quarta-feira, 27 de março de 2013


Demissões em massa na GM: Quem semeia traições colhe vergonhosas derrotas!

O acordo celebrado entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (filiado a CSP-Conlutas e controlado há mais de 20 anos pelo PSTU) com a GM deu o resultado esperado... para a multinacional norte-americana! A montadora confirmou a demissão de 598 trabalhadores nesta terça-feira, 26 de março. Segundo nota da GM, a empresa informou que seguiu os termos do acordo assinado no último dia 26 de janeiro de 2013 com o sindicato. A demissão em massa envolve os empregados que estavam em “lay-off” (período de afastamento) desde agosto de 2012. Durante mais de um ano de “negociações”, o PSTU e a Conlutas se restringiram a pedir que o governo Dilma pressionasse a GM a não demitir, alimentando ilusões na frente popular, porém nunca convocaram uma única greve em qualquer das oito fábricas existentes no Complexo Industrial da empresa na cidade. Celebraram um acordo vergonhoso com a multinacional com direito a abraços e sorrisos cínicos de Macapá e Mancha, dirigentes do Sindicato e do PSTU, com os executivos da GM no Brasil. O resultado desse engodo foi que após a imposição de um PDV, da flexibilização trabalhista e da redução de salário para futuros novos contratados, a GM demitiu quase 600 trabalhadores com o aval do sindicato. Enfim... quem semeia traições colhe vergonhosas derrotas! Como sempre, o PSTU abriu mão da luta direta e da greve com ocupação de fábrica, único meio para barrar as demissões, para fazer um lobby inútil junto ao governo do PT. Foi assim nas demissões na Embraer, na derrota do Pinheirinho e agora na GM. Tanto que cinicamente, após o anúncio das demissões, o sindicato divulgou comunicado declarando “A postura absurda da GM tem a conivência da presidente Dilma Rousseff, que sempre se mostrou benevolente com as empresas, mas nunca exigiu que assumissem um compromisso para garantir empregos e direitos aos trabalhadores” (OESP, 26/03/2013). O PSTU esperava outra conduta do governo burguês do PT? A direção morenista corrompida pelos privilégios próprios da burocracia sindical, produto de uma política de completa adaptação ao regime burguês e ao imperialismo, apostou suas fichas para... negociar as demissões, cedendo à chantagem da empresa, sendo bastante “benevolente” com a GM.

Muitas correntes políticas que intervêm no interior da CSP-Conlutas como a LER-QI, LSR e o MR, além dos próprios morenistas da Unidos prá Lutar/CST (também mestres em traições sindicais), agora criticam o PSTU e a burocratização do Sindicato dos Metalúrgicos de São José. Estas correntes, porém, são incapazes de caracterizar que a conduta sindical do PSTU em abortar a luta direta e fechar acordos vergonhosos com a patronal é parte de uma linha política socialdemocrata bem mais ampla, que vem marcando a orientação da LIT em nível mundial como, por exemplo, seu ataque a Cuba fazendo o jogo do imperialismo, a aliança com a OTAN na Líbia contra a “ditadura sanguinária” de Kadaffi e agora seu apoio aos “rebeldes” mercenários na Síria. O acordo com a GM não surge como uma gota de água no oceano, ao contrário, é produto direto de um avançado processo de adaptação ao imperialismo e a democracia burguesa que vem se aprofundando desde que a LIT saudou como uma “vitória revolucionária” a liquidação da URSS e a queda do Muro de Berlim. Nesses últimos 20 anos, esta corrente aprofundou seus vínculos políticos e materiais com as forças contrarrevolucionárias e agora aceita a demissão de 600 trabalhadores sem romper com o “sindicalismo ordeiro” que respeita as instituições do regime democratizante. As correntes que agora criticam pontualmente o PSTU desde o restrito “ângulo” sindical defendem em linhas gerais o mesmo programa pró-imperialista da LIT. Por isto são incapazes de denunciar que a visível corrupção sindical do PSTU é produto da sua própria política global, que torna o morenismo um apêndice da reação “democrática” burguesa.

Não por acaso, durante o crash financeiro de 2008, o conjunto desta esquerda catastrofista, tendo a frente o PSTU-LIT seguido por seus papagaios (LER-QI, LSR, MR, CST...), alardeavam que uma das expressões que o capitalismo estava entrando em sua fase de colapso final era a crise das grandes montadoras mundiais, mais particularmente da GM. Não foram poucas vezes que o PSTU e seus sócios anunciaram que a GM mundial iria quebrar. Hoje, passados mais de quatro anos do epicentro do crash, a montadora ianque, tendo o apoio decidido do governo Obama, reestruturou totalmente sua linha de produção, lançou novos modelos pelo planeta e reduziu drasticamente o número de operários em suas fábricas, impondo um brutal ritmo de produção que garante a fabricação da mesma quantidade de automóveis com menos trabalhadores. No Brasil em particular, a GM nunca vendeu tanto, embalada pela redução de IPI adotada pelo governo Dilma. Ainda assim, lançou PDVs e agora demite 600 trabalhadores. Ontem como hoje, tanto Obama como Dilma/Lula apoiaram a “reestruturação” da GM premiando-a com subsídios, usando a crise econômica como pretexto para injetar bilhões na montadora. Os revisionistas que vendiam o conto de que a crise financeira era a antessala da “revolução”, agora só lamentam que a empresa se recuperou à custa dos trabalhadores, tem lucros bilionários e deseja incrementar os ritmos de produção via novas demissões. Os mesmos que alardeavam que a “revolução” estava batendo às portas, a exemplo do PSTU e seus satélites, agora, diante das demissões se limitaram a pedir que o governo da frente popular no Brasil impedisse o fechamento da fábrica e negaram-se terminantemente a chamar a greve com ocupação da empresa para barrar o desemprego. Já os outros membros da “família revisionista” (LER-QI, LSR, MR, CST) aproveitaram para fazer críticas “sindicais” ao PSTU, mas quando estão frente aos mesmos “dilemas” adotam política semelhante a da LIT. Não eram esses revisionistas catastrofistas, aos quais se soma também o PCO em seu delírio permanente, que pregavam aos quatros cantos que a crise estava gerando as condições para o debacle final do capitalismo, mesmo sem a intervenção consciente e organizada de um partido revolucionário? O que afinal de contas deu errado no esquema do PSTU e seus sócios, que vergonhosamente não reage à altura dos ataques desferidos pela GM?

A tão alardeada “crise mundial” vem servindo para a burguesia atacar direitos e receber ajudas bilionárias dos Estados nacionais, seja no Brasil ou nos EUA. Asseguradas pelos governos capitalistas, as grandes montadoras trataram se usar o fantasma da crise para demitir e incrementar os ritmos de produção, enquanto se capitalizavam com recursos públicos. Nunca houve a possibilidade real da quebra da GM, uma montadora norte-americana estratégica, porque obviamente é para socorrer os grandes capitalistas que serve o Estado burguês. Somente os revisionistas idiotas acreditaram neste conto, mais particularmente a LIT-PSTU. E por que o fizeram? Justamente porque “venderam” para a vanguarda que o crash financeiro de 2008 estava arrastando o capitalismo para o debacle e logo a revolução chegaria... Como nada disso ocorreu, esses cretinos não organizaram a resistência dos trabalhadores ao violento ataque dos capitalistas, no máximo copiaram a política da burocracia sindical “chapa branca” da CUT e Força Sindical, “exigindo” uma “contrapartida social das montadoras” pela redução do IPI e a intervenção do governo Dilma/Lula. Foi assim na Embraer diante das 5 mil demissões, na desocupação do Pinheirinho e está sendo assim na GM de São José dos Campos! Em 2009, no auge do crash financeiro e quando o PSTU dizia que a revolução “estava na esquina” pelo mundo afora, houve as demissões na Embraer. Naquela época a teoria catastrofista neutralizou a capacidade de reação das massas exploradas, ao passo que tal elaboração serviu para justificar a inoperância das direções do movimento operário. Por este motivo, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, não organizou a resistência com paralisações e ocupações de fábrica na Embraer diante da demissão de quase 5.000 operários. José Maria de Almeida, em seu balanço de final de ano reproduzido no documento “Observações sobre o nosso trabalho sindical de base” (site da CSP-Conlutas, dezembro/2009), atribuiu a ausência de resistência à indisposição de luta dos operários como agora fazem na GM, negando a responsabilidade política da vanguarda e ocultando que a direção do sindicato mandou os trabalhadores ficarem em casa enquanto saía a sentença judicial a partir da ação protocolada pela Conlutas em companhia da Força Sindical. E aonde foi parar a tão alardeada “revolução mundial”, se no Brasil, pelo que diz José Maria Almeida, os trabalhadores sequer querem lutar por seus empregos? Quanto à “revolução” tão alardeada pelo PSTU como produto do crash financeiro de 2008, sobrou a ofensiva imperialista que a Casa Branca impõe no Oriente Médio via bombas da OTAN e os “rebeldes” mercenários armados pela CIA e o Mossad na Líbia e na Síria, não por acaso saudada por esses revisionistas canalhas como a “revolução árabe”!

Enquanto o governo Lula/Dilma liberou mais de 600 bilhões de reais para “socorrer” as montadoras, bancos, indústrias, etc. com medidas protecionistas do capital, os trabalhadores têm efetivamente pago a conta da anarquia capitalista com milhares de demissões e arrocho salarial. As demissões na GM são a prova disso. Ao final desse verdadeiro facão, a GM alcança o número de trabalhadores para manter na linha de produção “enxuta” do “Classic”, “S-10” e “Blazer” após ter lançado mundialmente uma série de modelos novos (Onix, Sonic, novo Prisma...), aumentando o ritmo de trabalho. Esta foi a verdadeira “vitória” alcançada pela Conlutas-PSTU que em nenhum momento chamou a greve geral para barrar as demissões e muito menos defendeu a ocupação da fábrica para resistir ao ataque patronal avalizado pelo governo Dilma, que tanto o PSTU pediu ajuda, patrocinando ilusões nos trabalhadores enquanto desarmava a luta direta contra a GM! Portanto, soa como cínico o artigo que José Maria de Almeida escreveu quando foi celebrado o pacto com a GM, afirmando “Acordo com a GM evita fechamento da fábrica mas a luta continua”(29/01/2013) quando não há menor reação as demissões, porque justamente o sindicato as avalizou!

Frente a essa realidade é preciso denunciar a escandalosa traição do PSTU na GM, assim como sua política pró-imperialista em nível internacional, preparando a resistência na condição de oposição classista à diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. Para barrar as demissões em massa é necessária, desde já, uma mobilização nacional, unitária e centralizada dos trabalhadores, baseada num programa operário e anticapitalista, capaz de defender os empregos através da greve com ocupação de fábrica. Para vencer, o proletariado precisa superar as direções das centrais governistas e a própria linha política da Conlutas, já que só com sua ação direta e não lançando inócuos apelos a Dilma e aos patrões pode-se derrotar a ofensiva capitalista. É preciso rechaçar as demissões, convocar pela base uma assembleia contra o acordo traidor celerado entre a GM e PSTU e deflagrar a greve com ocupação de fábrica, chamando a solidariedade de toda a categoria. Já bastam as derrotas sofridas em São José dos Campos na Embraer e a desocupação do Pinheirinho pela PM, quando o PSTU abortou a resistência através de comitês de autodefesa armados, patrocinando ilusões na justiça burguesa e no Palácio do Planalto! É hora de resistir usando os métodos de luta da classe operária! Tragicamente, o Sindicato impôs o acordo vergonhoso com a GM e a “oposição” ligada a CTB-CUT, que inclusive ganhou internamente na montadora as eleições para a diretoria do Sindicato devido às seguidas traições da CSP-Conlutas, defendem o acordo que de fato colocou no olho da rua centenas de operários! Os militantes do PSTU devem tirar as lições de mais essa profunda derrota, onde o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a Conlutas sequer chamaram a greve para barrar as demissões, da mesma forma que fizeram na Embraer, isso quando os morenistas dizem que no mundo vivemos uma “onda revolucionária”.