PSTU, agora mais do que nunca, solda com titânio sua estratégia eleitoral com a do PSOL
O PSTU anunciou como uma grande vitória política e eleitoral do partido a eleição dos vereadores Amanda Gurgel, em Natal e Cléber Rabelo, na capital paraense. Não por acaso estas foram as duas únicas capitais do país, além de Maceió, onde o PSTU esteve coligado com o PSOL em 07 de outubro, constituindo a tão almejada “Frente de Esquerda” ou, melhor dizendo, uma minifrente popular. Diante deste resultado, a principal conclusão política a se tirar é a de que a partir de agora, mais do que nunca, a estratégia eleitoral dos morenistas está umbilicalmente ligada a do próprio PSOL. E qual a perspectiva política do PSOL para os próximos embates eleitorais? Aprofundar suas alianças com os partidos burgueses para alcançar mais postos parlamentares e executivos. As experiências em Belém e Macapá, onde o PSOL coligou-se desde o PCdoB até o PPS não deixam a menor dúvida do caminho a ser trilhado em 2014! A direção do PSTU sabe perfeitamente disto e já optou por se subordinar a esta estratégia eleitoral cretina. Por isto aceitou o PCdoB em Belém e coligou-se com o PSOL em Natal, mesmo podendo ter saído sozinho e, inclusive, garantido no mínimo mais um vereador para o partido na capital potiguar. Mas a “real política” do PSTU vai mais além dos resultados eleitorais imediatos no Rio Grande do Norte. Para soldar com titânio as relações “carnais” com o PSOL, o PSTU preferiu sacrificar parcialmente em Natal seu próprio potencial eleitoral em nome da ganhar um “passaporte” para futuras coligações com o PSOL pelo país afora! Não por acaso o nome da coligação em Natal foi “Frente Ampla de Esquerda” apesar de ser formada exclusivamente pelo PSTU e PSOL. Ambos partidos quiseram reafirmar publicamente o caráter “amplo” de seu programa de colaboração de classes, aberto a novos aliados burgueses em 2014!
Como o futuro eleitoral do PSTU está ligado ao do PSOL comecemos analisando os resultados de “quem paga a banda e pede a música”. O PSOL foi para o segundo turno em Belém e Macapá e teve uma votação expressiva no Rio de Janeiro com Marcelo Freixo (quase 30%). Além disso, elegeu vereadores em quase todas as capitais do país (RJ, SP, POA, FORT, BEL, FLO, NT, SALV, ...). Esse resultado considerável do ponto de vista da política eleitoral burguesa faz sua direção salivar ainda mais com as possibilidades futuras. Ainda que deva ser derrotado nas disputas no norte do país, o PSOL sairá fortalecido pela capilaridade parlamentar que conquistou como um partido com peso político razoável no espectro da oposição burguesa, ou seja, é uma legenda que atrai, além de setores “éticos” da pequena-burguesia, políticos burgueses, carreiristas e afins. Não por acaso, Edmilson Rodrigues recebeu o apoio de Marina Silva ainda no primeiro turno e Clécio Vieira formou uma ampla aliança burguesa já em 07 de outubro em Macapá, que conta também com a participação do PPS, PRTB, PMN, PTC, PV e PCB. Em ambos os casos a coligação encabeçada pelo PSOL vai se ampliar para o segundo turno. Em Belém, o PT e seu então candidato a prefeito, Alfredo Costa, já anunciaram apoio à candidatura de Edmilson Rodrigues assim como o PV e PPL (ex-MR8).
A estrutura política e material alcançada pelo PSOL via mandatos nas capitais vai incrementar ainda mais seus apetites eleitorais e o único caminho para crescer será ampliando seu leque se alianças burguesas. A esta estratégia determinada pela direção do PSOL está necessariamente colado o PSTU, ainda que os morenistas finjam formalmente reclamar deste curso. Tais queixas não passam de mero ilusionismo, porque o PSOL, como se provou em Belém, pode receber recursos de empresários, coligar-se com o PCdoB e ser apoiado por Marina Silva que o PSTU não rompe a aliança se esta lhe trouxer dividendos eleitorais. O mesmo ocorrerá neste segundo turno, vide o que está ocorrendo em Belém! Lembremos que em Maceió, a direção do PSTU aplicou o mesmo cálculo eleitoralista, porém desta vez Heloísa Helena, mesmo sendo a vereadora mais bem votada na capital alagoana, amealhou pouco mais de 17 mil votos e não os 30 mil conquistados em 2008. Heloísa conseguiu eleger além de si apenas mais um vereador na coligação e não dois como calculava a direção do PSTU. Mesmo sabendo desta possibilidade os morenistas não vacilaram em se aliar aquela que é a ponta de lança da ala direitista do PSOL, “marineira” de primeira hora, tanto que chegou mesmo a abandonar a candidatura presidencial do PSOL em 2010 para apoiar a postulante do PV.
Como a política eleitoral do PSTU deu resultados “concretos” neste 07 de outubro, tanto que o partido elegeu dois vereadores de capitais depois de vários anos de “abstinência parlamentar”, a direção morenista não tem porque recuar em sua inflexão à direita, ao contrário, ingressou em um caminho sem volta. Por que não se coligar com o PSOL e seu arco de aliados burgueses se, como em Belém, o PSTU conseguiu eleger um “parlamentar revolucionário”, como se nada tivesse a ver com o apoio milionário de empresários a campanha Edmilson, o principal “cabo eleitoral” de Cléber Ribeiro? A direção do PSTU se limitou a lançar “cartas” ao PSOL reclamando de aspectos pontuais da campanha, porém nunca ventilou a possibilidade de romper com a aliança. Estas “queixas” não passaram de uma cortina de fumaça para convencer o público interno de que o partido mantinha algum grau de distância do programa de colaboração de classes da minifrente popular encabeçada pelo PSOL. Agora com a festejada “vitória eleitoral” que garantiu dois postos parlamentares, o PSTU já definiu esta tática típica do oportunismo morenista como a “justa” para lhe lavar a cara e manter intocáveis suas alianças com o PSOL. Porém, a luta de classes é implacável e na medida em que essas críticas são letra morta, sem nenhum desdobramento concreto, o processo de adaptação ao programa e as alianças do PSOL vão avançando, exigindo uma maior inflexão à direita por parte do PSTU. Em 2014, por exemplo, o PSTU “venderá sua alma ao diabo” para coligar-se no máximo de estados com o PSOL, aceitando “criticamente” suas alianças burguesas desde que esse balaio de gatos lhe garanta um mandato no parlamento nacional. Registre-se que isto só não ocorreu até agora porque o PSOL resiste em coligar-se com o PSTU onde tem chances eleitorais reais, porém com a aceitação pelo PSTU da estratégia eleitoral do PSOL esta barreira começa a ser superada! Belém mostrou o caminho e a “retribuição” em Natal consolida esse processo!
Já não resta a menor dúvida que adentramos em outra etapa política no que diz respeito às relações eleitorais do PSTU como o PSOL, na medida em que este último mostrou que tem viabilidade eleitoral e se consolidou como um partido que começa a ganhar peso no interior da oposição burguesa. Como já afirmamos, estamos vendo o “começo do fim” do PSTU enquanto partido que se reivindicava formalmente revolucionário, que a passos largos vai se tornar mais uma legenda “domesticada” da esquerda social-democrata refém do regime democratizante, onde os apetites eleitoralistas, sindicalistas e aparelhistas, já com enorme peso no partido e que corrompem grande parte de sua militância vinculada a essas estruturas, vão esmagar qualquer traço de classismo, ainda que formal, que mantinha até então o PSTU fora das alianças diretas com a burguesia e seus partidos! Embriagada por ter conquistado um “lugarzinho” no parlamento burguês, a direção do PSTU vai tentar convencer sua base de que tais concessões “táticas” não ameaçam o “programa revolucionário” do partido, recorrendo inclusive cinicamente a Lênin e Trotsky para justificar sua política escandalosa. Como já vimos esse filme reformista várias vezes, responsável por liquidar organizações políticas inteiras ou tornando-as meras legendas a serviço de parlamentares carreiristas de “esquerda”, como é o próprio PSOL, chamamos os militantes que ainda se opõem a essa política escandalosa da direção do PSTU a tirar as lições programáticas dessa vergonhosa integração ao regime da democracia dos ricos pelas mãos do PSOL.