Apesar da ofensiva da “nova” direita (PSDB, PSB e REDE)
contra o PT, Dilma ainda mantém o apoio da maioria da burguesia nacional
Apoiar “criticamente” o PT em nome do “combate a uma ameaça
fascista” não corresponde minimamente a realidade nacional e tampouco a tática
da frente única de ação de massas pode ser “confundida” (como pretendem os
oportunistas) com política eleitoral em uma etapa democratizante. É verdade que
a “nova” coalizão da direita pretende como governo desencadear uma ofensiva
neoliberal contra as conquistas operárias obtidas na luta, seu programa
econômico inclui arrocho salarial, mais privatizações e um duro ajuste fiscal.
Porém as linhas gerais de governo da Frente Popular diferem apenas no “grau”
dos ataques as conquistas sociais, mantendo a mesma política monetarista que
beneficia a banca financeira e os especuladores internacionais de “plantão”, ou
por acaso não foi a equipe econômica palaciana que as vésperas do primeiro
turno “derrubou” a cotação do Real em relação ao Dólar liberando cerca de dez
bilhões das nossas reservas cambiais em apenas uma semana aos “jogadores” do cassino de Wall Street. Apresentar
o governo do PT como “antiimperialista” parece até uma piada de mau gosto
diante da ocupação militar que promove há anos no Haiti sob as ordens de
Washington. Ou por acaso os “conselhos” políticos de Lula para que o regime
Chavista na Venezuela não ultrapasse os limites da propriedade privada não
partiram da Casa Branca?
O governo do PT não representa o fascismo, como por exemplo
caracterizam equivocadamente os Maoistas, ao contrário expressa um alinhamento
político de “centro-esquerda” burguesa, mas suas iniciativas no campo estatal
estão muito aquém de governos similares da América Latina, incluindo até mesmo
o tímido fenômeno “nacionalista” do Kirchnerismo argentino. Também a atual
coalizão encabeçada pelos Tucanos não pode ser definida teoricamente como
fascista, apesar do seu caráter reacionário e francamente direitista. A própria
dinâmica da luta de classes, indicando uma etapa de correlação de forças
abertamente favorável a burguesia não impõe as classes dominantes a necessidade
de um regime fascista ou mesmo algo assemelhado. Isto não significa de modo
algum que no interior do PSDB, ou mesmo do REDE, não se fomente um “feto” com
simpatias políticas pelo neonazismo, estamos evidentemente falando do
governador de São Paulo, Geraldo Alckimin, um candidato talhado para derrotar a
Frente Popular em 2018 (ou antes mesmo do calendário eleitoral) com métodos
golpistas e de “guerra civil” se necessário for. A ameaça fascista é uma
resposta da burguesia a uma avanço da classe operária sobre as instituições
apodrecidas do Estado burguês, corresponde a uma polarização aguda da luta de
classes o que desgraçadamente está muito longe do que ocorre hoje no Brasil.
Somente os estúpidos revisionistas do PSTU e afins conseguem enxergar um “voto
que expressa a rebeldia das massas” em Alckimin ou Aécio. Mas para quem viu na
ação da militar OTAN na Líbia uma "revolução", deve achar que o voto
nos Tucanos é algo “insurrecional”.
Os apologistas do “mal menor”, votando com o “nariz tapado”
pelo mau cheiro exalado por Dilma, não conseguem explicar as diferenças
substanciais do caráter de classe entre os “projetos de poder” do PT e PSDB.
Agitar o fantasma do golpe de estado a toda hora, ou melhor no momento
eleitoral sob absoluto controle político das frações burguesas em disputa, não
contribui em nada para organizar a resistência proletária a ofensiva neoliberal
que recrudesce já pelas mãos do PT ou mesmo se intensificará também pelas patas
do PSDB. Nós da LBI estivemos corajosamente desde a primeira hora na vigorosa
denúncia do embuste Marina (mais exatamente no justo momento em que Eduardo
Campos foi assassinado pela CIA, que fez cair o jato em que se deslocava) uma
operação política montada pelo Departamento de Estado dos EUA, sem que nossa
ação correspondesse a um “flerte” com o PT. Agora diante da “inusitada”
coalizão chefiada pelo PSDB para o segundo turno, estamos na vanguarda do
combate político, no marco de nossas limitações, ao nascimento desta “nova”
direita no país, com chances reais de chegar ao Planalto. Fomos a primeira
corrente de esquerda a apontar que a incorporação do PSB, REDE e Marina ao
esquema político Tucano representava algo bem superior a um simples “fato
eleitoral”.
Por mais antipática que possa parecer nossa colocação para
muitos ativistas do movimento de massas, que corretamente odeiam a corja Tucana
e a escória Marineira, somos obrigados a afirmar que ambos os lados nesta
peleja eleitoral não tem a menor identidade política com as lutas da classe
operária, e mais especificamente que o PT não pode significar um instrumento
independente para o combate a reação das classes dominantes. A vergonhosa
covardia programática petista diante do nítido avanço da “nova” direita
burguesa, que poderá lhe custar o posto de gerente estatal, é uma prova
incontestável de nossas justas posições em defesa do boicote a esta farsa eleitoral
da democracia dos ricos. A derrota efetiva dos bandos reacionários e
protofascistas que acumulam forças em nosso país não se dará pela via do “voto
crítico” no PT. Propor “dialogar” com o governo Dilma (ou mesmo com seus
apoiadores) neste momento e após doze anos de uma orientação estatal que só
serviu aos grandes grupos capitalistas, é de cretinismo sem limites! Neste
sentido divergimos pelo vértice dos parlamentares do PSOL, Prestistas (incluindo
a figura de Anita Leocádia) e setores do Altamirismo que pregam envergonhadamente o “voto útil” no
PT. Mas também não compartilhamos das posições do PSTU que advoga o Voto Nulo
passivo, considerando o PT como o “centro do mal” e que também reconhece a
legitimidade deste circo eleitoral. Convocamos o movimento operário e popular a
sair as ruas neste 26 de outubro para manifestar politicamente sua rejeição de
classe a este regime, engrossando a enorme corrente de quase 40 milhões de
abstenções e votos em branco!