Entre provocações ianques, a guerra nuclear na península coreana é cada vez mais uma possibilidade concreta
A esquerda revisionista tem se esforçado para ignorar o fato concreto da possibilidade de ocorrer uma guerra nuclear na península coreana. Caso ocorra seria a segunda vez na história da humanidade que um país usaria este tipo de armamento contra outro, assim como ocorreu na Segunda Guerra Mundial onde o imperialismo ianque bombardeou cidades japonesas com este tipo de artefato bélico. Mesmo em quase cinquenta anos de tensão militar da chamada “guerra fria” nunca as potências “socialistas” ou capitalistas se enfrentaram com armamento nuclear, mas parece que a última órfã do Maoismo, a Coreia Popular, diante do isolamento econômico imposto pela China restaurada e das provocações do império ianque, poderá ser forçada a utilizar suas ogivas atômicas contra o território “enclave” da Coreia do Sul. Nos últimos quinze anos a tensão entre as duas Coreias tem se elevado bastante, principalmente após o governo Bush incluir o Estado operário norte-coreano como um país “terrorista e membro do eixo do mal”. Mas o atual nível de conflito entre os EUA e a Coreia Popular não tem paralelo desde o armistício celebrado em 1953. O dirigente norte-coreano Kim Jong-Un ordenou durante reunião de emergência com as principais autoridades militares do país que os mísseis: “estejam preparados para disparar e golpear em qualquer momento o território dos Estados Unidos e suas bases militares no Pacífico, inclusive o Havaí e Guam, assim como as da Coreia do Sul”.
A República Democrática e Popular da Coreia (norte) foi fundada em 1948 após a derrota militar do Japão (país que ocupava o território coreano desde 1910) na Segunda Guerra Mundial. Seguindo a política do Stalinismo de dividir o mundo em zonas de influência, a península coreana foi dividida entre o “norte socialista” e o Sul capitalista. Em 1950, guerrilheiros norte-coreanos iniciam uma ofensiva militar para reunificar o país, uma guerra é deflagrada e mais uma vez a URSS intervém para conter a iniciativa popular coreana, costurando um acordo internacional com os EUA de reconhecimento “definitivo” das duas Coreias em 1953. Com o crescimento da influência política e militar da China no final dos anos 60, a Coreia Popular passa a intensificar suas relações econômicas com a república mandarim, o que persistia até os dias de hoje, mas sob uma intensa pressão da burocracia chinesa para que os coreanos sigam o mesmo caminho restauracionista dos ex-Maoistas convertidos agora a “gerentes capitalistas”. É exatamente esta a questão central que explica o aumento da “temperatura” na região, abrindo a possibilidade concreta de uma guerra nuclear, entre um Estado operário ultradeformado e uma nação imperialista e seu gendarme sulista.
As ameaças do jovem e inexperiente Kim Jong (neto do fundador da República popular Kim Il Sung) sobre um ataque à costa americana do Pacífico carecem de fundamento bélico, os mísseis balísticos norte-coreanos não possuem esta capacidade tecnológica, mas podem atingir facilmente o enclave do Sul e muito provavelmente o Japão, outro protetorado militar ianque. Um conflito destas proporções obrigaria os EUA a deslocar um enorme contingente de forças para a região, levando a China para uma posição de completo “desconforto” em seu próprio “quintal”. Com um leque de opções nada atraente para a burocracia restauracionista chinesa, em caso de uma guerra, Pyongyang continua a receber a “contragosto” ajuda econômica de Pequim “alimentando” assim as relações socializadas de produção (planificação central em oposição ao “livre” mercado do Sul) da Coreia Popular que ainda se mantém como um Estado operário, produto histórico da revolução popular que derrotou a ocupação do imperialismo japonês em seu território.
Como marxistas revolucionários, não podemos assumir diante da iminência de uma guerra de proporções nucleares a “posição de avestruz” da maioria das correntes revisionistas, por isto declaramos em “alto e bom som” nosso apoio incondicional a Coreia Popular, apesar da infame burocracia dinástica que a governa. Devemos mobilizar amplos setores do proletariado e da juventude para repudiar as provocações militares do império ianque contra a Coreia e apontar o governo Obama como o único responsável em caso de guerra. Não devemos nutrir a menor confiança política na capacidade de resistência da burocracia stalinista coreana, pronta para capitular a qualquer momento em troca de sua própria sobrevivência enquanto uma casta social privilegiada. A tarefa que se impõe no momento é o chamado ao conjunto do proletariado asiático que se unifique na bandeira da derrota do imperialismo ianque e seus protetorados militares da região, em particular convocando a classe operária do Sul para cerrar fileiras na luta pela reunificação socialista do país.