UE celebra acordo com governo fantoche de Kiev: Imperialismo avança na Ucrânia diante da vergonhosa rendição de Putin!
O
imperialismo avançou no controle político, militar e econômico do território da
Ucrânia e de outras ex-republicas soviéticas. A UE, com o aval dos EUA, assinou
nesta sexta-feira, 27/06, “acordos de associação” com a Ucrânia, a Moldávia e a
Geórgia que submetem estes países aos ditames da Troika (Banco Central Europeu,
Comissão Europeia e FMI) através da imposição de planos de ajustes (privatizações
e redução de aposentadorias e salários) em troca de empréstimos e auxílio
militar da OTAN. Durão Barroso e Herman Von Rompuy comemoraram o pacto
neocolonial com Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia escolhido nas eleições
fraudulentas de maio. Em comunicado conjunto se ressalta “o progresso
significativo feito nos anos recentes e a firme determinação política para
aproximarem-se da União Europeia” em um claro desafio a influência russa no
Leste ucraniano. O acordo só foi possível porque Putin, após a unificação da
Criméia com a Federação Russa (onde se encontra a base militar de Simferopol),
não prestou ajuda política e militar as chamadas “repúblicas populares” de
Donetsk e Lugansk. Estas ficaram isoladas em sua luta contra os golpistas de
Kiev. Valendo-se deste recuo vergonhoso, o imperialismo ianque e europeu tratou
de “eleger” Petro Poroshenko para negociar com o Kremlin as condições de um
frágil cessar-fogo que se mantém até agora, baseado no esmagamento militar dos
separatistas e federalistas do Leste. Apesar da capitulação de Putin, os
trabalhadores da região resistem como podem as investidas de Kiev e não deram
ainda a palavra final no enfrentamento com os bandos fascistas já que os
referendos decidiram pela separação da Ucrânia e a unificação com a Rússia.
Este “impasse” somente será resolvido através da ação revolucionária dos
explorados da região, que estão se enfrentando militarmente neste momento com o
exército da Ucrânia apesar da sabotagem aberta de Moscou.
O acordo de “associação”
UE-Ucrânia é o mesmo que o antecessor de Poroshenko, Viktor Yanukovitch, se
recusou a assinar em novembro, o que provocou uma onda de protestos
pró-imperialistas e, depois, o golpe fascista contra Yanukovitch. Poroshenko
assinou ainda o segundo capítulo do acordo de associação, concretamente sobre o
comércio, que pretende suprimir a maioria das barreiras alfandegárias entre a
Ucrânia e os países da UE. A Geórgia e a Moldávia também assinaram acordos
semelhantes, o que aponta para a perspectiva de ampla submissão econômica ao
imperialismo europeu e aos EUA. Segundo o Secretário de Estado ianque, John
Kerry, a Rússia deve demonstrar nas próximas horas que tem a vontade de
cooperar com o desarmamento das milícias separatistas do leste da Ucrânia: “É
crucial que a Rússia demonstre nas próximas horas, literalmente, que está
atuando para ajudar a desarmar os separatistas, que estimula o desarmamento,
que convoca a entrega das armas e o início da participação em um processo legítimo”
(G1, 26/06). Na verdade Putin já havia deixado a própria sorte os trabalhadores
das “repúblicas populares” porque temia que o ascenso popular no Leste da
Ucrânia pudesse estimular o sentimento anti-imperialista em toda a região e
colocasse na ordem do dia inclusive um enfrentamento militar com a OTAN. O
Kremlin, depois que os próprios BRIC’s (sob o comando da China) sequer apoiaram
a unificação da Crimeia com a Rússia na ONU, recuou em seu plano inicial de
formar um eixo nacionalista-burguês de oposição ao avanço dos EUA, da França e
da Alemanha sobre a Eurásia. Como se observa, ainda que os demais membros do
BRIC possam ser beneficiados economicamente com as sanções dos EUA a Moscou, já
que Putin tende a estreitar seus laços comerciais e militares com estes países
“amigos”, frente a retaliação ianque à soberana decisão do povo da Crimeia,
seus “parceiros” emergentes preferem não se chocar diretamente com a Casa
Branca, esperando o desfecho final da crise. A China, que teria poder militar
para através de uma aliança estratégica com a Rússia se contrapor minimamente
aos EUA, covardemente comandou a posição de abstenção dos outros membros do
BRIC, sinalizando seu objetivo de se preservar frente ao conflito em curso para
se alçar futuramente como “alternativa” ao poderio ianque diante de uma
possível fragilização russa.
O
vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Grigori Karasin, advertiu para
os desdobramentos futuros do acordo: “A assinatura por parte de Ucrânia e
Moldávia do acordo terá graves consequências”, declarou à agência Interfax. Por
sua vez, o chefe do comitê parlamentar para Assuntos Internacionais, Alexei
Pushkov, assinalou que a Ucrânia perderá até US$ 40 bilhões em um ano após
abrir suas fronteiras aos mercados da União Europeia: “A Ucrânia não poderá vender
seus produtos ao mercado russo nas mesmas condições que antes, já que cada zona
de livre-comércio tem suas exigências, e devido a isto Rússia terá que revisar
as condições nas quais comercializamos com a Ucrânia”. Porém, a questão vai
muito além das “consequências econômicas”. Ao avançar sobre a Ucrânia e as
ex-republicas soviéticas, a Casa Branca e o imperialismo europeu visam cercar a
própria Rússia e depois a China. Justamente quando era possível deter este
processo, Putin se acovardou temendo que os negócios da burguesia
restauracionista russa pudessem ser prejudicados! Não por acaso, neste
contexto, a OTAN anunciou que vai enviar mais fundos às Forças Armadas da
Ucrânia para “ajudar na logística e na defesa cibernética” e para um comando
local, segundo o secretário-geral da aliança militar, Anders Fogh Rasmussen.
Além do anúncio de maior financiamento militar, Rasmussen também falou sobre o
apoio ao novo presidente da Ucrânia em seu plano para atacar militarmente o
leste do país. Cinicamente, ao mesmo tempo em que acusam o governo russo de
interferir e movimentar-se militarmente pela Ucrânia (o que na verdade não
ocorreu já que o Kremlin apenas reforçou sua presença militar na fronteira), os
EUA e a UE avançam, aumentando não só a sua presença militar pela região, como
financiando as forças fascistas e neonazistas favoráveis à sua agenda
neocolonialista. Além do anúncio, Rasmussen também falou sobre o apoio ao
presidente da Ucrânia em seu “plano de paz”, que estabelece um cessar-fogo em
troca da deposição das armas das forças de autodefesa no leste ucraniano,
vítimas de uma pesada operação militar inaugurada pelo governo interino de
extrema-direita instaurado após o golpe, com apoio do imperialismo:
“Concordamos que a Aliança vai fornecer este apoio mais sistemática e
rapidamente. Trabalharemos em formas para criar um conjunto de especialistas
militares e civis que estejam prontos para deslocarem-se quando for necessário
e para fortalecer a coordenação com outros atores internacionais” (G1, 26/06).
Vergonhosamente,
Putin pediu ao próprio parlamento russo a suspensão da resolução que lhe
garantia o direito ao uso da força para proteger cidadãos russos na região
fronteiriça. A medida havia sido aprovada em março e um dia após a União
Europeia ameaçar a Rússia com sanções econômicas abrangentes, o presidente
russo pediu que o Parlamento suspenda a permissão. Segundo o porta-voz do
Kremlin, Dimitri Peskov, “O pedido de Putin é uma forma de demonstrar apoio às
negociações de paz na Ucrânia”. A decisão foi elogiada pelo presidente
ucraniano, Petro Poroshenko, que a descreveu como “um primeiro passo
fundamental”. Na verdade, os enfrentamento no Leste continuam, entretanto, os
explorados da região sabem que dependem somente de suas próprias forças. Na
região oriental de Slaviansk, um helicóptero militar ucraniano foi abatido por
rebeldes pró-russos, matando todos os nove tripulantes. Ele transportava
técnicos espiões encarregados de instalar equipamentos para monitorar violações
do cessar-fogo. Este é o segundo conflito do gênero, em menos de um mês: em 29
de maio, foi derrubado um outro helicóptero do governo, causando a morte de 14
militares, inclusive um general. Próximo à cidade de Slaviansk, capital
regional, milícias rebeldes, usando lança-granadas e morteiros, atacaram um
posto militar. A resistência no leste do País adquiriu tendências extremamente
progressistas, com a expropriação e nacionalização de empresas e minas e o
armamento da população em milícias de autodefesa.
O atual
“ponto de equilíbrio” no cenário mundial deve ser rompido na próxima gestão
republicana na Casa Branca, quando os falcões ianques partirão com tudo contra
a Síria, Irã e mais estrategicamente contra a Rússia e a China. Os recentes
acontecimentos na Ucrânia, com o recuo de Putin no apoio aos referendos das
“repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk (que ocorreram contra a vontade
oficial de Moscou decidindo massivamente pela independência) e depois negativa
em prestar apoio militar aos separatistas demonstra as limitações dos governos
burgueses nacionalistas, reafirmando mais uma vez que somente os trabalhadores
podem apontar uma saída revolucionária para o “impasse” a que se chegou na
Ucrânia. Lembremos que a Rússia se absteve no CS na ONU quando foi aprovada a
intervenção militar na Líbia via a chamada “zona de exclusão aérea”. Neste
momento Putin paga o preço de sua conduta vergonhosa na medida em que lavou as
mãos diante do assassinato de Kadaffi pela OTAN e seus “rebeldes”. Temendo
ocorrer o mesmo na Síria, Moscou conseguiu um acordo provisório e frágil na ONU
que barrou a ação militar imperialista contra o governo Assad. Tenta fazer o
mesmo na Ucrânia através de um pacto pelo desarmamento entre as forças em
conflito, mas a sanha nazifascista patrocinada pelos aliados do imperialismo
ianque em Kiev desgraçadamente apontam para o esmagamento das “repúblicas
populares”. Frente a esta dura realidade, os Marxistas Revolucionários
continuam a apoiar as reivindicações das “repúblicas populares” no Leste do
país, inclusive seu direito democrático de se separarem da Ucrânia e unir-se à
federação russa. Nesta senda progressista, combatemos a reação fascista e apresentamos
uma plataforma programática em defesa da expropriação do conjunto da burguesia
restauracionista rumo à implantação de “repúblicas soviéticas”. Alertamos que
os próximos desdobramentos do conflito vão definir as perspectivas da luta de
classes em nível mundial, cabendo aos trotskistas estarem na linha de frente do
combate ao monstro imperialista, forjando uma alternativa comunista para o
futuro da humanidade!