quarta-feira, 23 de maio de 2018

AUMENTO GALOPANTE DOS COMBUSTÍVEIS E GREVE DOS CAMINHONEIROS: EFEITOS DA POLÍTICA DE LIQUIDAÇÃO DA PETROBRAS (IMPORTAÇÃO DE DERIVADOS E DESATIVAÇÃO DAS REFINARIAS NACIONAIS) PELA OPERAÇÃO LAVA JATO MONTADA PELO IMPERIALISMO 


A greve dos caminhoneiros contra o aumento do Diesel, uma categoria agrupando autônomos e empresas de transporte de cargas, que apoiou o golpe parlamentar e cruzou o país em carreatas saudando a “Operação Lava Jato” é um “efeito colateral” da liquidação da Petrobras e a entrega da empresa ao comando direto dos prepostos das multinacionais do petróleo. O tucano Pedro Parente, que rapina a empresa vendendo grande parte dos ativos, refinarias e bacias de extração, implementou um sistema de aumento galopante dos preços dos combustíveis devido a importação de derivados e desativação das refinarias nacionais. Essa situação é produto do plano canalha de reduzir a maior empresa estatal da América Latina, quando muito, em uma mera extratora de óleo cru em alto mar (com altíssimo custo de operação) a fim de que os grandes grupos econômicos internacionais possam seguir controlando livremente os ramos mais lucrativos do mercado do petróleo nacional: a venda de derivados e sua distribuição pelo território brasileiro. A se manter a equação de vender óleo cru a “preço de banana” para depois comprar “na alta” o diesel e a nafta processada dos trustes industriais anglo-ianques, teremos inexoravelmente a futura quebra da Petrobras. Desta forma tornamos o Brasil um país eternamente submisso a política e economicamente as potências imperialistas e as “Sete Irmãs” (cartel das transnacionais do petróleo). O “detonador” desta cruzada antinacional em curso foi a Operação policial “Lava Jato”. A pretexto de revelar o esquema de pagamento de comissões (propinas) por parte de empreiteiras a diretores da estatal que negociavam em nome do governo Lula-Dilma e do PT as obras de construção das novas refinarias projetadas ainda na era Lula, a banda tucana da PF, da Justiça e do MPF conseguiu gerar um escândalo midiático - tendo à frente a Rede Globo - que acabou por entregar a presidência da Petrobras a um "homem do mercado" imposto pelos rentistas internacionais e que, a pretexto de “moralizá-la”, tem levar adiante a sua destruição e esquartejamento, sabotando um tímido projeto de soberania nacional, formulado originalmente com a renovação parcial do nosso “arcaico” parque industrial de refino e petroquímica. O atual “desmanche” da Petrobras ocorre sob outra lógica, a da subordinação de uma semicolônia aos interesses comerciais da matriz imperial, seria um “pecado capital” inaceitável ao Amo do Norte que nossa maior empresa nacional rompesse a dependência do refino de combustíveis e passasse a dominar áreas estratégicas, como a da química fina por exemplo. Por isso a “ordem imperial” veio de Washington, as refinarias não podem ser concluídas e o polo petroquímico de Campos foi abortado! O pretexto do “mar de lama da corrupção” na Petrobras, repercutido à exaustão pela mídia corporativa, veio para selar o destino da estatal firmado pelo imperialismo: ou se mantém como um "fazendão" do óleo ou simplesmente a destruímos. O “mar de lama” de hoje centrado na enxurrada de denúncias surgida contra os dirigentes da Petrobras, todas bem reais produto da cobrança das comissões praticadas em todas as esferas desta república capitalista, atingiu em cheio a área da construção de novas refinarias, um setor onde as empreiteiras estão diretamente relacionadas. Estamos falando da capacidade do Brasil em processar industrialmente seu próprio petróleo, produzindo os combustíveis refinados que movimentam a economia do país, perspectiva abortada pelas decisões do governo Dilma nos anos de 2015-16 que quase chegou ao ponto de quebrar a empresa. Hoje o Brasil importa pelo menos 80% dos combustíveis refinados consumidos por nosso mercado, gerando um imenso rombo na balança comercial. A situação de nossas parcas refinarias (menos de dez em todo nosso imenso território) é precária, operando no limite de sua capacidade e com equipamentos sucateados. A construção de pelo menos cinco grandes novas refinarias é uma exigência não só para a economia capitalista do país, mas envolve a própria soberania política e militar do Brasil, já que um país que depende das multinacionais anglo-ianques do petróleo para abastecer inclusive sua frota militar de aviões e navios não pode ser considerado minimamente “independente”. De nada adianta a Petrobras bater recordes de extração do “Pré-sal” apresentado falsamente como um conto de fadas para tirar o país do atraso para vendê-lo “in natura” como óleo cru para os trustes internacionais do setor controlados pelo capital financeiro. É óbvio que a função de “fazendão” do petróleo que cumpre hoje a Petrobras só interessa ao imperialismo. Se o Brasil vende óleo cru e depois compra combustíveis refinados com alto valor agregado jamais poderá superar o déficit estrutural que paralisa o crescimento de nossa economia. O imperialismo ianque e a direita tucana, com aval passivo da Frente Popular que cancelou a construção das refinarias no Nordeste no governo Dilma, desejam mesmo destruir a empresa, desmembrando-a para facilitar a sua privatização futura. No compasso vigente da operação desmonte a Petrobras está com os “dias contados”, sangrando até a falência ou sua privatização esquartejada (como medida “salvadora”). Nesse sentido, é urgente a vanguarda classicista e a militância revolucionária compreender a “jogada” rapineira do imperialismo, travestida de Operação Lava Jato. Com relação aos caminhoneiros, devemos ter claro que essa categoria é tradicionalmente manipulada pela direita e também controlada por empresas do setor de transporte, ainda que nesse momento seja porta-voz da denúncia do aumento dos combustíveis. Possui um peso social e econômico enorme, sobretudo num país continental como o Brasil, ultra dependente do transporte rodoviário para circular as mercadorias. Nestas condições, podem tornar-se um fator de desestabilização política agora e até mesmo nas vésperas das eleições presidenciais de outubro, ainda mais que o movimento é controlado por uma burocracia mafiosa dirigida por setores direitistas. Nesse sentido é necessário que os trabalhadores com tradição de luta entrem em cena, para protestar contra o aumento do custo de vida para colocar nas mãos dos lutadores sociais o combate direto contra a caristia, acaudilhando atrás de si os setores mais atrasados e desorganizados do povo trabalhador. Desde a LBI, defendemos que a estatização da Petrobras sob controle dos trabalhadores e a deflagração de uma greve nacional dos petroleiros. Essa é uma justa bandeira para iniciar a “caminhada” revolucionária pelo próprio poder proletário, erigindo um Estado de novo tipo onde o mercado capitalista sucumba as exigências e necessidades da maioria população trabalhadora.