Não se passaram nem 72 horas de sua recondução ao Planalto e
Dilma já sinaliza claramente o que pretende dar continuidade em sua nova
gerência do Estado burguês: a política de subordinação do país diante do
capital financeiro! Logo na reta final do segundo turno, a semelhança do que
havia ocorrido no primeiro, a equipe econômica palaciana decide ceder a
chantagem do mercado cambial e ordena uma forte compra de Dólares pelo Banco
Central, fazendo com que a moeda norte-americana atinja a maior cotação dos últimos
cinco anos. Na sequência após a vitória eleitoral sobre o Tucanato, o COPOM
determina a elevação da taxa de juros, retomando a escalada ascendente da
SELIC. Para acalmar o "mercado" que anda muito "nervosinho"
com o triunfo do PT, Dilma manda seus marqueteiros boatarem a nomeação do
presidente do BRADESCO, Luiz Trabuco, para seu novo ministério. Os incautos que
apoiaram "criticamente" Dilma para evitar a hegemonia dos "duros
neoliberais" no Brasil, agora devem responder a seguinte questão: votar no
PT impede ou avança a ofensiva do capital financeiro sobre as conquistas
operárias da população? Em que medida traficar a ilusão no movimento de massas
de que a direita prepara um golpe contra um governo tão alinhado aos rentistas
internacionais eleva a capacidade de resistência do proletariado contra a
burguesia? Deixemos que o arco reformista "crítico" ao governo Dilma
mas que atenderam ao apelo eleitoral do PT supostamente contra a ameaça da
direita, como o PSOL, Prestistas, PCR etc.., respondam esta questão (talvez pensassem que o drogado Lobão e os "sertanojos" pudessem encabeçar o putsch fascista). Quanto a
genuína vanguarda classista, que não se deixou seduzir pelo engodo do voto
útil, o momento é de organizar a ação direta contra as duas alas do
neoliberalismo e que após o circo eleitoral agora estão bem unidas no ataque
dos capitalistas aos trabalhadores. Ao que parece o "golpe" da
direita veio mesmo pelas mãos da "esquerda", porém não se trata de um
golpe de estado e sim de um verdadeiro estelionato eleitoral!
O “novo” governo da Frente Popular está diante de uma
encruzilhada econômica, vem financiando os gastos estatais com um enorme rombo
fiscal, aumentando desta forma sua dívida pública. Na medida em que eleva a
taxa básica de juros, para "acalmar" os rentistas, também aumenta a
dívida mobiliária da União, fazendo rolar a "bola de neve" de seu
déficit estatal. Porém em um ano eleitoral o governo Dilma aumentou em cerca de
15% os gastos da chamada "máquina" de custeio, enquanto o PIB deste
ano deve apresentar um " crescimento" próximo de zero. O resultado
destes vetores econômicos em "conflito" já anuncia uma crise do
"milagre" petista, esgotado em sua fórmula de combinar consumo
aquecido e crédito fácil.
A saída do impasse econômico, após o fim do circo eleitoral,
passa necessariamente pela adoção de duras medidas neoliberais, que segundo a
gerência petista é a única opção posta na mesa. Está em marcha o anúncio ainda
este ano de um "tarifaço" de produtos controlados pelo governo, como
combustíveis e energia elétrica, que necessariamente deve desencadear um novo
ciclo inflacionário no país. Nesta perspectiva o aumento constante da taxa
SELIC deverá ser o amargo "remédio " adotado pela equipe econômica
palaciana para deter a alta geral de produtos e serviços que já se delineia no
horizonte próximo.
O grande "trunfo" econômico dos governos da Frente
Popular (até 2013) está se esvaindo entre os dedos de Dilma sem que ela possa
esboçar qualquer reação, trata-se da "gordura" cambial acumulada a
partir do enorme superávit de nossa balança comercial. Esta confortável reserva
cambial agora está sendo "atacada" por rentistas internacionais que
forçam a massiva compra de Dólares pelo Tesouro, com a justificativa de conter
a disparada da moeda norte-americana e por consequência segurar a meta
inflacionária estipulada pelo BC. Como estancou a entrada de divisas no país, a
compra de dólares pelo governo é financiada pela emissão de títulos públicos,
estabelecendo o cenário dos sonhos dos banqueiros e rentistas de Wall Street.
No marco da orientação neoliberal dada pelo governo, o
Brasil caminha a passos largos para uma recessão econômica com arrocho salarial
e desemprego. É necessário combater a política de subordinação deste governo
aos rentistas, exigindo o controle do câmbio e a estatização de todo o sistema
financeiro sob o controle dos trabalhadores. O movimento de massas deve ganhar
as ruas com a bandeira do não pagamento das dívidas interna e externa, lutando
pelo confisco do capital dos grandes rentistas que "vampirizam" nosso
povo.