Quarta "gerência" estatal consecutiva revela plena
confiança da burguesia nacional no PT
Acaba de sair o resultado oficial das eleições presidenciais
dando a vitória para a candidata do PT, Dilma Rousseff. Como a LBI já havia
prognosticado com bastante antecedência, a comandante da Frente Popular foi eleita em uma acirrada
disputa com o PSDB neste segundo turno, dividindo politicamente o país entre
apoiadores de "esquerda versus direita". Porém os que acreditaram que
esta polarização poderia conter algum conteúdo de classe ou pelo menos uma
substantiva diferenciação programática, devem ter se decepcionado logo no
primeiro pronunciamento da presidente reeleita, quando fez absoluta questão de
reafirmar que não possuía divergências de fundo com seu adversário Tucano,
conclamando a reconciliação do Brasil. O triunfo consecutivo de Dilma se deveu fundamentalmente ao apoio que
setores de peso da burguesia nacional (empreiteiras, agronegócio, JBS,
Bradesco...) optaram por "depositar" no PT, tendo como fiança a
aprovada gerência neoliberal do Estado capitalista. Nossa caracterização se
confirmou plenamente não como uma mera “aposta” aleatória mas como parte de uma
fina análise marxista de realidade nacional apontando que os grandes grupos
econômicos estavam pela continuidade do PT no comando do governo central como
parte da política de garantir os lucros dos capitalistas em um ambiente de
relativa estabilidade política imposto pelo pacto social implícito construído
pela Frente Popular. Logo depois da realização do primeiro turno, em artigo
elaborado em 06 de outubro, já no título reafirmávamos nossa projeção “Fraude
eletrônica leva Aécio ao segundo turno para retardar vitória do PT”. Nele
declaramos “Apesar de mantermos a caracterização que a frente popular deve
ganhar esta apertada disputa, desde já alertamos que será uma ‘guerra’
intestina renhida porque a burguesia e o imperialismo querem um mandato frágil
do PT para fazer sua transição segura a um eixo conservador sólido em 2018”.
Enquanto grupos revisionistas apontavam cada vez mais o perigo do “golpe da
direita” para advogar o “voto crítico” em Dilma, a LBI pontuava durante a
campanha do segundo turno justamente o contrário. Em artigo de 15 de outubro
denunciamos que “Apesar da ofensiva da 'nova' direita (PSDB, PSB e REDE) contra
o PT, Dilma ainda mantém o apoio da maioria da burguesia nacional”. Por fim, na
véspera do returno, quando publicação imunda da Veja tentava jogar sua última
cartada para impedir a vitória petista, nossa corrente trotskista foi
categórica em mostrar a inviabilidade da manobra. Em artigo intitulado
“Tentativa de golpe eleitoral da VEJA não colou em função do suporte de Dilma
nas frações mais expressivas da burguesia nacional” (25/10) alertamos que os
Civitas estavam isolados em sua sanha golpista porque o grosso da burguesia se
perfilava em torno da “gerente” e, inclusive, prognosticamos a própria
diferença de votos entre a candidata do PT e do PSDB: “Como um prognóstico
eleitoral para este domingo, crivamos uma diferença de 1 ou 2% em favor de
Dilma, provavelmente no resultado mais apertado de toda a história republicana.
A campanha petista cresceu neste segundo turno entre os setores mais explorados
da população diante da ofensiva reacionária e xenófoba dos Tucanos. Porém o PT
está muito distante de representar minimamente os interesses sociais dos
oprimidos, os vínculos programáticos estabelecidos com a burguesia neste
últimos quinze anos são bastante sólidos e vão além de qualquer período
eleitoral”. Os resultados oficiais divulgados a poucos minutos pelo TSE (51,62%
x 48,38%) crava justamente esta diferença, cuja previsão não foi produto de
nenhum exercício de “futurologia” mas da caracterização marxista de que a
burguesia e o imperialismo necessitavam desta disputa acirrada com o PSDB para
manter o PT ainda mais refém de suas ordens. Toda nossa análise se pautou
também na leitura de que qualquer apoio por mais “crítico” a Dilma significava
o fortalecimento de um bloco político e social policlassista que se sustenta na
política de colaboração de classes, que não esteve ameaçada de uma investida
fascista porque não havia nenhum ascenso revolucionário que obrigasse setores
da classe dominante a lançar mão desta medida. A aceitação passiva da derrota
por parte de Aécio Neves e do PSDB, apesar da pequena margem de votos que levou
a sua derrota, é mais uma prova concreta do que afirmamos. Agora a “valente
Dilma” da campanha eleitoral dará lugar a uma gerente reacionária que levará a cabo os “ajustes” e ataques tão
exigidos pela burguesia e o imperialismo, não dando qualquer guinada “a
esquerda” como demagogicamente apregoam setores da Frente Popular e seus
apoiadores de última hora, dentro e fora do PSOL.
Na cerimônia que comemorou a vitória, cercada pela escória dos partidos lúmpemburgueses que compõem a maioria da coligação eleitoral que a elegeu (a corja de bandidos do PMDB passando pelo PROS e PRB), Dilma logo saiu a declarar que desejava estabelecer “pontes” com o PSDB e um clima político de “paz e união”. Como o PT saiu derrotado na maioria dos estados em que disputou os governos estaduais neste segundo turno (Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul), assim como também seus aliados fisiológicos do PMDB do Pará e Goiás, a “gerentona” deixou a porta aberta para um “diálogo” com os tucanos, que saíram fortalecidos nas disputas regionais. Este clima de “unidade nacional” e a congratulação de Aécio Neves, rejeitando a “tese” de não reconhecimento dos resultados (como prega a Veja), demonstra bem que passado o circo eleitoral da democracia dos ricos, há uma ampla unidade da burguesia em estabelecer um acordo para implementar as “reformas” que exigem os capitalistas e a ofensiva neoliberal do imperialismo. Os que venderam o perigo do “golpe fascista” agora festejam a “vitória da democracia” apontado a vitória do PT como um expressão do “avanço da esquerda”. Ocorre que esta eleição demonstrou justamente o crescimento político da reação burguesa, mais além do simples resultado eleitoral, cujo candidato foi derrotado nas urnas mas irá tencionar a Frente Popular para atacar direitos sociais, conquistas e liberdades democráticas, como vimos no repúdio comum que Dilma e Aécio fizeram a manifestação popular contra a Veja. Como denunciamos antes na véspera do segundo turno quando da criminalização do protesto na sede da Editora Abril “O que está em jogo neste momento ultrapassa o resultado eleitoral deste domingo, onde as duas alas da burguesia (ganhe Dilma ou Aécio) pretendem recrudescer ainda mais as parcas liberdades de organização e manifestação conquistadas na luta contra o regime militar” (Blog da LBI, 25/10).
Na cerimônia que comemorou a vitória, cercada pela escória dos partidos lúmpemburgueses que compõem a maioria da coligação eleitoral que a elegeu (a corja de bandidos do PMDB passando pelo PROS e PRB), Dilma logo saiu a declarar que desejava estabelecer “pontes” com o PSDB e um clima político de “paz e união”. Como o PT saiu derrotado na maioria dos estados em que disputou os governos estaduais neste segundo turno (Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul), assim como também seus aliados fisiológicos do PMDB do Pará e Goiás, a “gerentona” deixou a porta aberta para um “diálogo” com os tucanos, que saíram fortalecidos nas disputas regionais. Este clima de “unidade nacional” e a congratulação de Aécio Neves, rejeitando a “tese” de não reconhecimento dos resultados (como prega a Veja), demonstra bem que passado o circo eleitoral da democracia dos ricos, há uma ampla unidade da burguesia em estabelecer um acordo para implementar as “reformas” que exigem os capitalistas e a ofensiva neoliberal do imperialismo. Os que venderam o perigo do “golpe fascista” agora festejam a “vitória da democracia” apontado a vitória do PT como um expressão do “avanço da esquerda”. Ocorre que esta eleição demonstrou justamente o crescimento político da reação burguesa, mais além do simples resultado eleitoral, cujo candidato foi derrotado nas urnas mas irá tencionar a Frente Popular para atacar direitos sociais, conquistas e liberdades democráticas, como vimos no repúdio comum que Dilma e Aécio fizeram a manifestação popular contra a Veja. Como denunciamos antes na véspera do segundo turno quando da criminalização do protesto na sede da Editora Abril “O que está em jogo neste momento ultrapassa o resultado eleitoral deste domingo, onde as duas alas da burguesia (ganhe Dilma ou Aécio) pretendem recrudescer ainda mais as parcas liberdades de organização e manifestação conquistadas na luta contra o regime militar” (Blog da LBI, 25/10).
No meio do ano, no artigo “Balanço e Perspectivas para o
início do circo eleitoral” (16/07), a LBI apontava o que hoje se tornou
realidade. Naquele momento, analisamos que “Sem dúvida, teremos pela frente uma
dura disputa política entre as duas principais alas da classe dominante
representadas pelo PT e PSDB pelo controle do governo nacional e das gerências
estaduais. O fato da Copa do Mundo ter ocorrido com relativo êxito, apenas com
a ocorrência de pequenos protestos populares duramente reprimidos e sem nenhuma
“catástrofe” organizativa (como torcia o tucanato e a mídia burguesa
arquirreacionária agrupada no PIG) deu ao PT a certeza de que o próximo mandato
está garantido ao final do concorrido campeonato eleitoral. Entretanto, a
presidente Dilma deve ser reeleita em segundo turno por uma pequena margem de
votos, já que Aécio irá contar com a ‘torcida’ de todo o arco conservador
representado pela ‘nova’ direita”. Esta compreensão fez da nossa política um
divisor de água com o impressionismo da “esquerda” (dentro e fora do PT) que
sempre colocou as eleições como um embate entre “esquerda x direita” e não “classe
contra classe” como insistimos em pautar o debate programático. Por esta razão,
a defesa do Voto Nulo e do boicote ativo foi a nossa posição e teve grande eco
na vanguarda classista devido ao sentimento latente de repúdio ao circo
eleitoral, tanto que nos resultados do TSE somam juntos 27,44% (mais de 37
milhões de eleitores) entre Brancos (1.921.812 -1,71%), Nulos (5.219.592 -
4,63%) e Abstenção (30.137.165 - 21,10%).
O “retrato” de Dilma cercada de bandidos burgueses na
cerimônia da vitória (sem nenhum representante dos “movimentos sociais” no
palanque) demonstra bem como será seu próximo governo. Como alertamos durante a
campanha, o PT vem preparando o retorno eleitoral da direita e o fortalecimento
ideológico da reação na medida em que criminalizou os movimentos sociais e
aprofundou nestes 12 anos de gestão da frente popular seus vínculos políticos e
materiais com as oligarquias reacionárias comandadas por Sarney, Renan, Gomes,
Collor que ao menor sinal de crise pulam do barco como ratos e caem nas mãos do
PSDB, como fizeram em vários estados. A pressão da Casa Branca, da mídia
“murdochiana” e do tucanato é para manter o PT nas cordas mesmo com a vitória
eleitoral de Dilma, a fim de que seu novo mandato seja uma espécie de
“transição pactuada” para uma gerência de corte mais conservador, que apostamos
será encabeçada via candidatura de Alckmin em 2018.
Se os apoiadores da Frente Popular estão aliviados com a
vitória do PT e muitos já se preparam para um novo processo de cooptação
política e material das direções sindicais para a manutenção do pacto social
implícito que vem vigorando no país a partir de 2002, desde a LBI alertamos que
os próximos quatro anos serão de duros ataques aos trabalhadores, tanto pelo
desaquecimento da economia brasileira como pela exigência dos rentistas e do imperialismo
ianque. Não por acaso, Dilma declarou que seguirá combatendo “com rigor a
inflação e que pretende avançar no terreno da responsabilidade fiscal”, ou
seja, no corte de investimos nos serviços públicos e no ataque as condições de
vida do povo trabalhador! Para isso, chamou o PSDB para ajudá-la, demonstrando
que o apelo dos que proclamaram o “voto crítico” em Dilma para “combater a
direita” só serviu para que ela pudesse negociar em melhores condições com o
Tucanato. A “gerentona” declarou “Conclamo, sem exceção, a todas as brasileiras
e brasileiros para nos unirmos em favor do futuro de nossa pátria. Não acredito
que essas eleições tenham dividido o país ao meio. Creio que elas mobilizaram
ideias e emoções às vezes contraditórias, mas movidas por um sentimento comum:
a busca por um futuro melhor. Minhas primeiras palavras são, portanto, de
chamamento e união. Democracia madura e união não significam necessariamente
unidade de ideias nem ação monolítica conjunta, mas, em primeiro lugar,
disposição para o diálogo. Esta presidente aqui está disposta ao diálogo” (G1,
26/10). Para o bom entendedor meia palavra basta...A LBI, que não se somou ao
amplo arco político que apoiou Dilma tem a moral política de lutando pela
independência de classe dos trabalhadores para além do terreno eleitoral,
convocar o ativismo classista a fazer o combate a “nova gerência” da Frente
Popular, quem em seu quarto mandato estatal consecutivo revela a plena
confiança da burguesia nacional no PT.