domingo, 29 de junho de 2014


Os Ferreira Gomes indicam Camilo Santana para disputar o governo do CE. Próximo passo da oligarquia é embarcar o “clã” no PT!

A decisão de uma das oligarquias mais reacionárias do país, os Ferreira Gomes, de indicar um nome do PT para disputar (com o apoio estatal) o governo do Ceará surpreendeu a muitos analistas políticos e também aos militantes ainda crédulos na Frente Popular. O “clã” dos Ferreira recém ingresso no PROS, estavam em um impasse acerca da escolha de um nome “competitivo” para assegurar o controle do governo por mais quatro anos. Ciro Gomes, “chefe” da oligarquia, saiu do PSB no ano passado por se recusar a prestar apoio a empreitada presidencial do “colega socialista “ Eduardo Campos, costurou um acordo com a presidente Dilma e “alugou” um partido para abrigar temporariamente seu “clã”. Acontece que o cacique nacional do PMDB, senador Eunício Oliveira, não se mostrou disposto a retirar sua postulação ao governo do estado, forçando Lula a declarar publicamente apoio ao peemedebista da “turma” do Sarney. O cenário político da sucessão ao governo cearense apontava até então que teríamos a “excepcionalidade” de ter Lula e Dilma em dois palanques eleitorais distintos. Também no âmbito regional do PT havia uma divisão, o grupo interno da ex-prefeita Luizianne Lins (DS) fechava com Eunício enquanto a maioria “comprada” da direção executiva caminhava na trilha do governador Cid. Porém o crescimento da candidatura de Eunício, lastreado no apoio de Lula e na milionária “máquina” nacional do PMDB, colocava na berlinda a possibilidade de um novo triunfo do “clã” Gomes no Ceará. Ao mesmo tempo o fictício partido “alugado” pelos Ferreira, o PROS, ameaça retirar o apoio nacional a reeleição de Dilma, assediado pelo caixa do Tucanato mineiro. Para a truculenta oligarquia Ferreira, que já transitou em quase uma dezena de partidos nos últimos vinte anos: PDS, PMDB, PSDB, PPS, PDT, PSB e PROS... não restava outra alternativa melhor do que “nomear” um estafeta no interior do PT, para concorrer ao governo e desta forma unificar Lula e Dilma em seu apoio. O nome do neopetista Camilo Santana é de inteira confiança do “clã” Gomes, filho de um “funcionário” histórico do Tassismo, o deputado estadual ungido para assumir o Palácio da Abolição representa exatamente a “metamorfose” política sofrida pela esquerda reformista, neste caso vindo do antigo PLP (Partido da Libertação Proletária) até se alocar na ala mais degenerada do PT. Mas quem pensa que a manobra eleitoral dos Ferreira Gomes ficará restrita ao deputado Camilo Santana está muito enganado, Ciro pensa “longe” e já prepara o embarque do “clã” inteiro no PT, de olho em seu projeto nacional e na encruzilhada em que está metido no PROS. Será sem sombra de dúvida uma peculiar situação para um partido que ainda se diz representar os trabalhadores, acolher em seu seio uma das oligarquias mais corruptas e reacionárias do Brasil. Para os Ferreira, que até pouco tempo atrás qualificavam “elegantemente” o PT como um “partido de vagabundos” não existe contradição política alguma, afinal foi o PT que mudou de lado... e de classe!

Na verdade os Ferreira já tinham tentado “emplacar” a candidatura de Camilo pelo PT em 2012, na disputa pela prefeitura de Fortaleza, na ocasião a prefeita Luizianne rejeitou a manobra por razões óbvias, legitimamente não confiava na “fidelidade” política de um neopetista tão próximo ao governador Cid Gomes. Porém agora o “clã” Ferreira tratou de previamente comprar a maioria da direção regional do PT, o que também incluiu alguns militantes antes ligados a DS, para assegurar que sua “operação de infiltração” desta vez fosse bem sucedida. Neste período Ciro, ainda no PSB, iniciou seu “bombardeio” as pretensões de Eduardo Campos disputar o Planalto, produzindo imediatamente uma aproximação com a presidente Dilma. Em troca da sabotagem a Eduardo, o “clã” dos Gomes ganhou de “presente” do governo Dilma o importante ministério da Integração Nacional, anteriormente ocupado pelo PSB. Por ironia da história hoje a fonte dos problemas dos Ferreira com o PROS é justamente o controle do cobiçado ministério da Integração, reivindicado pela quadrilha que comando nacionalmente o novo partido de aluguel.

O “trabalho sujo” encomendado a Ciro contra o então governador de Pernambuco parece que produziu “bons resultados” eleitorais para a candidata do PT. A aventura do “socialista” Eduardo Campos ao Planalto derrete como um “sorvete de creme ao sol”, não conseguiu sequer unificar seu próprio partido, cortado ao meio entre as inclinações eleitorais de seus “caciques” regionais ora com o PSDB ou com o PT. A ecoimperialista Marina Silva, companheira na chapa de Eduardo, não conseguiu transferir seu prestígio político para o PSB, ameaçando até pular fora do “barco” caso o partido a obrigasse a subir nos palanques do PSDB de Minas e São Paulo onde os “ socialistas” estão coligados.

Como a polarização nacional caminha mesmo para a velha dicotomia eleitoral , PSDB versus PT, as duas “alas” do mesmo projeto neoliberal capitalista, o “clã” dos Gomes decidiram apostar todas as suas fichas na vitória de Dilma, reforçando a posição do grupo oligárquico no botim estatal e também de olho em uma possível composição na chapa de Lula em 2018. As pretensões pessoais de Ciro passam por tentar ganhar a perdida visibilidade nacional, com seu tradicional estilo da verborragia vazia. Portanto seu obstinado “sonho” político de ser presidente da República está hoje necessariamente “amarrado” a um acordo com o PT, já que o PROS não apresenta o menor futuro eleitoral.

Com a luta de classes ingressando novamente em um período de relativa paralisia, após o recente assenso abortado pelas direções burocráticas, o cenário eleitoral tende a hegemonizar as atenções políticas do movimento de massas. Como as “Jornadas de Junho” não se repetiram este ano, apesar da grande expectativa gerada, e também não ocorreu a “catástrofe da Copa”, para o alívio da Frente Popular, as eleições gerais burguesas seguem seu rumo “tradicional”, onde meia dúzia de grandes corporações capitalistas decidem o nome dos “ganhadores”. Desgraçadamente a esquerda revisionista avaliza este “circo eleitoral”, legitimando com suas candidaturas institucionais (muito bem disciplinadas à ordem das classes dominantes) este regime da democracia dos ricos.