Que rumo a economia política
brasileira aponta para 2013?
O IBGE acaba de divulgar o índice
oficial de variação do PIB em 2012, cravando a marca de 0,9%, contrariando até
a última projeção do Banco Central realizada na semana passada que indicava um
crescimento de 1,64%. O resultado do PIB foi o pior desde 2009, quando
apresentou um índice negativo de -0,3%, contemplando plenamente a expectativa
do PIG que já “cantava” há algum tempo que a taxa ficaria abaixo de 1%. O certo
mesmo é que as pressões sobre o IBGE para a divulgação de um resultado funesto
de nossa economia atendem a interesses muito poderosos da burguesia nacional
sedenta de maiores isenções fiscais e subsídios financeiros por parte do
governo da frente popular. Para buscar compreender a atual dinâmica econômica
capitalista que atravessa o país (ciclo de mobilidade das forças produtivas) é
necessário “conectar” o conjunto das variantes que emergem da conjuntura,
evitando assim vaticinar falsos “apocalipses” econômicos tão apreciados por uma
elite parasitária de verbas estatais e curiosamente também pela esquerda
revisionista, tão carente de “catástrofes” onde possam amealhar alguns
“votinhos” a mais. Desde o crash financeiro internacional de 2008 vimos
afirmando que a burguesia mundial procurou tirar o máximo de proveito da crise
para desencadear uma ofensiva global contra as conquistas sociais do
proletariado, além de “repactuar” historicamente uma política de cobrança de
“lucros e dividendos” com os tesouros centrais dos estados capitalistas em todo
mundo. Ao contrário de uma esquerda policlassista que acreditava no caráter
“neutral” do Estado e ficou “chocada” com a política de transferências de
fundos “públicos” para os grandes trustes privados, seguimos o “velho” Marx
quando afirmou que todo Estado burguês não passava de um comitê gestor central
dos negócios capitalistas. A história vem se repetindo desde o crash do mercado
bursátil de Wall Street, passando a ser o Estado burguês nesta etapa da luta de
classes o principal indutor da economia, inclusive nos países periféricos do
capitalismo como o Brasil.
Voltando aos números apresentados pelo
IBGE (órgão estatal controlado por uma cúpula de tecnocratas neoliberais) estes
revelam que o “vilão do pibinho” foi mesmo o pífio desempenho do setor
industrial, que à exceção das grandes montadoras vem perdendo terreno no
mercado nacional para a importação de bens de capital e até mesmo no “varejo”
do consumo direto de pequenas empresas. Apesar do índice de desemprego estar
fincado no melhor patamar dos últimos dez anos, algo em torno de 5,5% contra
uma media histórica de 12%, todos os economistas reconhecem que uma indústria
nacional sucateada arrasta para baixo todos os indicadores financeiros do país.
Mas, não poderia ser diferente com a adoção deste “modelo” neoliberal pelos
governos petistas, onde não existe o menor incentivo a elaboração e produção
científica nacional, ficando o país na completa dependência tecnológica dos
centros imperialistas e suas transnacionais. De nada adianta conceder mais
“renúncia fiscal” às indústrias automobilísticas para alavancar parcialmente o
PIB, enquanto o restante do parque industrial encontra-se em estado de
insolvência, sem a menor capacidade de competitividade internacional. Para
“compensar” o estancamento da indústria nacional, que já vem se processando há
décadas, o governo Dilma aposta fortemente na via do consumo interno aquecido,
principalmente no setor de serviços. Nesta direção, chama atenção a enorme
massa de crédito à disposição do governo, que operando com os bancos estatais,
BNDES, BB, BNB e CAIXA, juntos colocam no mercado um volume de recursos
superior a qualquer banco de fomento dos centros imperialistas.
Estamos, portanto, apesar do
“pibinho”, bem distantes de atravessar um quadro recessivo de nossa economia,
elemento que sequer esteve presente quando o PIB apresentou sinais negativos
entre 2008 e 2009 no esteio da crise mundial. Todos os dados econômicos apontam
para uma recuperação gradual e consistente em 2013 e 2014, a começar pelo
recorde histórico que o Tesouro Nacional obteve em janeiro último, com um
superávit primário de 31,3 bilhões de reais. Mesmo se levarmos em conta as
contas públicas de todo o fraco ano de 2012, encontraremos um saldo positivo de
mais de cem bilhões de reais (104,9), depositadas no Tesouro Nacional. O setor
financeiro privado, rentistas acostumados ao ganho sem risco, também não deixou
de dar sua “contribuição” para o estancamento do PIB em 2012, ao maquiarem
balancetes com grandes perdas financeiras em virtude da redução do spread
bancário, praticada pela rede estatal. Por falar em queda da taxa de juros, a
família Setúbal promete uma vingança visceral contra o governo já para as
próximas eleições presidenciais, financiando “generosamente” o REDE e sua
candidata “ecologista” do Central Park. Contrariando uma tendência aberta com a
redução dos seus rendimentos, a poupança obteve em 2012 seus melhores
resultados em captação financeira, o que indica uma nova vertente de
micro-acumulação para um setor “emergente” da população, beneficiada direta com
a política estatal de patrocinar o chamado “empreendedorismo” através da
“fartura” da bolha de crédito. O consumo médio familiar e a massa salarial
medidas pelo IBGE atingiram o nível um pouco acima da casa dos 3,5%, aliás o
mesmo percentual projetado para o PIB de 2013, ou seja a classe trabalhadora
esteve bem distante de repor suas perdas salariais em 2012, ainda que
conseguisse minimamente “empatar” seus vencimentos com a inflação da economia
real.
Para além do “carnavalito” fora de
época que o PIG e seus parceiros Demo-Tucanos irão promover com anúncio do
IBGE, o PIB brasileiro teve a mesma evolução da economia alemã em 2012,
considerada a “locomotiva” que poderá tirar a Europa da bancarrota. Se
comparado aos BRICs do qual faz parte, o Brasil ficou na lanterna, atrás da
África do Sul que cresceu 2,5% em 2012. Já a variação do PIB da economia
norte-americana em 2012 não foi ainda divulgada, mas estima-se que fique um
pouco abaixo dos 2% positivos. Em resumo, se o governo da frente popular não
tem motivos para comemorar o PIB/2012, também não há razões para prognosticar o
“armagedon” da economia brasileira para este ano, como estupidamente insistem
os revisionistas dos mais variados matizes, desde os Morenistas até Maoístas. O
capitalismo tupiniquim e seu “modelo” de gestão neoliberal, baseado na
colaboração de classes implementada pelo PT/CUT, ainda dispõe de muitos
instrumentos econômicos e políticos para prolongar a crise estrutural do modo
de produção da acumulação privada e produção social proletária.
Neste cenário de relativa estabilidade
social, onde o Estado burguês e sua gerência petista ainda dispõe de uma “faixa
de gordura” a ser “queimada” com a crise, a pauta política do pais antecipou-se
e o debate corrente são as eleições presidenciais que só ocorrerão no final do
ano que vem. A conjuntura nacional já impôs uma derrota antecipada da oposição
conservadora e a anturragem Dilmista tratou de trucidar seus próprios
competidores internos no PT, impondo a reeleição com o apoio da burguesia
nacional como um fato político consumado. A polarização eleitoral deve se
concentrar entre o atual governo e a candidatura da ex-senadora Marina Silva,
que acaba de fundar seu próprio partido, o REDE (financiado pelos rentistas
internacionais). Muito provavelmente o REDE (que dispõe de pouquíssimos
segundos de propaganda gratuita na mídia) se coligará com o PSOL e seus
“sócios” menores da “oposição de esquerda”, representando assim o ódio da
classe média urbana a tudo que simboliza Lula e o PT. Mais uma vez, a classe
operária não terá lugar neste novo circo eleitoral de cartas bem marcadas,
devendo preparar a resistência, pela via da ação direta, à ofensiva
imperialista que se delineia mundialmente com toda sua intensidade contra povos
e nações. Mais que nunca, se coloca como tarefa absolutamente prioritária
romper o “pacto social”, imposto pela frente popular e suas “agências”
sindicais (CUT, CTB, INTERSINDICAL e CONLUTAS), construindo uma ferramenta
revolucionária do proletariado e do povo oprimido.
LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA