segunda-feira, 6 de outubro de 2014


Fraude eletrônica leva Aécio ao segundo turno para retardar vitória do PT

Uma eleição presidencial marcada por assassinato, manipulação de pesquisas e por fim o grande "réquiem": A fraude eletrônica! É o "pôquer" político da burguesia onde todas as manobras pesadas são válidas, afinal de contas o que está em jogo é a gerência do Estado capitalista! As classes dominantes seguiram quase a mesma trilha da eleição passada em 2010, decidiram "equalizar" politicamente os resultados não proclamando grandes vencedores e nem decretando derrotas humilhantes, pelo menos para as principais vertentes burguesas eleitorais. O PT sai um pouco debilitado na eleição parlamentar (recuo nas duas casas do Congresso) e sai reforçado no plano dos governos estaduais com possibilidade de vitória em até sete estados com três já assegurados, incluindo Minas Gerais. O PSDB concentrou suas forças em São Paulo, preparando o fascista da Opus Dei, Geraldo Alckmin, para esmagar com métodos de "guerra civil" a Frente Popular em 2018. O PSB e o REDE saem destas eleições praticamente do mesmo tamanho que entraram, os "socialistas" mantiveram o governo de Pernambuco e Marina obteve quase a mesma votação alcançada em 2010. A enorme frustração dos rentistas e setores da burguesia nacional mais vinculados ao imperialismo (como a famiglia Marinho) ocorreu por conta do "naufrágio eleitoral" que afundou a candidatura Marina. A possibilidade concreta de encerrar o ciclo histórico das gestões estatais do PT esteve colocada quando Marina assumiu as rédeas da campanha do PSB, após o assassinato do ex-governador Eduardo Campos. Marina galvanizou o ódio de classe da reação direitista ao PT, credenciando-se como a "bala de prata" capaz de decidir esta eleição já no primeiro turno, e se não fosse possível com uma vitória folgada sobre Dilma na última volta. A "ansiedade" da candidata PSB em celebrar um pacto econômico "exclusivo" com os EUA, abandonando os contratos já firmados pelo Brasil com os BRICS, assustou a burguesia nacional que acumulou muito capital com os negócios realizados em uma etapa de crise financeira mundial. Na mesma velocidade em que fabricou  artificialmente o "fenômeno" Marina, a mídia corporativa (associada a seus " institutos de pesquisa") também a desconstruiu. Os Tucanos com seu "líder" formatado para perder, passaram a ser a opção mais segura para a burguesia chantagear  o PT até o limite do atendimento de suas "reivindicações". Por sua via o governo Dilma decidiu " acariciar" os rentistas, liberando o câmbio e abrindo as RESERVAS do país a um ataque especulativo em plena ebulição eleitoral, o que passou quase desapercebido do " campo" progressista. Solapada em suas bases sociais, fundamentalmente setor financeiro e barões da mídia "murdochiana", Marina viu seu "sonho" derreter como sorvete ao sol tropical, em poucos dias sua "tropa de choque " capitalista aderiu ao PSDB reduzindo seu potencial eleitoral aos níveis de 2010. O segundo turno inicia-se com a tradicional polarização PT versus PSDB, porém será a disputa mais acirrada dos últimos 25 anos, ou quiçá de toda a história republicana. O fato de Aécio já ter sido "moldado" para a derrota quando perdeu seu próprio "castelo" mineiro, não significa que o "quisto" fascista que brota em São Paulo irá se contentar facilmente com um quarto mandato consecutivo para o PT. A elite dominante tupiniquim que descartou momentaneamente uma interferência direta dos EUA para tomar o "poder" neste processo eleitoral, conhece muito bem o PSDB e sua grande generosidade para "doar" o patrimônio estatal. O PT também não hesita quando se trata de estabelecer "pontes" com as empreiteiras e o agro-negócio. Com um cenário internacional instável e o limiar do esgotamento do "modelo econômico" petista, a burguesia nacional não tem a menor pressa de "bater seu martelo" prematuramente, indicando que estes 20 dias até o segundo turno serão "muito longos" e cheio de "surpresas" políticas... A hora é muito fértil para que as massas oprimidas comecem a descortinar o palco circense desta democracia dos ricos, que é capaz de produzir as mais "fantásticas" ilusões....O alto nível de rejeição a este regime que alcançou a marca de quase 30% de votos nulos, brancos e abstenções do padrão eleitoral confirma plenamente nossa plataforma política.


Ao vencer o primeiro turno Dilma considerou "paga" a fatura inicial com os rentistas e imediatamente mandou o BC fechar as "torneiras", reduzindo assim imediatamente a cotação do Dólar em relação ao Real. Em movimento inverso o índice Bovespa disparou sinalizando sua expectativa no triunfo de Aécio Neves. O mercado financeiro espera uma nova rodada de privatizações em um futuro governo Tucano. Nesta direção o FMI, uma colateral econômica da Casa Branca, também resolveu intervir no processo eleitoral anunciando que o PIB brasileiro cresceria somente 0,3% no ano de 2014. O governo da Frente Popular inicia a fase final das eleições nas "cordas", sob a chantagem dos rentistas que exigem uma nova derrubada do Real e submetido a intensa pressão dos EUA que investem suas "fichas" na possibilidade de um governo amigo tucano.

Alguns setores da esquerda tem afirmado que MARINA representava a direita "genérica", enquanto Aécio e o PSDB seriam o "produto" reacionário "original", um crasso engano que pode conduzir a graves erros políticos. Os Tucanos tem vínculos históricos com a burguesia nacional e por mais pró-imperialista que seja seu programa de governo nem de longe se equivalem as "relações carnais" que o REDE estabeleceu com Washington. Esta avaliação significa afirmar que será muito mais difícil para o PT descolar os interesses da burguesia na vitória de Aécio do que foi "desmontar" a candidatura de Marina. Se o senador mineiro não possui o mesmo carisma de Marina junto aos grandes centros urbanos, por outro lado conta com um suporte social bem mais amplo e consolidado politicamente.

A contradição fundamental da luta de classes nunca foi entre "direita versus esquerda", mas sim entre burguesia e proletariado, nestas eleições os que tentaram mascarar a dinâmica estrutural da sociedade capitalista foram desmoralizados pelos próprios acontecimentos políticos, como a reação da burguesia nacional em descredenciar MARINA para "realizar lucros". São os interesses de classe que norteiam os rumos eleitorais da burguesia, nesta direção manter a gerência da Frente Popular por mais quatro anos (ainda que sob uma imensa fadiga econômica) é a opção mais segura diante do montante de negócios impulsionados pelo Estado em pleno andamento. A realização das Olimpíadas no Brasil em 2016 (outro megaevento comercial) é parte deste processo de investimentos estatais, amarrando o governo do PMDB do Rio a um apoio "forçado" a reeleição de Dilma.


O movimento de massas deve ter uma política classista para esta conjuntura, crivada por uma forte divisão política no campo da burguesia. A avalanche dos votos nulos e abstenção, fruto da profunda descrença popular com a institucionalidade republicana, deve ser materializada através da ação direta e consciente do proletariado na direção do socialismo. Vença o PSDB ou PT, já se anuncia uma brutal ofensiva neoliberal contra as conquistas históricas da classe operária. É necessário preparar a resistência popular com seus próprios métodos de luta, sem depositar a menor confiança no governos burgueses de "esquerda" que descarregam nas costas do proletariado todo o ônus da crise capitalista.