Chapa da
Frente de Esquerda “puro sangue” (MES/PSTU) conta com apoio do Grupo Gerdau no
Rio Grande do Sul!
Acaba de ser
celebrada a Frente de Esquerda (FE) no Rio Grande do Sul. Como a própria
Luciana Genro comemorou em seu blog trata-se de uma aliança “puro sangue”
conformada entre sua corrente política, o MES e o PSTU, através de uma chapa
encabeçada por Roberto Robaina (PSOL) como candidato ao governo e Júlio Flores
(PSTU) ao Senado! Robaina, dirigente máximo do MES, é o mesmo que defendeu
publicamente o financiamento da campanha eleitoral de Luciana Genro pelo grupo
Gerdau quando esta concorreu à prefeitura em 2008. Agora o mesmo vai se repetir
em 2014 sendo que com o aval do PSTU. Os morenistas integram a coligação
sabendo não só da “folha corrida” do MES em sua relação corrupta com os
empresários gaúchos, mas a própria campanha da atual FE terá o apoio financeiro
da holding Gerdau, o maior grupo capitalista do Rio Grande do Sul. Como se
observa, as escandalosas alianças eleitorais do PSTU com o PSOL nos estados
(RS, SP, MG e DF) revelam que não há qualquer “diferença programática” entre
estas organizações revisionistas que impeçam as coligações mais inusitadas. Se
a FE não ocorreu no âmbito da chapa nacional para Presidência da República foi
porque o PSOL não aceitou abrir a coligação de deputado federal no Rio de
Janeiro para o PSTU indicar Cyro Garcia na aliança. Diante deste fato
consumado, o PSTU foi forçado a “responder” mantendo a candidatura de Zé Maria
a presidente... pelo menos até agora! O
mais escandaloso neste “acordo entre amigos” é o fato do PSTU ter passado toda
a pré-campanha eleitoral afirmando que seu grande “diferencial” em relação ao
PSOL seria sua rejeição ao financiamento de empresas capitalistas para a “esquerda”.
Mas voltemos
as terras gaúchas. A chapa “puro sangue” no RS tem como candidato ao Senado
Júlio Flores, do PSTU. Vejamos o que ele afirmava em 2008 no artigo que
assinava intitulado “Candidatura de Luciana Genro recebe dinheiro da Gerdau”
(sítio PSTU, 26/08/2008): “O MES defende o financiamento da Gerdau. A executiva
municipal é dirigida pela corrente Movimento Esquerda Socialista (MES),
tendência a qual pertence Luciana. Os militantes do MES argumentam que se trata
de um financiamento legal, como se isso resolvesse o problema. O apoio dos
banqueiros ao PT e ao PSDB também é legal e sempre foi denunciado. O MES também
diz que se pode conseguir dinheiro da burguesia desde que se mantenha a independência
política. Essa corrente repete, dessa forma, a trajetória da direção do PT, que
dava exatamente a mesma resposta a seus críticos. É inevitável a relação entre
dependência financeira e dependência política. A burguesia não joga dinheiro
fora. Pouco a pouco, para manter as contribuições, o programa vai sendo
moderado e são evitadas decisões que se choquem com os financiadores. Isso está
fartamente demonstrado pela história do PT. O MES já tinha demonstrado ter
deixado de lado a independência de classe para fazer uma campanha em aliança
com setores da burguesia. Por isso, decidiu fazer em Porto Alegre a aliança com
o PV, um partido da base de apoio do governo Lula, que na maior parte do país
está coligado com a direita tradicional ou com o PT”. Seis anos se passaram...
e agora é o PSTU que se coliga com o MES e juntos vão receber a grana do grupo
Gerdau! A defesa da suposta “independência política diante da burguesia” foi
jogada na lata do lixo porque se os morenistas realmente rejeitassem por
princípio programático o “apoio financeiro” de empresas capitalistas, jamais
aceitariam a aliança eleitoral com o MES, que mantém a mesma posição de 2008.
Tanto que agora, quando questionada em entrevista a Folha de SP (24/06) “Se uma
empresa fizer uma doação?” Luciana respondeu “Se uma empresa quiser fazer uma
doação nós vamos avaliar na nossa coordenação de campanha. Desde que não se
enquadre nas proibições do nosso estatuto, que são empreiteiras, bancos e
multinacionais”. Ou seja, o MES adotará o mesmo critério que fez a executiva
municipal do PSOL-RS autorizar em 2008 a “doação” da Gerdau! Empresas
“nacionais” cujo dono é Jorge Gerdau Johannpeter, controlador da fábrica de
armas Taurus, da montadora de ônibus Marcopolo e do grupo de siderurgia que
leva o seu nome...pode! Assim como a Vale, CSN, Embraer... sendo que agora o
PSTU, integrante da FE gaúcha, também fará parte desta “boquinha” burguesa!!!
Além de
estabelecer a coligação com o MES no RS, o PSTU celebrou a FE com o grupo de
Ivan Valente (US) em São Paulo, o mesmo que bancou a candidatura de Randolfe a
presidente. A aliança do PSTU com a ala mais à direita do PSOL foi tão
escandalosa que a ultra-oportunista CST, que apoiou a pré-candidatura de
Luciana Genro à presidência desde quando ela disputava a vaga com Randolfe, chega
a criticar a coligação em São Paulo! Em Carta Aberta à direção do PSTU, a CST
declara: “Não compreendemos, como vocês aceitaram compor com Maringoni em SP, o
candidato que declarou que ‘Dilma não é a principal adversária’ e que o ‘dever
de todo democrata é defender Dirceu’, numa política muito similar a de
Randolfe. Lembramos que vocês colocaram que não dava para fazer aliança
nacional com o PSOL pelo programa, por está razão nos chama a atenção que
estando colocado o mesmo problema com a candidatura Maringoni, vocês tenham
aceitado, política que consideramos equivocada, principalmente quando as
correntes de esquerda do PSOL se opunham a esse candidato e defendiam outra
proposta” (sítio CST, 17/06). Ocorre que o PSTU tem um acordo de bastidores com
Ivan Valente para garantir os votos necessários para o parlamentar do PSOL
conquistar o coeficiente eleitoral de sua reeleição a deputado federal. O PSTU
avalia que seu candidato “prioritário” a deputado federal em SP (Toninho
Ferreira) tem condições eleitorais para, pelo menos, ficar na primeira
suplência do próprio Ivan e deve assumir o mandato por algum período com uma
licença pré-acordada do parlamentar do PSOL a fim de catapultar o nome de
Toninho para a eleição a vereador em SJC em 2016. A aliança via coligação
proporcional a deputado federal entre PSOL e PSTU beneficiaria ambos os
partidos, já que Ivan precisa dos votos de Toninho para atingir o alto
coeficiente eleitoral em São Paulo e o PSTU seria “premiado” com meses de
mandato e verbas às vésperas da eleição municipal. Sabendo dessa negociação
eleitoreira e das demais em curso em outros estados a CST, na maior cara de
pau, ainda chantageia o PSTU: “Caso o PSTU e o PCB não aceitem a aliança
nacional, ficará evidente, fundamentalmente por parte do PSTU, que sua política
de alianças é equivocada pois só querem se aliar onde acham que podem se
eleger, nesse caso não devemos aceitar nenhuma aliança estadual” (Sitio CST,
17/06). Como fica evidente, as alianças formalizadas e as que fracassaram ocorreram
em função unicamente do cálculo eleitoral do PSOL e PSTU, já que se realmente
fosse por “divergências programáticas” o PSTU não poderia se coligar com o MES
no RS que recebe financiamento do grupo Gerdau e com Ivan Valente e seu grupo
(US) em SP que indicou Randolfe a presidente e aprovou um programa abertamente
pró-capitalista no último Congresso do PSOL!
No
“campeonato eleitoral” dos revisionistas o que importa afinal são os
“resultados”, ou seja, os parlamentares eleitos, o programa passa a ser uma
mera formalidade. Por isso subordinam todas as lutas sindicais que dirigem para
o campo dos “dividendos” eleitorais, além de utilizarem os melhores ativistas
sociais e as categorias em luta como “comitês de campanha” de suas
“candidaturas prioritárias”. Os vexatórios exemplos do Rio Grande do Sul e de
São Paulo confirmam plenamente nossa caracterização. Os Marxistas
Revolucionários entendem a importância do estabelecimento de frentes e alianças
no interior do campo da esquerda, focadas na organização do proletariado para
impulsionar seu combate de classe. Esta política nada tem a ver com formação de
frentes eleitoreiras com partidos da ordem capitalista como propõe o PSTU. Se
coligar eleitoralmente em nome da “luta socialista” com uma quadrilha política
chefiada por Luciana Genro e Ivan Valente representa uma enorme fraude
política, um verdadeiro embuste distracionista para mascarar sua completa
adaptação ao regime da democracia dos ricos. Por esta razão, a LBI concentra
nossos modestos esforços militantes na convocação de uma frente de esquerda de
outro tipo, comunista e revolucionária, com o objetivo centrado na denúncia
radical da farsa eleitoral destas eleições e no lançamento de uma
anticandidatura operária que represente o contraponto da fraude institucional
montada pelo Estado capitalista, com o aval do conjunto da esquerda reformista
ávida para ingressar no parlamento burguês.