quinta-feira, 26 de junho de 2014


Recado de Aécio aos ratos que coabitam o governo do PT: “Suguem mais e venham para o nosso lado”

O governo da Frente Popular vem paulatinamente perdendo sua base social de sustentação na exata medida que se esgota o modelo neoliberal econômico do “milagre do crédito", sem dúvida alguma responsável pelo acesso ao mercado consumidor de camadas significativas da população brasileira. No momento em que o horizonte aponta um déficit recorrente das contas externas, o alerta amarelo surge para a burguesia nacional que vinha financiando seus investimentos com o dinheiro dos bancos estatais, lastreados no enorme “colchão de gordura” das reservas cambiais acumuladas nos últimos oito anos. Este novo cenário tem repercussão imediata na “ampla” base parlamentar de sustentação do governo Dilma, construída com a “nata” das oligarquias regionais e a escória mais corrupta da política burguesa brasileira. O fato é que o PT somente tem conseguido a “duras penas” fechar suas alianças eleitorais com a cúpula nacional dos partidos fisiológicos, enquanto a “base” parlamentar destes compõe na maioria dos estados com o Tucanato e, em menor escala, com o PSB de Eduardo Campos. Este “fenômeno” político anunciado, que tem no Rio de Janeiro o exemplo mais significativo, levou o candidato Tucano ao Planalto a ironizar as alianças eleitorais formalizadas pelo PT até o momento: “Suguem mais e venham para o nosso lado”, referindo-se as coligações estabelecidas com o PMDB, PP, PSD, PR e até o PDT, onde todo este arco de “aliados” do governo da Frente Popular em sua grande maioria está comprometido com Aécio nos estados da federação. A presidente Dilma chegou ao cúmulo da humilhação ao aceitar a chantagem do PR para demitir o Ministro dos Transportes, César Borges, em troca da coligação. Com o PMDB o caso é mais grave, depois de aprovar por pequena margem o apoio nacional ao PT, os diretórios regionais mais expressivos do partido (SP, RJ, BA, PE, CE, MT, RS etc..) não aceitaram fazer a campanha de Dilma, colocando como uma “ficção política milionária” (paga pelo botim estatal) a suposta coligação celebrada por Temer, Sarney e Renan. Os ratos da “base aliada” sugam o máximo possível e já abandonaram o barco antes mesmo do navio afundar, isto significa que a reeleição de Dilma se dará por uma pequena margem, ainda por conta do controle político exercido pelo PT sobre os movimentos sociais. O segundo mandato da “gerentona” estará submetido a chantagem permanente das oligarquias, em um ambiente econômico recessivo e socialmente conturbado, marcado pelo fim do “milagre do consumo”.

O programa de governo do PT reage a iminência do esgotamento de seu “modelo” econômico concedendo ainda mais “vantagens” tributárias e “benefícios” fiscais para as grandes corporações capitalistas e rentistas. O mais interessante desta conjuntura que indica no próximo período uma forte polarização de classe é a rejeição visceral ao PT, justamente dos setores mais contemplados com sua política neoliberal. Para este segmento social abastado a melhor “receita” a ser seguida diante da iminente crise seria a de “cortar” as subvenções estatais para a população carente e arrochar os salários do proletariado. Como tem a percepção de que a “bolha” de consumo vai estourar, então é melhor que exploda para os pobres! Esta identidade de “vetores” entre a classe média abastada e as oligarquias pressiona a cúpula dos partidos burgueses para o rompimento com o PT, que insiste em manter sua reduzida “agenda social” e uma política de valorização mínima dos salários. Em resumo podemos definir o paradoxo desta etapa política como sendo de profundo descontentamento social dos mais “agraciados” pelo “milagre petista”, afinal a maioria dos “descontentes” só teve a chance de adquirir uma Land Rover ou similar graças a explosão do consumo popular que potencializou a engrenagem dos negócios desta oligarquia. Já o limitado programa “Bolsa Família” sequer consegue tirar da linha da pobreza a maioria dos cidadãos que a este recorrem.

Um forte e reacionário “caldo de cultura” está se gestando contra o PT, considerado um “partido de vagabundos” pelos seus aliados mais “fiéis” como, por exemplo, as oligarquias dos Ferreira Gomes (PROS/CE) ou os Alves (PMDB/RN). Porém a Frente Popular parece ignorar o conteúdo social de seus “aliados” mais próximos e caminha passivamente para o “colapso” eleitoral em 2018, limite para a transição de um novo governo ultraconservador no Brasil. O Tucano Geraldo “Opus Dei” sem sombra de dúvida é a escolha mais apropriada da burguesia para “reverter” os 16 anos da “benevolência” das gestões Petistas a frente do estado capitalista. Sem a “gordura” financeira gerada pela exportação de nossas commodities agro-minerais, anteriormente super valorizadas no mercado mundial, e não podendo mais contar com o grande afluxo do crédito internacional, a burguesia nacional não terá outra alternativa a não ser “governar com pulso firme” para descarregar o ônus da crise sobre as costas da classe operária.

Por mais contraditório que possa parecer o componente econômico que vem “derretendo” a gordura cambial acumulada pelo país, sob a “batuta” de Lula, são justamente os derivados do petróleo: Diesel, Nafta, gasolina, querosene para a aviação etc... A chamada “conta petróleo” vem desequilibrando a balança comercial brasileira, forçado a importação de praticamente 80% dos derivados refinados do óleo cru consumidos no Brasil. A incapacidade industrial do país, em particular na área petroquímica, faz com que a importância econômica da exploração do Pré Sal seja “subjugada” por um enorme déficit comercial, produto da necessidade da importação de derivados de petróleo para abastecer a frota de veículos, indústrias e usinas termo-elétricas. Somada a este elemento adverso ocorre a retração da economia chinesa, responsável por absorver a maioria das commodities brasileiras. Nesta perspectiva podemos afirmar que a égide do ciclo econômico virtuoso operado pelo PT está com seus “dias contados”, ou pelo menos anos...

A Frente de Esquerda (PSOL e PSTU) perdeu uma grande oportunidade de crescimento de massas, diante de uma conjuntura de crescente desgaste do governo Dilma. Conduziram de forma oportunista e eleitoreira o recente assenso grevista, levando a uma derrota política o movimento “Não vai ter Copa”, que contava com a simpatia de grande parte da população oprimida. Pagaram com a própria crise interna seu voraz apetite eleitoral, sem o menor princípio de classe, atuando como força auxiliar da oposição Demo-Tucana.

Como nem o PT e tampouco a Frente de Esquerda são capazes politicamente de se colocar a altura das tarefas colocadas diante do claro avanço da direita e da “tropa de choque” da reação. É urgente para o movimento de massas construir sua própria ferramenta revolucionária, para forjar uma situação de alternativa de poder dos explorados. Sob a hegemonia dos reformistas e revisionistas o proletariado caminha para acumular mais derrotas históricas no marco da atual ofensiva imperial. A senda que deve ser trilhada pelas massas em luta já foi marcada há muito tempo pelo legado teórico do Marxismo Leninismo.