Aldeia Maracanã: Abaixo a repressão da PM de Sérgio “Caveirão” contra a população pobre em nome das obras da Copa do Mundo! Retomar a ocupação unindo índios, sem-tetos e trabalhadores!
No final da manhã desta sexta-feira, 22, a Aldeia Maracanã localizada no antigo Museu do Índio, na cidade do Rio de Janeiro, ocupado pelos índios desde 2006 foi brutalmente desocupada pelo Batalhão de Choque da polícia de Sérgio Cabral “Caveirão” (ver vídeo). Os índios foram expulsos em uma relação de forças desproporcional, com bombas de gás, spray de pimenta e balas de borrachas por 200 homens do Bope, quando se organizavam pacificamente para se retirar, em um autêntico operativo de guerra contra a população pobre da capital fluminense, a pretexto que “evitar um incêndio” duranteum ritual dos índios. O índio Michael Oliveira relata: “A gente estava fazendo nosso ritual e a polícia entrou desrespeitando a gente. Me bateram com cacetete, jogaram gás, ao contrário do que foi combinado” (UOL Notícias, 22/3). O prédio que os índios ocupavam estava abandonado desde o final dos anos 70, quando deixou abrigar o Museu do Índio e por se localizar ao lado do estádio do Maracanã estava previsto ser demolido como parte das “obras de mobilidade” da Copa do Mundo de 2014, mas diante dos protestos da população o governo decidiu por reformá-lo e erguer um suposto museu esportivo. Vários pedidos de “reintegração de posse” foram emitidos pela “justiça” burguesa, mas devido a resistência e mobilização não conseguiram vingar. No entanto, pressionada por gordas propinas das grandes empresas, a 8ª Vara Federal Cível do Rio concedeu emissão de posse em favor do governo, cujo parecer foi completamente desfavorável ao movimento de ocupação, afirmando que não mais cabia qualquer recurso. Assim, desde as 3 horas da manhã o Batalhão de Choque se utilizando de dois carros blindados (“caveirões”) invadiu a ocupação “Aldeia Maracanã”, atirando balas de borracha e bombas de efeito moral por todo lado.
Esta foi mais uma obra de Sérgio “Caveirão” que entregou uma grande área pública, o entorno do estádio Maracanã, aos tubarões da iniciativa privada, os quais não querem saber se o local comportava moradores pobres e índios. O casarão funcionou no local de 1910 até 1978 como propriedade do Estado, que agora quer doá-la a empresários ligados à Copa do Mundo, a fim de construir centros comerciais, um “museu olímpico” e criar zonas de evacuação do público do futebol. O museu chegou a ter como diretor inclusive o eminente antropólogo Darcy Ribeiro, mas para as grandes empreiteiras nada disto tem valor histórico-cultural. Assim agem os governos de plantão em nome do lucro para as grandes empresas e em nome de “melhorar” a infraestrutura urbana, a primeira coisa que fazem é atacar a população pobre das cidades a serviço das imposições políticas e econômicas da multinacional FIFA. Os megaprojetos dos governo Dilma (PT), Sérgio “Caveirão” e Eduardo Paes estão despejando verbas públicas a rodo para empresas tipo EBX, Delta e à especulação imobiliária, enquanto expulsam à bala os pobres do entorno das obras da Copa.
Os índios e diversos ativistas que foram dispersos pelo spray de pimenta e repressão desferida pela polícia se reagruparam à tarde na frente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, na Praça XV, no Centro da cidade. Para além deste ato, é preciso chamar a solidariedade de todos os sindicatos classistas, denunciando as negociatas feitas por Cabral com o PT e PCdoB, que controla o Ministério daos Esportes. O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral “Caveirão” (PMDB), anunciou recentemente o projeto de privatização branca do Maracanã através da concessão do estádio à iniciativa privada por um período de 35 anos. Na transação, o valor estabelecido para o arremate do novo Maracanã é uma verdadeira pechincha, R$ 231 milhões dividido em 33 parcelas anuais de R$ 7 milhões. Para se ter uma dimensão desta verdadeira mamata, só com as reformas do Maracanã de 1999 até hoje, incluído a que está em andamento para a Copa do Mundo, já foram gastos cerca de R$ 1,5 bilhão dos cofres (público) do estado. O felizardo para receber a doação, garantida pela famigerada PPP (Parceria Público-Privada), está praticamente definido, nada mais nada menos do que o novo barão da burguesia no país, Eike Batista, avalizado plenamente pelos seus parceiros Sérgio Cabral e Dilma Rousseff. Ainda como parte do projeto de privatização do Maracanã está prevista a demolição de dois históricos equipamentos esportivos, o Parque Aquático Júlio de Lamare e o estádio de Atletismo Célio de Barros. Estão condenados ao mesmo fim uma escola municipal e o prédio do antigo Museu do Índio, que era moradia de comunidade indígena. Por sua vez, os comitês populares que vem se formando contra os desmandos da FIFA e da CBF, carecem de uma clareza programática e permanecem reivindicando a realização de uma “outra copa”, como se fosse possível conciliar a atual estrutura mercantil dos esportes com o entretenimento popular do futebol. Por este motivo, os marxistas revolucionários devem declarar, sem medo da opinião pública, que nesta copa do futebol mercenário “torceremos” pela derrota de todas as seleções (incluindo a “canarinha”), aliando a denúncia ativa de massas das negociatas estatais da Copa do Mundo, que só levarão mais pobreza e infelicidade ao nosso povo.
Está colocada na ordem do dia, organizar através dos sindicatos, movimento estudantil e popular uma grande manifestação na “Aldeia Maracanã” denunciando a truculência do governo Cabral e a aquiescência do Planalto com a perseguição e criminalização dos movimentos sociais atualmente no Brasil, bem como exigir que os índios tenham de volta as suas moradias no mesmo local do qual foram expulsos. Tanto o governo estadual como o federal, é preciso deixar bem claro, estão a serviço da especulação imobiliária e das grandes empreiteiras nacionais e estrangeiras. Somente a ação direta das massas exploradas poderá fazer com que o terreno da Aldeia Maracanã seja reocupado, rompendo com o acordo existente entre a frente popular e o governo Cabral de negociações “dentro do campo da legalidade” da justiça burguesa. É importante registrar que o PSOL e o deputado Marcelo Freixo também pressionaram pela chamada “desocupação pacífica” do terreno (ver vídeo), minando assim a construção de comitês de autodefesa para resistir à ação policial. Em oposição a esta política é necessária a unidade de ação entre os movimentos dos sem-teto, sem-terra e os indígenas, caso contrário cairá no isolamento e fatalmente será derrotado. Fica a lição da desocupação do Pinheirinho em São José dos Campos: deixar as decisões políticas para a justiça burguesa é o caminho da derrota do movimento.