SOB CERCO PESADO DO IMPERIALISMO: MADURO VENCE AS ELEIÇÕES REAFIRMANDO A VIA DA COLABORAÇÃO DE CLASSES COM UM SETOR DA BURGUESIA NACIONAL
Nicolás Maduro venceu as eleições presidenciais na Venezuela
realizadas neste domingo, dia 20 de maio. O anúncio foi feito hoje pelo CNE
(Conselho Nacional Eleitoral). O atual presidente e representante do Chavismo
(PSUV) alcançou 67,7% dos votos (5.823.728 do total) derrotando os candidatos
da oposição, Henri Falcón que somou 21,1% (1.820.552 votos) e Javier Bertucci,
10,75% (925.042). O comparecimento foi de 48%, um índice que legitima o
processo eleitoral apesar do boicote de grande parte dos partidos da direita e
da extrema-direita agrupados no MUD e apoiados pelo imperialismo ianque. Na
Venezuela o voto não é obrigatório, portanto a cifra de 48% é uma marca de
consistente comparecimento popular livre visto que, em outras nações com
sistemas facultativos a participação média gira em torno disso, é o caso da
última eleição presidencial dos EUA, que teve 46,6% de eleitores. Na França, o índice é abaixo de 50%. Apesar disso, a Casa Branca e seus capachos semicoloniais
que integram o “Grupo de Lima”, formado por 14 países das Américas, incluindo o
Brasil do golpista Temer, não reconhecem o resultado, em mais uma tentativa de
isolar o governo nacionalista-burguês. O comunicado do grupo informa ainda que
vão submeter uma resolução sobre a Venezuela à assembleia da Organização dos
Estados Americanos (OEA), o ministério das colônias dos EUA. Combatendo a
política reacionária do imperialismo e longe de ser um braço da direita como
são os revisionistas do Trotskismo (LIT, UIT e o PTS argentino) é preciso
pontuar que há um claro desgaste da via eleitoral para manter o chamado
“Socialismo do Século XXI” que vem limitando o ascenso de massas e a luta
direta pela ampliação das pequenas conquistas sociais, porque teme justamente
que os trabalhadores avancem para além de seu programa nacionalista burguês,
colocando na ordem do dia a expropriação das transnacionais, a nacionalização
da terra e a destruição revolucionária do Estado burguês, o que significaria um
choque aberto com as FFAA, pilar de sustentação do regime capitalista, ainda
que vendida tragicamente pelos quatro ventos como “fiel à revolução
bolivariana”. Apesar do pesado cerco do imperialismo, Maduro venceu as eleições
justamente porque reafirmou na campanha e nos atos de seu governo a via de
colaboração de classes com um setor da burguesia nacional, a chamada
“Boliburguesia”. Esse ala da classe
dominante apesar da crise política e econômica sustenta o Chavismo porque se
beneficia diretamente de seu governo. O esgotamento dos investimentos sociais
do regime “bolivariano” possui, além das razões óbvias decorrentes queda na
receita das exportações do petróleo, fatores internos graves. Além da sabotagem
de setores empresariais que fomentam o desabastecimento e consequentemente a
espiral inflacionária, temos os “Boliburgueses” que contribuem para a falência
do Estado. Os capitalistas “amigos da revolução” são na verdade parasitas das
verbas públicas que em nome de transações comerciais autorizadas pelo regime,
se locupletam de milhões de dólares hoje escassos na economia venezuelana. Um
destes mecanismos dos “Boliburgueses” achacarem o regime Chavista consiste no
privilégio de obterem dólares do tesouro a uma cotação muito “especial”
(lembrando que o valor do câmbio é controlado pelo governo) em nome de
importarem produtos estrangeiros para o mercado nacional. Muitas destas
importações subsidiadas pelo caixa central do governo não servem para nada, são
produtos sucateados ou vencidos, úteis somente para o lixo, ou melhor dizendo,
para engordar os bolsos corruptos da “Boliburguesia”. Com esta parceria
comercial inútil, o regime acaba jogando a população no mercado negro de
consumo, aí controlado de fato por burgueses “esquálidos” da oposição fascista
que busca desestabilizar o governo Maduro. Frente essa realidade é preciso preparar
o terreno entre os trabalhadores para construir uma alternativa própria de
poder contra as duas alas da classe dominante: a Boliburguesia chavista e a
oligarquia golpista. No curso dessa luta, reafirmamos que é preciso derrotar
com os métodos de luta da classe operária a direita golpista sem capitular ao
“chavismo” e seu projeto nacionalista burguês!
Os Marxistas Revolucionários não nutrem ilusões na capacidade
revolucionária do Chavismo ultrapassar suas limitações históricas de um
movimento radicalizado da burguesia nacionalista, combatemos na mesma
trincheira antiimperialista porém somos conscientes de sua incapacidade
programática de romper seus vínculos materiais com o capitalismo. Devemos acompanhar
a própria experiência das massas e da vanguarda classista com o Chavismo, sem a
cooptação das benesses estatais do regime e apontando sempre o caminho do
enfrentamento revolucionário com a burguesia nativa e subordinada aos
interesses do “grande Amo do Norte”. O fundamental é que o proletariado
venezuelano possa construir sua própria independência de classe, erguendo no
curso da luta política sua genuína bandeira da Revolução Proletária.