quarta-feira, 25 de junho de 2014


Chapa da Frente de Esquerda “puro sangue” (MES/PSTU) conta com apoio do Grupo Gerdau no Rio Grande do Sul!

Acaba de ser celebrada a Frente de Esquerda (FE) no Rio Grande do Sul. Como a própria Luciana Genro comemorou em seu blog trata-se de uma aliança “puro sangue” conformada entre sua corrente política, o MES e o PSTU, através de uma chapa encabeçada por Roberto Robaina (PSOL) como candidato ao governo e Júlio Flores (PSTU) ao Senado! Robaina, dirigente máximo do MES, é o mesmo que defendeu publicamente o financiamento da campanha eleitoral de Luciana Genro pelo grupo Gerdau quando esta concorreu à prefeitura em 2008. Agora o mesmo vai se repetir em 2014 sendo que com o aval do PSTU. Os morenistas integram a coligação sabendo não só da “folha corrida” do MES em sua relação corrupta com os empresários gaúchos, mas a própria campanha da atual FE terá o apoio financeiro da holding Gerdau, o maior grupo capitalista do Rio Grande do Sul. Como se observa, as escandalosas alianças eleitorais do PSTU com o PSOL nos estados (RS, SP, MG e DF) revelam que não há qualquer “diferença programática” entre estas organizações revisionistas que impeçam as coligações mais inusitadas. Se a FE não ocorreu no âmbito da chapa nacional para Presidência da República foi porque o PSOL não aceitou abrir a coligação de deputado federal no Rio de Janeiro para o PSTU indicar Cyro Garcia na aliança. Diante deste fato consumado, o PSTU foi forçado a “responder” mantendo a candidatura de Zé Maria a presidente... pelo menos até agora!  O mais escandaloso neste “acordo entre amigos” é o fato do PSTU ter passado toda a pré-campanha eleitoral afirmando que seu grande “diferencial” em relação ao PSOL seria sua rejeição ao financiamento de empresas capitalistas para a “esquerda”.

Mas voltemos as terras gaúchas. A chapa “puro sangue” no RS tem como candidato ao Senado Júlio Flores, do PSTU. Vejamos o que ele afirmava em 2008 no artigo que assinava intitulado “Candidatura de Luciana Genro recebe dinheiro da Gerdau” (sítio PSTU, 26/08/2008): “O MES defende o financiamento da Gerdau. A executiva municipal é dirigida pela corrente Movimento Esquerda Socialista (MES), tendência a qual pertence Luciana. Os militantes do MES argumentam que se trata de um financiamento legal, como se isso resolvesse o problema. O apoio dos banqueiros ao PT e ao PSDB também é legal e sempre foi denunciado. O MES também diz que se pode conseguir dinheiro da burguesia desde que se mantenha a independência política. Essa corrente repete, dessa forma, a trajetória da direção do PT, que dava exatamente a mesma resposta a seus críticos. É inevitável a relação entre dependência financeira e dependência política. A burguesia não joga dinheiro fora. Pouco a pouco, para manter as contribuições, o programa vai sendo moderado e são evitadas decisões que se choquem com os financiadores. Isso está fartamente demonstrado pela história do PT. O MES já tinha demonstrado ter deixado de lado a independência de classe para fazer uma campanha em aliança com setores da burguesia. Por isso, decidiu fazer em Porto Alegre a aliança com o PV, um partido da base de apoio do governo Lula, que na maior parte do país está coligado com a direita tradicional ou com o PT”. Seis anos se passaram... e agora é o PSTU que se coliga com o MES e juntos vão receber a grana do grupo Gerdau! A defesa da suposta “independência política diante da burguesia” foi jogada na lata do lixo porque se os morenistas realmente rejeitassem por princípio programático o “apoio financeiro” de empresas capitalistas, jamais aceitariam a aliança eleitoral com o MES, que mantém a mesma posição de 2008. Tanto que agora, quando questionada em entrevista a Folha de SP (24/06) “Se uma empresa fizer uma doação?” Luciana respondeu “Se uma empresa quiser fazer uma doação nós vamos avaliar na nossa coordenação de campanha. Desde que não se enquadre nas proibições do nosso estatuto, que são empreiteiras, bancos e multinacionais”. Ou seja, o MES adotará o mesmo critério que fez a executiva municipal do PSOL-RS autorizar em 2008 a “doação” da Gerdau! Empresas “nacionais” cujo dono é Jorge Gerdau Johannpeter, controlador da fábrica de armas Taurus, da montadora de ônibus Marcopolo e do grupo de siderurgia que leva o seu nome...pode! Assim como a Vale, CSN, Embraer... sendo que agora o PSTU, integrante da FE gaúcha, também fará parte desta “boquinha” burguesa!!!

Além de estabelecer a coligação com o MES no RS, o PSTU celebrou a FE com o grupo de Ivan Valente (US) em São Paulo, o mesmo que bancou a candidatura de Randolfe a presidente. A aliança do PSTU com a ala mais à direita do PSOL foi tão escandalosa que a ultra-oportunista CST, que apoiou a pré-candidatura de Luciana Genro à presidência desde quando ela disputava a vaga com Randolfe, chega a criticar a coligação em São Paulo! Em Carta Aberta à direção do PSTU, a CST declara: “Não compreendemos, como vocês aceitaram compor com Maringoni em SP, o candidato que declarou que ‘Dilma não é a principal adversária’ e que o ‘dever de todo democrata é defender Dirceu’, numa política muito similar a de Randolfe. Lembramos que vocês colocaram que não dava para fazer aliança nacional com o PSOL pelo programa, por está razão nos chama a atenção que estando colocado o mesmo problema com a candidatura Maringoni, vocês tenham aceitado, política que consideramos equivocada, principalmente quando as correntes de esquerda do PSOL se opunham a esse candidato e defendiam outra proposta” (sítio CST, 17/06). Ocorre que o PSTU tem um acordo de bastidores com Ivan Valente para garantir os votos necessários para o parlamentar do PSOL conquistar o coeficiente eleitoral de sua reeleição a deputado federal. O PSTU avalia que seu candidato “prioritário” a deputado federal em SP (Toninho Ferreira) tem condições eleitorais para, pelo menos, ficar na primeira suplência do próprio Ivan e deve assumir o mandato por algum período com uma licença pré-acordada do parlamentar do PSOL a fim de catapultar o nome de Toninho para a eleição a vereador em SJC em 2016. A aliança via coligação proporcional a deputado federal entre PSOL e PSTU beneficiaria ambos os partidos, já que Ivan precisa dos votos de Toninho para atingir o alto coeficiente eleitoral em São Paulo e o PSTU seria “premiado” com meses de mandato e verbas às vésperas da eleição municipal. Sabendo dessa negociação eleitoreira e das demais em curso em outros estados a CST, na maior cara de pau, ainda chantageia o PSTU: “Caso o PSTU e o PCB não aceitem a aliança nacional, ficará evidente, fundamentalmente por parte do PSTU, que sua política de alianças é equivocada pois só querem se aliar onde acham que podem se eleger, nesse caso não devemos aceitar nenhuma aliança estadual” (Sitio CST, 17/06). Como fica evidente, as alianças formalizadas e as que fracassaram ocorreram em função unicamente do cálculo eleitoral do PSOL e PSTU, já que se realmente fosse por “divergências programáticas” o PSTU não poderia se coligar com o MES no RS que recebe financiamento do grupo Gerdau e com Ivan Valente e seu grupo (US) em SP que indicou Randolfe a presidente e aprovou um programa abertamente pró-capitalista no último Congresso do PSOL!

No “campeonato eleitoral” dos revisionistas o que importa afinal são os “resultados”, ou seja, os parlamentares eleitos, o programa passa a ser uma mera formalidade. Por isso subordinam todas as lutas sindicais que dirigem para o campo dos “dividendos” eleitorais, além de utilizarem os melhores ativistas sociais e as categorias em luta como “comitês de campanha” de suas “candidaturas prioritárias”. Os vexatórios exemplos do Rio Grande do Sul e de São Paulo confirmam plenamente nossa caracterização. Os Marxistas Revolucionários entendem a importância do estabelecimento de frentes e alianças no interior do campo da esquerda, focadas na organização do proletariado para impulsionar seu combate de classe. Esta política nada tem a ver com formação de frentes eleitoreiras com partidos da ordem capitalista como propõe o PSTU. Se coligar eleitoralmente em nome da “luta socialista” com uma quadrilha política chefiada por Luciana Genro e Ivan Valente representa uma enorme fraude política, um verdadeiro embuste distracionista para mascarar sua completa adaptação ao regime da democracia dos ricos. Por esta razão, a LBI concentra nossos modestos esforços militantes na convocação de uma frente de esquerda de outro tipo, comunista e revolucionária, com o objetivo centrado na denúncia radical da farsa eleitoral destas eleições e no lançamento de uma anticandidatura operária que represente o contraponto da fraude institucional montada pelo Estado capitalista, com o aval do conjunto da esquerda reformista ávida para ingressar no parlamento burguês.