Para que novos Sabra e Shatila não se repitam: defender a Síria da agressão imperialista e de seus “rebeldes”, aliados de Israel e inimigos do povo palestino!
Durante três dias, entre
16 a 19 de setembro de 1982, foi desferido o mais sangrento genocídio contra o
povo palestino da história. Ainda está presente na memória dos palestinos e dos
revolucionários que apoiam sua causa a ação covarde das Falanges maronitas
(aliadas de Israel) contra os campos de refugiados de Sabra e Shatila no oeste
de Beirute, Líbano, em meio à guerra civil deflagrada após o assassinato de um
líder da extrema-direita cristã. Neste contexto de guerra, Israel invade o
Líbano em junho de 1982. Poucos meses depois iria consumar um ato nitidamente
inspirado nos métodos nazistas de extermínio, um ataque surpresa a uma
população completamente desarmada, sem qualquer poder de se defender ou de
reação. Os campos de refugiados palestinos foram invadidos pelas falanges da
extrema-direita cristã explicitamente estimuladas pelo exército israelense que
“garantia a salvaguarda” dos palestinos. Guardadas as diferenças, as falanges cristãs
do passado podem ser comparadas aos “rebeldes” mercenários islâmicos de hoje
que atuam na Síria. À época, sob o comando do facínora genocida Ariel Sharon,
os sionistas forneceram armamentos pesados, sinalizadores para iluminar os
caminhos da invasão, tanques etc... o mesmo que as potências imperialistas
fazem hoje com os “rebeldes”. Tanques Merkeva, que partiram de Israel, cercavam
os dois campos de (concentração) refugiados palestinos, impediam que crianças,
mulheres grávidas, idosos e outros civis escapassem do massacre. Foram mais de
62 horas de um terror extremo, sem precedentes na história contra uma população
indefesa, cujo resultado foi o assassinato de aproximadamente 3.500 civis que
já viviam em uma situação de miséria e abandono. Uma típica política de
extermínio étnico, uma vez que se trataram de execuções sumárias com requintes
de crueldade: estupros, facadas (degola), tiros na nuca, esquartejamentos... O
pretexto para um crime desta magnitude foi o assassinato do líder falangista
Bachir Gemayel poucos dias antes supostamente – nunca comprovado – por um
palestino. O genocídio não poder ser encarado como um fato isolado: envolveu um
enorme operativo de guerra, um jogo “diplomático” articulado desde a Casa
Branca e o enclave militar de Israel. Para que não ocorram novos massacres como
o Sabra e Shatila, nossa tarefa é defender a Síria da agressão imperialista e
de seus “rebeldes”, aliados de Israel e inimigos do povo palestino, já que o ELS
recebe armas e munições do enclave sionista e informações do Mossad!
O massacre ocorreu quando a minoria maronita, que expressava os interesses da alta burguesia nacional libanesa aliada ao capital imperialista, viu sua supremacia ameaçada pela ascensão política da maioria muçulmana (sunitas e xiitas) e da esquerda nacionalista, que se apoiavam nas lutas dos explorados libaneses e dos refugiados palestinos, explodiu a guerra civil no país (1975-1989). Refugiados no sul do Líbano, espalhados em acampamentos próximos às principais cidades, os palestinos estabelecem uma importante aliança com a resistência dos trabalhadores libaneses em luta contra o regime títere do imperialismo francês. Estava mais uma vez colocada a possibilidade de uma revolução, desta vez com características nitidamente proletárias, já que a divisão social estabelecida no Líbano, rotulada pela imprensa mundial como sendo entre cristãos versus mulçumanos, refletia na verdade diretamente a luta entre explorados e exploradores. Em função da ameaça da perda do controle no Líbano, o imperialismo francês aciona seu enclave na região, que sob o comando nazi-sionista Menahem Beguin desencadeia em junho de 82 uma operação militar de invasão do Líbano, chamada cinicamente de “paz na Galileia”. Agindo em conjunto com os milicianos falangistas, o exército sionista massacra mais de três mil civis nos acampamentos palestinos de Sabra e Shatila. Durante a guerra civil a direita maronita, organizada na Falange, aliou-se ao sionismo que financiou a criação das milícias falangistas, armadas e treinadas pelo Exército israelense e o Mossad. Em 16 de setembro de 1982, foram essas milícias que, cumprindo ordens do Exército sionista comandada pelo assassino Ariel Sharon, invadiram os campos de Sabra e Shatila e chacinaram cruelmente mais de 3.000 refugiados palestinos, a maioria idosos, mulheres e crianças indefesas. Esse massacre, realizado ao estilo dos pogroms nazistas, foi apresentado pelos falangistas como uma vingança pela morte de Bachir Gemayel, que havia sido eleito presidente e assassinado naquele mesmo mês de setembro, antes de sua posse. Substituindo Bachir, seu irmão Amin Gemayel assumiu a presidência da república libanesa. Poucos meses antes do massacre, Ronald Reagan mediou um acordo entre o enclave sionista de Israel e a OLP a fim de “encontrar uma solução” para os refugiados palestinos no Líbano e a guerra civil, com vistas a instalar um governo títere no Líbano. Pura enganação, haja vista que o imperialismo tratava de fortificar seu domínio geopolítico na região, ao mesmo tempo em que visava aniquilar qualquer possibilidade de organização política palestina contra sua hegemonia, se valendo de seu cão de guarda israelense. Após várias rodadas de negociações, a OLP aceitou sair do Líbano, consumando uma traição sem comparativos na história da luta do povo palestino, deixando para trás milhares de refugiados civis desprotegidos. As bases do “acordo” foram que Israel e os EUA garantissem não atacar os palestinos. No entanto, somente a OLP “cumpriu” sua parte... Enquanto isso, Sharon reunia-se secretamente com partidários de Gemayel para “a necessidade de o partido vingar-se do assassinato de Bachir” (Times, 21/2/1983) com plena aquiescência do imperialismo ianque. Nos dias atuais a situação dos campos de (concentração) refugiados palestinos pouco mudou, a não ser o fato de ter aumentado o nível de penúria e opressão, não há infraestrura de água potável, saúde, alimentação, imperando a miséria extrema.
Com o passar de 31 anos,
a OLP, através da Autoridade Nacional Palestina (ANP) de Abbas, se converteu em
polícia de seu próprio povo após reconhecer a existência de Israel. Hoje,
atravessamos um período de ofensiva militar do imperialismo no Oriente Médio
com a sua fantasiosa “Primavera Árabe”, vergonhosamente encampada pela esquerda
revisionista do trotsquismo, que avança sobre a Síria, após ter destruído com
as bombas da OTAN a Líbia, as guerras de rapina colonialista serão a tônica do
Pentágono para o próximo período que buscam eliminar todos os resquícios
nacionalistas de resistência a seu domínio político (Hezbollah, Síria e Irã).
Lembremos que no final de 2012, poucos meses depois do massacre de Sabra e
Shatila completar 30 anos, ocorreram violentos combates no campo de refugiados
palestinos de Yarmouk, localizado no sul da Damasco. Os confrontos se deram
entre os “rebeldes” financiados pelas potências capitalistas e os militantes da
Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP). O objetivo da ofensiva do
famigerado ELS foi expulsar do país os grupos palestinos que se opõem a
derrubada do governo de Bashar Al Assad pelos mercenários pró-OTAN, Israel e as
burguesias árabes servis a Casa Branca. Depois de ter devastado a Líbia, agora
submersa na barbárie econômica e pilhagem das transnacionais do petróleo, o
alvo neste momento chama-se Síria, que enfrenta a mesma operação sinistra
montada pela Casa Branca no norte da África. Os chamados “rebeldes” que são
financiados e armados pela OTAN, combatem para derrubar o governo burguês da
oligarquia Assad, adversária militar do enclave sionista. A ofensiva sobre a
Síria visa debilitar o Hezbollah (aliado do regime Assad), que controla parte
do território do Líbano e na mesma “tacada” domesticar o Hamas (como ocorreu
com a OLP e a ANP), convertendo-o em um aliado dócil do gendarme terrorista de
Israel. Como demonstraram os combatentes da FPLP no campo de refugiados
palestinos de Yarmouk, a luta secular do povo palestino deve ter como foco a
derrota da chamada “revolução árabe”, que através do governo Obama e de seus
aliados na região (como os atuais governos títeres da Líbia, Qatar, Arábia
Saudita, Turquia e Egito) pretendem “limpar o terreno” para o sionismo dominar
os recursos naturais, como água, gás e petróleo, de todo o mundo árabe e Ásia
central.
Assim como na Guerra do
Golfo em 91, a então OLP (ainda íntegra nos seus objetivos contra o sionismo)
soube corretamente tomar o lado do Iraque, contra os pseudos “oprimidos” do
Kuwait, que se abrigaram sob a proteção militar do Pentágono, os combatentes da
causa palestina não devem vacilar em perfilar-se no campo militar dos regimes
nacionalistas do Irã e Síria (contra os “rebeldes” e a OTAN), como parte
integrante da luta por conquistar sua soberania e um Estado nacional. O legado
histórico internacionalista que nos deixaram a FPLP e seus heróis mortos na
trincheira do combate deve ser honrado pelas novas gerações de lutadores que
não podem ser “seduzidos” pelo canto de sereia do imperialismo e sua política
de criar uma caricatura de Estado, um bantustão para um povo segregado. Como
marxistas leninistas sabemos muito bem das poderosas forças centrífugas que
atuam no interior da causa palestina para liquidar o ímpeto revolucionário das
massas, transformando suas organizações de luta em instrumentos passivos diante
do inimigo sionista. Não foi por acaso que liquidaram a OLP e corromperam seus
dirigentes históricos. Agora a dupla criminosa Bibi/Obama pretende quebrar a
resistência de todos os grupos guerrilheiros palestinos apontando que o melhor
caminho é o da negociação, assim como o trilhado por Arafat nos acordos de
Oslo. A recente “trégua”, pactuada entre o Hamas e o Likud, na época sob as
bênçãos da Irmandade egípcia e Casa Branca, tentou convencer os mais ingênuos
que se tratou de “uma vitória da causa palestina”. Nada mais falso e perigoso
para a estratégia revolucionária de destruição do “porta-aviões” do Pentágono
estacionado no território palestino, que atende pelo apelido de Israel. Para
vencer o imperialismo e seus “rebeldes” é preciso impulsionar uma frente única
com a resistência palestina, o Irã, a Síria e o Hezbollah, onde as organizações
marxistas revolucionárias atuem na mesma trincheira de combate destes países e
dos grupos políticos na luta contra o imperialismo, tendo completa
independência política diante do programa burguês-teocrático destes regimes e
grupos. Está colocado frente à escalada política e militar do imperialismo em
apoio aos “rebeldes” made in CIA na Síria combater para que a luta dos povos do
Oriente Médio não sirva para o imperialismo debilitar os regimes que têm
fricções com a Casa Branca (Irã e Síria), ou mesmo como cínico pretexto para
justificar intervenções militares “humanitárias” como a que ocorreu na Líbia.
Cabe aos marxistas leninistas na trincheira da luta contra o imperialismo e
pelas reivindicações imediatas e históricas das massas árabes postarem-se em
frente única com os governos atacados pelas tropas da OTAN e combater os planos
de agressão das potências capitalistas sobre as nações semicoloniais da região.
Por estas razões, mais do que nunca, para honrar os mortos de Sabra e Shatila e
a miríade de palestinos trucidados ao longo do combate contra o exército
israelense e o imperialismo ianque, é necessário defendermos todos os povos
ameaçados de invasão pelas grandes potências capitalistas. Os revolucionários
devem ter como eixo programático a formação de uma frente única com todas as forças
que se enfrentam e trabalham pela derrota da OTAN e a destruição do enclave de
Israel no Oriente Médio: na Palestina, Líbia, Síria e Irã... Só há uma saída
progressista para conter a barbárie capitalista, a derrota do inimigo número um
de todos os povos do planeta, o imperialismo e a liquidação da máquina de
guerra sionista.