segunda-feira, 18 de março de 2013


Randolfe e Luciana, “pré-candidatos” do PSOL ao Planalto, atolados até o pescoço na corrupção burguesa

Um dos “pré-candidatos” do PSOL à presidência da República em 2014, apresentado como “paladino da ética”, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) vem sendo denunciado por ter recebido mesada de R$ 20 mil durante seis meses como deputado estadual do Amapá justamente pelo presidente da Assembleia Legislativa, que também recebeu os recursos no governo do hoje senador João Capiberibe (PSB-AP). Segundo denúncias o psolista deixou até recibos assinados da complementação de salário por baixo dos panos! A outra “pré-candidata” do PSOL, já lançada pela CST e o chamado “Bloco de Esquerda”, é Luciana Genro, do MES. Lembremos que em 2008, o PSOL em Porto Alegre estava coligado ao PV, com Luciana recebendo financiamento da Gerdau. Pelo visto, depois de bombardeadas suas “pré-candidaturas”, o PSOL vai mesmo ser “obrigado” a indicar o vice de Marina Silva fazendo parte de sua “rede” ecocapitalista. Apesar dos rumores internos que o PSOL só irá apoiar Marina no segundo turno de 2014, o certo é que os apetites eleitorais da legenda vão falar mais alto e o PSOL tende a se aliar a “verde” para conquistar mais postos no parlamento burguês.

A recente “polêmica” entre Milton Temer (aliado do bloco de Ivan Valente que, junto com Chico Alencar, vem defendendo o nome de Randolfe Rodrigues para presidente) com Roberto Robaina, dirigente do MES, é exemplar de quanto o PSOL encontra-se mergulhado na corrupção burguesa, política e materialmente. Segundo Temer, em seu blog, “Nunca pretendi fazer o MES e Luciana de alvos. Pelo contrário, a despeito de divergências eventuais, a tendência sempre contou com minha solidariedade, principalmente quando atacada duramente por alguns dos apoiadores que hoje recebe. Fui eu quem subiu no palco de um congresso estadual do PSOL-RJ para defender uma aliança – aliança de fato, e não apenas recebimento de apoio – com o PV do Rio Grande do Sul. Fui eu quem subiu no palco para defender como legítima a decisão dos companheiros em receber doação da Gerdau, na medida em que havia sido identicamente dada a todos os partidos, e não era produto de nenhum acordo bilateral. Tolice seria abrir mão. Fui eu também o primeiro, e talvez único, a me comunicar diretamente com Roberto Robaina, quando, em nome do PSOL retirava a candidatura ao Senado numa disputa em que o risco era de ver Paulo Paim superado pela direita mais reacionária. Por que o fiz? Simples. Porque considerei correta a iniciativa, no contexto que os companheiros enfrentavam em cada ocasião” (Blog Luta que Segue, Milton Temer, 02 de Março). Como se vê, as duas “alas” do PSOL defendem receber dinheiro dos empresários e as alianças com os partidos burgueses, por isto o escândalo envolvendo agora Randolfe e sua política eleitoral no Amapá nada mais é que uma consequência natural da própria política do PSOL, de conjunto! Soa cômica, portanto, a declaração de Luciana Genro ao jornal da CST de que “O primeiro ponto é que eu quero ser a pré-candidata que represente as forças políticas do bloco de esquerda que se formou no PSOL. Para isso, o que ocorreu em Belém e Macapá em termos de aliança e discurso político não pode ser aceito. Rejeitamos as as alianças sem princípios, seja com partidos da oposição de direita seja com os do governo” (Combate Socialista, março-abril.2013, nº 45). Piadas a parte, o certo é que Luciana assim como Randolfe representam a completa integração do PSOL à ordem burguesa.

Sobre o apoio a Marina para as eleições presidenciais em 2010, negociado em 2009 pelo próprio MES, o MTL e Heloísa Helena, ou seja, com a ajuda da corrente camaleônica que hoje é apoiada pelo (mal) chamado Bloco de Esquerda, segue Temer denunciando Robaina: “Nessa reunião já ficou clara a rejeição a algo que Robaina invoca como condicionante para o apoio, mostrando a falácia da sua argumentação. Por pressão minha, HH faz uma ligação telefônica a Marina. Propunha fornecer o vice e participar da discussão de programa. Marina pediu um tempo. Ia se reunir, naquele momento, com a direção do PV. Pouco depois, deu o retorno: o PV decidira uma estratégia de campanha e de política de alianças onde não existia compatibilidade possível de acordo político com o PSOL. Isto, repito, no primeiro semestre de 2009. Ou seja, peca por vício de origem a afirmação de Robaina quanto a condicionamentos de apoio a Marina–  cuja bajulação ficou mantida, de forma humilhante, até janeiro de 2010 . Foram necessárias duas entrevistas de Marina, uma delas elogiando Henrique Meirelles, para se concluir que a farsa não podia mais caminhar. Uma farsa que tinha, a partir do MTL, como causa, uma guinada à direita, hoje concretizada. Mas no que diz respeito ao MES, a uma operação casada pela qual a legenda via o caminho para a tomada da hegemonia do partido: Luciana, eleita deputada federal com ampla votação, e HH, senadora, se juntando e compondo maioria de prestígio social incontestável. Operação digna de uma “esquerda de resultados”, como bem classificou um outro membro do DN, e que todas as demais correntes viam e comentavam abertamente” (Blog Luta que Segue, Milton Temer, 02 de Março). Como se vê, membros das duas “alas” do PSOL defenderam o apoio a Marina Silva. Hoje esta questão encontra-se colocada na mesa, com HH e Martiniano Cavalcante sendo os porta-vozes da eco-capitalista junto ao PSOL. Mesmo fora do partido, deixaram seus representantes... É exatamente esta a principal “missão” do ex-MTL, hoje formalmente dissolvido, estabelecer uma “ponte” entre o Rede e o PSOL, deixando seus quadros posicionados em “duas frentes de batalha”. Tanto que apesar do vereador Jefferson Moura, ainda no PSOL-RJ, fazer campanha aberta pelo Rede, somente foi advertido e não expulso, já que a executiva do partido no Rio, cuja presidente é Janira Rocha, também do “MTL”, se limitou a reclamar da conduta do mesmo enquanto anunciou em nota que é solidária com o “esforço democrático” da fundação do Rede, declarando: “A Direção Estadual do PSOL/RJ, em função dos seguidos comentários públicos proferidos pelo vereador eleito pelo PSOL Jefferson Moura, com acusações falsas e tentativas abertas de prejudicar a imagem do partido, esclarece: O PSOL respeita a ex-senadora Marina Silva e é democraticamente solidário com seu esforço de obter a legalização de seu partido por entendermos que, apesar das diferenças que nos demarcam, é um esforço legítimo de construir um espaço de representação política. O PSOL reconhece a Jefferson Moura o direito de buscar aderir a essa nova agremiação, se for por ela aceito, dentro do previsto na lei. O PSOL, no entanto, repudia o método adotado pelo vereador de buscar publicamente um confronto desnecessário com o partido, criando toda a sorte de constrangimentos, não hesitando em desrespeitar práticas consolidadas e processos coletivos e democráticos de decisão, com o intuito de se passar por vítima de pretenso sectarismo inexistente no PSOL” (JB on line, 01/02/2013). Em resposta cínica, Jefferson declarou em nota publicado em sua página no Facebook: “Alguns dirigentes do PSOL se reuniram e decidiram me punir, no melhor estilo da tradição burocrática stalinista, por eu defender publicamente que nosso partido construa um campo democrático alternativo ao PT e ao PSDB com Marina Silva presidente. (...) Desta votação participaram 11 militantes do PSOL, esta votação se realizou na ausência da presidente estadual do partido [Janira Rocha] e com votos de militantes, os quais não são membros da executiva, mas expressam correntes internas que sonham em reeditar a revolução russa no Brasil, tomando o Palácio Alvorada de assalto. Desculpem, mas a sociedade com justiça, com liberdade e fraternidade à qual dedico minha vida de militante começa com novas práticas. Não houve legitimidade na decisão, mas foi uma votação reveladora que deixou claro que a luta por socialismo e liberdade para alguns não passa de conveniência!”.

É importante registrar também que o “MTL” goza de livre trânsito com o PSTU, foi a principal tendência do PSOL a permanecer no interior da CONLUTAS, após o racha de 2010, onde a quase totalidade dos psolistas se retiraram desta central sindical. Tanto que está convocando formalmente a marcha a Brasília chamada pela Conlutas para o dia 24 de abril! Nas últimas eleições municipais em Maceió, mesmo quando Heloísa Helena já tinha anunciado sua adesão ao MNP de Marina, o PSTU reivindicou estabelecer uma frente eleitoral com o grupo de Heloísa, apesar de bastante consciente do conteúdo reacionário e pró-imperialista do MNP dirigido pela ecocapitalista Marina Silva. Lembremos que em 2010, o PSTU conformou em Goiás uma frente eleitoral com o MTL, o mais aguerrido defensor de que o PSOL apoiasse Marina Silva. Lá, a aliança foi concretizada como manda o figurino: registro no TRE, programa de colaboração de classes... Apesar do jornal do PSTU “especial sobre as eleições” se limitar na época a anunciar Rubens Donizetti como candidato a senador naquele estado, como se desejasse esconder algo, o blog do candidato do PSOL em Goiás, Washington Fraga, revelou literalmente com todas as letras o caráter “republicano”, leia-se, burguês, dessa aliança: “Em nome dos direitos humanos, é preciso ainda condenar a violência policial. Humanizar as polícias militar e civil em Goiás. Com um programa republicano e de defesa do serviço público, valorizaremos o funcionalismo estadual. Contra o latifúndio, o nosso projeto prevê investimentos na agricultura familiar. Apoio aos sem-terras e sem-teto, transporte decente de qualidade, universalização da moradia também constituem bandeiras da coligação Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU)”.

Segundo a CST, que lançou Luciana Genro ao Planalto, porém segue sempre elogiosa a Chico Alencar e Marcelo Freixo, apesar destes defenderem a mesma política burguesa de Ivan Valente e apoiarem a “pré-candidatura” de Randolfe: “A reunião realizada no Rio entre Ivan Valente e Randolfe, junto com os parlamentares do PSOL do Rio de Janeiro, desencadeou a disputa do qual deve ser o candidato do PSOL à presidência em 2014... Por isto discutiram como ganhar o congresso do partido e que os candidatos do PSOL devem ser Randolfe e caso a resistência ao seu nome seja muita a alternativa seria Chico Alencar... A APS dissidência sabe das dificuldades em lançar Randolfe para 2014, pela enorme resistência que existe dentro do partido. Por isto necessitam se apoiar em lideranças prestigiadas como Chico Alencar, que é um parlamentar ético e de esquerda, que nos orgulha” (Combate Socialista, março-abril.2013, nº 45). Seja com Radolfe, Luciana ou Chico Alencar, a candidatura presidencial do PSOL – se chegar a ser lançada – não passará de uma barganha para o apoio de fato do partido a Marina Silva, com suas “alas” negociando o seu lugarzinho ao sol no parlamento burguês. Lembremos que o PSTU elegeu um vereador em Belém mesmo com o PSOL estando coligado com o PCdoB e recebendo apoio de Dilma e Lula. Se o PSTU chegou a este ponto, porque não a CST e o MES, seus irmãos “morenistas”, não o fariam... Apostamos que o PSOL deve mesmo é indicar a vice de Marina. Porém, ainda é muito cedo para bater o martelo a fim de definir o vice na chapa de Marina, muito provavelmente o PSOL indique um de seus quadros que pertencem a hegemônica corrente APS “dissidente”, do deputado federal Ivan Valente, ainda que a própria Heloísa já tenha manifestado intenção de acompanhar como vice sua colega da época do Senado. Como o Rede deve conseguir a legenda para as próximas eleições disporá de pouquíssimos minutos de TV para potenciar sua candidata ao Planalto, o que já obriga necessariamente Marina a “trabalhar” pela construção de uma frente política eleitoral com o PSOL e seus aliados de “esquerda”, PCB e PSTU. Vamos aguardar...