PCB “colhe o que
plantou” e “descobre” que seu único parlamentar estava trabalhando para o Rede
de Marina Silva!
A direção nacional do
PCB acaba de anunciar o “desligamento” do vereador de Macapá (único parlamentar
do partido em capital), Nelson Souza, que também era membro do Comitê Central.
Segundo uma nota pública do PCB “várias informações e publicações que chegaram
ao nosso conhecimento, dando conta de que o vereador eleito pelo PCB, em Macapá
(AP), Nelson Souza, é um dos principais organizadores de um partido denominado
Rede Sustentabilidade nesse Estado e após várias advertências infrutíferas que
lhe fizemos a respeito, da parte do Secretariado Nacional do Partido, a
Comissão Política do Comitê Central do PCB adota as seguintes decisões: abrir
um processo de natureza disciplinar em relação a Nelson Souza, com indicativo
de expulsão” (sítio PCB, 20/09). A “surpresa” alegada pela direção do PCB não
se justifica, afinal de contas nas eleições para a capital do Estado do Amapá
que elegeu Nelson Souza vereador, o PCB integrou a coligação denominada
emblematicamente de “Unidade Popular” que além do PSOL e o PPS (!) contou ainda
com outras legendas de aluguel da burguesia como PRTB, PMN, PTC e PV. Como
alertamos na época, todo discurso acerca do “novo” PCB não passava de uma
fraude política, chegando ao ponto do ex-“partidão” se coligar com o
arquidireitista PPS, um apêndice venal dos demo-tucanos, antes acusado por Ivan
Pinheiro como mais um reles partido da burguesia. Agora o seu vereador,
“animado” com a ampliação dos arcos de alianças direitistas estabelecido pela
direção nacional do PCB, acabou se bandeando diretamente para o Rede de Marina
Silva!
Quando denunciamos a escandalosa conduta do PCB de se coligar ao PSOL e ao PPS em Macapá, inclusive com a legenda controlada pelo venal Roberto Freire indicando o vice candidato a prefeito na chapa encabeçada por Clécio Luis Vieira, do PSOL, aplicando um oportunismo deslavado para viabilizar a eleição do vereador Nelson Souza, o Secretariado Nacional do PCB reafirmou sua decisão de manter a aliança com o PPS e outras legendas patronais em uma coligação que já havia sido noticiada pela imprensa burguesa em sua eterna campanha voltada a desmoralizar a esquerda domesticada. Em nota, a direção do PCB afirma textualmente: “A política eleitoral adotada pelos camaradas do PCB Amapá foi indicada e aprovada por unanimidade pelo Comitê Central do Partido e respeita totalmente os parâmetros que estabelecemos para as alianças. O PCB em Macapá tem candidatos apenas nas eleições proporcionais (à frente o camarada Nelson, atual vereador e membro do CC), em coligação única e exclusivamente com o PSOL, sem a presença nela de qualquer outro partido. Os demais partidos citados na matéria, a rigor legendas para disputas eleitorais sem qualquer conteúdo político ou ideológico, participam da coligação na eleição majoritária, em apoio ao candidato a prefeito de Macapá pelo PSOL, Clécio Vieira” (Sítio PCB, 26/07). O que a direção do PCB espertamente tentava encobrir na época, obviamente sem sucesso, é que apesar do partido estar coligado na proporcional “apenas” com o PSOL, o PCB participava da coligação na eleição majoritária que incluía o PPS e outras legendas burguesas (basta comprovar no site do TSE), apresentadas cinicamente pela experiente direção do PCB como se não tivessem um caráter de classe! Depois de eleito, inspirado pelo oportunismo direitista e carreirista da direção nacional do PCB, Nelson (que também era membro do CC!!!) começou a trabalhar para o Rede de Marina!
Note-se que o próprio
PSOL já é uma legenda abertamente burguesa no Amapá, controlado pelo o senador
Randolf Rodrigues, o mesmo que chegou a elogiar rasgadamente Demóstenes Torres
(DEM) e mantém relações de proximidade política com o oligarca Sarney. O mínimo
que se exigiria de um partido que se diz “revolucionário, marxista-leninista”
seria denunciar o PSOL e suas alianças burguesas. Mas na época o PCB fez
justamente o contrário! Não só se coligou com o PSOL para garantir a reeleição
de seu vereador em Macapá, como ainda embarcou de cabeça na coligação
majoritária que incluiu o PPS! Agora está colhendo o que plantou! O Rede tem
até 5 de outubro deste ano para cumprir todos os requisitos que a legislação
eleitoral vigente impõe, caso não consiga obter seu registro este ano sua
participação nas eleições de 2014 fica inviabilizada completamente e Marina
pode ingressar no PEN. Mesmo na hipótese (bastante provável) de conseguir a
legenda para as próximas eleições, o Rede disporá de pouquíssimos minutos de TV
para potenciar sua candidata ao Planalto, o que já obriga necessariamente
Marina a “trabalhar” pela construção de uma frente política eleitoral com o
PSOL e seus aliados de “esquerda”, PCB e PSTU. O “trabalho” que Nelson Souza
estava fazendo pelo Rede usando seu cargo parlamentar do PCB é exatamente a
mesma “missão” do corrompido grupo de Martiniano e Janira Rocha (ex-MTL) no PSOL:
estabelecer uma “ponte” entre o Rede e os membros da “frente de esquerda”.
Lembremos que o ex-MTL também goza de livre trânsito com o PSTU, foi a
principal tendência do PSOL a permanecer no interior da CONLUTAS, após o racha
de 2010, onde a quase totalidade dos psolistas se retiraram desta central
sindical. Não por acaso, o PSTU vem defendendo ardentemente Janira Rocha diante
do escândalo de desvio de verbas do Sindsprev-RJ e da "rachadinha" na
Alerj! Lembremos também que nas últimas eleições municipais em Maceió, mesmo
quando Heloísa Helena já tinha anunciado sua adesão às articulações comandadas
por Marina, o PSTU reivindicou estabelecer uma frente eleitoral com o grupo de
Heloísa, apesar de bastante consciente do conteúdo reacionário e pró-imperialista
do Rede dirigido pela eco-capitalista. Quanto ao PCB, o outro aliado político
de “esquerda” do PSOL, o Rede não terá grandes dificuldades de atraí-lo para
uma coligação em 2014 levando em conta que os velhos reformistas participam até
de alianças com o PPS, PTB e o DEM, como ocorreu recentemente na capital do
Amapá. Afinal de contas, neste circo eleitoral da burguesia PSTU e PCB já se
juntaram ao PCdoB, PTB, DEM e outras siglas menores de aluguel das oligarquias
regionais.
Cabe aos militantes do
PCB que se reivindicam defensores do marxismo-leninismo romper com esse partido
cuja direção aceitou se coligar ao PPS, controlado por uma canalha
anticomunista vendida à burguesia e onde carreiristas como Nelson Souza (membro
do CC!!!) usam o partido para legalizar o Rede, ligado diretamente ao capital
financeiro e aos interesses do imperialismo ianque! A orientação levada a cabo
pela atual direção do PCB após a ruptura com Salomão Malina, Sérgio Arouca e
Roberto Freire em 1992 foi a do reformismo burguês de “esquerda”. Logo em 1994,
o PCB apoiou a candidatura petista atacando o “sectarismo e o esquerdismo”
daqueles que denunciavam o caráter burguês da postulação de Lula, orientação
que permaneceu até 2002, mesmo com o PT tendo como candidato a vice-presidente
o megaempresário José Alencar, sendo porta-voz de um programa abertamente
pró-imperialista expresso na “Carta aos Brasileiros” (leia-se aos banqueiros).
Após ter rompido com o governo Lula em 2005, devido à “crise do mensalão”,
quando o PCB avaliava que a gestão da frente popular iria naufragar, o partido
passou a patrocinar o eleitoralismo pequeno-burguês em torno da “frente de
esquerda” com o PSTU e PSOL. Tanto que apoiou Heloísa Helena em 2006, paladina
de um programa de reformas no regime político democratizante bastardo de corte
nacional-desenvolvimentista, mesclado com traços reacionários de defesa
ferrenha da Constituição. Tanto Lula como Dilma tiveram o apoio do PCB nos
segundos turnos das eleições presidenciais de 2006 e 2010 ao lado das demais legendas
que representam o serviçal espectro stalinista em nosso país (PCdoB, PCR,
PCML-Inverta), recorrendo ao surrado e cômodo pretexto de “derrotar a direita
demo-tucana”. O PCB ainda flerta com traços político-ideológicos baseados no
marxismo-leninismo, porém sua demagogia classista e “comunista” está a serviço
de encobrir na prática sua política reformista burguesa e de colaboração de
classes, que se expressam na participação em administrações petistas até hoje e
nas alianças com o PSOL e PSTU, que não tem um programa de ruptura
revolucionária com a ordem burguesa, para não falar no ingresso em coligações
patronais como a encabeçada pelo PTB no Amapá em 2010. Diferente do PCB e do
PSTU que guardam um silêncio sepulcral diante do Rede de Marina, os marxistas
revolucionários desde já denunciam vigorosamente este novo “projeto de poder”,
urdido diretamente nos bastidores imundos da Casa Branca. Qualquer tentativa de
aliança ou mesmo de um suposto “diálogo” com agentes do imperialismo,
disfarçados de “apologistas da sustentabilidade”, deve ser caracterizada como
uma enorme traição de classe aos interesses históricos do proletariado.