Dilma e Aécio, duas faces da ofensiva burguesa contra os
trabalhadores!
A cada dia que se aproxima o 26 de Outubro, data do segundo
turno das eleições presidenciais brasileiras, novos aderentes ao “voto crítico”
em Dilma aparecem. Desde os parlamentares do PSOL até grupos revisionistas que
“juram” fidelidade ao trotskismo, passando por “intelectuais de esquerda” que
esgrimam alarmados o perigo da “ameaça fascista”... todos em uníssono somam-se
a cantilena de que para derrotar eleitoralmente o tucanalha Aécio é necessário
estabelecer uma ampla frente política em defesa da reeleição da “gerentona”
petista. Ao lado dessas “viúvas arrependidas”, temos em apoio a Dilma ninguém
menos que os representantes das grandes empreiteiras do país, o presidente do
maior banco privado nacional (Bradesco), o rei da soja “Maggi” e o principal
investidor privado do Brasil, Abílio Diniz, além é claro das principais
oligarquias arqui-reacionárias (Ferreira Gomes, os Sarney, Renan Calheiros, os
Barbalho...). Estamos vendo a olhos vistos o fenômeno da “Frente Popular” ao
vivo e a cores mostrar sua verdadeira face em nosso país! Em toda a sua
amplitude conforma-se um arco político policlassista que advoga o “mal menor”
para derrotar a direita. Enquanto isso, todas, literalmente todas as campanhas
salariais do país são derrotadas uma a uma e mesmo abortadas em seu início
(bancários, correios) para não polarizar “por baixo” o circo eleitoral da
democracia dos ricos. Estranha “disputa com a direita” em que a classe operária
e os “movimentos sociais” só se fazem presentes em passeatas eleitorais
representadas por seus dirigentes sindicais liberados ou em eventos financiados
pelas “doações” dos capitalistas onde comportadamente esta burocracia venal
declara apoio a candidata do PT para derrotar o PSDB. Definitivamente, apesar
de toda a pressão, a LBI não faz parte desta “grande família” reformista e
denuncia que não há nenhum perigo de um golpe de estado iminente e, muito
menos, de uma ação fascista contra a vanguarda operária que justifique qualquer apoio
por mais “crítico” que seja ao PT, recursos usados por setores da burguesia
para golpear o proletariado em época de ascenso revolucionário, o que não é o caso do que ocorre aqui no Brasil atualmente, como foi em
1964. Pelo contrário, tudo indica (até os “Institutos de Pesquisas”!), como a
LBI prognosticou há vários meses atrás, que a burguesia nativa deixará que a
gerência da Frente Popular se mantenha por mais quatro anos para fazer os “ajustes” necessários para a transição para um eixo político mais
conservador em 2018 que tenha a cabeça o Opus Dei Alckmin.
O que esta gama de agrupamentos políticos estão fazendo
neste momento é fabricar uma realidade que não existe para justificar uma
traição de classe. Denunciamos este engodo com a moral política de sermos a
corrente militante que no meio do furação das “Jornadas de Junho” denunciou o
recrudescimento da reação burguesa e a perseguição a vanguarda classista, em
campanha aberta contra a perseguição aos lutadores sociais promovida pelos
governos estaduais (Cabral e Alckmin) com o apoio do governo Dilma, reforçando
o aparato repressivo (como vimos na prisão de Sininho com o suporte da ABIN e
da PF) ou mesmo se solidarizando com os os tucanos em meio as manifestações,
como fez o Ministro da Justiça com Alckmin, formando um “gabinete de crise” com
a polícia paulista! Que a pequena-burguesia “progressista” e a burocracia
sindical “chapa-branca” recorram ao “perigo da direita” para pressionar os
trabalhadores a votarem em Dilma não há nenhuma novidade, porém utilizar o marxismo
para aderir a esta chantagem eleitoral enquanto a Frente Popular sabota as
lutas diretas dos explorados em nome da estabilidade do regime político trata-se
de puro charlatanismo de quem não se move por conceitos de classe e sim de
disputas entre alas da classe dominante, em um terreno (eleitoral)
completamente desfavorável para uma ação independente dos trabalhadores.
Sabemos muito bem o que significa estabelecer “frente
únicas” com governos nacionalistas-burgueses, reformistas e frente populistas.
Impulsionamos esta “tática” recentemente na Líbia, Síria, na Ucrânia e mesmo na
Venezuela (neste último inclusive no terreno eleitoral). Porém nestes casos
específicos estes governos foram forçados a tomar medidas concretas de
enfrentamento com o imperialismo, de se chocar pública e mesmo militarmente com
as forças da reação. No Brasil, Dilma age em caminho inverso, a cada investida
da burguesia e do imperialismo ianque, novo recuo! Na véspera do segundo turno
aceita passivamente um novo ataque especulativo as reservas brasileiras para
garantir sua reeleição (dólar em alta) e se compromete a se eleita entronar
como Ministro da Fazenda ninguém menos que Abílio Diniz como exigem os
“mercados”, “demitindo” previamente Guido Mantega, em mais um gesto de boa
vontade aos rentistas. A própria revisa Forbes publicou relatório recente
“esclarecendo” que um novo governo do PT não desagrada os abutres
internacionais como vende demagogicamente alguns setores da Frente Popular em
meio as bravas eleitorais.
É certo que com Aécio Neves os ataques neoliberais se
incrementarão, mas não é papel dos revolucionários votarem “criticamente” nos neoliberais
de esquerda do PT para barrar seus irmãos siameses da “direita”. A tarefa de
opor-se a seus inimigos de classe está nas mãos dos explorados do campo e da cidade
com seus métodos de luta direta, que estão paralisados pelo pacto social imposto
pelo Frente Popular. Somente forjando uma vanguarda classista que atue de forma
independente da política de colaboração de classes vigente se poderá construir
uma alternativa revolucionária ao avanço da reação burguesa alentada pelo PT.
Diante deste impasse, muitos revisionistas pregam que votando em Dilma
estaremos em melhores condições para organizar a resistência. A história das
frente populares demonstrou que não! Se trata de impulsionar a ação direta e
consciente da classe para superar a Frente Popular e não para sustentá-la pela
“esquerda”! A política da PC na Espanha na década de 30 é uma prova que a
orientação de “frente única contra o fascismo” pode levar a derrotas sangrentas
do proletariado, da mesma envergadura que a do “ultra-esquerdismo” na Alemanha
de Hitler. Como nos ensinou o “Velho”, trata-se de manter a independência
política diante destas duas vertentes contrarrevolucionárias. Hoje no Brasil,
os arautos do voto em Dilma usam o exemplo dos erros criminosos do stalinismo
na Alemanha de Hitler para encobrir a política reformista da III Internacional
na Espanha de Leon Blum. Desde a LBI seguimos os ensinamentos de Trotsky em
ambos os casos, que chamou os revolucionários a estabelecer a unidade de ação
para derrotar a ascensão nazi-fascista e não a se colocar como força auxiliar
da social-democracia em sua política de cretinismo parlamentar ou em nome da
defesa da “República”!
No “apagar das luzes” da disputa eleitoral, ouvem-se vozes
em alerta de que Aécio pode ganhar com o auxílio da manipulação dos resultados
da “urna roubotrônica” em São Paulo. Muitos que legitimaram o circo eleitoral
agora descobriram como mágica que a fraude eletrônica ocorreu em São Paulo,
engordando os votos de Aécio, já que o TRE é controlado pelo Tucanato. Como a
LBI denuncia esta artimanha a várias eleições sobre o silêncio servil da
esquerda domesticada e da própria Frente Popular, não nos estranha que agora
estes senhores agreguem mais este “argumento” para usar o espantalho do “golpe
eleitoral da direita”. Como afirmamos já no início do ano, a eleição de Dilma
em uma acirrada disputa em segundo turno com o PSDB já fazia a tempo parte dos
planos da Casa Branca e de setores da burguesia nativa. Não se trata de um
“golpe eletrônico” para derrotar o PT nas urnas mas de uma operação política
para “cobrar caro” do governo Dilma o aval para uma nova gerência burguesa, com
mais ataques aos trabalhadores, suas conquistas e um duro “ajuste” a partir de
2015. A “gerentona” já se comprometeu com esta receita amarga e só espera ser
reconduzida ao Planalto para aplicar o “remédio”. Lula inclusive anunciou que
“por ele” não será candidato em 2018 como parte deste acordo em gestação. Os
apoiadores de “esquerda” da Frente Popular serão fiadores do veneno aplicado
contra os explorados pelo PT. De nossa parte, convocamos o ativismo classista a
fazer nestes últimos dias uma campanha ativa pelo Voto Nulo contra o circo
eleitoral da democracia dos ricos, demonstrando que Dilma e Aécio são duas faces
da ofensiva burguesa contra os trabalhadores. Como Trotsky, sabemos enfrentar a
pressão contra o oportunismo, o cretinismo eleitoral e o ultra-esquerdismo para
manter de pé e limpa a bandeira da IV Internacional!