Leia o Editorial do
Jornal Luta Operária nº 264, 2ª Quinzena de Agosto/2013
Abaixo a agressão
imperialista contra a Síria! Esmagar a contrarrevolução “rebelde”! Organizar
brigadas internacionalistas em unidade de ação com o governo Assad para
combater a OTAN!
O imperialismo ianque já
se decidiu pela agressão militar a Síria. Obama e seu staff político-militar
sequer aguardou a saída dos inspetores-espiões da ONU do território sírio para
anunciar detalhes dos preparativos da intervenção bélica norte-americana, prevista
para ter início entre os dias 10 e 11 de setembro. Até lá, o “falcão negro” irá
consultar o Congresso ianque sobre sua decisão a fim de repartir a
responsabilidade pelo ataque com os Republicanos e angariar a ajuda de outras
potências imperialistas agrupadas na OTAN. Os EUA contarão ainda com o suporte
logístico das reacionárias petromonarquias do Oriente Médio agrupadas no
Comando Geral do Golfo (CGG) e da Turquia, que enviaram nas últimas semanas
centenas de mercenários para o território sírio via fronteiras turca e jordanica,
além de ter o apoio entusiasta do enclave sionista de Israel. Segundo a Casa
Branca, serão inicialmente lançados mísseis Tomahawk pelo ar (como ocorreu na
Líbia) em uma operação de apoio aos “rebeldes” que combatem as tropas do
exército nacional sírio por terra, incluindo entre os mercenários grupos
ligados a Al Qaeda, responsáveis por orquestrar o ataque com armas químicas
letais fabricadas pelos EUA para incriminar o regime Assad pela morte de
crianças e mulheres, um total de 1400 vítimas fatais, justamente o pretexto
usado por Obama para autorizar a ação militar ianque. Neste cenário, não resta
qualquer dúvida que estamos presenciando os preparativos de uma guerra voltada
a derrubar a governo da oligarquia Assad para impor em Damasco uma marionete
servil aos interesses de Washington, ou seja, as forças políticas reacionárias
e pró-imperialistas agrupadas em torno do Conselho Nacional Sírio (CNS) que
nestes dois anos e meio de guerra civil receberam armas, munições, dinheiro e
ajuda do Pentágono e seus aliados na região. Obama declarou que em um primeiro
momento desferirá um “ataque aéreo limitado” e concluiu: “Não vai haver uma
intervenção por terra, não vamos colocar nossas botas no chão, vamos atacar
pelo ar a fim de destruir a infraestrutura militar de Assad” (G1, 31/08) em uma
ação abertamente coordenada com a ofensiva em solo dos “rebeldes”. Não por
acaso, logo após o anúncio de Obama, o porta-voz do Supremo Conselho Militar
dos CNS, Qassim Saadeddine, vociferou: “Nossa esperança é tirar vantagem quando
algumas áreas (controladas pelo governo Assad) forem enfraquecidas pelo ataque.
Ordenamos a alguns grupos que se preparem em cada uma das províncias, que
preparem seus homens para quando o ataque acontecer. Eles receberam planos
militares que incluem ataques a alguns dos alvos que esperamos que sejam
atingidos pelos ataques estrangeiros e alguns outros que esperamos atacar ao
mesmo tempo” (Idem). Frente à “parceria” macabra tão evidente, desde já
denunciamos que não passa de aberto distracionismo político dos revisionistas
do trotskismo (LIT, UIT...) se declararem “Contra a intervenção imperialista”
quando ao mesmo tempo pedem “armas para os rebeldes”. Na verdade, a batalha
decisiva e de longo prazo na Síria será travada entre os mercenários que serão,
de fato, a força militar de ataque em solo do imperialismo contra as tropas do
governo Assad, apoiadas pelas milícias populares! Em meio a uma guerra que
objetivamente coloca abertamente os “rebeldes” no terreno militar do imperialismo
cabe aos revolucionários chamar a derrota de seus agentes em terra e nunca o
reforço bélico destes! Quando se trata de uma guerra não há meios termos, como
nos ensinou Trotsky. Honrando esta tradição revolucionária, a LBI declara que
frente à agressão militar anunciada por Obama, os marxistas leninistas se
colocam decididamente ao lado da nação oprimida síria e do governo Assad,
defendendo desde a trincheira de luta a mais ampla unidade de ação para esmagar
a contrarrevolução “rebelde” e a intervenção bélica do imperialismo, o maior
inimigo dos povos e do proletariado mundial!
Já em marco de 2011, a LBI vinha denunciando que as “manifestações” pró-imperialistas organizadas contra Bashar al-Assad pela oposição direitista, que logo assumiram o caráter de ataques militares por parte dos “rebeldes”, tinham o objetivo de provocar uma guerra civil para desestabilizar o país. Enquanto a mídia burguesa e setores da “esquerda” apresentaram tais acontecimentos como expressão da “Primavera Árabe”, caracterizamos já no seu embrião que estava em curso um processo de contrarrevolução no Oriente Médio o qual comportava desde transições políticas manipuladas pela Casa Branca como ocorreu no Egito até intervenções militares em nome da cínica defesa dos “direitos humanos”. Na Síria, foram dois anos e meio de atentados perpetrados por grupos internos terroristas e provocações externas, como as organizadas pela Turquia e Israel, até o imperialismo ianque chegar atualmente à decisão de atacar diretamente a nação semicolonial. Com a vitória militar da OTAN na Líbia no final de 2011, depois que aviões-caças supersônicos F-16 bombardearam o país durante vários meses com mísseis Tomahawk, a fim de abrir caminho para avanço dos “rebeldes” do CNT por terra até estes mercenários tomarem Sirte e assassinarem o coronel Kadaffi, as potências capitalistas se sentiram fortalecidas para avançar sobre a Síria para chegar futuramente a seu objetivo final, o Irã e seu programa nuclear. Nesta senda belicista pretendem também debilitar e destruir o Hezbollah. A profunda derrota da luta anti-imperialista sofrida na Líbia, com a queda do regime nacionalista-burguês do coronel Kadaffi, potenciou os apetites vorazes do imperialismo na região, provocando a reprodução da estratégia ianque em um país que ainda representa limitadamente uma barreira de contenção à expansão sionista em toda região. Nos últimos dois anos e meio, os militares leais a Assad com o apoio resoluto do Hezbollah vinham impondo uma série de derrotas aos “rebeldes” pró-OTAN, que em vias de baterem definitivamente em vergonhosa retirada, montaram uma covarde operação fraudulenta usando armas químicas para chamar pelo socorro das tropas imperialistas justamente quando o país era “visitado” por inspetores-espiões da ONU que pisaram em solo sírio poucos dias antes para “investigar” o uso de armas químicas e agora saíram rapidamente como ratos para agilizar as condições à agressão imperialista! Neste sentido, é preciso ter claro que a agressão imperialista contra a Síria está sendo montada para impor a vitória dos “rebeldes”. Os estrategistas militares do Pentágono planejam uma clara divisão de tarefas, pelo menos inicialmente: ataques aéreos para debilitar o poder militar sírio e fornecimento de armas pesadas para os “rebeldes” avançarem por terra! A grande “massa” apoiadora da oposição que veremos nesse conflito é a massa de explosivos lançados pelos mísseis de cruzeiro do tipo Tomahawk contra o povo sírio em uma guerra que irá consumir milhões de dólares do orçamento militar ianque. No curso da guerra de rapina, a Casa Branca e seus aliados buscarão fortalecer o setor da oposição pró-imperialista que mais se aproximar de seus interesses políticos e econômicos. De fato, a disputa pelo controle político no interior da oposição pró-imperialista ao regime sírio tem se acirrado bastante, entre grupos islâmicos ligados a Irmandade Muçulmana e a Al Qaeda, “correndo por fora” ainda estão as forças ligadas aos sauditas e fundamentalistas do Qatar. O que une todos esses mercenários e o imperialismo ianque é o objetivo de derrubar Assad e negociar um acordo futuro para dividir o botim. A este amálgama contrarrevolucionário até a medula os canalhas revisionistas costumam classificar como “heroicos rebeldes” que estariam lutando contra uma “ditadura assassina”... A verdade é que a “oposição” síria não reúne as menores condições sociais de tomar o poder, sua tática se concentrava na ação militar terrorista como forma de minar paulatinamente o clã da oligarquia Assad, forçando-o a um pedido de renúncia. Como não conseguiu seu intento, recorreu ao imperialismo para forçar a derrubada de Bashar Al-Assad. Isto significaria reconhecer a invasão israelense das colinas de Golan como um fato histórico irreversível e abrir mão definitivamente da influência política síria sobre o Líbano. A anulação da Síria como “potência” militar regional, pela via da ascensão de um novo governo neoliberal, manietado diretamente pelos centros imperialistas, deixaria completamente isolados a Palestina e o Irã, parada final da ofensiva imperial sobre os povos árabes, ironicamente batizada pela Casa Branca de “Revolução Árabe”.
Os revisionistas do
trotskismo, como a LIT e a UIT, que sempre apresentaram a ação dos “rebeldes”
na Síria como parte da “revolução árabe” (assim como fizeram na Líbia) e
chegaram a pedir que Obama armasse os mercenários, inclusive reclamando do
“tímido” apoio da Casa Branca ao ELS, agora fingem que agressão imperialista
tem como objetivo “barrar o avanço revolucionário”. Cinicamente, dizem que “As
declarações públicas dos EUA enfatizam que a medida será uma resposta à
utilização de armas químicas, porém não um apoio ao campo militar rebelde... A
proposta militar americana, de bombardeios a partir do mar, serão incapazes de
destruir os tanques da ditadura, que se encontram nos centros urbanos. A menos
que os americanos estejam dispostos a destruir bairros inteiros, algo que
causará muito mais sofrimento que alívio ao povo, a artilharia do regime não
será eliminada. Para derrotar o tirano sem destruir o país, é necessário armar
os rebeldes. Mais do que nunca é necessário deixar clara nossa posição política
de apoio à revolução, apoio ao armamento dos rebeldes e total oposição à
intervenção imperialista no país. Derrubar Assad sim, destruir Damascos pelo
ar, não. O levante popular, por democracia e justiça social se encontra cercado
de inimigos: do estalinismo ao imperialismo e o fanatismo islâmico, todos
unidos contra a luta do povo sírio. Mais do que nunca, está colocada a tarefa
da classe trabalhadora internacional proclamar em alto e bom tom: Viva a
revolução, não ao ataque imperialista! Armas sim, bombas não!” (O crime de
Assad - Não à intervenção imperialista na Síria! Abaixo o regime genocida de
Assad!Sítio PSTU, 28/08). Esta política é apenas uma cortina de fumaça para
encobrir a verdadeira “frente única” entre os revisionistas e Obama. A LIT nos
diz: “Derrubar Assad sim, destruir Damascos pelo ar, não”, ou ainda “Armas sim,
bombas não”... O que significa esta política senão pedir ao imperialismo que
ajude os “rebeldes” pró-OTAN para derrubar Assad!!! Afinal de contas, algum
militante anti-imperialista acredita que é possível ocorrer uma “revolução”
utilizando as armas da OTAN e contar com a ajuda de Obama? Como se vê, os
canalhas do PSTU e da LIT dizem que sim! Somos mais uma vez forçados a
“esclarecer” os revisionistas do trotskismo que é impossível os “rebeldes” se
transformarem em lutadores anti-imperialistas porque estes foram desde o início
do conflito armados e orientados pela CIA e o imperialismo como estes mesmos
reconhecem publicamente!!! Até o maior dos bucéfalos já chegou à conclusão do
que ocorre na Síria não é uma revolta popular como a que se iniciou
insipientemente no Egito e na Tunísia há cerca de dois anos e muito menos uma
“revolução de massas”, mas sim uma investida contrarrevolucionária coordenada
militarmente pela OTAN e politicamente por Obama. Para quem tem as mãos sujas
do sangue do povo egípcio, já que a LIT caracterizou como “progressivo” o
recente golpe militar, não deve ser muito difícil juntar-se a Obama, Cameron e
ao rato Hollande para “exigir” a renúncia de Assad e a transferência do poder
para os assassinos “rebeldes”, afinal seria uma repetição do que ocorreu na
Líbia onde a tal “revolução” da OTAN dilacerou o país entregando todos os seus
recursos naturais para as transnacionais do petróleo! Já o PCO que sempre
classificou os “rebeldes” como “revolucionários”, agora nos diz que a “oposição
a Assad corresponde aos interesses do imperialismo mundial e a sua política de
terra arrasada”. Seu zigue-zague é completamente inconsistente, já que não está
baseado em uma autocrítica de sua posição anterior. Causa Operária sempre
apoiou a mal-chamada “Primavera Árabe” e chega a declarar que “O ascenso da
chamada ‘Primavera Árabe’ levou às ruas milhares de pessoas, em março de 2011,
contra as políticas do governo de al-Assad” (Sítio PCO – Síria: O que está por
trás da ameaça de invasão imperialista?, 28/08). Por esta razão, apesar de
proclamar “Não a invasão imperialista da Síria”, o PCO segue como papagaio do
morenismo ao declarar que “O ataque é proposto com caraterísticas cirúrgicas,
com ‘apenas’ 50 alvos em princípio, limitados a dois dias de duração, usando
mísseis Tomahawks, os mesmos que foram testados no Afeganistão, no Iraque e na
Líbia. Só este fato mostra que o objetivo não seria derrubar o regime de
al-Assad, nem mesmo de destruir os arsenais de armas químicas... O objetivo do
imperialismo, portanto, não seria derrubar o governo de al-Assad. Segundo a
própria representante do Departamento de Estado, Marie Harf, declarou
recentemente, o objetivo não seria uma ‘mudança do regime’” (Idem). Causa
Operária, que parece acreditar também em “Papai Noel”, quer fazer crer que a
intervenção militar da OTAN é para “ajudar Assad a conter a revolução” como
chegou a afirmar na Líbia? É preciso que o proletariado mundial e sua vanguarda
militante abstraiam as lições da barbárie imposta na Líbia pelo imperialismo e
o governo atual governo dos ex-“rebeldes” para impedir que estas mesmas
traições de classe sejam cometidas novamente na Síria em nome da “revolução”!
Frente a essa realidade
dramática está mais do que na hora dos países que se opõem em palavras à
agressão neocolonialista contra a Síria (Irã, Rússia, China e Venezuela)
forneçam armas e enviem brigadas anti-imperialistas ao país, assim como o
Hezbollah e a resistência palestina ataquem Israel, que patrocina os
mercenários do ELS. As milícias populares que apoiam o governo Assad ou se
colocam contra a agressão ao país devem exigir, por sua vez, que o governo
sírio abra os depósitos de armas e munição para os militantes nacionalistas e
voluntários de outros países. Uma posição revolucionária neste exato momento
passa por estabelecer uma frente única militar com as forças que estejam
dispostas a lutar na defesa do atual regime, contra os rebeldes da reação
imperialista, com absoluta independência de classe em relação ao governo
nacionalista burguês. O único caminho para derrotar a ofensiva contra a Síria é
chamando a unidade anti-imperialista em nível mundial. As manobras diplomáticas
da China e da Rússia na ONU para protelar a ação militar dos EUA de nada
servem, já que os EUA estão incrementando via Turquia, Catar e Arábia Saudita o
envio de armas, homens e munições para os mercenários, enquanto organizam o
ataque pelo ar! Por sua vez, nada indica que Rússia e China vão intervir
militarmente ao lado da Síria. A agressão contra a Síria ocorre em um momento
muito peculiar, os “rebeldes” não conseguem avançar sob Damasco e Aleppo
exatamente pela absoluta carência de base social de apoio. Nesse sentido, o
desenvolvimento de atividades internacionalistas como atos de protesto nas
embaixadas e consultados dos EUA que possam galvanizar a vanguarda de massas em
apoio à vitória militar do exército nacional sírio sobre os “insurgentes”,
apoiados logisticamente pela OTAN e agora com o apoio dos bombardeios pelo ar,
se impõe como uma tarefa prioritária para os bolcheviques leninistas. Não
confundir este chamado a formação de “comitês contra a intervenção imperialista”
que sejam integrados por correntes políticas como o PSTU, CST, “O Trabalho” e
seus papagaios revisionistas que apoiam os mercenários “rebeldes”, como vimos
na guerra contra a Líbia, política oportunista que a LBI combateu. Não é
possível rechaçar a ação do imperialismo em “comitês” compostos pelos
defensores dos agentes da OTAN em solo sírio! Qualquer iniciativa contra a
agressão imperialista a Síria necessariamente deve estar unida ao chamado pela
derrota dos “rebeldes” pró-OTAN!
Desde nossas modestas
forças militantes, a LBI conclama as correntes revolucionárias,
internacionalistas e anti-imperialistas a se somar a nosso chamado por esmagar
a contrarrevolução “rebelde” e a por abaixo a agressão imperialista contra a
Síria, organizando brigadas internacionalistas em unidade de ação com o governo
Assad para combater a OTAN! Como trotskistas, defendemos incondicionalmente o
direito da Síria e do Irã a utilizar todos seus recursos militares
(convencionais ou não) contra a agressão imperialista à soberania de seu
território. Ao mesmo tempo, lançamos um chamado a todas as correntes se
reivindicam anti-imperialistas sobre a necessidade da conformação de uma frente
única de ação contra o imperialismo, mesmo com as profundas divergências dos
revolucionários com o governo burguês da oligarquia Assad. O combate ao
imperialismo, coloca como tarefa central dos genuínos revolucionários a derrota
da intervenção imperialista e de seus “rebeldes” made in CIA que são apoiados
por várias correntes revisionistas. O estabelecimento de uma frente
anti-imperialista é concebido pelos revolucionários como uma frente única de
ação com objetivos anti-imperialistas bem delimitados, sem a constituição de um
bloco de apoio político comum com setores da burguesia nacional. Na mesma
trincheira de luta forjamos as condições para construir uma alternativa de
direção revolucionária para o proletariado sírio e mundial, independente das
direções burguesas nacionalistas, que leve a cabo o combate consequente ao
principal inimigo dos povos, o imperialismo.