Recado de
Aécio aos ratos que coabitam o governo do PT: “Suguem mais e venham para o
nosso lado”
O governo da
Frente Popular vem paulatinamente perdendo sua base social de sustentação na
exata medida que se esgota o modelo neoliberal econômico do “milagre do crédito",
sem dúvida alguma responsável pelo acesso ao mercado consumidor de camadas
significativas da população brasileira. No momento em que o horizonte aponta um
déficit recorrente das contas externas, o alerta amarelo surge para a burguesia
nacional que vinha financiando seus investimentos com o dinheiro dos bancos
estatais, lastreados no enorme “colchão de gordura” das reservas cambiais
acumuladas nos últimos oito anos. Este novo cenário tem repercussão imediata na
“ampla” base parlamentar de sustentação do governo Dilma, construída com a “nata”
das oligarquias regionais e a escória mais corrupta da política burguesa
brasileira. O fato é que o PT somente tem conseguido a “duras penas” fechar
suas alianças eleitorais com a cúpula nacional dos partidos fisiológicos,
enquanto a “base” parlamentar destes compõe na maioria dos estados com o
Tucanato e, em menor escala, com o PSB de Eduardo Campos. Este “fenômeno”
político anunciado, que tem no Rio de Janeiro o exemplo mais significativo,
levou o candidato Tucano ao Planalto a ironizar as alianças eleitorais
formalizadas pelo PT até o momento: “Suguem mais e venham para o nosso lado”,
referindo-se as coligações estabelecidas com o PMDB, PP, PSD, PR e até o PDT,
onde todo este arco de “aliados” do governo da Frente Popular em sua grande
maioria está comprometido com Aécio nos estados da federação. A presidente
Dilma chegou ao cúmulo da humilhação ao aceitar a chantagem do PR para demitir
o Ministro dos Transportes, César Borges, em troca da coligação. Com o PMDB o
caso é mais grave, depois de aprovar por pequena margem o apoio nacional ao PT,
os diretórios regionais mais expressivos do partido (SP, RJ, BA, PE, CE, MT, RS
etc..) não aceitaram fazer a campanha de Dilma, colocando como uma “ficção política
milionária” (paga pelo botim estatal) a suposta coligação celebrada por Temer,
Sarney e Renan. Os ratos da “base aliada” sugam o máximo possível e já
abandonaram o barco antes mesmo do navio afundar, isto significa que a
reeleição de Dilma se dará por uma pequena margem, ainda por conta do controle
político exercido pelo PT sobre os movimentos sociais. O segundo mandato da “gerentona”
estará submetido a chantagem permanente das oligarquias, em um ambiente
econômico recessivo e socialmente conturbado, marcado pelo fim do “milagre do
consumo”.
O programa de
governo do PT reage a iminência do esgotamento de seu “modelo” econômico
concedendo ainda mais “vantagens” tributárias e “benefícios” fiscais para as
grandes corporações capitalistas e rentistas. O mais interessante desta
conjuntura que indica no próximo período uma forte polarização de classe é a
rejeição visceral ao PT, justamente dos setores mais contemplados com sua
política neoliberal. Para este segmento social abastado a melhor “receita” a
ser seguida diante da iminente crise seria a de “cortar” as subvenções estatais
para a população carente e arrochar os salários do proletariado. Como tem a
percepção de que a “bolha” de consumo vai estourar, então é melhor que exploda
para os pobres! Esta identidade de “vetores” entre a classe média abastada e as
oligarquias pressiona a cúpula dos partidos burgueses para o rompimento com o
PT, que insiste em manter sua reduzida “agenda social” e uma política de
valorização mínima dos salários. Em resumo podemos definir o paradoxo desta
etapa política como sendo de profundo descontentamento social dos mais “agraciados”
pelo “milagre petista”, afinal a maioria dos “descontentes” só teve a chance de
adquirir uma Land Rover ou similar graças a explosão do consumo popular que
potencializou a engrenagem dos negócios desta oligarquia. Já o limitado
programa “Bolsa Família” sequer consegue tirar da linha da pobreza a maioria
dos cidadãos que a este recorrem.
Um forte e
reacionário “caldo de cultura” está se gestando contra o PT, considerado um “partido
de vagabundos” pelos seus aliados mais “fiéis” como, por exemplo, as
oligarquias dos Ferreira Gomes (PROS/CE) ou os Alves (PMDB/RN). Porém a Frente
Popular parece ignorar o conteúdo social de seus “aliados” mais próximos e
caminha passivamente para o “colapso” eleitoral em 2018, limite para a
transição de um novo governo ultraconservador no Brasil. O Tucano Geraldo “Opus
Dei” sem sombra de dúvida é a escolha mais apropriada da burguesia para “reverter”
os 16 anos da “benevolência” das gestões Petistas a frente do estado
capitalista. Sem a “gordura” financeira gerada pela exportação de nossas commodities
agro-minerais, anteriormente super valorizadas no mercado mundial, e não
podendo mais contar com o grande afluxo do crédito internacional, a burguesia
nacional não terá outra alternativa a não ser “governar com pulso firme” para
descarregar o ônus da crise sobre as costas da classe operária.
Por mais
contraditório que possa parecer o componente econômico que vem “derretendo” a
gordura cambial acumulada pelo país, sob a “batuta” de Lula, são justamente os
derivados do petróleo: Diesel, Nafta, gasolina, querosene para a aviação etc...
A chamada “conta petróleo” vem desequilibrando a balança comercial brasileira,
forçado a importação de praticamente 80% dos derivados refinados do óleo cru
consumidos no Brasil. A incapacidade industrial do país, em particular na área
petroquímica, faz com que a importância econômica da exploração do Pré Sal seja
“subjugada” por um enorme déficit comercial, produto da necessidade da
importação de derivados de petróleo para abastecer a frota de veículos,
indústrias e usinas termo-elétricas. Somada a este elemento adverso ocorre a
retração da economia chinesa, responsável por absorver a maioria das commodities
brasileiras. Nesta perspectiva podemos afirmar que a égide do ciclo econômico
virtuoso operado pelo PT está com seus “dias contados”, ou pelo menos anos...
A Frente de
Esquerda (PSOL e PSTU) perdeu uma grande oportunidade de crescimento de massas,
diante de uma conjuntura de crescente desgaste do governo Dilma. Conduziram de
forma oportunista e eleitoreira o recente assenso grevista, levando a uma
derrota política o movimento “Não vai ter Copa”, que contava com a simpatia de
grande parte da população oprimida. Pagaram com a própria crise interna seu
voraz apetite eleitoral, sem o menor princípio de classe, atuando como força
auxiliar da oposição Demo-Tucana.
Como nem o PT
e tampouco a Frente de Esquerda são capazes politicamente de se colocar a
altura das tarefas colocadas diante do claro avanço da direita e da “tropa de
choque” da reação. É urgente para o movimento de massas construir sua própria
ferramenta revolucionária, para forjar uma situação de alternativa de poder dos
explorados. Sob a hegemonia dos reformistas e revisionistas o proletariado
caminha para acumular mais derrotas históricas no marco da atual ofensiva
imperial. A senda que deve ser trilhada pelas massas em luta já foi marcada há
muito tempo pelo legado teórico do Marxismo Leninismo.