sexta-feira, 1 de março de 2013


8 de Março - Dia Internacional da Mulher Trabalhadora: Romper a condição de mercadoria capitalista e assumir a vanguarda da luta pelo comunismo!

Celebramos mais um 8 de Março, dia dedicado à luta internacional das mulheres trabalhadoras, porém traficado pelo mercado capitalista como uma “ode” ao consumismo, a família patriarcal e ao falso igualitarismo entre os sexos. Na verdade, na atual fase de decadência da sociedade burguesa, onde vale integralmente a precificação das relações pessoais e sociais, podemos dizer que a mulher se tornou uma das mercadorias mais caras da grande vitrine de ofertas do mercado. Os corpos sarados, as loiras burras e esculturais expostas nos BBBs globais para a grande massa ávida por bundas e seios, fazem deste padrão feminino artificial o objeto de consumo mais desejado pelos homens, face à barbarização do modo de produção capitalista. Ao lado desse glamour idiotizado e alienante, temos a exploração de parcelas cada vez maiores das trabalhadoras que, via de regra, enfrentam a jornada tripla de trabalho (emprego e casa), sempre com salário menor e alvo de assédio sexual. Como se vê, vivemos uma grande contradição quando se fala da mulher no capitalismo. A mulher, o principal objeto de desejo masculino, é ao mesmo tempo, objeto da exploração capitalista justamente porque a questão de gênero está diretamente determinada e dividida pela questão de classe, onde as mulheres burguesas e parte das pequeno-burguesas, a chamada classe média alta, têm interesses opostos aos da mulher proletária. O marxismo revolucionário sabe perfeitamente desta distinção de classe marcado claramente a partir do 8 de Março de 1857, quando as operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte-americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve, ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com brutal selvageria pelo aparato de repressão do Estado burguês a soldo dos patrões. Criminosamente, as mulheres foram trancadas dentro da fábrica e logo em seguida incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas porque o capitalismo queria matar na gênese este exemplo de luta, enquanto hoje prostitui o significado do 8 de Março para fazer valer a mulher como uma mercadoria de luxo, que deve agregar valor a si mesmo através das mais variadas fórmulas de embelezamento estético.

No Brasil em particular muito se tem falado da chegada da “primeira mulher” à Presidência da República no Brasil. Em campanha pela reeleição, Dilma vem ressaltando que seu gabinete é composto por várias mulheres, que ocupam cargos estratégicos na gestão da frente popular. Esta lógica cínica cumpre justamente o papel de encobrir a realidade de que as trabalhadoras e seus companheiros trabalhadores não governam, são representados por mulheres e homens que defendem os interesses da burguesia e do mercado capitalista. A figura da mulher que se projeta no mercado de trabalho em condições iguais a do homem se restringe a alguns setores da classe média e da burguesia, já que no mundo real reina a desigualdade, o machismo e a opressão sexual e social. Como parte desse engodo é muito difundida a ideia de que o machismo sempre existiu e que graças à incorporação das mulheres cada vez mais no mercado capitalista o sexo feminino se emancipa gradualmente desta opressão. Uma prova disto seria o fato de mulheres ocuparem postos de mando elevados na sociedade burguesa. Nada mais falso! Dilma, por exemplo, mantêm o papel criminoso que o Brasil desempenha no comando da ocupação das tropas da ONU sobre o Haiti, onde as mulheres têm sido as maiores vítimas de agressões, massacres e estupros. Ao lado disso, privatiza a previdência do funcionalismo público, corta verbas para creches do orçamento para bancar o superávit primário e se alia aos setores mais reacionários contra o direito ao aborto.

Para dividir a classe operária nas últimas décadas, o conceito da luta de classes deu lugar à luta de gêneros, muito patrocinada no Brasil pelo governo da frente popular sob a farsa da “defesa das mulheres”. A cor vermelha reivindicada historicamente pelas comunistas Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e Alexandra Kollontai, militantes revolucionárias que criaram o Dia Internacional da Mulher Proletária em 1910, foi substituída pela cor lilás para afastar, até em sua simbologia, a luta pela emancipação da mulher da luta pelo socialismo. Em nome do combate à exclusão e opressão recomendam a integração maior da mulher ao mercado de trabalho para serem exploradas pelos capitalistas, apresentando esse processo como uma “conquista”. Contra a violência cada vez mais sofrida que cresce com a exploração, reivindicam a criação de organismos coercitivos dentro do Estado capitalista (delegacias de mulheres e a Lei Maria da Penha). Esta visão acaba sendo a “lógica” da esquerda, que vende sempre a mulher como um dócil objeto de consumo a ser protegido pela lei e pela polícia!

A “esquerda” revisionista como PSOL e PSTU e seus satélites como a LER-QI, além obviamente da própria frente popular (PT, PCdoB), sempre defende as “mulheres” (independente do caráter de classe) em geral via rígida aplicação da “Lei Maria da Penha” e as delegacias especializadas, tudo isso sem nenhum critério de análise marxista. Quando uma mulher é assassinada ou agredida, ainda que seja burguesa ou faça parte de seu submundo, esta esquerda “feminista” sem os menores princípios de classe, reivindica que o Estado capitalista intervenha como resolução policial para estes casos, configurando um campo completamente distante da luta de classes e do marxismo revolucionário. O mais escandaloso é que os que ontem defenderam a criação das delegacias da mulher para encarcerar os “operários machistas” hoje são devotos da reacionária “Lei Maria da Penha”, revelando assim a ausência de qualquer independência de classe na questão feminista. O que estes vestais defensores das “mulheres em geral” não dizem é que a mulher é encarada pelo sistema capitalista como uma mercadoria de consumo e quanto mais se adequar aos padrões de beleza capitalista mais se incorpora valor “agregado” a esta “mercadoria”, isto é, quanto mais bela pelos padrões ocidentais, mais alto o valor do “produto” no leilão de seres humanos. Não à toa, disseminam-se em todo o mundo academias e clínicas estéticas, onde o culto ao corpo é a tônica e entendido como mais uma “necessidade” criada para o consumo de um produto. O proletariado deve denunciar esta questão como parte das barbaridades próprias do capitalismo senil a ser liquidado pela ação consciente da classe trabalhadora, com independência diante da burguesia e seus agentes, sejam de que sexo e cor forem.

Como se vê cotidianamente nos noticiários, no seio das relações privadas da “high society” e da classe média “alta” engendram-se todo um arco de podridão: interesses meramente materiais e econômicos em detrimento de laços afetivos e/ou de camaradagem. A falsidade, agressões, belicosidade, espancamentos e assassinatos são as normas imperantes. Em suma, relações típicas de uma sociedade em profunda decomposição, uma excrescência que a cada dia ganha terreno em uma época de intensa ofensiva imperialista sobre os povos do planeta onde se perdeu qualquer referência política no socialismo. A ruptura com esta concepção de mundo burguesa só será possível através da violenta ação da classe operária contra seus algozes capitalistas, sejam eles homens ou mulheres, através da revolução socialista, a partir da qual pela necessidade de todo um coletivo, os interesses mesquinhos e podres oriundos da velha sociedade de classes serão extintos. Os revolucionários defendem consignas democráticas pela igualdade de direitos entre os sexos, mas não mentem para as trabalhadoras dizendo que terão seus sofrimentos derivados da opressão e da exploração de classe solucionados dentro do capitalismo e menos ainda disseminam ilusões de que o aprimoramento do aparato repressivo capitalista trará melhor sorte para elas.

A luta pela libertação da mulher da opressão do machismo capitalista pressupõe um combate sem tréguas a todas as ilusões no movimento das mulheres trabalhadoras no Estado burguês, suas leis e seu aparato repressivo, guardião da ordem social justificada pela ideologia burguesa e o machismo que dela faz parte. Toda saída para o problema da opressão feminina por dentro da democracia burguesa, como defendem o reformismo e o revisionismo do trotskismo, conduz à divisão do proletariado entre gêneros distintos, ao recrudescimento e ampliação do aparato repressivo estatal contra os trabalhadores. Em outras palavras, o feminismo burguês é contrarrevolucionário porque divide o proletariado, enfraquece sua luta e fortalece a repressão de seus inimigos de classe. Para combater o governo Dilma e colocar abaixo o modo de produção capitalista é necessário construir um movimento operário feminino classista que coloque a mulher trabalhadora como vanguarda da luta sem quartel contra o regime opressor dos homens e mulheres burguesas, representado neste momento pelo governo do PT. Trata-se da unidade do conjunto da classe trabalhadora sob um programa revolucionário para derrotar a barbárie capitalista. Portanto, neste 8 de Março devemos lutar pela superação do machismo que nasceu com a propriedade privada, do feminismo policlassista e da mercantilização das relações pessoais, que só será plenamente realizada com a abolição do modo de produção capitalista, por meio da revolução socialista, destruindo qualquer forma de opressão contra as mulheres trabalhadoras e a exploração de classe. A abolição da propriedade privada é o elemento sine qua non para a libertação da mulher e o combate de classe pelo comunismo!