Após votar na oposição Demo-Tucana para presidência do Senado, o PSOL decide entrar no bloco parlamentar governista em troca de vaga na CCJ
O único parlamentar do PSOL no Senado, Randolfe Rodrigues eleito graças ao apoio eleitoral da oligarquia Sarney no Amapá, acaba de alterar o status político de seu partido na casa, trocando a posição de “oposição” para a de “independência” em relação ao governo Dilma. A razão da drástica e repentina mudança política do jovem senador, que há pouco tempo apoiou a candidatura unificada da oposição à presidência do Senado, foi bem “pragmática” e mais uma vez completamente oportunista. Randolfe ao ingressar no bloco parlamentar de apoio ao governo foi “generosamente” contemplado com um assento na cobiçada Comissão de Constituição e Justiça, além da Comissão de Educação do Senado. A entrada do senador psolista na “base aliada” da gerentona Dilma, no último dia 20/03, foi entusiasticamente comemorada pela senadora amazonense do PCdoB, Vanessa Grazziotin, em seu Twitter. Já o líder do bloco governista, Senador Wellington Dias (PT-PI), afirmou que a presença de Randolfe vai fortalecer o bloco, que passa a agregar 26 dos 81 senadores. “O que tem de positivo é que a gente passa a discutir primeiro com ele (Randolfe) no bloco antes de ter uma posição”, afirmou um sorridente Wellington na TV Senado.
O senador Randolfe é alvo de graves denúncias de corrupção em seu estado (recebia “mesadas” quando era deputado estadual), onde parece não ter o menor critério político de “esquerda” para estabelecer alianças eleitorais, como demonstrou o PSOL de Macapá nas passadas eleições municipais. Mas ao adentrar em um dos blocos governistas no Senado, composto pelo PT, PSB, PCdoB, PDT, PRB e agora o PSOL, Randolfe proclamou sua oposição... a “direita conservadora”, quanta falta de memória deve padecer este rapaz! Para além dos holofotes da mídia, a verdade é que Randolfe negociou seu ingresso em outro bloco governista da Casa, composto pelo PTB, PR, PSC e PPL, além de “conversar” com os antigos colegas do Bloco da minoria oposicionista PSDB e DEM, o resultado “prático” do “leilão” foi a aceitação da melhor proposta, no caso a do PT e aliados.
Uma vaga na CCJ representa não só prestígio político para um senador, mas a possibilidade de estabelecer uma variada gama de “negócios”, através de lobistas interessados na aprovação de projetos que muitas vezes nem sequer precisam da aprovação do plenário do Senado. Para Randolfe, um especialista em transitar pelos bastidores da política burguesa, não há o menor constrangimento em deixar a condição de “oposição de esquerda” e assumir a “independência”, afinal o PSD de Kassab e o REDE de Marina estão compartilhando o mesmo status político. A questão principal para o PSOL é se com o assento na CCJ seus parlamentares terão capacidade de captar recursos de lobistas, que serão utilizados em suas campanhas eleitorais. Ser “oposição” ou “situação” ao projeto neoliberal do governo Dilma, para os carreiristas do PSOL, é apenas uma questão da “dinâmica da conjuntura”, podendo variar em cada situação... ou melhor, a cada proposta!
A tentativa de “vender” a ideia do suposto caráter “socialista” do PSOL, realizada pelos Morenistas que estão dentro e fora do partido, soa cada vez mais como ridícula. Nem mesmo de “oposição” este partido pode ser considerado, posto a intervenção que assumiram em Belém no segundo turno, onde o PSOL passou a representar a sublegenda do governo petista. No Congresso Nacional ou no movimento de massas, o PSOL deve ser caracterizado da mesma forma, ou seja, um partido democratizante pequeno-burguês, totalmente alheio aos interesses históricos da classe operária. Somente os charlatães revisionistas do PSTU e os neostalinistas do PCB ainda insistem em convocar para a “frente da esquerda socialista” este partido encharcado com a lama da corrupção do Estado capitalista. Muito provavelmente, o PSOL e o REDE, organizações com o mesmo caráter de classe e feições políticas claramente pró-imperialistas, marcharão juntos rumo ao Planalto em 2014, arrastando como reboque o PSTU e PCB, estes últimos sempre a procura de alguma “migalha eleitoral”. Cabe a esquerda classista e revolucionária desde já forjar um amplo debate programático no sentido de construir uma ferramenta comunista para a ação direta das massas e também para a publicidade marxista nas eleições burguesas.