terça-feira, 10 de junho de 2014


Suspensão da greve dos Metroviários: PSTU “amarelou” diante da repressão de Alckmin. PT, PCdoB e PCO, apologistas da Copa, agradecem!

A direção do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, controlada pelo PSTU/Conlutas, suspendeu a greve da categoria na noite desta segunda-feira, 09 de junho. Na assembleia venceu a proposta de retornar ao trabalho apresentada pelo PCdoB, que conquistou a maioria dos votos diante da política vacilante do PSTU de não defender com firmeza a continuidade do movimento, fazendo de sua proposta apenas uma formalidade, já que reivindicava exclusivamente a readmissão dos demitidos e, na prática, aceitava os 8,7% imposto pela empresa. Apesar do governo Alckmin manter as demissões e não ter aumentado o índice de reajuste salarial, o PSTU “amarelou” diante da repressão imposta pelo tucano, o que facilitou em muito a política dos agentes da frente popular no interior da categoria. Longe de decretar a liberação da catraca pelos próprios trabalhadores para ampliar o apoio da população à greve e intensificar os piquetes em unidade com outras categorias, o Sindicato foi recuando até que a paulatina desmoralização levou ao fim da greve. Cinicamente, na tentativa de camuflar sua política vergonhosa, os morenistas fizeram aprovar a “manutenção do estado de greve, com nova assembleia no próximo dia 11, quarta-feira, e indicativo da retomada da paralisação a partir de 12 de junho, dia da abertura da Copa do Mundo”. A tendência majoritária é que a greve não seja retomada em curto prazo, já que as demissões se impuseram sem a resistência necessária, com este desfecho se constituindo como uma profunda derrota para o conjunto dos trabalhadores. Tão logo foi anunciada a decisão de por fim ao movimento, o governo Dilma respirou aliviado temendo que a greve se prolongasse até a abertura da Copa da FIFA e estragasse a abertura do meganegócio capitalista ancorado no futebol mercantil. PT e PCdoB agradeceram a covardia do PSTU, no que foram acompanhados pelo PCO. Causa Operária vem atacando os protestos contra o mundial alegando literalmente que a “campanha ‘Não vai ter Copa’ só beneficia a direita”!

Desde o início da greve, Causa Operária vinha insinuando que a paralisação dos Metroviários favoreceria a direita e ao próprio Alckmin, já que colocava em risco a abertura da Copa do Mundo e desgastava o governo Dilma. Não por acaso, no artigo “Tempo indeterminado? Metroviários decretam greve em São Paulo” (04/06) declara: “A cobertura da imprensa tem particular interesse por causa da Copa do Mundo, que estreia no próximo dia 12, e o metrô é o principal meio de transporte para o acesso ao estádio da abertura, o Itaquerão. Por isso mesmo a Copa foi um tema repetido pelas falas, principalmente do presidente do sindicato em entrevistas e durante a assembleia”. Como a greve poderia ameaçar o início da Copa, o PCO logo viu que no fundo o movimento acabaria por “beneficiar a direta”. Justamente por isso, Causa Operária deu apenas apoio formal à greve e nos cinco dias de paralisação não jogou sua estrutura partidária e sua militância nos piquetes e nos atos de solidariedades. Afinal de contas, enquanto está sendo organizado por várias correntes políticas e sindicatos um grande ato de massas para este dia 12 de junho na abertura da Copa no “Itaquerão” com o objetivo de denunciar a farra bilionária promovida pelo governo Dilma em conjunto com a FIFA, o PCO (pasmem!) está convocando um “churrasco para torcer pela vitória do Brasil, na estreia da Copa” e completa pateticamente seu convite “Vamos juntos comemorar os gols e as belas jogadas que esperamos ver do time brasileiro” (site PCO, 08/06). Diferente do que defende o PCO, não estamos presenciando nenhum “golpe da direita” contra o governo Dilma e muito menos a greve dos Metroviários jogou água no moinho do PSDB, mesmo que “atrapalhasse” a Copa. A unidade entre a “gerentona” petista e o governo tucano para derrotar a greve dos Metroviários demonstrou que o fantasma do perigo da reação burguesa é utilizado pelos sindicatos “chapa branca” para sabotar as lutas e impedir que os trabalhadores se choquem com o conjunto do regime e seus os partidos da ordem burguesa. PT e PCdoB recorrem a este surrado discurso para manter a estabilidade do regime burguês, já o PCO é refém das sandices do Sr. Rui Pimenta!

Com o encerramento da greve, o PCO logo saiu a denunciar o PSTU: “Dos seguidos rebaixamentos da pauta à campanha de desmoralização da greve como arma dos trabalhadores - por meio da defesa da ‘catraca liberada por Alckmin’ sindicalistas ajudaram o governo tucano a quebrar a combativa greve da categoria” (09/06). Não resta dúvida que esta foi a política vergonhosa dos morenistas, denunciada ativamente pela LBI, inclusive nas assembleias e diretamente para o presidente do sindicato, Altino dos Prazeres. Mas onde estava o PCO durante toda a greve? Preparando seu “churrasco” para a estreia do Mundial da FIFA? O mais escandaloso é que enquanto denuncia o PSTU por “quebrar a combativa greve da categoria”, Causa Operária mantém o Sindicato dos Trabalhadores em Frios/SP sem realizar uma única greve há vários anos. Não se trata que trair greves ou apresentar pautas rebaixadas nas paralisações, mas de não fazer absolutamente nada, ano após ano!!! O Sindicato dos Frios/SP é literalmente um cartório sindical, aberto apenas para fazer homologações e recolher as taxas assistenciais, não dirige qualquer luta! Sua conduta é pior que a da mafiosa Força Sindical dirigida por Paulino que trai as greves, mas pelo menos as convoca!!! Portanto, a “crítica” ao PSTU vindo da boca do PCO não passa de uma fraude política completa e tragicômica! Não chamaram sequer um dia de paralisação nas fábricas em solidariedade aos Metroviários porque o sindicato é um completo fantasma, não tendo qualquer capacidade de mobilização da categoria. Longe de encabeçar as lutas da categoria e de ser referência de classismo como nos anos 80, o sindicato virou uma entidade fantasma, voltada a fechar acordos entre quatro paredes com a patronal com índices salariais ultra rebaixados. Todo o setor vivo da vanguarda foi sendo “rifado” sistematicamente da diretoria ao ponto desta ser hoje composta apenas por “funcionários” do PCO travestidos de diretores sindicais que se revezam a frente da direção da entidade, em “eleições” feitas ao melhor estilo das máfias pelegas. A relação do PCO com o sindicato dos frios não se “limita” a um aparelhamento burocrático sobre a entidade, avançou para o estágio de um aniquilamento burocrático do próprio sindicato, tornando-o um posto cartorial pelego para arrecadar fundos com a patronal ao estilo do pior sindicalismo amarelo.

O fim da greve dos Metroviários foi uma séria derrota para os trabalhadores. Era possível vencer, fazendo da Catraca Livre e da paralisação durante o mundial de futebol um grande fato político de denúncia do conjunto do regime político da democracia dos ricos. Desgraçadamente, o encerramento do movimento às vésperas da Copa e no lastro da demissão de 42 companheiros é um revés para o conjunto dos explorados. Neste teste ácido da luta de classes, os morenistas do PSTU mais uma vez se acovardaram diante de desafiar de forma consequente a justiça burguesa e o governo tucano, enquanto os apologistas da Copa, desde o PT/PCdoB até o PCO saíram aliviados e vão aproveitar o circo montado pela FIFA para aprofundar a alienação do povo e encobrir a farra dos negócios bilionários feitos em nome do futebol! Desde a LBI, compreendemos que a grande lição a tirar é a necessidade de se construir um núcleo classista nos metroviários, para superar as traições da burocracia sindical de “esquerda” e de “direita”, que significa um passo concreto para vitória das lutas da categoria no próximo período de profunda polarização social.