O esforço político da anturragem Dilmista para garantir sua indicação partidária para mais um mandato presidencial foi bem mais além das fronteiras do PT. Em meados do ano passado quando ainda não tinha a certeza se a maioria do PT apoiaria a volta de Lula ao Planalto, Dilma se lançou na empreitada de controlar a estrutura interna de seu antigo partido, o PDT. O objetivo da “ex-poste” presidente era garantir de qualquer maneira uma legenda minimamente organizada nacionalmente e com alguma consistência política de esquerda que a indicasse como candidata à reeleição, caso o PT deliberasse pela candidatura de Lula. Dilma, que nunca teve nenhum compromisso programático com o PT, na verdade, entrou no partido para ocupar cargos no governo estadual de Olívio Dutra, estava muito decidida a se manter no “poder” a “qualquer preço”. O jogo pesado começa com o patrocínio político do governo federal a ação penal do STF contra os dirigentes históricos do PT, a farsa “midiática” do julgamento do chamado “mensalão”. Trabalhando com um “plano B”, Dilma destituiu o presidente nacional do PDT do ministério do Trabalho, Carlos Lupi, para nomear o suplente de deputado Brizola Neto para o posto. Com a manobra, Dilma esperava impulsionar a ala minoritária do PDT que faz oposição a Lupi e Manoel Dias, os dois “capos” que controlam com mão de ferro o partido desde a morte do caudilho Leonel Brizola.
Mas o Brizola Neto não tinha capacidade de isoladamente conquistar a maioria dos diretórios estaduais do partido, em sua cruzada de abrir as portas do PDT para as aspirações pessoais da presidente Dilma. Para reforçar seu Ministro do Trabalho na “missão partidária”, Dilma resolve “desenterrar” seu ex-marido, Carlos Araújo, quadro histórico do PDT que estava afastado do partido desde a indicação de sua companheira de VPR para o ministério do governo Lula. A tarefa de Araújo, que já foi deputado pela legenda do PDT, era reforçar as posições de Brizola Neto na convenção nacional do partido que deverá ocorrer em meados de 2013. No curso da luta autofágica do PDT, que também envolveu o deputado Paulinho da “Força Sindical”, Dilma consegue a hegemonia no PT, “tratorando” as lideranças da corrente “Articulação” e colocando o próprio Lula nas “cordas”, sob a ameaça de também ir fazer companhia aos “camaradas” Dirceu e Delúbio na cadeia. Este fato acabou por anular completamente a possibilidade de Dilma ter que recorrer ao PDT para conseguir a legenda para sua reeleição.
Como resposta à ofensiva Dilmista sobre o PDT, Lupi e Manoel Dias aliados ao Paulinho, ameaçaram levar o partido para os braços do PSB, na perspectiva da candidatura do governador Eduardo Campos. Além disto, a bancada parlamentar do PDT começou a esboçar uma “rebelião” no Congresso Nacional, onde o fisiologismo da base aliada carece de qualquer identidade ideológica ou programática. Neste “cabo de guerra” Dilma não conseguiu “dobrar” o PDT, como fez com o PT, mais pelo caráter mafioso de seus atuais dirigentes do que por um apelo vazio ao “nacional desenvolvimentismo” realizado pelo governo. Entre “mortos e feridos” desta inglória batalha de aparatos burgueses, restou a iminente demissão de Brizola Neto e o retorno do Ministério do Trabalho para as mãos da quadrilha da Força sindical.
Do velho nacionalismo burguês de Jango, Darci Ribeiro e Brizola parece que não restou muita coisa, apenas um oportunista PDT sem o menor perfil ideológico, povoado por máfias sindicais e oligarquias regionais sem a menor história política. Às vésperas de se completar os 50 anos do golpe militar, onde o governo “nacionalista” do antigo PTB caiu como um “castelo de cartas” sem esboçar a menor resistência, podemos abstrair que o fenômeno social do “nacionalismo” hoje se encontra muito mais alinhado com o neoliberalismo “de esquerda” do que com as grandes causas nacionais do nosso povo. O proletariado não deve nutrir a menor ilusão na capacidade histórica da burguesia em levar a cabo as “reformas” do Estado capitalista, que tanto reivindica em tempos eleitorais. A luta de classes, ao longo do tempo, tem demonstrado que só a revolução socialista pode ser totalmente consequente na resolução histórica da dependência dos países periféricos em relação aos centros imperialistas.