Popularidade e PIB
novamente em alta, céu de brigadeiro para o governo Dilma?
Parece mesmo que a “catástrofe”
faltou ao encontro marcado, previsto pelos revisionistas e Tucanos, depois das “Jornadas
de Junho”. O governo Dilma retomou os níveis de popularidade nos patamares
anteriores à “crise política”, se é que realmente os perdeu, e o mais
importante: alavancou a economia brasileira no último trimestre com o mesmo
ritmo do crescimento chinês! O PIB teve expansão de 1,5% no segundo trimestre
na comparação com o período anterior. A alta foi a maior nessa base de
comparação desde o primeiro trimestre de 2010, quando teve elevação de 2%. Em
termos nominais, o PIB do segundo trimestre somou R$ 1,2 trilhão, um resultado
para “tapar a boca” dos catástrofistas de plantão que pensam que só é possível
fazer política revolucionária enganando a militância de base e anunciando como
profetas oportunistas o “armagedon”. Mas se o governo da Frente Popular saiu
das “cordas” e partiu para a ofensiva política depois de junho, também contou
com a “generosa” contribuição dos próprios revisionistas que optaram pelo
credenciamento das verbas estatais para suas “centrais” sindicais ao avalizarem
a fraude da “greve geral” chapa branca do dia 11 de julho (para não falar do
fiasco de agosto). Com a economia nacional reagindo razoavelmente bem à retração
do mercado capitalista mundial, o PT espera um embate eleitoral mais tranquilo
em 2014, onde enfrentará a candidatura ungida diretamente pela Casa Branca,
Marina Silva. Mas alertamos para os ufanistas do Planalto que o país está bem
longe de conseguir manter o “ritmo chinês” ao longo deste ano e do próximo. O
medíocre crescimento econômico em torno de 3% ao ano, comemorado como a “conquista
da copa do mundo”, só retarda um pouco a estagnação de um desenvolvimento
estrutural, produto da ausência de projetos estratégicos de longo prazo, por
parte dos governos neoliberais do PT. Portanto se a Frente Popular praticamente
assegurou mais uma gestão estatal perfazendo quatro gerências capitalistas
consecutivas, incorporando uma enorme massa de crédito internacional e voltando
as exportações para os BRICs, deixará o país com níveis de atraso e dependência
ainda maiores do que quando assumiu o governo em 2003.
A política econômica levada a cabo pela anturragem palaciana está bem distante daquilo que costuma se autoproclamar, ou seja, neodesenvolvimentista. Os “fundamentos” econômicos defendidos pelo PT vão mais ao encontro de um neomonetarismo tupiniquim, lastreado na expansão do crédito e no acúmulo de uma gigantesca dívida pública. Passa bem longe da “brilhante” mente dos intelectuais petistas implementar outra “agenda” econômica que não seja diretamente ordenada pelo mercado financeiro internacional. Por conta disto o país sofre com o imenso atraso tecnológico e um forte retrocesso em seu parque industrial. Mas o governo Dilma está muito mais na direção de sedimentar a economia do país em um “grande fazendão” para suprir de commodities o mercado consumidor dos centros imperialistas, do que desenvolver um projeto capitalista autônomo, como parcialmente fazem hoje China e Rússia.
Os ventos da agressiva
guinada neoliberal do governo Dilma já começam a produzir seus primeiros “resultados”.
A balança comercial do país, pela primeira vez ao longo dos últimos dez anos,
apresenta um déficit acumulado neste ano de quase 4 bilhões de Dólares, o pior
saldo para os oito primeiros meses do ano desde 1995. O principal gargalo
continua a ser o da importação de derivados refinados do petróleo, em virtude
do colapso de nossas poucas e sucateadas refinarias (a mais “moderna” foi
inaugurada nos anos 70). A equipe econômica do governo ainda se confia no espesso
“colchão” de nossas reservas cambiais, quando o país acumulou divisas com
saldos comerciais superavitários anuais na casa dos 50 bilhões de Dólares. Mas
as reservas cambiais tem limite, ainda mais quando se tenta conter a abrupta
alta do Dólar “queimando” as divisas do Tesouro Nacional. Na outra ponta do
neoliberalismo crônico do PT está a crença de que retomando as privatizações,
principalmente no setor de petróleo, poderá se refazer o caixa estatal retraído
pela diminuição do fluxo internacional de capitais para o Brasil, em virtude do
aquecimento da economia norte-americana.
Para os marxistas os
parâmetros para aferir os “sucessos” de uma década de gerência petista,
administrando a crise estrutural do capitalismo, não podem ser os da lógica do
mercado. Não se confere desenvolvimento “sustentável” a um país (mesmo na dinâmica
da acumulação capitalista) simplesmente alargando temporariamente suas margens
de consumo, como tentam nos fazer crer os apologistas da Frente Popular. Se
estamos longe do “apocalipse final” do capitalismo, este ainda detêm uma serie
de recursos para contornar suas crises cíclicas, não há motivo algum para
comemorar os pífios resultados econômicos apresentados pelos governos do PT. A
classe operária deve construir historicamente seu próprio projeto revolucionário
de poder, o único capaz de desenvolver as forças produtivas de forma
independente do imperialismo e seu parasitismo financeiro. Somente a
instauração da Ditadura do Proletariado, pela via da insurreição de massas,
poderá apresentar uma perspectiva progressiva para a humanidade, diante da
barbárie social que nos aponta o capitalismo e sua feroz ditadura de classe,
disfarçada institucionalmente de “democracia”.