Frente Única Anti-imperialista para derrotar a ofensiva dos “rebeldes” da OTAN contra a Síria! Todos à caminhada contra a intervenção estrangeira!
Ocorrerá neste dia 23 de março, em São Paulo, uma manifestação “Em defesa da Soberania da Síria”. A atividade é convocada pelo Comitê de Solidariedade ao Povo Sírio e por várias organizações políticas e entidades, como PCB, PCdoB, UNE e MST. Apesar de não ter acordo integral com os eixos programáticos da caminhada, a LBI se soma a sua convocação porque compreende ser uma atividade de frente única de ação anti-imperialista para denunciar a agressão da OTAN e seus “rebeldes” contra a Síria, ofensiva que tem como alvo final o Irã. As recentes ações terroristas dos grupos financiados pelas potências capitalistas, Israel e seus aliados locais (Turquia, Catar, Arábia Saudita), inclusive com o uso de armas químicas, demonstra o objetivo da Casa Branca de derrubar o governo Assad para colocar um títere em Damasco. Por comandar um governo burguês de corte nacionalista, Bashar Al Aassd é incapaz de levar a frente, de forma consequente, a luta contra a ofensiva neocolonialista, buscando via de regra um acordo com o imperialismo ianque por meio da ONU e intermediado pela Rússia e a China. De nossa parte, como marxistas revolucionários, compreendemos que a única forma de derrotar a agressão em curso é através da unidade revolucionária do proletariado sírio com seus irmãos da região, particularmente os iranianos e palestinos, para expulsar o imperialismo e a OTAN do Oriente Médio e impedir que a barbárie social imposta na Líbia se repita em outros países, hecatombe cinicamente apresentada como uma “revolução” pela Casa Branca e vergonhosamente apoiada por setores da esquerda mundial.
O processo de desestabilização do governo do Bashar Al Assad por parte do imperialismo e de Israel através do apoio a grupos internos “rebeldes” tribais arquirreacionários representa a tentativa da Casa Branca de alterar completamente a chamada geopolítica do Oriente Médio, colocando sob seu controle não só a Síria, mas avançando em sua ofensiva sobre o Hezbollah no Líbano e, caso tenha sucesso nesta empreitada colonialista, assentando as bases para um ataque militar ao Irã, já que não conseguiu o apoio interno necessário para debilitar o regime nacionalista comandado por Armadinejad. Trata-se de um plano estratégico de larga envergadura, ainda mais quando a Síria e o próprio Líbano fazem fronteira com Israel, enclave militar do imperialismo ianque responsável por apoiar todas as iniciativas políticas e bélicas do Pentágono na região. Todas estas questões inclusive estão sendo tramadas neste momento na visita de Obama a Israel, em seu encontro com o nazi-sionista Netanyahu.
Nos bastidores dos governos das potências imperialistas e seus aliados na região, como a Turquia, Quatar e Arábia Saudita há uma ampla discussão de qual saída operar para o regime sírio, já se falando abertamente de uma intervenção militar “humanitária”. Tanto que ao intervir diante do Comitê das Forças Armadas do Senado, o almirante James Stavridis disse que a OTAN considera “um amplo leque de operações”, entre as quais o estabelecimento de uma área de “exclusão aérea” sobre a Síria, com ajuda das baterias de mísseis Patriot instaladas na Turquia. A Rússia, que tem assento no CS da ONU, até o momento tem vetado o uso da força militar contra a Síria porque sabe justamente que a ofensiva imperialista está não só voltada contra o Irã mas também para enfraquecer a própria influência russa na região e nas antigas repúblicas soviéticas. Se bem que a Líbia, a Síria e o Irã façam parte prioritária deste roteiro militar, esta estratégica belicista se executada ameaçaria também a China e a Rússia. Ambos os países têm investimento, comércio e acordos de cooperação militar com a Síria e o Irã. Prova disso é que a Rússia tem uma base naval no Noroeste da Síria.
Pressionado pela China e a Rússia, que vetaram a agressão militar via OTAN, porém buscam um acordo com a Casa Branca para uma “solução política” do conflito, o governo Sírio vem cedendo sistematicamente. Anteriormente havia aceitado uma missão de avaliação humanitária preliminar da ONU para viabiliza o cessar-fogo, agora permite o envio de centenas de observadores-espiões a serviço da CIA, Mossad e M-16 para mapear as debilidades internas do exército nacional sírio visando uma nova ofensiva militar na região. Como se vê, Rússia e China, pelo caráter de classe burguês de seus governos, são incapazes de levar adiante uma oposição consequente aos planos do imperialismo, buscando simplesmente preservar defensivamente suas zonas de influência na região. Lembremos o exemplo líbio, onde em nome do suposto combate a “ditadura Kadaffi,” o imperialismo, com o aval da China e da Rússia que se abstiveram no CS da ONU, bombardeou o país e agora está dividindo seu território para melhor explorar as reservas de petróleo da Líbia, como se comprova com a declaração de “autonomia regional” da zona oriental do país, onde se localiza Benghazi e se concentra até 66% dos poços de óleo cru líbio. Ao lado das potências imperialistas, a esquerda revisionista do trotskismo, como a LIT e seus satélites, apoiou a farsesca “revolução árabe” na Líbia e agora faz o mesmo na Síria, alegando combater a “sangrenta ditadura de Assad”.
Neste contexto, soa como patético a esquerda revisionista apresentar as ações das arquirreacionárias tribos sírias como mobilizações espontâneas por “democracia”. O Mossad e a Arábia Saudita têm apoiado grupos islâmicos Salafi, os quais se tornaram ativos no Sul da Síria no início do movimento de protesto em Daraa em meados de março. Já o governo turco do primeiro-ministro Recep Tayyib está apoiando grupos de oposição sírios no exílio e ao mesmo tempo também “rebeldes” armados da Fraternidade Muçulmana no Norte da Síria. A Fraternidade Muçulmana síria, cuja liderança encontra-se exilada no Reino Unido está por trás dos protestos, tendo apoiado do M-16 britânico. Vale lembrar que esta aliança está baseada em um tratado de cooperação militar entre a OTAN, Israel e a Turquia justamente para se contrapor às ameaças por parte da Síria, Irã e Hezbollah.
Dominar o Oriente Médio, debilitar ao máximo ou derrubar os regimes que tem fortes fricções com Washington e controlar os povos que lutam contra o imperialismo: esses são os verdadeiros objetivos da “revolução árabe” saudada por Obama e apoiada pelos revisionistas do trotskismo. Por esta razão, correntes como a LIT que defendem histericamente o “Abaixo Assad” são obrigadas a fingirem ser contra a intervenção imperialista na Síria enquanto apoiam, como fazem na Líbia, os “rebeldes” made in CIA no interior destes países. Nesse sentido, mal conseguem esconder seus verdadeiros desejos de verem o imperialismo agredir a Síria quando declaram que “apesar de ameaçar com sanções, o imperialismo norte-americano não retira seu embaixador do país, nem pressiona para a uma ação internacional contra Assad, incluindo seu indiciamento pelo Tribunal Penal Internacional; ou ainda não busca convencer a Liga Árabe, que expulsou a Líbia a fazer o mesmo com a Síria” (sítio PSTU). Está colocado frente a escalada política e militar do imperialismo combater para que a luta dos povos do Oriente Médio não sirva para o imperialismo debilitar os regimes que têm fricções com a Casa Branca (Irã e Síria), ou mesmo como cínico pretexto para justificar intervenções militares “humanitárias” a exemplo do que ocorreu na Líbia. Cabe aos marxistas leninistas na trincheira da luta contra o imperialismo e pelas reivindicações imediatas e históricas das massas árabes, inclusive em frente única com os governos atacados pelas tropas da OTAN, combater os planos de agressão das potências capitalistas sobre as nações semicoloniais da região. Para tanto, faz-se necessário forjar um autêntico partido revolucionário marxista e marchar com independência política pela senda do combate de classe pela revolução socialista.
Para derrotar a ofensiva política e militar das potências abutres e de seus aliados internos é preciso que o proletariado sírio em aliança com seus irmãos de classe do Oriente Médio se levante em luta contra a investida imperialista na região, travestida pela retórica de defesa dos “direitos humanos e democracia”. Neste momento, é fundamental estabelecer uma clara frente única anti-imperialista com as forças populares que apoiam o regime nacionalista burguês sírio assim como com o Hezbollah para derrotar a ofensiva da OTAN e da ONU sobre o país. Combatendo nesta trincheira de luta comum, os revolucionários têm autoridade política para rechaçar inclusive as concessões feitas pelo governo de Bashar Al-Assad a esses organismos imperialistas que pretendem subjugar o país, forjando no calor do combate as condições para a construção de uma genuína alternativa revolucionária as atuais direções burguesas que via de regra tendem a buscar acordos vergonhosos com a Casa Branca.