quinta-feira, 5 de junho de 2014


Greve dos Metroviários: PSTU lamenta que o “companheiro Alckmin” não aceitou proposta dos trabalhadores de liberar as catracas. Fora os patrões, governo e sua justiça do movimento operário!

Parece inacreditável, mas foi publicado hoje (05/06) no próprio site do PSTU: “Funcionários do Metrô propuseram liberar a catraca como alternativa à paralisação, mas governo Alckmin não aceitou”. Como o “companheiro Tucano” não “topou” liberar as catracas do Metrô para que a população da cidade de São Paulo pudesse compartilhar ativamente a greve dos trabalhadores, o PSTU não encaminhou para que a própria categoria deliberasse o método mais avançado de sua ação direta. A burguesia e seu estado tenta a todo custo jogar politicamente a população contra as mobilizações dos trabalhadores do setor estatal alegando “prejuízo” para a população, particularmente a mais carente dos serviços públicos. Métodos de greves mais radicalizados que gerem prejuízo direto ao estado burguês, causando menos “transtornos” para a população, devem ser incorporados à tradição de luta dos explorados. A greve dos Metroviários de São Paulo colocou esta possibilidade na ordem do dia, convocando os demais trabalhadores do setor de transportes a se engajarem na experiência da “catraca livre”, galvanizando desta forma o justo ódio da população contra o corrupto governo Alckmin. Porém, os sindicalistas da CONLUTAS/PSTU parecem não conhecer as lições básicas da independência de classe, submetendo os metroviários aos ditames do Tucanato e sua justiça patronal. No momento onde a greve precisaria de maior apoio popular para enfrentar a truculência do TRT, existe uma forte pressão política para que os metroviários abdiquem plenamente do seu direito de greve.

Na audiência de “conciliação” ocorrida no TRT nesta quinta, a desembargadora Rilma Heméterio chantageou o sindicato dos Metroviários, ameaçando a entidade com pesadas multas caso não fossem garantidas as exigências absurdas do governo Alckmin, como o funcionamento de 100% do metrô nos horários de pico. A diretoria do sindicato não aceitou as imposições da justiça patronal e manteve a greve, apesar de ter rebaixado a reivindicação de reposição salarial para o patamar de 12,5%. Mas novamente na assembleia geral da categoria a proposta da “catraca livre” ficou subordinada à aceitação do governo, o que obviamente não ocorreu. Equivocadamente a diretoria do sindicato, vinculada à CONLUTAS/PSTU, chegou a propor que os metroviários em greve descontassem um dia de salário como contrapartida para a liberação das passagens na sexta-feira.

Por sua vez, a mídia “murdochiana” tenta se aproveitar do movimento grevista para associá-lo ao “caos da Copa”, tentando negar a grande defasagem salarial da categoria e o próprio sucateamento nos serviços do metrô. Nos últimos anos, as panes no Metrô têm crescido de forma assustadora, prejudicando milhões de trabalhadores. Em março passado, um documento técnico da própria empresa confirmou que, em 2013, foram registrados 113 “incidentes notáveis”, diante de 55 ocorridos em 2009, um aumento de 105%. Se em 2009 a média era de uma pane com grande transtorno aos passageiros a cada seis dias, em 2013 esse intervalo baixou para três dias por semana.

Para enfrentar o reacionário governo Alckmin e a corrupta direção da empresa, mergulhada em escândalos de superfaturamento, que começa a ameaçar a categoria com a demissões de ativistas em greve, é necessário ampliar o apoio político “interno e externo”, aprofundando os métodos de luta da paralisação. Para essa tarefa é fundamental desconsiderar completamente as estúpidas “opiniões” do governador da “Opus Dei” acerca do movimento, e tampouco submeter a soberania das decisões da categoria às imposições das instituições do estado burguês. Construir um núcleo classista nos metroviários, para superar as traições da burocracia sindical de “esquerda” e de “direita”, se coloca como uma prioridade absoluta para a vitória das lutas da categoria no próximo período de profunda polarização social.