Fraude eletrônica leva Aécio ao segundo turno para retardar
vitória do PT
Uma eleição presidencial marcada por assassinato,
manipulação de pesquisas e por fim o grande "réquiem": A fraude
eletrônica! É o "pôquer" político da burguesia onde todas as manobras
pesadas são válidas, afinal de contas o que está em jogo é a gerência do Estado
capitalista! As classes dominantes seguiram quase a mesma trilha da eleição
passada em 2010, decidiram "equalizar" politicamente os resultados
não proclamando grandes vencedores e nem decretando derrotas humilhantes, pelo
menos para as principais vertentes burguesas eleitorais. O PT sai um pouco
debilitado na eleição parlamentar (recuo nas duas casas do Congresso) e sai
reforçado no plano dos governos estaduais com possibilidade de vitória em até
sete estados com três já assegurados, incluindo Minas Gerais. O PSDB concentrou
suas forças em São Paulo, preparando o fascista da Opus Dei, Geraldo Alckmin,
para esmagar com métodos de "guerra civil" a Frente Popular em 2018.
O PSB e o REDE saem destas eleições praticamente do mesmo tamanho que entraram,
os "socialistas" mantiveram o governo de Pernambuco e Marina obteve
quase a mesma votação alcançada em 2010. A enorme frustração dos rentistas e
setores da burguesia nacional mais vinculados ao imperialismo (como a famiglia
Marinho) ocorreu por conta do "naufrágio eleitoral" que afundou a
candidatura Marina. A possibilidade concreta de encerrar o ciclo histórico das
gestões estatais do PT esteve colocada quando Marina assumiu as rédeas da
campanha do PSB, após o assassinato do ex-governador Eduardo Campos. Marina
galvanizou o ódio de classe da reação direitista ao PT, credenciando-se como a
"bala de prata" capaz de decidir esta eleição já no primeiro turno, e
se não fosse possível com uma vitória folgada sobre Dilma na última volta. A
"ansiedade" da candidata PSB em celebrar um pacto econômico
"exclusivo" com os EUA, abandonando os contratos já firmados pelo
Brasil com os BRICS, assustou a burguesia nacional que acumulou muito capital
com os negócios realizados em uma etapa de crise financeira mundial. Na mesma
velocidade em que fabricou
artificialmente o "fenômeno" Marina, a mídia corporativa
(associada a seus " institutos de pesquisa") também a desconstruiu.
Os Tucanos com seu "líder" formatado para perder, passaram a ser a
opção mais segura para a burguesia chantagear
o PT até o limite do atendimento de suas "reivindicações". Por
sua via o governo Dilma decidiu " acariciar" os rentistas, liberando
o câmbio e abrindo as RESERVAS do país a um ataque especulativo em plena
ebulição eleitoral, o que passou quase desapercebido do " campo"
progressista. Solapada em suas bases sociais, fundamentalmente setor financeiro
e barões da mídia "murdochiana", Marina viu seu "sonho"
derreter como sorvete ao sol tropical, em poucos dias sua "tropa de choque
" capitalista aderiu ao PSDB reduzindo seu potencial eleitoral aos níveis
de 2010. O segundo turno inicia-se com a tradicional polarização PT versus
PSDB, porém será a disputa mais acirrada dos últimos 25 anos, ou quiçá de toda
a história republicana. O fato de Aécio já ter sido "moldado" para a
derrota quando perdeu seu próprio "castelo" mineiro, não significa
que o "quisto" fascista que brota em São Paulo irá se contentar
facilmente com um quarto mandato consecutivo para o PT. A elite dominante
tupiniquim que descartou momentaneamente uma interferência direta dos EUA para
tomar o "poder" neste processo eleitoral, conhece muito bem o PSDB e
sua grande generosidade para "doar" o patrimônio estatal. O PT também
não hesita quando se trata de estabelecer "pontes" com as empreiteiras
e o agro-negócio. Com um cenário internacional instável e o limiar do
esgotamento do "modelo econômico" petista, a burguesia nacional não
tem a menor pressa de "bater seu martelo" prematuramente, indicando
que estes 20 dias até o segundo turno serão "muito longos" e cheio de
"surpresas" políticas... A hora é muito fértil para que as massas
oprimidas comecem a descortinar o palco circense desta democracia dos ricos,
que é capaz de produzir as mais "fantásticas" ilusões....O alto nível
de rejeição a este regime que alcançou a marca de quase 30% de votos nulos,
brancos e abstenções do padrão eleitoral confirma plenamente nossa plataforma
política.
Ao vencer o primeiro turno Dilma considerou "paga"
a fatura inicial com os rentistas e imediatamente mandou o BC fechar as
"torneiras", reduzindo assim imediatamente a cotação do Dólar em
relação ao Real. Em movimento inverso o índice Bovespa disparou sinalizando sua
expectativa no triunfo de Aécio Neves. O mercado financeiro espera uma nova
rodada de privatizações em um futuro governo Tucano. Nesta direção o FMI, uma
colateral econômica da Casa Branca, também resolveu intervir no processo
eleitoral anunciando que o PIB brasileiro cresceria somente 0,3% no ano de
2014. O governo da Frente Popular inicia a fase final das eleições nas
"cordas", sob a chantagem dos rentistas que exigem uma nova derrubada
do Real e submetido a intensa pressão dos EUA que investem suas
"fichas" na possibilidade de um governo amigo tucano.
Alguns setores da esquerda tem afirmado que MARINA
representava a direita "genérica", enquanto Aécio e o PSDB seriam o
"produto" reacionário "original", um crasso engano que pode
conduzir a graves erros políticos. Os Tucanos tem vínculos históricos com a
burguesia nacional e por mais pró-imperialista que seja seu programa de governo
nem de longe se equivalem as "relações carnais" que o REDE
estabeleceu com Washington. Esta avaliação significa afirmar que será muito
mais difícil para o PT descolar os interesses da burguesia na vitória de Aécio
do que foi "desmontar" a candidatura de Marina. Se o senador mineiro
não possui o mesmo carisma de Marina junto aos grandes centros urbanos, por
outro lado conta com um suporte social bem mais amplo e consolidado
politicamente.
A contradição fundamental da luta de classes nunca foi entre
"direita versus esquerda", mas sim entre burguesia e proletariado,
nestas eleições os que tentaram mascarar a dinâmica estrutural da sociedade
capitalista foram desmoralizados pelos próprios acontecimentos políticos, como
a reação da burguesia nacional em descredenciar MARINA para "realizar
lucros". São os interesses de classe que norteiam os rumos eleitorais da
burguesia, nesta direção manter a gerência da Frente Popular por mais quatro
anos (ainda que sob uma imensa fadiga econômica) é a opção mais segura diante
do montante de negócios impulsionados pelo Estado em pleno andamento. A
realização das Olimpíadas no Brasil em 2016 (outro megaevento comercial) é
parte deste processo de investimentos estatais, amarrando o governo do PMDB do
Rio a um apoio "forçado" a reeleição de Dilma.
O movimento de massas deve ter uma política classista para
esta conjuntura, crivada por uma forte divisão política no campo da burguesia.
A avalanche dos votos nulos e abstenção, fruto da profunda descrença popular
com a institucionalidade republicana, deve ser materializada através da ação
direta e consciente do proletariado na direção do socialismo. Vença o PSDB ou
PT, já se anuncia uma brutal ofensiva neoliberal contra as conquistas
históricas da classe operária. É necessário preparar a resistência popular com
seus próprios métodos de luta, sem depositar a menor confiança no governos
burgueses de "esquerda" que descarregam nas costas do proletariado
todo o ônus da crise capitalista.