terça-feira, 23 de outubro de 2012


95 anos da tomada do poder pelo Partido Bolchevique: as lições de Outubro e a luta contra o revisionismo em nossos dias

Neste dia 25 completam-se 95 anos da vitória da Revolução de Outubro. Poderíamos escrever um longo texto descrevendo os fatos históricos e políticos que levaram o Partido Bolchevique ao poder em 1917. Não faltam “especialistas” no assunto, ainda que não apliquem uma vírgula do legado deixado por Lênin e Trotsky. Por esta razão, como uma corrente leninista militante, optamos por ligar as lições de Outubro aos desafios do proletariado e sua vanguarda hoje, no Brasil e no mundo, até porque para as novas gerações o Estado operário soviético, liquidado em 1991, já não existe mais, sendo esse combate político e teórico a própria defesa concreta da revolução hoje. Nesse sentido, a principal tarefa dos marxistas revolucionários reside justamente em reafirmar em pleno século XXI, contra todos os modismos adotados pela “esquerda” em geral e o revisionismo em particular, a vigência da construção do partido leninista como núcleo de vanguarda comunista organizado para tomar o poder da burguesia, condição essencial que levou a vitória do proletariado naqueles dias de 1917 e que se faz ainda mais necessária diante de uma conjuntura mundial absolutamente desfavorável para os trabalhadores em todo planeta. Fazemos este alerta porque a melhor homenagem que podemos render a esse triunfo histórico do proletariado mundial, quase um século depois de ocorrido e quando a URSS já não existe mais, é fazer um balanço das lições programáticas que levaram ao fim do Estado Operário soviético pelas mãos dos bandos restauracionistas apoiados pelo imperialismo. Desde já, aproveitamos a “oportunidade” para dizer que as mesmas forças políticas e sociais que festejaram a queda da pátria de Lênin, seja no campo burguês ou no terreno do revisionismo trotskista, são as que hoje estão unidas para, em nome da “defesa de democracia”, saudarem a charlatanesca “Revolução Árabe” no norte da África e no Oriente Médio levada a cabo pela OTAN e seus mercenários “rebeldes”, não por acaso financiados pelas mesmas potências capitalistas que apoiaram o mafioso Yelstin em 1991 como alternativa “democrática” à “ditadura stalinista”.

O fim da URSS, em 1991, foi sem dúvida a maior tragédia política para os trabalhadores de todo o mundo no século XX. A contrarrevolução que restaurou o capitalismo na União Soviética, abriu uma etapa histórica de um profundo retrocesso político e ideológico do proletariado mundial, marcado pela quebra das conquistas sociais dos trabalhadores em todo o mundo e pela ofensiva da recolonização imperialista cada vez mais amparada na agressão militar contra as nações oprimidas. Vergonhosamente, a maioria da esquerda mundial, incluindo correntes pseudotrotskistas, saudaram a destruição do Estado operário e das conquistas sociais Revolução de Outubro como um fato progressivo, “uma grande vitória dos trabalhadores e do povo” (1991 – Um golpe de direita, disfarçado com a bandeira vermelha – sitio do PSTU 19/10/2011). De fato, o que ocorreu na Rússia foi que o aprofundamento da política restauracionista, através da Perestoika de Gorbachev, fez que um setor da burocracia, encabeçado por Boris Yeltsin, rompesse com o PCUS para alçarem-se à condição de representantes diretos do imperialismo e candidatos a novos proprietários dos meios de produção, concluindo definitivamente o processo de restauração capitalista. A tentativa de golpe do chamado Comitê Estatal de Emergência, foi último recurso de uma burocracia desmoralizada e sem apoio de massas, para assegurar os seus próprios privilégios de casta burocrática dirigente do Estado operário. Para as correntes revisionistas do trotskismo, em 1991 houve uma revolução, cuja vitória se consistiu em que “as massas conseguiram derrubar o regime e conquistaram liberdades democráticas” (Idem). Com essa grotesca falsificação, apresentam uma contrarrevolução imperialista como se fosse a revolução política antiburocrática proposta por Trotsky, que nunca defendeu um regime de democracia burguesa como alternativa ao stalinismo, mas sim a democracia proletária, ou seja, a ditadura do proletariado exercida através dos sovietes, para assegurar as conquistas da Revolução de Outubro e impulsionar a revolução proletária mundial.

Todo o malabarismo dos pseudotrotskistas para justificar seu apoio à destruição da URSS em nome das “liberdades democráticas”, só fazem revelar sua vergonhosa capitulação política ao imperialismo, da mesma forma como fazem hoje quando defendem com unhas e dentes a fantasiosa “Revolução Árabe”, dando coro à propaganda ideológica das grandes potências capitalistas e seus órgãos de inteligência. Fizeram isto de forma criminosa contra a Líbia, um país semicolonial não alinhado, ao chamarem um movimento reacionário, armado e financiado pelo imperialismo, de “revolução democrática” levado a cabo pelos “rebeldes”. Na verdade, as correntes de esquerda que apoiaram descaradamente a intervenção imperialista na Líbia e hoje fazem o mesmo na Síria e no Irã, sob o argumento cínico do apoio à “Revolução Árabe”, negam categoricamente as lições mais elementares da Revolução de Outubro, porque há muito abandonaram o leninismo e a estratégia da luta revolucionária pela conquista do poder pelo proletariado e se deixaram corromper pela mídia pró-império e pelos encantos da democracia burguesa. Para essa escória, já não é mais necessário, como faziam os mencheviques e outras correntes oportunistas do século XX, apresentar a revolução democrática como uma etapa para chegar ao socialismo, pois, na atual etapa de reação política e ideológica, já fizeram da democracia dos ricos e instituições corruptas do Estado burguês o seu próprio objetivo. Estranhamente, a tão alardeada “Revolução Árabe”, na verdade uma transição democrática operada pela própria aristocracia que prefere ceder os anéis... não faz qualquer referência à reivindicação histórica das massas árabes que é a destruição do enclave imperialista no Oriente Médio, o Estado sionista de Israel, mas tem sido saudada e apoiada pelos principais expoentes do imperialismo como o Secretária de Estado Hillary Clinton.

Com posições abertamente pró-imperialistas as correntes pseudotrotskistas vão muito além do campo do revisionismo do marxismo, passando a estabelecer uma clara aliança com a reação capitalista das transnacionais do petróleo em sua ofensiva sobre os povos árabes. Para os que acusaram a LBI de “capitular a Kadaffi” por defender a Líbia da agressão da OTAN em frente única com as forças que apoiavam o regime e agora fazem o mesmo na Síria, quando estamos contra a escalada terrorista dos mercenários que desejam derrubar o governo da oligarquia Assad para impor um títere da Casa Branca em Damasco, a escória política da mesma cepa dos que caluniavam Trotsky de capitular a Stálin, respondemos com as sábias lições nos deixada pelo “velho bolchevique”, plenamente válidas até nossos dias: “Stalin derrubado pelos trabalhadores: é um grande passo para o socialismo. Stalin eliminado pelos imperialistas: é a contrarrevolução que triunfa” (Em Defesa do Marxismo). Estes revisionistas foram os mesmos que durante a destruição do Estado operário soviético pelo bando criminoso e restauracionista de Yeltsin saudaram o fim da URSS como uma “triunfante revolução democrática”, não tendo o menor descaramento de emblocarem-se com a contrarrevolução imperialista. Não por coincidência, cometeram a mesma traição dos de ontem, ao renegarem a defesa incondicional da URSS. Agora, em nome da fantasiosa “revolução árabe” se colocam ao lado da OTAN e de seus “rebeldes” mercenários em nome de derrotar as “ditaduras sanguinárias” no Oriente Médio, quando na verdade está em curso um processo de desestabilização dos decadentes regimes nacionalistas daquela região!

Como dizia Trotsky, “A emancipação dos operários não pode ser senão obra dos próprios operários. Não há, pois, crime pior do que enganar as massas, do que fazer passar as derrotas por vitórias” (A moral deles e a nossa, 09/1938). Para encobrir sua impotência diante dos acontecimentos, os revisionistas do trotskismo tentam vender as derrotas como vitórias. Apresentaram a restauração capitalista na URSS e Leste europeu como revoluções e o crash de 2008 apontaram como sendo o próprio fim do capitalismo. Não tendo um partido revolucionário para sequer se defender, são os trabalhadores que pagam a crise da grande burguesia que usa as perdas de suas empresas para justificar uma apropriação inaudita de recursos estatais. Em que pese serem o epicentro da última crise, os EUA sequer perderão seu posto hegemônico na economia mundial, enquanto seu domínio estiver lastreado por seu poderio militar dominante, enquanto o proletariado estadunidense seguir intoxicado por sua própria burguesia através do partido democrata auxiliado por reformistas e não poucos pseudotrotskistas que defendem o direito a existência do enclave sionista e se opõem à vitória militar dos povos oprimidos sobre os EUA. Para Trotsky como para Lenin não há situação sem saída para o capitalismo, cujo único coveiro é a tomada do poder pelos trabalhadores organizados em um partido comunista.

Para os autênticos revolucionários marxistas, que não se curvaram diante da ofensiva ideológica do imperialismo, cabe a tarefa de resgatar as tradições revolucionárias dos bolcheviques e as lições da grande Revolução de Outubro como ferramentas elementares na construção do partido revolucionário para libertar o proletariado da influência dos agentes da burguesia e do imperialismo, colocando o movimento operário novamente sob a bandeira da revolução proletária mundial e do socialismo, esta incumbência destinada à reconstrução da IV Internacional. Para tanto é necessário que a vanguarda da classe operária abstraia com toda perspicácia as lições das derrotas que o proletariado tem sofrido nas últimas décadas por causa precisamente da ausência de uma direção verdadeiramente revolucionária. A necessidade de derrotar o imperialismo faz da Revolução Bolchevique, mais do que nunca, uma referência para a luta dos trabalhadores de todos os países. Portanto, a tarefa que se coloca para os revolucionários de hoje, é resgatar o legado político e teórico de Lênin e Trotsky, para potenciar a vitória da revolução mundial imprimindo uma derrota definitiva ao imperialismo para abrir o caminho ao futuro socialista da humanidade. No momento em que a esmagadora maioria da humanidade sente todas suas conquistas sociais, econômicas, civis e democráticas sendo devoradas pelo insaciável monstro capitalista e que a cada dia cresce a ameaça do uma nova guerra tendo hoje como alvo a população iraniana, com toda justeza se impõem às palavras de Trotsky no jornal Proletarii, de 24 de agosto de 1917, “Revolução Permanente ou massacre permanente! Essa é a luta de cujo resultado depende a sorte da humanidade!”.