segunda-feira, 8 de outubro de 2012



Abstenção e Voto Nulo batem recordes em 07 de outubro: Organizar já um encontro nacional pelo Boicote Ativo à farsa eleitoral para dotar de um programa revolucionário o descontentamento popular com o circo da democracia dos ricos!

A principal manchete do site da Folha de São Paulo na noite deste domingo, 07 de outubro, logo depois da “apuração” das urnas eletrônicas, foi “Taxa de brancos e nulos dispara em SP nas eleições deste ano”. Em letras garrafais estava claro que a burguesia havia acendido a luz amarela de alerta para esse “fenômeno político”, até porque os votos brancos, nulos e a abstenção juntos alcançaram o mesmo índice médio (30%) em quase todo o país. Os dados do próprio TSE atestam, ainda que deformadamente, que toda ladainha do regime político burguês em torno da importância da democracia, do valor do voto como instrumento de mudança e da cidadania não fizeram efeito em grande parte da população, particularmente nos setores mais proletarizados. Em tom de desapontamento, a Folha afirmou: “Foram 28,9% de brancos, nulos e abstenções para prefeito: 18,5% dos eleitores deixaram de ir às urnas; outros 10,4% dos eleitores até compareceram ao local de votação, mas não escolheram nenhum candidato, votando branco ou nulo - ou 12,8% dos que compareceram” (sítio Folha de S.Paulo, 07/10, 23:54hs). Em outro trecho, o pastelão assevera: “Para anular o voto, é preciso digitar na urna eletrônica um número de candidato inexistente (como “00”) ou errar o número do candidato escolhido. Hoje, 8,5% dos paulistanos anularam o voto, contra 3,9% em 2008 e 4,4% em 2004. Para vereador, os votos nulos chegaram a 8,9%, contra 5,1% em 2008 e 4,3% em 2004”. Como se observa, há uma tendência crescente pelo boicote passivo ao circo eleitoral via abstenção pura e simples, assim como do aumento do número de votos nulos como uma opção de repúdio a democracia burguesa e aos partidos da ordem, sejam de “direita” ou “esquerda”. Para nós da LBI, esse “fenômeno” que deixou os analistas burgueses e seus pastelões em polvorosa diante do “desprezo pela democracia” não é nenhuma surpresa. Já no começo de agosto, exatamente três meses antes do 07 de outubro, prognosticamos: “O caráter burlesco de eleições que já estão preliminarmente decididas empurra cada vez mais setores conscientes de nosso povo a se enojarem com toda essa farsa montada para desviar o curso da ação direta dos explorados. Avaliamos que nestas eleições municipais crescerá a tendência a abstenção e ao voto nulo como expressão passiva de repulsa a essa democracia dos ricos” (Editorial: Por um boicote ativo ao circo eleitoral burguês! JLO Nº 241 - 1ª Quinzena Agosto/2012).

Sempre afirmamos que era necessário intervir nesta tendência para politizá-la, transformando-a em luta direta e consciente contra o regime político burguês. Não por acaso, ao mesmo tempo em que fizemos este prognóstico, que se mostrou tremendamente acertado, pontuamos por várias vezes que para potenciar esse processo político de descontentamento popular era necessário uma tática que permitisse dialogar com os setores mais avançados de nossa classe, propondo ações unificadas que possibilitassem romper o cerco imposto pela frente popular e o revisionismo. Para tanto, a LBI fez um chamado às correntes políticas e coletivos classistas a desenvolver uma ampla campanha nacional de boicote ativo a estas eleições, que abarcasse não só chamado ao voto nulo, indo mais além no sentido de iniciativas ousadas para desmascarar o conjunto da fraude política em curso. Chegamos a chamar a organização de um encontro nacional antes do primeiro turno para ampliar o processo de agitação e denúncia deste regime democratizante e suas eleições fraudulentas. Desgraçadamente, tais grupos “revolucionários” fizeram ouvidos moucos a tal chamado optando por uma política de avestruz que não se chocasse com a frente popular e a “oposição de esquerda”. Alguns papagaios do florido arco do “trotskismo fictício” chegaram mesmo a se arrepender de ter chamado o boicote ativo no passado, enquanto outras seitas virtuais chamaram logo o voto no PSTU, PCB ou mesmo no PCO, alegando que tal posição oportunista “concreta” era um “antídoto” contra o suposto “ultra-esquerdismo” que representava o chamado ao voto nulo ou ao boicote ativo. Os dados provam que uma importante parcela da população trabalhadora, mesmo com toda a chantagem em torno da “importância do voto” e da “cidadania”, além da corrupção eleitoral propriamente dita (compra de votos), virou as costas para a farsa eleitoral.

O mais cômico de todos esses agrupamentos atordoados com o crescimento do boicote a farsa eleitoral e do número de votos nulos foi o PCO que declarou: “Crise do regime - Voto nulo ganha eleição em São Paulo: 39% dos eleitores do maior colégio eleitoral não votaram em nenhum candidato. Abstenção eleitoral, somados aos votos nulos e brancos somaram mais de 3 milhões de voto” (sítio PCO, 8/10). Em seu catastrofismo vulgar, Causa Operária “esquece” que lançou seus palhaços no picadeiro do circo eleitoral para serem porta-vozes de um programa sindicalista ultrarrebaixado, mas que ainda assim foram solenemente menosprezados pelos trabalhadores, com votações pífias que alcançaram a marca “recorde” de 0,02%, como na própria capital paulista! Lembremos que o PCO nestas eleições entrou pelas portas dos fundos da “frente de esquerda” aos se coligar com o PCB em Teresina, o mesmo que estava na coligação com o PPS, PRTB, PMN, PTC, PV e PSOL em Macapá! O PCO que vem se integrando gradativamente à “oposição de esquerda” e ao seu eleitoralismo, agora em mais um de seus delirius tremens afirma: “Os 39% de abstenções é a expressão eleitoral da ruptura por baixo no regime político, da qual as lutas sociais, greves e manifestações que tomaram conta do país no último período foram a demonstração mais clara do deslocamento à esquerda ocorrido no último período. É o fim das ilusões com jogo de cartas marcadas” (Idem). Causa Operária é a mais afoita das correntes em seus devaneios catastrofistas, que são compartilhados por todo arco revisionista do trotskismo, que vai do PSTU até a LER e outros grupos do trotskismo “fictício”. Não por acaso passou (literalmente) de um dia para o outro de patrocinar ilusões no circo eleitoral para agora profetizar que a abstenção e voto nulo recordes nestas eleições já seriam “o fim das ilusões com jogo de cartas marcadas”! Nada mais falso, a tendência política heterogênea de abstenção ou voto nulo, que muitas vezes tem um conteúdo de direita e reacionário, só ganhará um corte consciente do ponto de vista do proletariado com a intervenção organizada do partido revolucionário, como fez a LBI e suas brigadas militantes neste 07 de outubro, todo o oposto da conduta eleitoralista cretina do PCO e do conjunto da esquerda domesticada! Para os Bolcheviques que não puderam se apresentar institucionalmente nestas eleições na função de tribunos do povo, por conta de uma legislação draconiana, a política que melhor expressou a publicidade pela revolução socialista e a auto-organização do proletariado foi a defesa do voto nulo ou de boicote ativo eleitoral, dependendo das circunstâncias concretas de cada município. A agitação pelo voto nulo em nenhuma medida deve ser confundida com a política anarquista, contra a utilização da tribuna eleitoral para a propaganda revolucionaria.

Tragicamente, as organizações políticas que defendem o voto nulo ou o boicote eleitoral, preferiram até agora atuar dispersa e covardemente neste processo, se limitando a emitir declarações passivas acerca da “justeza” do voto nulo. Como dissemos, o chamado realizado pela LBI para a realização de um encontro nacional, que centralizasse politicamente a iniciativa de um boicote ativo ao engodo eleitoral foi “solenemente” ignorado pelas correntes que não convergiram para o caudal revisionista da frente de esquerda entre o PSOL e PSTU. Sem uma unificação mínima acerca do processo eleitoral, os grupos da esquerda classista seguem sem um eixo de ação nacional, verbalizando a defesa do voto nulo sem o confronto real com o reformismo “chapa branca”, e o que é pior, à margem de uma inserção concreta junto à classe operária e o movimento de massas. Mesmo tendo clareza absoluta das profundas limitações da política do boicote eleitoral na atual conjuntura do país, nós da LBI nos esforçamos ao máximo no marco de nossas pequenas forças, para dotar o eixo do “voto nulo” em uma referência ativa para as massas. De outra forma a defesa da abstenção eleitoral poderá ser confundida com uma despolitizada crítica (típica dos anarcóides) aos “políticos” de uma forma geral. Por esta razão, insistimos onde houver segundo turno nestas eleições municipais no chamado a uma ação centralizada das correntes e do ativismo classista, através de uma plataforma programática mínima e principista, que desemboque na denúncia política viva deste regime fraudulento da democracia dos ricos.

Como dissemos bem antes do primeiro turno, compreendemos que para homogeneizar um programa de luta diante do circo eleitoral burguês e dotar o movimento operário de um eixo comum de ação é urgente construir uma plataforma revolucionária unitária com o objetivo de denunciar as candidaturas do regime e apontar, através da ação direta, uma alternativa de poder própria dos trabalhadores, baseada nos interesses históricos e imediatos dos explorados! Devemos aproveitar o debate eleitoral nas escolas, ruas e bairros proletários para demonstrar a nulidade destas eleições como via para obter a menor conquista social e denunciar o caráter fraudulento desta democracia dos ricos, onde a verdadeira soberania popular há muito foi “sequestrada” por um seleto clube de “eleitores” empreiteiros, industriais e latifundiários. Mais uma vez convocamos, desde as modestas forças políticas da LBI, todos os coletivos classistas e ativistas combativos do movimento de massas a desenvolverem em frente única conosco, uma campanha nacional e ativa pelo voto nulo e em defesa da revolução socialista mundial. Neste sentido, chamamos a organização de um encontro nacional o mais rápido possível para que possamos potenciar coletivamente o processo de agitação e denúncia deste regime democratizante e suas eleições fraudulentas. O voto nulo passivo, sem a demarcação programática vigorosa e necessária com as variantes da política burguesa e reformista, só reforça as tendências de despolitização das massas e sua inação diante de nossos inimigos de classe.

Sabemos que entre as organizações políticas que defendem o voto nulo neste segundo turno existem sérias divergências de cunho programático, teórico e político. Essas diferenças persistem e se manterão, não as ocultamos, até porque várias correntes políticas apoiaram ainda que “criticamente” candidatos pela “frente de esquerda” como o PSTU, PCB ou PCO, enquanto outros agrupamentos, como a LBI, já defendiam o voto nulo programático desde o primeiro turno. Apesar dessa realidade, seria um sectarismo que, diante de uma posição eleitoral comum em defesa do voto nulo adotada no segundo turno, marcado pela polarização eleitoral e uma acirrada disputa política no seio da burguesia, não conformássemos uma frente única de ação, dispersando as forças militantes em um momento crucial para os trabalhadores, já que uma campanha com um corte de classe pelo voto nulo e o boicote ativo seria desde já o embrião de um pólo para enfrentar as administrações municipais burguesas no próximo período, sejam elas da base de apoio ao governo Dilma (PT) ou a oposição demo-tucana. Não avançar na constituição de uma campanha unitária em defesa do voto nulo programático representaria um sério equívoco político, ainda mais quando um contingente de quase 30% do eleitorado se absteve ou votou nulo no primeiro turno, expressando sua frustração com as instituições do regime. A Liga Bolchevique Internacionalista conclama as correntes políticas que já se posicionaram em defesa do voto nulo ou do boicote ativo ao circo eleitoral neste segundo turno, os ativistas classistas independentes, a abraçarem a tarefa de construir este encontro nacional forjando-a como um instrumento de independência política dos trabalhadores.