O presidente dos EUA, Donald Trump, celebrou nesta segunda-feira,
14 de Maio, a mudança da embaixada do país para Jerusalém e disse que ela marca
“um grande dia para Israel”. Milhares de palestinos se reuniram em diversos
pontos próximos à fronteira e se aproximaram da cerca de segurança do enclave
sionista vigiada por soldados israelenses. Os palestinos lançaram pedras na
direção dos soldados da Ocupação, que responderam com tiros, deixando um saldo
de mais de 40 palestinos mortos. Hoje a Ocupação Sinionsta completa 70 anos. A
mudança da Embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém foi aprovada em 1995
pelo Congresso ianque. Em sua campanha eleitoral, Trump prometeu levar a
embaixada de Tel Aviv para Jerusalém. Há 70 anos a resolução 181 da ONU criou o
encalve sionista em terras palestinas situava provisoriamente a cidade sob
administração internacional. Mas logo a parte ocidental foi ocupada por Israel,
e depois da Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, também o lado oriental tudo
com o aval do imperialismo ianque. A recém-fundada Organizações das Nações
Unidas, substituta da antiga Liga da Nações, através da iniciativa dos Estados
Unidos, e com o apoio entusiástico da URSS, decreta em 1947 a divisão
definitiva da Palestina entre um Estado judeu e outro árabe palestino. O
stalinismo, após os acordos de Yalta, deixará o Oriente como uma área de
influência do imperialismo ianque, além da consideração do sionismo, em sua
versão trabalhista como um aliado político, com o qual desenvolverá uma frente
popular em Israel. O velho Partido Comunista palestino logo mudará seu nome
para israelense por considerar as massas árabes e palestinas como atrasadas e
feudais. Antes mesmo da oficialização do Estado de Israel, as tropas do Irgun
retomam os massacres aos palestinos, como a chacina da aldeia de “Deir Yassin”.
Era o prenúncio do terrorismo sionista que irá assolar o povo palestino até
hoje. Desde então os sionistas têm incrementado o número de ameaças em locais
religiosos não-judaicos e intensificado o plano de “judaização” da Jerusalém
Oriental, aumentando a construção de colonatos e expulsando os palestinos de
suas casas, que são muitas vezes demolidas. O chacal sionista, Benjamin
Netanyahu, disse que o reconhecimento marca “um dia histórico e um importante
passo para a paz”, obviamente referia-se a paz dos cemitérios, fruto da
ofensiva militar que a ocupação vem desencadeando contra o povo palestino com a
decisão de Trump. O fim dos constantes massacres do povo palestino, assim como
a realização da sua justa aspiração nacional para a constituição de uma
verdadeira pátria, não passa, como já dissemos, pelos reacionários “acordos de
paz” e a criação de um protetorado palestino sob as botas do Estado terrorista
de Israel. Para os Marxistas Revolucionários, a caracterização de Israel como
um enclave do imperialismo estabelecido contra a luta das massas árabes do
Oriente Médio é fundamental para defendermos a sua destruição, como parte de um
programa revolucionário para os trabalhadores palestinos. A essência de todos
os conflitos militares travados na região reside na própria arena da luta de
classes internacional, sendo a existência de Israel, um enclave militar
artificialmente implantado no coração do Oriente, fundamental na repressão dos
interesses do imperialismo mundial em uma região estratégica, pelas reservas
petrolíferas, para o funcionamento da economia capitalista no planeta. É uma
tarefa do conjunto do proletariado de todo mundo, inclusive o judeu, a
destruição deste gerdame imperialista, no sentido de impulsionar enormemente a
luta dos povos contra a exploração capitalista. As ilusões que poderiam ser
despertadas com a farsa dos acordos de paz, sobre os setores da população mais
castigados e céticos por longos anos de sofrimento, se desfizeram antes mesmo
de alcançarem alguma envergadura. A humilhação permanente dos sionistas sobre a
malfadada “Autoridade Nacional Palestina” tem contribuído em muito para isso. A
tensão revolucionária que permeia a Palestina ocupada não conseguiu ser
quebrada nem pela violenta reação militar, tampouco pelo pacto OLP-sionismo.
Está aberta toda uma etapa, marcada pela resistência e grandes lutas que
rapidamente porão abaixo o acordo traidor, colocando como centro a conquista de
um verdadeiro Estado nacional. A única alternativa que poderá dar uma resolução
cabal à legítima reivindicação nacional do povo palestino, assim como livrar as
massas e trabalhadores da região de seus gigantescos sofrimentos ao longo de
vários séculos, é a defesa de uma Palestina Soviética baseada em conselhos de
operários e camponeses palestinos e judeus. A expropriação do grande capital
sionista, alimentado em décadas pelo imperialismo ianque, impossível de ser
conquistada sem a destruição do Estado de Israel, garantirá a reconstrução da
Palestina sob novas bases, trazendo para seu povo o progresso e a paz tão
almejada durante 70 anos de guerra de rapinagem imperialista na região.
Exatamente no dia da proclamação oficial da fundação do Estado de Israel, 14 de maio de 1948, foi declarada a primeira guerra aos países árabes. O novo exército de Israel, agora batizado "Tzahal", é abastecido belicamente pela Tchecoslováquia (membro do Pacto de Varsóvia) e Estados Unidos. Conseguindo uma triunfal vitória, alarga, desta forma, em três vezes o seu território traçado inicialmente pela ONU. O Estado árabe palestino estipulado pelo plano de partilha não consegue sair do papel, já estava morto antes de nascer. Restando ao Egito à anexação da faixa de Gaza e à Jordânia a anexação da Cisjordânia. Um milhão e meio de palestinos deixam o agora chamado Estado de Israel, expulsos de suas terras sob o bombardeio da aviação sionista, espalham-se pelo Líbano, Egito, Jordânia, Síria. 600 mil palestinos permanecem no Estado sionista, sem nenhum direito civil, tratados como cidadãos de segunda categoria em seu antigo território nacional, servindo de mão-de-obra barata que irá mover a engrenagem capitalista do enclave militar de Israel. A iminente eclosão da II guerra mundial obriga a Inglaterra, ameaçada diretamente pelo nazismo, a procurar o apoio dos países árabes contra a Alemanha. Para atrair sua simpatia, em 1939, adota o chamado "livro branco", limitando a entrada de judeus na Palestina. Tarde demais, o imperialismo norte-americano, emergente no cenário mundial, abraça a causa sionista, passando a fornecer armamento pesado às milícias sionistas que ameaçam até o próprio exército inglês. Com a vitória dos aliados e o despontar da hegemonia norte-americana só resta à Inglaterra sua retirada do cenário. A recém-fundada Organizações das Nações Unidas, substituta da antiga Liga da Nações, através da iniciativa dos Estados Unidos, e com o apoio entusiástico da URSS, decreta em 1947 a divisão definitiva da Palestina entre um Estado judeu e outro árabe palestino. O stalinismo, após os acordos de Yalta, deixará o Oriente como uma área de influência do imperialismo ianque, além da consideração do sionismo, em sua versão trabalhista como um aliado político, com o qual desenvolverá uma frente popular em Israel. O velho partido comunista palestino logo mudará seu nome para israelense por considerar as massas árabes e palestinas como atrasadas e feudais. Antes mesmo da oficialização do Estado de Israel, as tropas do Irgun retomam os massacres aos palestinos, como a chacina da aldeia de "Deir Yassin". Era o prenúncio do terrorismo sionista que irá assolar o povo palestino até hoje.
Recuando um pouco na história da criação do Estado de Israel
no território palestino, iremos compreender o real conteúdo desta operação,
dirigida inicialmente pelo imperialismo inglês e finalizada pelo imperialismo
ianque com o objetivo de estender definitivamente seu domínio sobre uma região
estratégica, de vários ângulos: econômico, político e militar. A maquiagem
ideológica, que justificasse a criação de um país, a partir do quase nada, foi
tomada emprestada ao movimento sionista pelo imperialismo britânico na primeira
década deste século. O sionismo (referência à colina de Sion em Jerusalém)
proclamava a necessidade de uma "regeneração" do povo judeu, que após
a grande diáspora da Palestina, por volta do ano 70 da era cristã, teria se
afastado de suas raízes produtivas, ligando-se exclusivamente as atividades
comerciais e pecuniárias. Theodor Herzl, um dos fundadores do movimento, propõe
"a conquista do trabalho pelo povo judeu" no retorno "à terra
prometida" já em 1901. Sob o slogan "uma terra sem povo para um povo
sem terra", os sionistas ‘esqueceram’ um ‘pequeno detalhe’, a existência
de um milhão de palestinos que já habitavam aquela região há mais de 18
séculos!
O contexto histórico que marca a ascensão do sionismo é
exatamente a profunda crise da economia capitalista, mergulhada em sua primeira
grande guerra pela disputa de mercados, assistindo ao ressurgimento do
nacionalismo exacerbado, colocando os judeus, particularmente os comerciantes e
usurários em uma situação bastante delicada. Por outro lado, a vitória da
revolução russa colocava objetivamente a possibilidade da absorção da cultura
milenar do povo judeu em um patamar muito superior ao capitalismo, a construção
solidária e multiétnica de uma nova ordem social, pondo um fim à discriminação
nacional assassina que imperava na velha Rússia. O movimento sionista, que
representa socialmente os interesses da grande e média burguesia judaica tenta
responder a estas duas grandes questões - o colapso capitalista que elevava
cada vez mais a segregação e o anti-semitismo e, ao mesmo tempo, a necessidade
de uma profunda demarcação com os revolucionários russos, que abriram a
possibilidade de uma assimilação pela via do socialismo debutante justamente em
um país largamente povoado por judeus.
Trotsky, desmascarando as tentativas de apresentação do
sionismo, como um movimento de características comuns ao socialismo, o define
como um instrumento que estava sendo utilizado pelo imperialismo inglês:
"mas os fatos de cada dia nos mostram que o sionismo é incapaz de resolver
a questão judaica. O conflito entre judeus e árabes na Palestina adquire um
caráter cada vez mais trágico e ameaçador. Eu não acredito de forma alguma que
a questão judaica possa ser resolvida nos quadros do capitalismo decadente sob
o controle do imperialismo britânico" (León Trotsky, Sobre a Questão
Judaica).
A vitória da aliança franco-britânica sobre os alemães e
seus aliados, entre os quais a Turquia na Iª guerra mundial, torna o
imperialismo inglês o grande herdeiro do imenso e secular Império Otomano, que
engloba todo o Oriente Médio. Em 1917, com o objetivo de estabelecer uma
‘cabeçeira de ponte’ na região, o governo inglês apóia a "construção do
lar nacional para o povo judeu" na Palestina, através da célebre
declaração de "Balfour". Toda a região é repartida entre Inglaterra e
França, através dos acordos secretos de "Sykes-Picot", denunciados
publicamente pelo partido bolchevique como a "partilha do covil sobre as
nações oprimidas". São desenhadas fronteiras, criados países
artificialmente como a Transjordânia (atual Jordânia) em 1921, tudo em função
dos interesses econômicos do imperialismo europeu.
Mas a Palestina é a única nação que permanecerá sem qualquer
rasgo de autonomia, ou seja, uma nação sem Estado, sem fronteiras nacionais,
ficando sob o mandato inglês, confiado pela Liga das Nações em 1922. A partir
daí o imperialismo britânico, através de magnatas do petróleo como o Barão de
Rotchild, começa a financiar a emigração massiva de judeus na Palestina, que
antes somavam apenas 25 mil, iniciando o processo de ocidentalização de um
enclave, no meio do Oriente, em uma região que despontava pela riqueza do ouro
negro e por sua localização estratégica do ponto de vista militar.
Com a ascensão do nazismo na Europa, em meados da década de
trinta, o povo judeu assiste a vigorosa reaparição do anti-semitismo na sua
forma mais violenta. Por sua vez, a União Soviética, dirigida pela burocracia
stalinista, não mais representava uma alternativa de integração para o povo
judeu. Muito pelo contrário, sob o tacão termidoriano, os revolucionários
assistem ao renascimento do anti-semitismo em uma forma que não deixava muito a
dever aos velhos pogrons tzaristas. A Oposição Unificada de Esquerda, formada
por Trotsky, Zinoviev e Bukarin, entre outros, era definida pelo stalinismo
como "união de judeus sujos vendidos a Gestapo". É neste marco que o
sionismo, antes visto com muita desconfiança pelos trabalhadores judeus que o
consideravam uma capitulação aos racistas, que preconizavam a expulsão dos
judeus da Europa, vai afirmar-se como um grande movimento nacional de alcance
de massas.
Na década de trinta, ocorre o grande fluxo migratório; em
1935, os judeus na Palestina já somavam quase 400 mil. A cidade de Haifa, a
beira do Mediterrâneo, mais parecia uma cidade completamente europeia, no meio
da cultura milenar do deserto. O objetivo imperialista inglês havia conseguido
consolidar-se a passos largos. Os judeus, financiados com aportes massivos de capitais,
formaram um verdadeiro Estado dentro do protetorado britânico na Palestina,
inclusive com a criação de um exército próprio, as milícias do Irgun e Haganá
encarregadas do extermínio de palestinos e árabes. Seu lema era "cem mil
vidas árabes não valem a unha de um judeu". O sionismo transformou-se na
reprodução do nazismo contra os povos árabes em seu próprio território.
Neste mesmo ano, explode a grande revolta palestina, com a
deflagração de uma greve geral, que durou quase um ano. Somente em 37, o
governo inglês consegue uma trégua, em função da vergonhosa traição do alto
comitê árabe. Neste período, é enviada da Inglaterra a "Comissão
Peel", encarregada de investigar os conflitos na região, concluindo pela
primeira vez a necessidade da partilha da Palestina em dois Estados.
Do velho Egito, surge um setor de jovens oficiais,
sublevados contra a vergonhosa traição do Rei Faruk, que durante a guerra de 48
forneceu fuzis defeituosos ao seu exército. Tomam o poder liderados por Nasser.
É o início do nacionalismo árabe que logo se espalha como um rastilho de
pólvora pela Síria, Iraque e Líbano. Em 1956, Nasser declara a nacionalização
do Canal de Suez, que estava sob o controle das grandes potências mundiais
sendo o ponto econômico mais estratégico de todo Oriente Médio, aonde transitam
dois terços do petróleo destinado à Europa. A reação do imperialismo é
imediata, Inglaterrra e França preparam a operação militar chamada
"expedição de Suez". Cabe ao enclave de Israel, desempenhar seu papel
de gerdame do imperialismo na região. Seus tanques e aviões bem mais
sofisticados e em maior número que os da artilharia egípcia, logo em dois dias
ocupam o deserto do Sinai até as margens do canal. Em seguida, passam o
controle da região para as tropas da ONU, seguindo a orientação direta do
imperialismo ianque.
Passados quase 11 anos da ocupação do Suez, novamente
Nasser, agora apoiado por uma ajuda militar da URSS, que se vê obrigada a
interferir no palco das operações militares do Oriente Médio, desta vez ao lado
dos árabes, devido ao perigo de uma incursão militar imperialista no seu
território oriental, retoma a bandeira do Suez, exigindo que tropas da ONU se
retirem do Egito. É o motivo para que Israel entre em cena, com o sinal verde
dos EUA. A aviação israelense ataca, e em uma manhã a guerra está ganha. Seus
blindados são enviados para todos os frontes. Em seis dias, o Egito perde Gaza
e o Sinai até o Suez. A Síria perde as colinas de Golan, também retomando da
Jordânia a Cisjordânia anexada em 1948 e ocupa definitivamente o lado palestino
da cidade de Jerusalém, conseguindo quadruplicar suas fronteiras iniciais. Sem
uma ação direta das massas e devido ao forte poderio militar imperialista é
imposta uma nova derrota para as burguesias árabes. Para o povo palestino é um
desastre sem proporções, passando a habitar os territórios ocupados na condição
de prisioneiros políticos. Segue-se uma luta de guerrilhas na região, a partir
de bases militares palestinas instaladas no sul do Líbano, que extende-se até
hoje.
O fim dos constantes massacres do povo palestino, assim como
a realização da sua justa aspiração nacional para a constituição de uma
verdadeira pátria, não passa, como já dissemos, pelos reacionários
"acordos de paz" e a criação de um protetorado palestino sob as botas
do Estado terrorista de Israel. Para os Marxistas Revolucionários, a
caracterização de Israel como um enclave do imperialismo estabelecido contra a
luta das massas árabes do Oriente Médio é fundamental para defendermos a sua
destruição, como parte de um programa revolucionário para os trabalhadores
palestinos. A essência de todos os conflitos militares travados na região
reside na própria arena da luta de classes internacional, sendo a existência de
Israel, um enclave militar artificialmente implantado no coração do Oriente,
fundamental na repressão dos interesses do imperialismo mundial em uma região
estratégica, pelas reservas petrolíferas, para o funcionamento da economia
capitalista no planeta. É uma tarefa do conjunto do proletariado de todo mundo,
inclusive o judeu, a destruição deste gerdame imperialista, no sentido de
impulsionar enormemente a luta dos povos contra a exploração capitalista.
As ilusões que poderiam ser despertadas com a farsa dos
acordos de paz, sobre os setores da população mais castigados e céticos por
longos anos de sofrimento, se desfizeram antes mesmo de alcançarem alguma
envergadura. A humilhação permanente dos sionistas sobre a malfadada
"autoridade nacional palestina" tem contribuído em muito para isso. A
tensão revolucionária que permeia a Palestina ocupada não conseguiu ser
quebrada nem pela violenta reação militar, tampouco pelo pacto OLP-sionismo.
Está aberta toda uma etapa, marcada pela resistência e grandes lutas que
rapidamente porão abaixo o acordo traidor, colocando como centro a conquista de
um verdadeiro Estado nacional.
A única alternativa que poderá dar uma resolução cabal à
legítima reivindicação nacional do povo palestino, assim como livrar as massas
e trabalhadores da região de seus gigantescos sofrimentos ao longo de vários
séculos, é a defesa de uma Palestina Soviética baseada em conselhos de
operários e camponeses palestinos e judeus. A expropriação do grande capital
sionista, alimentado em décadas pelo imperialismo ianque, impossível de ser
conquistada sem a destruição do Estado de Israel, garantirá a reconstrução da
Palestina sob novas bases, trazendo para seu povo o progresso e a paz tão
almejada durante 70 anos de guerra de rapinagem imperialista na região.