Trump acaba de anunciar o rompimento unilateral do acordo
nuclear com o Irã. Trata-se de uma medida tomada como produto direto da decisão
de seu novo gabinete governamental formando pelos falcões do Mike Pompeu do
Departamento de Estado, John R. Bolton da NSA e Gina Haspel na CIA,
representantes do complexo industrial-militar que agia em chantagem aberta
sobre o patético presidente ianque. Lembremos que Trump é a farsa republicana
que tomou o lugar do Tea Party na eleição que derrotou a senhora da guerra “madame
Clinton”. Sua permanência na Casa Branca é frágil por mais que tente agradar os
Falcões do Pentágono rosnando contra a Síria e agora o Irã. No discurso que
anunciou tal decisão, Trump declarou que “O Irã é o principal Estado
patrocinador do terrorismo”. Fica evidente que o imperialismo ianque se prepara
para uma etapa de aberta ofensiva bélica mundial que tem como alvo inicialmente
a Síria e o Irã e estrategicamente a Rússia (começando pelo fustigamento das
repúblicas populares que romperam com a Ucrânia) e a China. Em 2015, quando a
dupla Obama-Kerry anunciou o acordo nuclear com o Irã, a LBI analisou o
acontecimento como um “recuo do imperialismo ianque para desarmar o regime do
Aitatolás”. Naqueles dias pontuamos que “Com o ‘acordo’ com o Irã, que retardará
por vários anos o programa nuclear persa, os EUA podem ganhar tempo para
conseguir se fortalecer para uma saída militar futura”. Esse momento parece ter
seu início agora também por pressão direta de Israel. Não por acaso, antes do
anúncio da Casa Branca, o carniceiro Netanyahu fez publicamente supostas
“revelações” sobe o “desrespeito” iraniano do “Acordo Nuclear” de 2015. Esse
cenário se insere no patrocínio de golpes parlamentares em continentes como a
América Latina e África ou de intervenções militares diretas no Oriente Médio.
Não esqueçamos que a histeria social anti-Putin no interior dos EUA, contra a
própria vontade de Trump, é apenas uma cortina de fumaça para deixar os falcões
do imperialismo ianque de “mãos livres” (sem competidor bélico global) em sua
escalada de ataques a povos e nações oprimidas. O império financeiro que
derrotou a URSS não busca simplesmente a figura de um “showman” de extrema
direita, necessita de uma liderança reacionária sólida com capacidade de
refundar o regime político dos EUA. A ofensiva neoliberal imperialista contra
os povos e nações do planeta passará em breve por cima de Trump como um trator
desgovernado, deixando o terreno ianque preparado para um governo fascista que
tenha pleno apoio político dos dois braços fundamentais da burguesia: a casta
dominante financeira e os industriais da guerra. O rompimento do acordo nuclear
com o Irã era uma condição básica para avanço dessa perspectiva funesta. Não
esqueçamos que o objetivo central do Pentágono continua a ser desestabilizar a
Síria para neutralizar o regime da oligarquia Assad, debilitar o Hezbollah e
seguir sem maiores obstáculos em seu plano de atacar Irã. Tanto antes com Obama como agora com Trump sempre declaramos que os revolucionários não são
partidários do Regime dos Aitolás no Irã, embora reconheçamos os avanços
anti-imperialistas conquistados pelas massas em 1979. Sempre alertamos que a
burguesia iraniana, diante de seu isolamento internacional e das sanções
impostas pela ONU, estava buscando um acordo estratégico com o imperialismo
ianque e europeu. Agora essa etapa se rompe. O imperialismo ianque e Israel
exigem a rendição completa do Irã, perspectiva que sofre grande resistência
interna, particularmente pelas massas iranianas que viram a barbárie imposta à
Líbia e a destruição em curso na Síria. Frente a esta situação, defendemos
integralmente o direito deste país oprimido a possuir todo arsenal militar
atômico ao seu alcance. É absolutamente sórdido e cretino que o imperialismo
ianque e seus satélites pretendam proibir o acesso à tecnologia atômica aos
países que não se alinham com a Casa Branca, quando esta arma “até os dentes”
Estados gendarmes como Israel com farta munição atômica. Como Marxistas
Revolucionários não dissimulamos em um só momento o caráter burguês e
obscurantista do regime nacionalista do Irã. Mas estes fatos em nada mudam a
posição comunista diante de uma possível agressão imperialista contra uma nação
oprimida. Não nos omitiremos de estabelecer uma unidade de ação com o Regime dos
Aiatolás, diante de uma agressão imperialista. Por esta mesma razão, chamamos o
proletariado persa a construir uma alternativa revolucionária dos trabalhadores
que possa combater consequentemente o imperialismo e derrotar todas as alas do
regime, denunciando desde já o papel servil do governo Rohani. É bom lembrar
que os Marxistas já estabeleceram uma frente única com os aiatolás na derrubada
do Xá Reza Pahlevi e seu regime pró-imperialista, apesar de conhecermos o
caráter de classe da direção religiosa muçulmana. A perspectiva de agressão,
mesmo com todas as concessões feitas pelo regime dos Aiatolás e o governo
Rohani, embutem uma vingança contra a humilhação sofrida pelos EUA na
desastrosa tentativa de intervenção militar no Irã, ainda sob o governo democrata
de Jimmy Carter. Não temos nenhuma dúvida que o império pretende somar para
suas empresas transnacionais as reservas de petróleo do Irã às da Líbia e do
Iraque para, desta forma, deter a hegemonia absoluta do controle energético do
planeta. Somente idiotas úteis à Casa Branca podem ignorar estes fatos e
declarar “solidariedade” às ações militares da OTAN contra os “bárbaros
ditadores” que se recusam a aceitar a “democracia made in USA”. Os marxistas
revolucionários defendem integralmente o direito do Irã a possuir todo arsenal
militar atômico ao seu alcance para se defender do imperialismo e do sionismo.
Porém, compreendem que a tarefa de defender o Irã inclusive contra sua
burguesia nativa está, antes de tudo, nas mãos do proletariado mundial e das massas
árabes. Somente elas podem lutar consequentemente pela derrota do imperialismo
em todo o Oriente Médio, abrindo caminho para sepultar a exploração capitalista
interna que condena a miséria os explorados da região.