sábado, 13 de outubro de 2012


Dilma e governos “bolivarianos” ocupam por mais um ano o Haiti sob as ordens da ONU e do imperialismo ianque

O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta sexta-feira, 12 de outubro, a extensão da missão de ocupação do Haiti por mais um ano. A “recomendação” foi dada diretamente pelo Secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, ventríloquo do Pentágono. O exército brasileiro continua a frente do comando da Minustah. A decisão foi tomada por unanimidade e conta com o apoio de todos os governos da centro-esquerda burguesa latino-americana. Além de Dilma, já enviaram forças militares ao país os governos Chávez, Evo Morales e Rafael Correa, em mais uma prova de que arroubo “anti-imperialista” dos paladinos do “Socialismo do Século XXI” não passa de uma farsa para acomodar os interesses de suas burguesias nativas junto ao imperialismo ianque. O Uruguai de Mujica e a Argentina de Cristina Kirchner também se somam a essa lista vergonhosa. A Casa Branca recorreu aos seus aliados no continente justamente para que as tropas ianques estejam de mãos livres para a ofensiva militar no Oriente Médio travestida de “Primavera Árabe”, mais particularmente a agressão em curso na Líbia, Síria e Irã. Os governos do Brasil e do Equador se prontificaram em “ajudar” o Haiti a formar um novo Exército para substituir a força de paz da ONU em sua missão de reprimir a população trabalhadora do país. Para isso, firmaram parceria com o presidente do Haiti, Michel Martelly, que recentemente recebeu o apoio de herdeiros de Papa Doc, mais particularmente de seu filho, Baby Doc. O governo de Martelly visa reconstituir o Exército com a ajuda da centro-esquerda burguesa do continente. Tanto que o Ministério da Defesa do Brasil confirmou que está preparado para “auxiliar” o Haiti em tudo que precisar para restabelecer seu Exército, incluindo treinamento militar e engenharia: “O Brasil vai prover todo o seu know-how para ajudar o Haiti a reerguer seu Exército”, afirmou à Reuters um assessor do Ministério. Esse know-how é o utilizado na ocupação das favelas do Rio de Janeiro pelas FFAA para reprimir a população pobre! Já o ministro da Defesa Nacional do Equador, Miguel Carvajal Aguirre, assinou um acordo de cooperação em matéria de defesa, firmando que as Forças Armadas do Equador irão partilhar experiências no campo da engenharia militar. Na cerimônia de assinatura do acordo, Martelly agradeceu o presidente do Equador, Rafael Correa, dizendo “Eu agradeço os soldados que irão trabalhar conosco, o ministro da Defesa, e através dele ao presidente equatoriano”. A Casa Branca e a ONU, como no Iraque e no Afeganistão, desejam empreender esforços internacionais para treinar e equipar uma nova força policial, uma meta fundamental para a missão da ONU no Haiti, com vista a liberar o máximo de seus assessores e estrategistas para a guerra contra o Irã.

A extensão da missão da ONU na ilha negra acontece poucos dias depois que a própria OIT foi forçada a reconhecer o que todos já sabiam: a existência de sistema de trabalho forçado de crianças no Haiti. Segundo a OIT, uma em cada 10 crianças haitianas trabalha em regime forçado, o que na prática é um índice bem mais elevado que este. Com 225 mil crianças que trabalham a custo quase zero para as empresas transnacionais implantadas no país, o trabalho infantil sem qualquer direito é uma forma de escravidão moderna capitalista e amplamente praticado no Haiti, crescendo após o terremoto que matou mais de 200 mil pessoas na ilha. Estas trabalham em média de 14 horas diárias e em muitos casos recebem maus tratos, que chegam à exploração sexual pelos próprios soldados da ONU. Nos últimos dias foi denunciada novamente uma série de abusos sexuais cometidos pelas tropas da ONU no Haiti contra adolescentes da ilha negra ocupada. O contingente militar protagoniza todos os dias torturas, chacinas, estupros, que a grande mídia burguesa e a imprensa dos países invasores tratam de ocultar para manter a fachada de pacificadores e justificá-las a pretexto de “perseguir gangues mafiosas”. Esta é mais uma consequência da barbárie imposta pelas tropas invasoras comandadas pelo exército brasileiro em um país devastado por terremotos, doenças e fundamentalmente pela miséria social imposta pela recolonização imperialista. Já fazem mais de oito anos, desde junho de 2004, que as tropas da ONU ocupam o país depois que o imperialismo ianque através dos seus marineres impuseram a saída de Aristide via golpe de estado e mudam seus marionetes a frente do governo fantoche, sendo o mais recente o cantor Michel Martelly, ou seja, um “novo” presidente foi escolhido para manter a velha dominação neocolonial.

Há exatamente um ano, com a escolha de Celso Amorim para o Ministério da Defesa, alguns setores petistas chegaram a promover atos e manifestos solicitando que o governo Dilma retirasse o contingente brasileiro da ilha em comum acordo com a ONU, não perdendo a oportunidade de elogiar Amorim: “A Presidente Dilma deve tomar a iniciativa, trazendo de volta o contingente brasileiro... No Brasil, o novo ministro da Defesa, Celso Amorim declarou que ‘é hora de discutir uma saída organizada, inclusive com as Nações Unidas, claro. Não sei se em agosto, dezembro, janeiro, não é o que importa’” (Comitê Defender o Haiti é defender a nós mesmos). Já o PSTU afirmava que “independentemente das avaliações que fazemos sobre o governo Lula e mesmo sobre o governo Dilma, é hora de exigirmos que Celso Amorim, agora à frente do Ministério da Defesa, faça jus às suas próprias palavras e atue pela imediata retirada das tropas brasileiras do Haiti e o fim definitivo da ocupação militar no país” (sítio PSTU, 05/08). Passado mais de um ano desses patéticos pedidos da esquerda revisionista, o que vemos é a renovação da missão da ONU sobre o comando brasileiro e em parcerias com os governos “bolivarianos”. A iniciativa patrocinada pelos petistas, como a corrente “O Trabalho” é um claro embuste, já que não passa de um limitado movimento distracionista de pressão sobre o governo da frente popular para, diante do desgaste das tropas de ocupação, buscando encontrar uma saída negociada com o imperialismo e seu fantoche Martelly que mantenha o processo de superexploração econômica das empresas brasileiras e outras transnacionais sobre o país ocupado, reduzindo lenta e gradualmente a presença militar estrangeira direta aos moldes do modelo de deslocar exércitos de mercenários privados para a Ilha, como Obama vem fazendo no Afeganistão/Iraque e como a própria ONU já planeja segundo declarou o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon.

Dilma acaba de declarar em seu discurso na assembleia da ONU realizada agora em setembro de 2012 que saúda a “chegada da democracia” no Oriente Médio, em uma intervenção servil que foi aplaudida até mesmo pelo PCdoB, que se diz contra a ofensiva imperialista na região sob a fachada farsesca da “Primavera Árabe”. A frente popular brasileira apoia os agressores imperialistas e a investida neocolonizadora também nesta região do planeta. Não por acaso, os revisionistas que pedem ao Planalto a “retirada das tropas”, são os mesmos que apoiaram a política pró-imperialista do governo Dilma com relação a Líbia agredida pela OTAN, inclusive exigindo mais “dureza” do Planalto como reivindicou o PSTU. Agora fazem o mesmo com relação a Síria e o Irã, país que a presidente petista critica publicamente por supostamente desrespeitar os “direitos humanos”! Os revisionistas do trotskismo, dentro e fora do PT, têm com pequenas diferenças de grau, a mesma política pró-imperialista no Oriente Médio e ainda seguem reivindicando justamente ao responsável por organizar a missão de ocupação no governo Lula a retirar as tropas brasileiras do Haiti!

Longe de apoiar a inócua política distracionista de pressão sobre o Conselho de Segurança da ONU, que acabe de se reunir renovando a missão de ocupação do Haiti e de “sensibilizar” o governo burguês de Dilma e seus parceiros “bolivarianos” a “retirar as tropas” é preciso fomentar uma saída operária para a barbárie social imposta pelo imperialismo, a única alternativa que pode evitar o agravamento das desgraças do país. Por isto, os revolucionários apoiam a organização da resistência armada haitiana pela derrota e expulsão das tropas invasoras, inclusive as brasileiras, uma vez que a ONU e o imperialismo nunca cederão aos apelos piedosos “pela retirada das tropas” como prega a esquerda reformista. Contra a tragédia capitalista incrementada pelo terremoto, cólera, os estupros e a miséria social é necessário que as massas da ilha organizem a resistência por uma nova expulsão dos colonizadores responsáveis pela “moderna” escravidão assalariada imposta pelo imperialismo através das tropas da ONU comandadas pelo exército brasileiro. Na América Latina, lutemos por derrotar o governo Dilma, Chávez, Evo e Correa denunciando sua vergonhosa política de submissão a Casa Branca no Haiti!