A greve dos caminhoneiros contra o aumento do Diesel, uma
categoria agrupando autônomos e empresas de transporte de cargas, que apoiou o golpe parlamentar e cruzou o país em carreatas saudando
a “Operação Lava Jato” é um “efeito colateral” da liquidação da Petrobras e a
entrega da empresa ao comando direto dos prepostos das multinacionais do
petróleo. O tucano Pedro Parente, que rapina a empresa vendendo grande parte
dos ativos, refinarias e bacias de extração, implementou um sistema de
aumento galopante dos preços dos combustíveis devido a importação de derivados e desativação das refinarias nacionais. Essa situação é produto do plano
canalha de reduzir a maior empresa estatal da América Latina, quando muito, em
uma mera extratora de óleo cru em alto mar (com altíssimo custo de operação) a
fim de que os grandes grupos econômicos internacionais possam seguir
controlando livremente os ramos mais lucrativos do mercado do petróleo
nacional: a venda de derivados e sua distribuição pelo território brasileiro. A
se manter a equação de vender óleo cru a “preço de banana” para depois comprar
“na alta” o diesel e a nafta processada dos trustes industriais anglo-ianques,
teremos inexoravelmente a futura quebra da Petrobras. Desta forma tornamos o
Brasil um país eternamente submisso a política e economicamente as potências
imperialistas e as “Sete Irmãs” (cartel das transnacionais do petróleo). O
“detonador” desta cruzada antinacional em curso foi a Operação policial “Lava
Jato”. A pretexto de revelar o esquema de pagamento de comissões (propinas) por
parte de empreiteiras a diretores da estatal que negociavam em nome do governo
Lula-Dilma e do PT as obras de construção das novas refinarias projetadas ainda
na era Lula, a banda tucana da PF, da Justiça e do MPF conseguiu gerar um
escândalo midiático - tendo à frente a Rede Globo - que acabou por entregar a
presidência da Petrobras a um "homem do mercado" imposto pelos
rentistas internacionais e que, a pretexto de “moralizá-la”, tem levar adiante
a sua destruição e esquartejamento, sabotando um tímido projeto de soberania
nacional, formulado originalmente com a renovação parcial do nosso “arcaico”
parque industrial de refino e petroquímica. O atual “desmanche” da Petrobras
ocorre sob outra lógica, a da subordinação de uma semicolônia aos interesses
comerciais da matriz imperial, seria um “pecado capital” inaceitável ao Amo do
Norte que nossa maior empresa nacional rompesse a dependência do refino de
combustíveis e passasse a dominar áreas estratégicas, como a da química fina
por exemplo. Por isso a “ordem imperial” veio de Washington, as refinarias não
podem ser concluídas e o polo petroquímico de Campos foi abortado! O pretexto
do “mar de lama da corrupção” na Petrobras, repercutido à exaustão pela mídia
corporativa, veio para selar o destino da estatal firmado pelo imperialismo: ou
se mantém como um "fazendão" do óleo ou simplesmente a destruímos. O
“mar de lama” de hoje centrado na enxurrada de denúncias surgida contra os
dirigentes da Petrobras, todas bem reais produto da cobrança das comissões
praticadas em todas as esferas desta república capitalista, atingiu em cheio a
área da construção de novas refinarias, um setor onde as empreiteiras estão
diretamente relacionadas. Estamos falando da capacidade do Brasil em processar
industrialmente seu próprio petróleo, produzindo os combustíveis refinados que
movimentam a economia do país, perspectiva abortada pelas decisões do
governo Dilma nos anos de 2015-16 que quase chegou ao ponto de quebrar a empresa.
Hoje o Brasil importa pelo menos 80% dos combustíveis refinados consumidos por
nosso mercado, gerando um imenso rombo na balança comercial. A situação de
nossas parcas refinarias (menos de dez em todo nosso imenso território) é
precária, operando no limite de sua capacidade e com equipamentos sucateados. A
construção de pelo menos cinco grandes novas refinarias é uma exigência não só
para a economia capitalista do país, mas envolve a própria soberania política e
militar do Brasil, já que um país que depende das multinacionais anglo-ianques
do petróleo para abastecer inclusive sua frota militar de aviões e navios não
pode ser considerado minimamente “independente”. De nada adianta a Petrobras
bater recordes de extração do “Pré-sal” apresentado falsamente como um conto de
fadas para tirar o país do atraso para vendê-lo “in natura” como óleo cru para
os trustes internacionais do setor controlados pelo capital financeiro. É óbvio
que a função de “fazendão” do petróleo que cumpre hoje a Petrobras só interessa
ao imperialismo. Se o Brasil vende óleo cru e depois compra combustíveis
refinados com alto valor agregado jamais poderá superar o déficit estrutural
que paralisa o crescimento de nossa economia. O imperialismo ianque e a direita
tucana, com aval passivo da Frente Popular que cancelou a construção das
refinarias no Nordeste no governo Dilma, desejam mesmo destruir a empresa,
desmembrando-a para facilitar a sua privatização futura. No compasso vigente da
operação desmonte a Petrobras está com os “dias contados”, sangrando até a
falência ou sua privatização esquartejada (como medida “salvadora”). Nesse
sentido, é urgente a vanguarda classicista e a militância revolucionária
compreender a “jogada” rapineira do imperialismo, travestida de Operação Lava
Jato. Com relação aos caminhoneiros, devemos ter claro que essa categoria é tradicionalmente manipulada pela direita e também controlada por empresas do setor de transporte, ainda que nesse momento seja porta-voz da denúncia do aumento dos combustíveis. Possui um peso social e econômico enorme, sobretudo
num país continental como o Brasil, ultra dependente do transporte rodoviário
para circular as mercadorias. Nestas condições, podem tornar-se um fator de
desestabilização política agora e até mesmo nas vésperas das eleições presidenciais de outubro, ainda mais que o movimento é controlado por uma
burocracia mafiosa dirigida por setores direitistas. Nesse sentido é necessário que os trabalhadores com tradição de luta entrem em cena, para protestar contra o aumento do custo de vida para colocar nas mãos dos lutadores sociais o combate direto contra a caristia, acaudilhando atrás de si os setores mais atrasados e desorganizados do povo trabalhador. Desde a LBI, defendemos que a estatização da Petrobras sob controle dos
trabalhadores e a deflagração de uma greve nacional dos petroleiros. Essa é uma justa bandeira para iniciar a “caminhada” revolucionária
pelo próprio poder proletário, erigindo um Estado de novo tipo onde o mercado
capitalista sucumba as exigências e necessidades da maioria população
trabalhadora.