavam ajudando os morenistas a “expiar seus pecados”, na verdade acabaram por encobrir a escandalosa política desses senhores que hoje pouco se diferenciam do PSOL com seu vale tudo eleitoral. De nossa parte, alertamos mais uma vez que os militantes que ainda se opõem a essa política escandalosa da direção de seu partido devem tirar as lições programáticas dessa vergonhosa integração do PSTU ao regime da democracia dos ricos e não aceitar o ilusionismo de sua direção que enquanto finge se opor às alianças burguesas elege um vereador com os votos das candidaturas do PSOL que recebem financiamento dos grandes grupos capitalistas!