Por que as
"Jornadas de Junho" não se repetiram no ano da "Copa das
empreiteiras" no Brasil?
Esta questão
deve estar permeando a "cabeça" de toda a esquerda, desde os setores
revisionistas de "oposição" ao governo Dilma, muito ansiosos por uma
"catástrofe" eleitoral do PT, até as forças "chapa branca"
temerosas de um avanço social antigovernista. A verdade é que há um ano do
início do "estopim" de junho de 2013, quando o MPL levou milhares de
jovens as ruas de São Paulo, o país em plena Copa do Mundo atravessa uma certa
letargia, nem a empolgação popular por uma Copa onde o único legado será um imenso
lucro para as empreiteiras (além é claro dos ganhos "imorais" da
mafiosa FIFA) e tampouco a repetição das gigantescas mobilizações populares que
cruzaram o Brasil de norte a sul exigindo o fim da precarização dos serviços
essenciais do Estado burguês. É fato que inúmeras atividades de corajosos
protestos contra a Copa se realizaram nas principais cidades do país, sofrendo
uma brutal repressão policial patrocinada pelos governos estaduais e órgãos
federais, porém a verdade deve ser afirmada sem pretender "tapar o sol com
peneira", as mobilizações populares de hoje estão muito aquém da
expectativa gerada, principalmente após o recente ascenso grevista que
"contaminou" novas categorias sem grande "tradição" de
lutas. O movimento "Não vai ter Copa" vinha ganhando "musculatura"
social e tudo parecia apontar para que na semana da abertura da grande "festa"
da FIFA multitudinários segmentos populares tomassem as ruas do país para
denunciar a "farra" das empreiteiras e de grandes corporações
capitalistas. Mas não foi a suposta "paixão nacional" pelo futebol
que bloqueou o ímpeto popular contra Copa e sim a plataforma "mesquinha e
eleitoreira" da "oposição de esquerda" (PSOL e PSTU), que
inclusive provocou a derrota da greve dos metroviários, a responsável pela
desconfiança da vanguarda juvenil e popular em embarcar de cabeça no movimento
"Não vai ter Copa", um "biombo" político para potenciar as
candidaturas do PSOL e PSTU nas próximas eleições de outubro.
Como diz o
provérbio popular "os ratos são os primeiros que saltam quando o barco
está afundando", e foi exatamente o que fez Randolfe Rodrigues renunciando
a sua candidatura ao Planalto pelo PSOL. O motivo dado pelo senador para
"pular do naufrágio" foi a falta de "apelo popular" para a
bandeira "Não vai ter Copa". A lógica oportunista do PSOL para o
movimento de massas se concentra unicamente nos "dividendos
eleitorais" que poderá capitalizar com a conjuntura. Como os
"ventos" começaram a "soprar" em outra direção, logo
Randolfe e seus "colegas" da oposição Demo-Tucana retraíram dos
ataques a Copa e passaram a torcer pela "vitória do Brasil". Agora a
nova candidata do PSOL, Luciana Genro, fala demagogicamente em "traduzir o
sentimento das ruas", também evitando qualquer crítica mais dura a realização
da "farra" Copa, e principalmente omitindo o chamado para a
mobilização popular neste período.
O PSTU por
sua vez continua apoiando a convocação política para as mobilizações em curso,
que apesar de reduzidas estão ocorrendo de forma bastante combativa. Porém
foram os responsáveis diretos pelo principal fator político do refluxo do
movimento, estamos falando da orientação abertamente reformista que imprimiram
na greve dos metroviários em São Paulo. Quando a situação da greve impunha um
chamado para a população participar ativamente do movimento "catraca
livre", o que transformaria a paralisação em uma grande aliança de massas,
os Morenistas seguiram o infeliz caminho do "pedido" para o
governador Alckmin "liberar a catraca", o que obviamente jamais
aconteceria. O resultado desta política ultra-rebaixada foi a contundente
derrota política, seguida de uma onda de repressão que atingiu em cheio os
metroviários e toda uma vanguarda de lutadores. Não "contente" com a
derrota dos metroviários, o PSTU ainda se deu o "luxo" de dividir
sectariamente o primeiro ato de protesto no dia da abertura da Copa no
Itaquerão, justificando inclusive como legítima a repressão policial sofrida
pelos "Black Blocs".
O movimento
de massas reagiu de forma imediata a política das direções oportunistas, e sem
um claro objetivo de luta não endossou a manobra da "Frente de Esquerda",
que pretendia realizar uma "parceria" eleitoral com a oposição
conservadora burguesa. Não podemos desconsiderar a latente revolta da popular
com os "generosos" investimentos estatais direcionados para a
realização dos megaeventos, enquanto os serviços públicos estão completamente
sucateados e subordinados ao "ajuste" fiscal para o pagamento dos
serviços da dívida. A tarefa dos comunistas revolucionários é justamente
esclarecer para a população a "ponte" entre a "farra" das
empreiteiras e o processo de acumulação capitalista concentrado nas oligarquias
financeiras. Somente com uma outra política, rechaçando o cretinismo parlamentar
e as "alianças" informais com o PSDB, será possível galvanizar as
amplas massas novamente para as ruas, colocando as bandeiras socialistas como
"carro chefe" do combate popular contra a corrupção estrutural (não
meramente um fenômeno das "gerências" do PT ou do PSDB) do estado
burguês.