PSTU coliga com o PSOL em SP: Morenistas afirmam não ter “acordo programático” para apoiar
Randolfe, mas com o chefe Ivan “convergência é total”!
Neste final de semana,
14 e 15 de junho, o PSTU realizará um Seminário Nacional para discutir o
programa que apresentará nas eleições de outubro e lançará oficialmente a
candidatura de José Maria de Almeida à Presidência da República. Segundo a
convocatória do Seminário que irá debater “um programa de luta e socialista
para mudar o Brasil”, esta resolução foi tomada porque “O PSOL inviabilizou a
constituição de uma Frente de Esquerda que apresentasse um projeto e um
programa da classe trabalhadora, de transformação socialista do Brasil”. Ou
seja, por supostas “profundas diferenças programáticas” o PSTU não conformou
com o PSOL a Frente de Esquerda (FE) em nível nacional encabeçada por Randolfe
Rodrigues. Não para nossa surpresa, eis que poucos dias antes da realização do
referido Seminário, a mesma direção do PSTU anunciou em êxtase e extremamente
entusiasmada que o partido acabava de fechar um acordo político com o grupo de
Ivan Valente (ex-APS) em São Paulo e irá conformar a FE no estado: “Em São
Paulo, vai ter Frente de Esquerda entre PSOL e o PSTU” (04/06). Note-se que o
grupo de Ivan, majoritário no PSOL tanto em âmbito nacional como em São Paulo,
é responsável direto pela aprovação no último congresso do PSOL pelo referido
programa que “inviabilizou” nacionalmente a FE e indicou Randolfe Rodrigues
como candidato psolista a presidente!!! Mas não só isso, poucos dias antes do
acordo com o PSTU, Ivan Valente e seu staff carreirista rifaram Vladimir
Safatle como candidato do PSOL a governador de SP e impôs um nome de sua
inteira confiança, Gilberto Maringoni, que tem posições muito próximas do PT.
Esta manobra rasteira, denunciada como um verdadeiro golpe pela “centro-esquerda”
do PSOL (MES, CSOL e Insurgência), não abalou as negociações entre Ivan e o
PSTU que formalizaram a aliança em tom de grande acerto político. O que está
por trás deste acordo ultraoportunista são os apetites eleitorais de ambos os
lados... Ivan Valente é o “padrinho” da aliança que tem o futuro suplente
Toninho (PSTU) como seu principal “puxador” de voto a deputado federal em São
Paulo!
Pelo que informam os
morenistas “PSOL e PSTU selam uma aliança em SP, constituindo aqui uma Frente
de Esquerda. Dois partidos historicamente comprometidos com a luta dos
trabalhadores e com o socialismo. Dois partidos presentes nas lutas sociais.
Comprometidos com a oposição de esquerda e programática, tanto ao PSDB como ao
PT, fazendo um combate sem tréguas ao tucanato, a toda direita reacionária e ao
Governo Federal. Essa Frente de Esquerda apresenta o nome do companheiro
Gilberto Maringoni como pré-candidato a governador pelo PSOL. Diante dos 20
anos de tucanato, a única alternativa é uma total renovação da política,
através de uma campanha comprometida com a mudança e com as lutas da juventude
e dos trabalhadores, com a ampliação dos serviços públicos, com a democracia e
com as reivindicações das ruas”. Como se observa, há uma profunda afinidade
programática entre ambas as legendas, mesmo que o grupo de Ivan tenha na
véspera negociado o apoio de Marina Silva e sua REDE ao candidato a governador
do PSOL e, inclusive, indicado o candidato a presidente do partido, Randolfe
Rodrigues, o mesmo que adota posições abertamente direitistas em sintonia com a
oposição demo-tucana! Não por acaso, ávidos pela aliança, os morenistas
reforçaram que “O PSTU participou das discussões programáticas e da construção
da pré-candidatura de Safatle, mas não interferirá na indicação e respeita a
decisão do PSOL, que será confirmada definitivamente em convenção no dia 14 de
junho”. Em resumo, o PSTU engole qualquer candidato para preservar a aliança
com o PSOL em São Paulo!!!
São esclarecedoras as
declarações do PSTU sobre as negociações para se sacramentar a aliança
eleitoreira. Segundo relata João Zafalão no artigo “O impasse na construção da
Frente de Esquerda e Socialista em SP”, presidente do partido em SP e conhecido
burocrata sindical de esquerda que implementa um condomínio político com a
Articulação na APEOSP há vários anos para sabotar as greves: “Com esse
objetivo, o PSTU propôs ao PSOL e ao PCB a construção de uma Frente de Esquerda
Socialista nas próximas eleições. Nas eleições presidenciais, essa frente não
se conformou pela impossibilidade de um programa comum com a candidatura do
PSOL e pela postura hegemonista da direção do PSOL que resolveu escolher
sozinha as candidaturas de presidente e vice-presidente. Porém, em São Paulo,
assim como em outros estados do país, o PSTU ainda busca unificar em uma mesma
frente eleitoral os partidos que fazem oposição de esquerda aos governos do
PSDB e do PT...Neste sentido, foi um erro a tentativa de setores do PSOL de
negociar uma coligação com o partido de Marina Silva em São Paulo”. Mesmo após
o “erro” do grupo de Ivan o PSTU fechou a aliança!!! Ocorre que Ivan vem
buscando essa aliança com Marina há tempos, inclusive conformou um bloco com
Heloísa Helena e Martiniano Cavalcante em passado recente para tentar
viabilizar a aliança em nível nacional para 2014. Como o Rede não se legalizou,
o plano furou e Marina agora é vice de Eduardo Campos, representando a “nova”
direita. Entretanto, grande parte dos marineiros-psolistas ingressou no PSB em
apoio à sua guru eco-capitalista, todos ex-parceiros de Ivan no interior do
PSOL. Tal conduta do PSTU não é de se estranhar, em Belém se aliaram ao PSOL e
ao PCdoB para eleger seu vereador, mesmo com a candidatura de Edmilson
Rodrigues tendo o apoio de Marina e no segundo turno de Lula/Dilma!
Ainda segundo Zafalão,
“No último final de semana, vimos inclusive uma troca repentina do
pré-candidato do PSOL ao governo paulista, quando seu diretório estadual
retirou a pré-candidatura de Vladimir Safatle e definiu por uma nova
pré-candidatura, de Gilberto Maringoni. Esta é uma discussão interna do PSOL e
o PSTU não está comprometido, política ou financeiramente, com um ou outro
candidato isoladamente e sim com a construção da frente. Embora reivindiquemos
a construção política em torno do nome de Vladimir Safatle, a troca do
candidato ao governo estadual não inviabiliza, por si só, a construção de uma
frente eleitoral no Estado de São Paulo entre nossos partidos. Seguimos
defendendo essa política, mas o problema central é a postura vacilante da
direção majoritária do PSOL em garantir as condições programáticas, de arco de
aliança e de respeito ao peso político de nosso partido na composição da
frente”. Aqui está o segredo do “porquê” da aliança em SP. Os morenistas têm um
acordo de bastidores com Ivan Valente para garantir os votos necessários para o
parlamentar do PSOL garantir o coeficiente eleitoral de sua reeleição a
deputado federal. O PSTU avalia que seu candidato a deputado federal (Toninho
Ferreira) tem condições eleitorais para, pelo menos, ficar na primeira
suplência do próprio Ivan e deve assumir o mandato por algum período com uma
licença pré-acordada do parlamentar do PSOL a fim de catapultar o nome de
Toninho para a eleição a vereador em SJC em 2016. A aliança via coligação
proporcional a deputado federal entre PSOL e PSTU beneficiaria ambos os
partidos, já que Ivan precisa dos votos de Toninho para atingir o alto
coeficiente eleitoral em São Paulo e o PSTU seria “premiado” com meses de
mandato e verbas às vésperas da eleição municipal. Não por acaso, os morenistas
afirmam: “O PSTU lança Toninho Ferreira como pré-candidato prioritário à
deputado federal. Toninho, de 55 anos, trabalhou na GM e Embraer. Foi
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos por dois
mandatos e, em 2012, foi o quinto candidato mais votado para vereador na
cidade. Atualmente, é advogado dos movimentos populares. Esteve ao lado dos
moradores na luta contra a desocupação e é a principal liderança das famílias
do Pinheirinho. Para Deputado Estadual, nosso partido lançará uma chapa com
cerca de 30 lutadores e lutadoras”. Em resumo, não foram as diferenças
programáticas que impediram a FE em nível nacional, pois as bases da FE em SP
foram costuradas com a ala mais direitista do PSOL e que representa as mesmas
posições de Randolfe, inclusive são do mesmo grupo político. Ocorre que o PSOL
não abriu a coligação para deputado federal no Rio de Janeiro que viabilizaria a
eleição de Ciro Garcia como parte da aliança com os puxadores de votos
psolistas. Em “resposta”, o PSTU manteve a candidatura presidencial de José
Maria e agora busca fechar o máximo de coligações nos estados, não importando
que seus aliados sejam os mesmos que defendem o financiamento das campanhas
pelas grandes empresas e a aproximação com o Rede de Marina Silva!
Como se observa, estamos
diante de um fato que revela a completa fraude política que são as
justificativas “programáticas” para não integrar-se nacionalmente a FE com o
PSOL. Como se pode aferir, as supostas “divergências” que o PSTU afirma ter com
o PSOL acerca da “independência” frente aos patrões, não passam de barganha
para justificar seus esforços de entrar a qualquer custo na Frente de esquerda,
nem que seja pela porta das alianças estaduais. Mais uma vez, estamos vendo o
PSTU aplicar a política de cretinismo eleitoral com vista a galgar a todo custo
postos eleitorais. Por isso sacrifica totalmente a independência de classe. As
declarações em defesa de um programa “socialista” como condição para compor a
Frente de Esquerda, são absoluta letra morta na medida em que seus melhores
aliados internos no PSOL são os campeões do reformismo e de uma política
policlassista de integração ao Estado capitalista. Apesar do PSTU se “declamar”
a favor de uma plataforma “anticapitalista”, o que interessa mesmo são os
cargos... nem que seja via suplência de um parlamentar do PSOL!!!