quinta-feira, 12 de junho de 2014


No Itaquerão vaias da reacionária “classe média” para Dilma. Nas ruas violenta repressão estatal para “silenciar” as legítimas manifestações populares contra a “farra da Copa”

Antes mesmo da bola rolar no campo do Itaquerão, manifestações ocorridas no final desta manhã nas cidades do Rio e BH foram violentamente reprimidas pela PM, na capital paulista um ato de protesto contra a “farra da Copa”, convocado nas cercanias do sindicato dos metroviários (Radial Leste) teve uma “recepção” com métodos de guerra civil por parte da tropa de choque do fascistizante governo Alckmin. Logo depois o próprio sindicato dos trabalhadores do Metrô foi cercado pela polícia, fazendo lembrar os tenebrosos tempos da ditadura militar. A derrota política da greve dos metroviários provocou um certo sabor de vitória para todos os apologistas da Copa, que logo bradaram que iria sim “ter Copa e com Metrô!” Mas sem dúvida alguma o centro das atenções do país estava voltado para o jogo de abertura da Copa, em todos seus aspectos logísticos e futebolísticos. Dilma chega no Itaquerão ao lado de Blatter, mesmo sem fazer discurso é vaiada entusiasticamente pela maioria da “torcida”, composta majoritariamente dos extratos mais reacionários da chamada “classe média”, reflexo da própria composição social que estará presente nas “Arenas” da FIFA. Em seguida veio o que parecia ser o “desastre” tanto esperado pelo PIG paulista (Folha e Estadão): a seleção brasileira leva no início da partida um gol contra e parte dos refletores do novíssimo estádio sofre uma pane. Porém, com a ajuda do talento individual de Neymar e do juiz japonês, o escrete canarinho vira o jogo e a iluminação volta rapidamente ao normal. O resultado final da abertura da Copa pode ser sintetizado da seguinte forma: uma trégua para Dilma e relativo refluxo das mobilizações. Mas ainda vai rolar muita bola neste campeonato mundial que envolve, política, luta de classes e o futebol mercantilizado da FIFA.


Para driblar a rejeição da classe média paulistana ao seu governo, considerado de “ultraesquerda” e “muleta para os pobres” pela reação, Dilma quebrou um protocolo de 30 anos ao não discursar como chefe de Estado na abertura da Copa do Mundo. Há um ano, no calor das históricas “Jornadas de Junho”, Dilma foi fortemente vaiada em Brasília na abertura da Copa das Confederações. As vaias permaneceram, mas ao que tudo indica as “jornadas” não se repetirão com a mesma intensidade do ano passado, em função da ausência de um protagonismo político mais determinante do proletariado nestas mobilizações. É certo que hoje as passeatas e marchas contra os governos se concentram muito mais no marco das reposições salariais do que na “rebelião da juventude” pequeno burguesa.

Neste cenário nacional a atuação dos “Black Blocs” nas mobilizações ficou cada vez mais isolada socialmente, sem que isto signifique a legitimação da repressão policial sobre este setor. A crítica marxista a chamada “tática BB” também não deve representar a apologia política do pacifismo, como tanto insiste o PSTU e PSOL. Os Morenistas no seu afã em defender a estabilidade institucional do regime “democracia dos ricos” chegaram a acusar os BBs de ousar “enfrentar” a PM do Tucanato durante o covarde cerco do sindicato dos metroviários ocorrido nesta quinta-feira.

A posição da vanguarda classista deve ser intransigente na defesa incondicional de todos os ativistas populares que integram o movimento “Não vai ter Copa”, diante da repressão estatal. Mas isto não implica em se abster da delimitação política vigorosa de todas as tendências policlassistas e oportunistas (Frente de Esquerda), que via de regra pretendem “formar um bloco” com a direita contra o PT e o governo Dilma.