Julgamento farsa do “Mensalão” desatou uma onda nacional de perseguição aos movimentos sociais e suas lideranças políticas
Não foram poucas as
vozes no interior da “oposição de esquerda” que aplaudiram o julgamento pelo
STF do chamado esquema do “Mensalão”. Afirmavam, estes falsos vestais da
esquerda revisionista, que se tratava de fazer “justiça” contra a degeneração
moral e material em que se encontra a direção histórica do PT. Afinal o
julgamento do Supremo serviria como uma espécie de “acerto de contas” contra os
que promoveram a reforma neoliberal da previdência para beneficiar o capital
financeiro. Também serviria, segundo a mesma lógica “moralista”, para punir a
corrupção pessoal dos dirigentes petistas que elevaram em muito seu padrão de
vida, ostentando publicamente carros de luxo e residências faraônicas. Na
esteira da mídia “murdochiana”, a “oposição de esquerda” passou a acalentar a
figura do “carrasco” dos mensaleiros, o falastrão reacionário Joaquim Barbosa.
Sob um cálculo eleitoreiro o PSOL e PSTU (seguidos pelas seitas revisionistas)
silenciaram o caráter de classe do STF, omitindo simplesmente que se tratava de
uma corte maior da burguesa, a serviço dos grandes grupos capitalistas
nacionais e até estrangeiros. Outros setores minoritários da esquerda
revisionista, um pouco menos integrados à institucionalidade parlamentar,
caracterizaram “puritanamente” o espetáculo fraudulento da Ação Penal 470 como
uma mera disputa interburguesa, e portanto ficariam “neutros” diante do seu
desfecho. Desde a LBI denunciamos “na primeira hora” o embuste midiático
montado pela burguesia, a partir do controle que mantém do STF, para
criminalizar o conjunto da esquerda e suas lideranças políticas (reformistas,
revisionistas ou revolucionárias), tendo como ponto de partida o chamado “julgamento
do século”. Se é inteiramente verdade que a “antiga” direção do PT estava
submersa no mar de lama da cooptação estatal burguesa, traficando “generosas”
comissões para o favorecimento de empresas capitalistas que mantém “negócios”
com o governo central, não seria a instituição mais venal desta “república de
novos barões”, o STF, que teria a envergadura histórica de “punir” os “mensaleiros”.
Como marxistas não podemos esquecer que esta mesma corte de “ilibados”
magistrados avalizou o maior saque já realizado a este país, a “Privataria
Tucana”. Mas enquanto o “circo” do julgamento do “Mensalão” ainda se arrasta na
mídia, desde as eleições passadas e quem sabe até as próximas, se desencadeia
uma onda nacional de repressão jurídica aos movimentos sociais acusados de “subversão
da ordem”! Como havíamos corretamente prognosticado a burguesia, contando com a
anuência do governo Dilma, utilizaria o engodo do julgamento do “Mensalão” como
legitimação social para desencadear uma feroz ofensiva contra o movimento de
massas. Enquanto “fecha os olhos” para todos os esquemas pesados de corrupção
da oposição conservadora (Mensalão mineiro, Propinoduto paulista etc...) o STF
convoca uma cruzada “cívica”, encabeçada pelo novo herói do PIG, para
encarcerar os “esquerdistas” de “ontem e de hoje”!
O verdadeiro “estado de exceção” que hoje vive o estado do Rio de Janeiro, e em menor escala também São Paulo, com prisões, torturas e até mesmo assassinatos, é subproduto direto da escalada de “terror legal” patrocinada pelos ministros reacionários do STF. Se no período anterior os “mensaleiros” foram “eleitos” pelo PIG como os piores “vilões” da nação, agora é o movimento Black Bloc o “escolhido” como o “inimigo público” número 1 do país. Mas também o conjunto do movimento sindical tem sido alvo de fustigamentos por parte da justiça burguesa, decretando a ilegalidade de várias greves e paralisações. Toda mobilização que ultrapasse os estreitos limites da legalidade burguesa logo é considerada como “vândala” e “desordeira”. Os que aplaudiram ou silenciaram (como por exemplo o PSTU) diante da sanha direitista do STF, agora se ressentem do momento repressivo que atravessa o país. Parece que os “dividendos eleitorais” que a “oposição de esquerda” esperava faturar apoiando a sinistra ação do STF, foram mesmo “revertidos” em prisões e perseguições políticas contra o movimento de massas.
Mas seria injusto, de
nossa parte, nominar apenas a “oposição de esquerda” como cúmplice política do
dantesco teatro montado no STF. Setores do próprio PT, encastelados no
Planalto, urdiram de forma traiçoeira um conluio para afastar da vida política
os dirigentes da tendência “Articulação”, como Dirceu e Delúbio. Estavam
diretamente comprometidos, Palocci e Cia, com a indicação de Dilma para um novo
mandato presidencial, pretendendo manter Lula acuado e afastado das próximas
eleições. Dilma “lavou as mãos” e deixou totalmente a vontade os ministros do
STF,embalados pelo PIG, promoverem uma verdadeira “caça às bruxas”, no melhor
estilo dos tempos da ditadura militar.
Não nutrimos a menor
simpatia ou relação política com os dirigentes da “Articulação”, pelo contrário
fomos a primeira corrente a declarar oposição de classe ao governo da Frente
Popular, logo quando assumiram a “gerência geral” do Estado capitalista em
2003. Mas não poderíamos de forma alguma engrossar o coro da reação e “embelezar”
a instituição da corrupção suprema deste país. Os marxistas leninistas da LBI
não estão entre aqueles que abonaram a profunda degeneração programática e
material dos dirigentes do PT, mas entendemos que será tarefa da própria classe
operária através de seus organismos, e não da justiça dos capitalistas,
realizar o balanço histórico dos atos de decomposição moral e política da
direção petista. Rechaçar a ofensiva patronal ora em curso, reafirmando com
vigor a legitimidade dos métodos da ação direta dos oprimidos, é parte central
de uma plataforma de combate por uma alternativa de poder revolucionário dos
trabalhadores. Para educar a nova vanguarda classista nas melhores tradições
socialistas da independência de classe, não podemos disseminar ilusões em
nenhuma instituição deste regime infame da democracia dos ricos!