Randolfe
desiste do Planalto para tentar ser o candidato de Sarney ao governo do Amapá.
PSTU já "saliva" para poder coligar com o PSOL no Rio e ser vice de
Luciana a candidata da Gerdau
O anúncio da
desistência do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) a corrida pelo Planalto,
midiatizado na última sexta-feira a noite precipitou uma ruptura no interior do
bloco majoritário do PSOL, que já trabalhava para apresentar uma nova
alternativa do partido somente na convenção nacional que se realizará em
Brasília no final do mês de junho. Randolfe esperava o fechamento de uma
articulação política em seu estado, o Amapá, para encabeçar uma chapa de
oposição ao governo do PSB que contaria com o apoio do ex- presidente Sarney.
Acordos entre a oligarquia Sarney e Randolfe não são propriamente uma novidade
no estado, tendo levado inclusive o ex- deputado estadual do PSOL a ganhar uma
cadeira no Senado Federal. O PMDB do Amapá tem grande interesse em enfraquecer
a candidatura de Eduardo Campos, apoiada pelo governador Capiberibe, ao mesmo
tempo em que busca um nome "arejado" para derrotar o PSB na disputa
estadual. Randolfe comunicou a tendência de Ivan Valente (US), hegemônica no
PSOL, o andamento das negociações, quando foi surpreendido com o vazamento de
sua possível renúncia a corrida pelo Planalto. Diante do fato posto na mídia
Randolfe resolveu assumir a desistência através de uma "Carta ao Povo Brasileiro",
onde afirma que não poderia ser o candidato de um "movimento irreal",
vejamos até que ponto chega o carreirismo do senador: "Bandeiras como
'não vai ter Copa', por exemplo, que agridem a inteligência nacional e
representam a mais desfocada visão da alma brasileira, não poderiam sequer ser
pronunciadas por mim."(Carta de Randolfe). Por outro lado o PSOL divulgou
um comunicado onde lamenta a decisão de Randolfe e adianta sua intenção de se
lançar ao governo do Amapá: "Sua opção representa um prejuízo na
construção de uma alternativa de esquerda nestas eleições...Sua desistência
estaria vinculada à necessidade de construir uma alternativa política contra o
retorno das forças conservadoras no estado do Amapá, unidade da federação pela
qual elegeu-se senador" (Luiz Araújo, presidente nacional do PSOL). Como as
negociações para indicar o substituto de Randolfe estão em pleno curso no
interior do PSOL, nenhuma de suas correntes até o momento se manifestou,
seguindo a tradição de oportunismo do partido, mesmo diante das vergonhosas
declarações públicas do senador. Randolfe afirma que agora apoiará o nome de
Luciana, sua vice na antiga chapa, embora aponte o deputado carioca Marcelo
Freixo como o melhor nome para o partido. Freixo é claro não tem o menor
interesse em disputar a presidência, de olho em um posto parlamentar no
Congresso Nacional. Porém pelas "queixas" de Randolfe, expostas em
sua carta onde reclama da ausência de candidaturas "competitivas" aos
governos estaduais, o senador caminha para um apoio velado a Dilma no sentido
de "unificar" a oposição ao PSB no Amapá. O mais cretino nesta
jogada de Randolfe é que a US deve apoiar nacionalmente sua "empreitada"
no Amapá, enquanto o PSTU tenta a todo custo ingressar na aliança com o PSOL
indicando o vice para a nova chapa de Luciana, a candidata do grupo econômico
Gerdau.
É bem verdade
que o PSTU já realizou uma convenção nacional, neste último final de
semana (14/15), que indicou o nome de Zé Maria a presidência da república, mas
tudo pode ser alterado legalmente até o final do mês de junho. O foco do
interesse político dos Morenistas continua a ser a coligação no estado do Rio,
onde buscam conquistar um mandato parlamentar. Quanto ao programa para uma
possível aliança nacional, o PSTU não teria restrição alguma já que acabou de
fechar um acordo para o governo de São Paulo com o PSOL em torno de uma
plataforma eleitoral burguesa "progressista".
No "campeonato eleitoral" dos revisionistas o que importa afinal são os "resultados", ou seja os parlamentares eleitos, o programa passa a ser uma mera formalidade. Por isso subordinam todas as lutas sindicais que dirigem para o campo dos "dividendos" eleitorais, além de utilizarem os melhores ativistas sociais e as categorias em luta como "comitês de campanha" de suas "candidaturas prioritárias". O escandaloso exemplo de São Paulo confirma plenamente nossa caracterização.
Para os
Marxistas Revolucionários que utilizam as eleições burguesas como tribuna
revolucionária para "dialogar" com as massas, a crise política do PSOL e o ultraoportunismo
do PSTU são o reflexo direto do abandono completo do Leninismo por parte destas
organizações que se reclamam "socialistas". A nova candidata da
Frente de Esquerda, Luciana Genro, tem o apoio "oficioso" do grupo
Gerdau, que já contribuiu financeiramente para suas campanhas eleitorais no Rio
Grande do Sul. Nesta vertente seja qual for a combinação política e nominal da
chapa da Frente de Esquerda, fica cristalino para a vanguarda classista que se
trata de uma expressão programática da colaboração de classes, nada tendo de
comprometimento social com a independência política e ação direta do
proletariado.