segunda-feira, 2 de setembro de 2013


Alvo da espionagem ianque, Dilma nem sequer cogita suspender relações diplomáticas com os EUA!

A presidente Dilma foi alvo de espionagem dos EUA via monitoramento das informações telefônicas e de internet pela CIA/NSA. Não se trata de informações colhidas somente na época do governo FHC como revelou anteriormente a mídia “murdochiana”, mas durante todo o governo da frente popular, incluindo conversas e trocas de e-mails entre ministros e assessores, o que obviamente inclui os dois mandatos de Lula. Como já havíamos denunciado anteriormente, quando os noticiários deram bastante destaque às revelações do ex-agente Edward Snowden sobre a existência de bases de monitoramento eletrônico instaladas em Brasília no período do governo tucano, a espionagem estava plenamente ativa e detalha decisões do atual governo petista e contatos para decisões estratégicas. As atuais informações vieram à tona via o jornalista do The Gardian, Glenn Greenwald, que teve seu companheiro sequestrado em Londres no mês passado justamente porque o serviço secreto britânico, a serviço da CIA, desejava confiscar seu telefone e notebook para impedir que novas informações viessem a público. Diante das denúncias veiculadas pela Rede Globo, o próprio embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, em visita nesta segunda-feira (02/08) ao novo ministro das relações exteriores Luiz Eduardo Figueiredo negou que o programa de monitoramento sediado no Brasil (com abrangência para toda a América Latina) tenha sido executado para fins de “espionagem de cidadãos e da presidente” como já havia feito anteriormente. O ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, declarou que o fato é “inaceitável” e só! O novo chanceler Figueiredo se pronunciou que "aguarda explicações" mostrando que segue o mesmo estilo servil de Antônio (nada) Patriota. A própria Dilma chamou uma reunião de emergência para decidir o que fazer, mas nada anunciou além de se mostrar "indignada". Não temos a menor dúvida que sua resolução será no máximo fazer uma declaração formal contra a ingerência de nossa soberania e solicitar novas explicações, não estando sequer colocada no horizonte do governo da frente popular cancelar a viagem como chefe de Estado que Dilma irá fazer aos EUA em outubro como forma de protesto e, muito menos, suspender relações diplomáticas e comerciais com os EUA!

A verdade é que o caráter da construção do atual gigantesco aparato de espionagem pelo governo ianque está diretamente ligado à política externa do país com a maior máquina de guerra jamais vista na história da humanidade. No documento vazado pela imprensa, datado de junho de 2012, a NSA explica como monitorou a presidente Dilma e seus assessores. A reportagem da Rede Globo em parceria com Glenn Greenwald também ter acesso a um segundo documento que diz que a NSA tem um departamento internacional encarregado de espionar Japão, Brasil, Turquia e a Europa Ocidental. Um terceiro documento lista os desafios geopolíticos que serão enfrentados pelos EUA de 2014 a 2019. Em um tópico chamado "Amigos, inimigos ou problemas?", o Brasil aparece novamente, mas junto do Egito, Índia, Irã, Turquia e México. Lembremos que em visita recente ao Brasil, o secretário de Estado ianque, John Kerry, nem sequer pediu desculpas oficiais pelas ações perpetradas pela rede de espionagem ianque durante vários anos em nosso país, ao contrário justificou as ações lesivas à segurança nacional brasileira com o argumento de que seriam para proteger os interesses dos Estados Unidos e do Brasil! A verdade é que os convênios oficiais de cooperação assinados entre a NSA (Agência de Segurança Nacional - EUA) e o governo brasileiro na gestão FHC permanecem vigentes até hoje, não sendo nenhuma surpresa as informações que vieram a tona. Na realidade são estes acordos bilaterais para fins de “inteligência” que permitem a CIA vasculhar livremente nosso sistema de informações e dados, valendo inclusive para o monitoramento dos computadores do TSE ou da Presidência da República, passando por todos os ministérios. A presidente Dilma finge-se de indignada e cobra explicações do governo ianque, mas sua reação não terá qualquer desdobramento concreto porque esta relação de servilismo é própria do papel semicolonial que o Brasil assume na divisão internacional do trabalho e do comércio mundial.

O próprio ministro da Defesa, Celso Amorim, em reunião na Comissão de Relações Exteriores do Senado, reconheceu as vulnerabilidades do país. Segundo Amorim, o Brasil é vulnerável porque todas as comunicações, “incluindo as de Defesa”, passam por um satélite que não é brasileiro (é norte-americano!), já que todo o sistema de comunicação depende dos EUA. Parece piada, mas como medida distracionista, o homem das teles, Paulo Bernardo, Ministério das Comunicações pediu para os Correios desenvolverem um sistema de e-mail “nacional”! Nesta segunda-feira (02), houve o anúncio de que os Correios deverão desenvolver uma “solução nacional de e-mail”. Uma piada já que os códigos programados usados neste tipo de comunicação são convertidos em linguagem de supercomputadores por meio de softwares especiais chamados “compiladores” ou “interpretadores” controlados pelos EUA. Será que o compilador também será nacional? E o sistema operacional que será usado para abrigar esse sistema de e-mail? E o hardware dos computadores? Tudo isto não passa de farsa já que o Brasil não controla tecnologicamente a cadeia de comunicação virtual, cujo domínio pertence a um seleto grupo de países imperialistas e a Israel, assim como a suas empresas de fachada. A escolha dos Correios demonstra bem a comédia de como o governo trata o problema da segurança nacional. Qualquer criança sabe que o foco dos Correios está no desenvolvimento de processos de logística para realização de entregas territoriais, não no desenvolvimento de fórmulas matemáticas complexas e de programação segura na internet, que exigiria um amplo esforço nacional de desenvolvimento técnico-científico, política que vem sendo sabotada por Dilma. O dois lados (Brasil e EUA) tratam com um cinismo sem precedentes todo o debate acerca da quebra do sigilo pessoal e corporativo na internet, por parte dos organismos de “inteligência” norte-americanos. Empresas como o Google e Facebook logo se apressaram em afirmar que nunca repassaram dados e informações de seus usuários ao governo Obama. Na verdade, as chamadas “redes sociais” (Face, Twitter, etc...) ou mesmo o protótipo de inteligência artificial que é o Google, foram criadas diretamente pelo Departamento de Estado Ianque como colaterais “privadas” de seus organismos oficiais. Fazem parte de um projeto de monitoramento global dos EUA, integrado à estratégia de consolidar a hegemonia imperialista em um mundo totalmente dependente da internet, seja para troca de dados comerciais e financeiros ou simples informações pessoais.

Estamos às vésperas da ação militar ianque contra a Síria, sem qualquer respeito sequer aos chamados "fóruns multilaterais" como a ONU, já que os EUA se colocam no papel de polícia do mundo independente da vontade de seus "parceiros" e ainda mais de seus adversários. O governo Dilma deveria diante do escândalo da espionagem ianque que teve como alvo a própria presidente suspender as relações comerciais e diplomáticas com os EUA e romper imediatamente todos os acordos firmados de cooperação policial e de “inteligência” com os EUA além de desmarcar sua ida aos EUA em outubro, sob pena da completa desmoralização nacional. Entretanto, como vimos na entrevista coletiva dos ministros Eduardo Cardozo e Figueiredo, a frente popular seguirá fingindo indignação com a espionagem da CIA, enquanto cretinamente mantém os tratados de cooperação militar com os EUA, que por sua vez seguirão jurando “inocência” no caso das bases de monitoramento em Brasília. Pateticamente Cardozo declara "Se forem comprovados esses fatos, nós estamos diante de uma situação inadmissível, inaceitável, por que eles qualificam uma clara violência à soberania do nosso país. O Brasil cumpre fielmente com suas obrigações e gostaria que todos os seus parceiros também as cumprissem e respeitassem aquilo que é muito caro para um país que é a sua soberania". Longe de alimentar esta farsa cabe aos genuínos combatentes anti-imperialistas levantar a bandeira da expulsão dos agentes (civis e militares) ianques em toda América Latina, assim como a dos grandes trustes econômicos norte-americanos que trazem exploração e miséria ao nosso povo, aproveitando os escândalos de espionagem para denunciar que esta rede de monitoramento também esta a serviço da agressão imperialista a Síria!