Suspensão da greve dos
Metroviários: PSTU “amarelou” diante da repressão de Alckmin. PT, PCdoB e PCO,
apologistas da Copa, agradecem!
A direção do Sindicato
dos Metroviários de São Paulo, controlada pelo PSTU/Conlutas, suspendeu a greve
da categoria na noite desta segunda-feira, 09 de junho. Na assembleia venceu a
proposta de retornar ao trabalho apresentada pelo PCdoB, que conquistou a
maioria dos votos diante da política vacilante do PSTU de não defender com
firmeza a continuidade do movimento, fazendo de sua proposta apenas uma
formalidade, já que reivindicava exclusivamente a readmissão dos demitidos e,
na prática, aceitava os 8,7% imposto pela empresa. Apesar do governo Alckmin
manter as demissões e não ter aumentado o índice de reajuste salarial, o PSTU “amarelou”
diante da repressão imposta pelo tucano, o que facilitou em muito a política dos
agentes da frente popular no interior da categoria. Longe de decretar a liberação
da catraca pelos próprios trabalhadores para ampliar o apoio da população à
greve e intensificar os piquetes em unidade com outras categorias, o Sindicato foi
recuando até que a paulatina desmoralização levou ao fim da greve. Cinicamente,
na tentativa de camuflar sua política vergonhosa, os morenistas fizeram aprovar
a “manutenção do estado de greve, com nova assembleia no próximo dia 11,
quarta-feira, e indicativo da retomada da paralisação a partir de 12 de junho,
dia da abertura da Copa do Mundo”. A tendência majoritária é que a greve não seja retomada em curto prazo, já que as demissões se impuseram sem a resistência
necessária, com este desfecho se constituindo como uma profunda derrota para o
conjunto dos trabalhadores. Tão logo foi anunciada a decisão de por fim ao
movimento, o governo Dilma respirou aliviado temendo que a greve se prolongasse
até a abertura da Copa da FIFA e estragasse a abertura do meganegócio
capitalista ancorado no futebol mercantil. PT e PCdoB agradeceram a covardia do
PSTU, no que foram acompanhados pelo PCO. Causa Operária vem atacando os
protestos contra o mundial alegando literalmente que a “campanha ‘Não vai ter
Copa’ só beneficia a direita”!
Desde o início da greve,
Causa Operária vinha insinuando que a paralisação dos Metroviários favoreceria
a direita e ao próprio Alckmin, já que colocava em risco a abertura da Copa do
Mundo e desgastava o governo Dilma. Não por acaso, no artigo “Tempo
indeterminado? Metroviários decretam greve em São Paulo” (04/06) declara: “A
cobertura da imprensa tem particular interesse por causa da Copa do Mundo, que
estreia no próximo dia 12, e o metrô é o principal meio de transporte para o
acesso ao estádio da abertura, o Itaquerão. Por isso mesmo a Copa foi um tema
repetido pelas falas, principalmente do presidente do sindicato em entrevistas
e durante a assembleia”. Como a greve poderia ameaçar o início da Copa, o PCO
logo viu que no fundo o movimento acabaria por “beneficiar a direta”. Justamente
por isso, Causa Operária deu apenas apoio formal à greve e nos cinco dias de paralisação
não jogou sua estrutura partidária e sua militância nos piquetes e nos atos de
solidariedades. Afinal de contas, enquanto está sendo organizado por várias correntes políticas e sindicatos um grande ato de massas para este dia 12 de junho na abertura da Copa
no “Itaquerão” com o objetivo de denunciar a farra bilionária promovida pelo
governo Dilma em conjunto com a FIFA, o PCO (pasmem!) está convocando um “churrasco
para torcer pela vitória do Brasil, na estreia da Copa” e completa
pateticamente seu convite “Vamos juntos comemorar os gols e as belas jogadas
que esperamos ver do time brasileiro” (site PCO, 08/06). Diferente do que
defende o PCO, não estamos presenciando nenhum “golpe da direita” contra o
governo Dilma e muito menos a greve dos Metroviários jogou água no moinho do
PSDB, mesmo que “atrapalhasse” a Copa. A unidade entre a “gerentona” petista e
o governo tucano para derrotar a greve dos Metroviários demonstrou que o
fantasma do perigo da reação burguesa é utilizado pelos sindicatos “chapa
branca” para sabotar as lutas e impedir que os trabalhadores se choquem com o
conjunto do regime e seus os partidos da ordem burguesa. PT e PCdoB recorrem a este
surrado discurso para manter a estabilidade do regime burguês, já o PCO é refém
das sandices do Sr. Rui Pimenta!
Com o encerramento da
greve, o PCO logo saiu a denunciar o PSTU: “Dos seguidos rebaixamentos da pauta
à campanha de desmoralização da greve como arma dos trabalhadores - por meio da
defesa da ‘catraca liberada por Alckmin’ sindicalistas ajudaram o governo
tucano a quebrar a combativa greve da categoria” (09/06). Não resta dúvida que
esta foi a política vergonhosa dos morenistas, denunciada ativamente pela LBI,
inclusive nas assembleias e diretamente para o presidente do sindicato, Altino
dos Prazeres. Mas onde estava o PCO durante toda a greve? Preparando seu “churrasco”
para a estreia do Mundial da FIFA? O mais escandaloso é que enquanto denuncia o
PSTU por “quebrar a combativa greve da categoria”, Causa Operária mantém o
Sindicato dos Trabalhadores em Frios/SP sem realizar uma única greve há vários
anos. Não se trata que trair greves ou apresentar pautas rebaixadas nas paralisações,
mas de não fazer absolutamente nada, ano após ano!!! O Sindicato dos Frios/SP é
literalmente um cartório sindical, aberto apenas para fazer homologações e
recolher as taxas assistenciais, não dirige qualquer luta! Sua conduta é pior
que a da mafiosa Força Sindical dirigida por Paulino que trai as greves, mas
pelo menos as convoca!!! Portanto, a “crítica” ao PSTU vindo da boca do PCO não
passa de uma fraude política completa e tragicômica! Não chamaram sequer um dia
de paralisação nas fábricas em solidariedade aos Metroviários porque o sindicato
é um completo fantasma, não tendo qualquer capacidade de mobilização da
categoria. Longe de encabeçar as lutas da categoria e de ser referência de
classismo como nos anos 80, o sindicato virou uma entidade fantasma, voltada a
fechar acordos entre quatro paredes com a patronal com índices salariais ultra
rebaixados. Todo o setor vivo da vanguarda foi sendo “rifado” sistematicamente
da diretoria ao ponto desta ser hoje composta apenas por “funcionários” do PCO
travestidos de diretores sindicais que se revezam a frente da direção da
entidade, em “eleições” feitas ao melhor estilo das máfias pelegas. A relação
do PCO com o sindicato dos frios não se “limita” a um aparelhamento burocrático
sobre a entidade, avançou para o estágio de um aniquilamento burocrático do
próprio sindicato, tornando-o um posto cartorial pelego para arrecadar fundos
com a patronal ao estilo do pior sindicalismo amarelo.
O fim da greve dos
Metroviários foi uma séria derrota para os trabalhadores. Era possível vencer,
fazendo da Catraca Livre e da paralisação durante o mundial de futebol um
grande fato político de denúncia do conjunto do regime político da democracia
dos ricos. Desgraçadamente, o encerramento do movimento às vésperas da Copa e no
lastro da demissão de 42 companheiros é um revés para o conjunto dos explorados.
Neste teste ácido da luta de classes, os morenistas do PSTU mais uma vez se
acovardaram diante de desafiar de forma consequente a justiça burguesa e o
governo tucano, enquanto os apologistas da Copa, desde o PT/PCdoB até o PCO saíram
aliviados e vão aproveitar o circo montado pela FIFA para aprofundar a alienação
do povo e encobrir a farra dos negócios bilionários feitos em nome do futebol! Desde
a LBI, compreendemos que a grande lição a tirar é a necessidade de se construir
um núcleo classista nos metroviários, para superar as traições da burocracia
sindical de “esquerda” e de “direita”, que significa um passo concreto para
vitória das lutas da categoria no próximo período de profunda polarização
social.