quarta-feira, 15 de outubro de 2014


Apesar da ofensiva da “nova” direita (PSDB, PSB e REDE) contra o PT, Dilma ainda mantém o apoio da maioria da burguesia nacional

Um debate muito importante permeia todos os setores da esquerda diante da ofensiva em toda linha desatada pela coligação da “nova” direita burguesa contra o PT, a candidatura Dilma seria a expressão ainda que deformada dos movimentos sociais? Restaria ao governo da Frente Popular alguma característica “democrática e popular”? Como Marxistas somos obrigados a ser absolutamente categóricos nesta questão, a “gerência” estatal petista e sua candidatura de continuidade não contemplam nenhum caráter operário ou popular ou mesmo radicalmente  democrático do ponto de vista burguês. Nos doze anos de sua gestão estatal o PT organizou um sólido bloco capitalista de “apoio mútuo” e não estamos nos referindo simplesmente a formação de sua base parlamentar composta por partidos burgueses “tradicionais”. Em particular sob a segunda presidência de Lula, setores da burguesia nacional foram impulsionados pelo Estado a buscar novos mercados, dentro e fora do país, diante da iminência da crise financeira mundial. A iniciativa do governo da Frente Popular de “fugir” da recessão econômica mundial a partir dos acordos comerciais firmados principalmente com a China, rompendo a histórica centralidade com os EUA, solidificou fortes vínculos materiais das classes dominantes com um partido que nunca foi operário ou socialista. Em paralelo a “gerência” petista adotou uma política agressiva de concessão de crédito, pela via dos bancos estatais, a setores médios ou em ascensão da burguesia nacional. Estes elementos obviamente se somam a política neoliberal dos governos petistas que serviu como alavanca para a acumulação financeira dos rentistas e de “generosos  incentivos” para os monopólios transnacionais que operam em nosso país. O PT e sua candidatura para continuar no controle do Planalto representam interesses sociais frontalmente opostos aos da classe operária, projetam o desenvolvimento de uma classe dominante um pouco mais autônoma das antigas ligações estabelecidas com a economia imperialista ianque. Este é exatamente o ponto da inflexão petista, que “divide águas” com a articulação burguesa Tucana: Que eixo econômico seguir, BRICS ou EUA e seus “parceiros”. Nesta disjuntiva para a burguesia não há qualquer caráter progressista na alternativa petista apontada, pelo menos para os movimento sociais e suas reivindicações de classe. Se elencarmos como “populares” ou de “esquerda” a políticas compensatórias, de inclusão creditícia e ampliação do mercado consumidor, levadas a cabo pelos governos da Frente Popular, estaríamos abrindo mão da nossa própria condição de Marxistas! A grande “bandeira” programática da esquerda “chapa branca”, implementada pelas “gerências” do PT, consiste exatamente na plataforma capitalista da expansão mercantil, nada tem ver com um programa socialista ou mesmo nacionalista burguês e antiimperialista. Esta caracterização não reduz as claras diferenças entre os dois “projetos de poder”, apenas as situa no mesmo campo de classe, ou seja no terreno da burguesia. Não por coincidência ou afinidades “ideológicas” e sim pelos laços estatais criados,  o PT agrega o apoio majoritário da burguesia nacional, que apesar das “queixas” midiáticas ao “intervencionismo” segue financiando  pesadamente a campanha da candidata do partido.

Apoiar “criticamente” o PT em nome do “combate a uma ameaça fascista” não corresponde minimamente a realidade nacional e tampouco a tática da frente única de ação de massas pode ser “confundida” (como pretendem os oportunistas) com política eleitoral em uma etapa democratizante. É verdade que a “nova” coalizão da direita pretende como governo desencadear uma ofensiva neoliberal contra as conquistas operárias obtidas na luta, seu programa econômico inclui arrocho salarial, mais privatizações e um duro ajuste fiscal. Porém as linhas gerais de governo da Frente Popular diferem apenas no “grau” dos ataques as conquistas sociais, mantendo a mesma política monetarista que beneficia a banca financeira e os especuladores internacionais de “plantão”, ou por acaso não foi a equipe econômica palaciana que as vésperas do primeiro turno “derrubou” a cotação do Real em relação ao Dólar liberando cerca de dez bilhões das nossas reservas cambiais em apenas uma semana  aos “jogadores” do cassino de Wall Street. Apresentar o governo do PT como “antiimperialista” parece até uma piada de mau gosto diante da ocupação militar que promove há anos no Haiti sob as ordens de Washington. Ou por acaso os “conselhos” políticos de Lula para que o regime Chavista na Venezuela não ultrapasse os limites da propriedade privada não partiram da Casa Branca?

O governo do PT não representa o fascismo, como por exemplo caracterizam equivocadamente os Maoistas, ao contrário expressa um alinhamento político de “centro-esquerda” burguesa, mas suas iniciativas no campo estatal estão muito aquém de governos similares da América Latina, incluindo até mesmo o tímido fenômeno “nacionalista” do Kirchnerismo argentino. Também a atual coalizão encabeçada pelos Tucanos não pode ser definida teoricamente como fascista, apesar do seu caráter reacionário e francamente direitista. A própria dinâmica da luta de classes, indicando uma etapa de correlação de forças abertamente favorável a burguesia não impõe as classes dominantes a necessidade de um regime fascista ou mesmo algo assemelhado. Isto não significa de modo algum que no interior do PSDB, ou mesmo do REDE, não se fomente um “feto” com simpatias políticas pelo neonazismo, estamos evidentemente falando do governador de São Paulo, Geraldo Alckimin, um candidato talhado para derrotar a Frente Popular em 2018 (ou antes mesmo do calendário eleitoral) com métodos golpistas e de “guerra civil” se necessário for. A ameaça fascista é uma resposta da burguesia a uma avanço da classe operária sobre as instituições apodrecidas do Estado burguês, corresponde a uma polarização aguda da luta de classes o que desgraçadamente está muito longe do que ocorre hoje no Brasil. Somente os estúpidos revisionistas do PSTU e afins conseguem enxergar um “voto que expressa a rebeldia das massas” em Alckimin ou Aécio. Mas para quem viu na ação da militar OTAN na Líbia uma "revolução", deve achar que o voto nos Tucanos é algo “insurrecional”.

Os apologistas do “mal menor”, votando com o “nariz tapado” pelo mau cheiro exalado por Dilma, não conseguem explicar as diferenças substanciais do caráter de classe entre os “projetos de poder” do PT e PSDB. Agitar o fantasma do golpe de estado a toda hora, ou melhor no momento eleitoral sob absoluto controle político das frações burguesas em disputa, não contribui em nada para organizar a resistência proletária a ofensiva neoliberal que recrudesce já pelas mãos do PT ou mesmo se intensificará também pelas patas do PSDB. Nós da LBI estivemos corajosamente desde a primeira hora na vigorosa denúncia do embuste Marina (mais exatamente no justo momento em que Eduardo Campos foi assassinado pela CIA, que fez cair o jato em que se deslocava) uma operação política montada pelo Departamento de Estado dos EUA, sem que nossa ação correspondesse a um “flerte” com o PT. Agora diante da “inusitada” coalizão chefiada pelo PSDB para o segundo turno, estamos na vanguarda do combate político, no marco de nossas limitações, ao nascimento desta “nova” direita no país, com chances reais de chegar ao Planalto. Fomos a primeira corrente de esquerda a apontar que a incorporação do PSB, REDE e Marina ao esquema político Tucano representava algo bem superior a um simples “fato eleitoral”.

Por mais antipática que possa parecer nossa colocação para muitos ativistas do movimento de massas, que corretamente odeiam a corja Tucana e a escória Marineira, somos obrigados a afirmar que ambos os lados nesta peleja eleitoral não tem a menor identidade política com as lutas da classe operária, e mais especificamente que o PT não pode significar um instrumento independente para o combate a reação das classes dominantes. A vergonhosa covardia programática petista diante do nítido avanço da “nova” direita burguesa, que poderá lhe custar o posto de gerente estatal, é uma prova incontestável de nossas justas posições em defesa do boicote a esta farsa eleitoral da democracia dos ricos. A derrota efetiva dos bandos reacionários e protofascistas que acumulam forças em nosso país não se dará pela via do “voto crítico” no PT. Propor “dialogar” com o governo Dilma (ou mesmo com seus apoiadores) neste momento e após doze anos de uma orientação estatal que só serviu aos grandes grupos capitalistas, é de cretinismo sem limites! Neste sentido divergimos pelo vértice dos parlamentares do PSOL, Prestistas (incluindo a figura de Anita Leocádia) e setores do Altamirismo que pregam envergonhadamente o “voto útil” no PT. Mas também não compartilhamos das posições do PSTU que advoga o Voto Nulo passivo, considerando o PT como o “centro do mal” e que também reconhece a legitimidade deste circo eleitoral. Convocamos o movimento operário e popular a sair as ruas neste 26 de outubro para manifestar politicamente sua rejeição de classe a este regime, engrossando a enorme corrente de quase 40 milhões de abstenções e votos em branco!