PCdoB: o fiasco eleitoral dos office-boys “vermelhos” da burguesia
Os resultados das urnas destas eleições municipais deste 07 de outubro revelam o fiasco eleitoral do PCdoB e servem para aferir o nível de degradação política em que se encontram os ex-stalinistas office-boys da burguesia que integram o governo da frente popular. O desempenho do PCdoB foi marcado por uma rotunda derrota nos principais municípios do país em que apresentou candidaturas. Os desastrosos números do primeiro turno forçaram o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, a lançar um patético balanço no site do partido, que não passa de um verdadeiro embuste para encobrir a crise política que se abateu sobre a legenda, ao afirmar que os resultados foram “favoráveis” se comparados às eleições de 2008: “É a primeira vez que o PCdoB participa no centro da disputa eleitoral com esse tamanho. Os resultados mostram um avanço gradativo, mas importante do Partido” (Vermelho, 7/10). Esta “análise” trata-se de uma aberta falsificação política, já que o suposto crescimento do PCdoB em pequenas cidades do interior do Brasil, a custa das mais sórdidas alianças com partidos burgueses representantes das reacionárias oligarquias regionais, busca esconder seu tremendo retrocesso nos maiores e importantes centros urbanos como São Paulo, Fortaleza, Porto Alegre, Florianópolis e Manaus.
Na maior cidade da América Latina, São Paulo, a mais importante concentração operária do país, foi notório o fiasco do PCdoB nestas eleições. Até então possuía duas cadeiras na Câmara dos Vereadores, Jamil Murad e Netinho. Murad, um dos principais dirigentes do partido não conseguiu ser reeleito somando 17.574 votos (0,31% dos votos válidos), retrocedendo em relação a 2008 quando amealhou 28.041 votos. Com todas as expectativas voltadas para a eleição do ex-ministro dos esportes do governo Lula/Dilma, Orlando Silva não atingiu o percentual para ocupar uma cadeira na Câmara Municipal, com os 19.739 obtidos (0,35%), mesmo sendo uma das mais conhecidas figuras públicas do partido. Na capital paulista, apenas Netinho conseguiu se reeleger com 50.698 votos, muito abaixo de 2008 quando obteve 84.177. Contudo, Netinho não tem qualquer vínculo ideológico-partidário com o PCdoB, uma vez que se trata de um oportunista “pagodeiro” decadente que alugou a legenda para poder desfrutar de uma “boquinha” no Parlamento.
O naufrágio desta política aconteceu também em Fortaleza, quando a candidatura de Inácio Arruda ficou somente na sétima colocação, atrás inclusive do PSOL de Renato Roseno. Inácio, que nos primórdios da campanha eleitoral estava cotado para ser o “vencedor” por ser um “plano B” da oligarquia dos Ferreira Gomes, obteve parcos 22 mil e 880 votos, uma humilhação para quem foi eleito senador em 2006 com quase 2 milhões de votos! O caso foi semelhante em Florianópolis, com a candidatura de Angela Albino, apresentada pelo partido como franco-favorita para vencer as eleições, nem sequer passou para o segundo turno, somando apenas 25,03% dos votos válidos contra os 27,37% de Gean Loureiro (PMDB) e 31,68% de César Júnior (PSD). Em Manaus a surra das urnas foi acachapante. Vanessa Grazziotin, mesmo tendo o apoio ostensivo de Lula e Dilma, foi para o segundo turno com menos da metade dos votos de seu adversário tucano, Arthur Virgílio, 19,95% e 40,55% respectivamente. Mas o “tiro de misericórdia” aconteceu em Porto Alegre, onde Manuela D´Ávila foi esmagada por Fortunati (PDT) eleito já no primeiro turno com 65,22% contra insignificantes 17,76% da “musa” gaúcha, que aliou-se aos setores mais reacionários como o PSD de Kassab. Até mesmo onde o PCdoB era governo, como em Olinda, por muito pouco não foi alcançado pela candidata do PMDB, Izabel Urquiza, quem obteve 40,44% contra 50,45% do “comunista” Renildo Calheiros da inusitada coligação “Frente Popular de Olinda”. Este só “venceu” a disputa porque sua coligação englobou quase todo o arco de partidos burgueses da região, como o próprio PSDB, tanto que recebeu o apoio direto do seu presidente nacional da legenda, o tucano Sérgio Guerra. Por fim, o partido perdeu a prefeitura de Aracaju que controlava por um acordo com o PT do governador Marcelo Deda. O atual prefeito, Edvaldo Nogueira, do PCdoB, apoiou um candidato do PSB, porém este foi fragorosamente derrotado por João Alves Filho, do DEM, com uma vantagem de mais de 20% para o representante das oligarquias reacionárias!
A crise na qual mergulhou o PCdoB decorre do fato não conseguir se cacifar como uma legenda burguesa com peso político como o PSB. Na verdade, hoje nos locais em que não concorreu sob as asas protetoras do PT, ocupou a função de mais um partido “nanico”, perdendo espaço à esquerda pela ascensão do PSOL nas eleições de outubro. Não é para menos, pois desde as denúncias contra o ex-ministro do esporte Orlando Silva, acusado de intermediar negociatas com empreiteiras e multinacionais em obras da Copa do Mundo se valendo de ONGs, não consegue superar sua crise interna. Situação piorada com a total desmoralização de Aldo Rebelo, responsável por aprovar o “novo” Código Florestal junto a bancada ruralista do Congresso Nacional em nome do agronegócio e dos latifundiários. Aldo, por demonstrar ser de inteira confiança perante a direita mais recalcitrante, foi alçado ao lugar de Orlando Silva para fazer a “faxina” contra seu próprio partido no ministério e dar continuidade às mamatas da Copa do Mundo de futebol e das Olimpíadas de 2016 na condição de office-boy das grandes corporações e empreiteiras. O ocaso do PCdoB é, sem dúvida, produto da imensa ofensiva ideológica do imperialismo pós-queda do Muro de Berlim e destruição da URSS. Sem qualquer referência política no comunismo, sua atual direção integrou-se de mala e cuia à “democracia” capitalista, deixando de ser um partido estalinista para transformar-se numa legenda de aluguel disponível a qualquer burguês que se interessar em comprá-la. Nem mesmo o nome “comunismo” espanta a classe dominante, porque não há a menor relação ideológica entre este partido e um programa revolucionário. Os “comunistas” do PCdoB, não é de hoje, sempre estiveram a serviço da burguesia e das oligarquias regionais mais reacionárias, tanto que apoiaram Sarney, Tasso Jereissati, Collor, Jader Barbalho e Renan Calheiros já época da mal-chamada “Nova República”. A política do PCdoB de aliar-se com as mais diversas frações da burguesia e a defesa das instituições do Estado capitalista não são nenhuma novidade e desnudam a total decomposição moral e política de um partido corrompido ideologicamente, plenamente adaptado ao projeto de colaboração de classes da frente popular. Como se vê, a legenda do PCdoB está pagando um alto preço por ser uma verdadeira “prostituta política” da burguesia.